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Canto do Historiador - Aldo Fazioli

Canto do Historiador #11 – Do Folklore aos Protestos

ALDO FAZIOLI

O universo musical praticado através dos tempos pode ser separado em duas classes genéricas: uma representada por artistas populares sem conhecimento teórico e passada de pessoa para pessoa quase sempre sem seu registro. A outra, é caracterizada por artistas com conhecimento e técnicas musicais normalmente registradas e veiculadas por vários meios de comunicação.

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Nos Estados Unidos, essa dicotomia era muito comum, no entanto, a partir da Segunda Guerra Mundial muitos artistas se uniram para fortalecer o interesse na preservação da sua música tradicional. E é sobre a evolução da música tradicional americana que faremos aqui um breve resumo.

A influência de um gênero musical sobre outro é muito frequente e ocorre pelas mais variadas formas e motivações.

Com a música tradicional americana não foi diferente e entre tantos novos estilos surge o folk contemporâneo, que é conhecido popularmente apenas por folk.

O termo vem da palavra folklore, um neologismo de folk-lore, onde folk significa povo, gente e lore significa conhecimento.

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Embora possa parecer contraditório, a evolução do folk contemporâneo se deu em meados do século 20, quando artistas da nova geração fizeram renascer a música tradicional de seus antepassados com a introdução de instrumentos acústicos e temas que refletiam os problemas sociais da época. Esse movimento foi chamado de Folk Revival e seu auge se deu nos anos sessenta.

Nomes fundamentais do folk revival como Pete Seeger e o lendário Woody Guthrie, foram os principais artistas desse renascimento. Woody, além do seu trabalho autoral, também reviveu canções tradicionais das décadas de 1930 e 1940.

Fora dos Estados Unidos, o britânico Donovan e os canadenses Leonard Cohen e Joni Mitchell tiveram expressiva participação nessa volta do folk.

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Ainda nos anos 1960 a cena folk se espalhava pelo bairro de Greenwich Village em Manhattan, onde os estudantes da Universidade de Nova York se concentravam para curtir as “folk sessions” que eram apresentadas no Washington Square Park e nos palcos dos bares e cafés do bairro.

O “Village” desse período se constituiu no reduto daqueles que apoiavam o movimento dos direitos civis, o movimento contra guerras e conflitos externos, além de outras causas sociais.

Nesse contexto, a música folk encontrou o ambiente propício para seu desenvolvimento e intensificou o espírito ativista e contestador com narrativas de protestos generalizados.

O apoio da classe estudantil foi determinante e o folk teve seu reconhecimento nacional principalmente através da nova geração de artistas que incluíam a rainha do folk Joan Baez, o trovador Bob Dylan e nomes como Tom Paxton, Phil Ochs, Leadbelly, Paul Robertson, Arlo Guthrie e outros.

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Embora o grau de ativismo expressado pelo folk tenha sido marcante a ponto de deixa-lo na clandestinidade, suas raízes deram origem a novos subgêneros como o folk pop, folktronica, indie folk e o de maior representatividade: o folk rock.

Ao largar o violão e adotar a guitarra elétrica sob protesto de seus fãs, Bob Dylan ajudou a forjar o folk rock, que teve The Byrds e The Beau Brummels como as bandas pioneiras do estilo acompanhados por The Turtles, Grateful Dead, Jefferson Airplane, Peter Paul & Mary, Mamas & Papas, The Lovin’ Spoonfull, a dupla Simon and Garfunkel e o quarteto Crosby, Stills, Nash & Young formado por ex integrantes dos Byrds, Hollies e Buffalo Sprinsfield.

Citações
1. “O folk se constituiu no melhor veículo para a expressão do inconformismo e Joan Baez o utilizou como ninguém”. – Coleção As Feras do Rock

2. “Esta máquina mata fascista”
Slogan na guitarra de Woody Guthie

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Tradução da música Blowin in The Wind, de Bob Dylan
Quantas estradas um homem precisará andar
Até que possam chamá-lo de homem?
Sim, e quantos mares uma pomba branca precisará sobrevoar
Até que ela possa dormir na areia?
Sim, e quantas balas de canhão precisarão voar
Até serem para sempre banidas?

A resposta, meu amigo, está soprando ao vento
A resposta está soprando ao vento
Sim, e quantos anos uma montanha pode existir
Antes que ela seja dissolvida pelo mar?
Sim, e quantos anos algumas pessoas podem existir
Até que sejam permitidas ser livres?
Sim, e quantas vezes um homem pode virar sua cabeça
E fingir que ele simplesmente não vê?
A resposta, meu amigo, está soprando ao vento
A resposta está soprando ao vento
Quantas vezes um homem precisará olhar para cima
Até que ele possa ver o céu?
Sim, e quantas orelhas um homem precisará ter
Até que ele possa ouvir as pessoas chorar?
Sim, e quantas mortes ele causará até saber
Que pessoas demais morreram?
A resposta, meu amigo, está soprando ao vento
A resposta está soprando ao vento

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