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Kendrick Lamar, tranquilo e infalível como Bruce Lee

O rapper Kendrick Lamar encerrou a edição deste ano do Lollapalooza mostrando, de cara, que não era uma atração como as outras. O telão no palco exibia a frase “Pulitzer Kenny” para mostrar que quem estava ali era nada menos que o ganhador, na categoria música, de um dos prêmios de maior prestígio no mundo.

Foi uma demonstração de força mais indiscutível que seus golpes nos vídeos de kung fu passados durante o show, mas nem era preciso tanto. O público sabia exatamente quem é Kendrick Lamar, e não estaria ali se o respeito crítico não viesse acompanhado de um repertório com sucesso comercial equivalente.

Em uma apresentação relativamente curta, de 1h20 de duração, o maior nome do rap atual comandou uma plateia que conhecia suas músicas palavra por palavra e se empolgava como se estivesse no show de alguma boy band. A diferença é que nenhuma boy band do planeta chegaria perto dos temas pesados que ele trata em suas letras.

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A base do show foi o quarto álbum de Kendrick, Damn, lançado em 2017. Apesar do sucesso espetacular, não é um repertório tão acessível quanto o de Drake, ou algum outro rapper com uma sonoridade mais amigável. Não que falte a ele canções de apelo mais imediato, como Loyalty – outro ponto alto de sua performance -, mas o público cantou a agressiva e não-melódica Humble como se fosse pop convencional.

O Kendrick, além de tudo, faz um show com ideias. Os filmes de kung-fu fake são tão inteligentes quanto hilariantes. E para confirmar que não havia lugar para modéstia na noite de domingo, a entrada do rapper no palco foi marcada por nada menos que explosões. Acompanhado apenas por uma banda de rhythm & blues afiada, embora relegada à condição de coadjuvante, num canto do palco, o rapper do prêmio Pulitzer justificou sua condição de estrela máxima do hip hop.

Encerrou o Lollapalooza de um modo muito mais empolgante e com mais conhecimento de cultura pop do que a maioria das bandas que vieram antes no festival. Apresentou All The Star no bis, canção que faz parte do filme Pantera Negra (2018) e também concorreu ao Oscar de Melhor Canção Original na edição deste ano da premiação cinematográfica. Diante da competição, não foi assim tão difícil. Mas foi uma recompensa à altura da lealdade do público paulista.


Foto: Jonathan Vincent

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