Considerada uma das pioneiras do gênero que funde progressivo ao rock alternativo, a TTNG, que já atendeu pelo polêmico nome de This Town Need Guns, estreia no Brasil com show único em São Paulo no dia 16 de janeiro.
Antes de embarcar para a turnê pela América do Sul, o guitarrista do TTNG, Tim Collis, conversou com o Blog n’ Roll. Ele falou sobre as expectativas da banda com o show e o disco Animals, que recentemente completou uma década.
O disco da TTNG, lançado oficialmente em 2008, é até hoje considerado emblemático no que diz respeito ao math-rock, com direito a turnês comemorativas e, há pouco tempo, a uma versão acústica pela gravadora Sargent House.
Atualmente a TTNG está divulgando seu disco Disappointment Island, o primeiro como um power trio (composto por Tim Collis na guitarra, seu irmão Chris Collis na bateria e Henry Tremain nos vocais e baixo).
O trabalho é um registro refinado que mostra um math-rock ainda mais autêntico e até mesmo flertando com estruturas do pop, mas sem nunca abrir mão da intensidade e da busca por sonoridades intrincadas do passado.
A banda de abertura na capital paulista será o grande fenômeno do post-rock nacional, E a Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante. A realização é da Onstage Agência em companhia da MGB Entertainment.
Confira a entrevista exclusiva com Tim Collis, guitarrista da TTNG
Olá Tim, Chris e Henry! Como vocês estão hoje? Vocês finalmente virão ao Brasil depois de 15 anos na estrada e estamos felizes em tê-los aqui. Quais são as suas expectativas para esta turnê na América do Sul?
Oi! Estamos bem, obrigado, embora eu deva dizer ‘eu’, pois sou apenas eu (Tim) respondendo às perguntas hoje. Infelizmente, todos nós moramos em diferentes cidades do Reino Unido, então é difícil se reunir. Espero que eu possa falar em nome dos outros caras.
Obrigado! Também estamos muito empolgados – o Brasil é um lugar em que queremos tocar há muitos anos, mas foi complicado fazer acontecer devido a custos e logística.
Quanto às nossas expectativas, não tenho certeza do que esperamos! Definitivamente, estamos muito animados e esperamos que haja algumas pessoas no show.
É um lugar novo para nós, e tocar em algum lugar pela primeira vez é sempre interessante, porque você tem pouca ideia de como será o show ou se há alguma base de fãs! Estamos muito felizes por ter a oportunidade de vir e tocar.
Tim, vocês desejam visitar algum lugar em particular em São Paulo? Vocês estão curiosos sobre comidas e bebidas típicas, arte, etc?
Sim, estamos todos muito interessados em ver o maior número possível de belos parques e museus, principalmente o Museu de Arte. Acho que o Henry ficará super interessado na história da arquitetura da cidade e nos prédios. Só espero que tenhamos tempo para sair e conhecer a cidade.
Para ser honesto, seria ótimo se tivéssemos alguém local para nos mostrar um pouco mais da cidade para podermos conhecer algumas partes mais escondidas e interessantes de São Paulo.
Vocês têm algum contato com fãs brasileiros? Além de shows de skate punk e metal, parece que a base de fãs de math-rock está crescendo rapidamente! Algumas bandas brasileiras pós-rock também estão surgindo.
Na verdade não! Nós conversamos com as pessoas sempre que possível através das mídias sociais, mas não somos uma banda que sempre pode monitorar e responder a todos. Todos do Brasil com quem tivemos contato pareciam super legais e empolgados com o nosso show, o que é ótimo. Estou ansioso para conferir as bandas com as quais tocaremos.
O TTNG é conhecido por misturar acordes matemáticos realmente técnicos com composições alternativas e letras emo. Você reconhece como uma banda de um determinado gênero musical? Por quê?
É muito difícil comentar sobre sua própria banda. Como a maioria das bandas, temos uma grande variedade de influências musicais e não pensamos muito em tentar soar de uma maneira específica – isso simplesmente acontece. Acho que os humanos, em geral, têm a necessidade de classificar tudo e colocar rótulos nas coisas para tentar de alguma forma mantê-las mais ordenadas.
Isso pode ser um pouco limitante em gêneros musicais, pois a compreensão das pessoas muda constantemente e ser colocado em um gênero específico pode não ser útil para as expectativas das pessoas sobre o som de uma banda.
Eu entendo o TTNG sendo classificado como math-rock, acho, e que os selos também podem ser um fator orientador para ajudar as pessoas a avaliar se uma banda é para elas ou não, mas sempre recomendo ouvir uma banda e se decidir.
Animals é o primeiro disco completo de vocês, muito aclamado pelos fãs, e recentemente completou dez anos. O que esse álbum representa para vocês como banda e também como um símbolo para os fãs?
Acho que é um sucesso (relativo) tão grande quanto qualquer outro disco em que trabalhamos ou estivemos envolvidos, sendo lançados ou não. Para nós, o Animals é uma coleção de músicas escritas em um determinado momento, refletindo nossos sentimentos e vidas.
Parece que ressoou bem entre os nossos fãs e pode ser difícil explicar o porquê – tenho certeza de que todos terão suas próprias opiniões de por que o disco é especial para eles.
De qualquer forma, nós realmente apreciamos que as pessoas achem esse álbum importante para elas – é realmente uma honra para qualquer pessoa se preocupar com algo que criamos.
Para mim, depois de passar pela alegria e (às vezes) pela dor de escrever um álbum, é sempre incrível terminá-lo em sua forma final, com a arte e todo o resto. Representa trabalho duro, e criar algo com seus amigos é extremamente gratificante.
Até mesmo agora, talvez de maneira egoísta, não levamos nossos fãs em consideração no que diz respeito à necessidade de soar de uma maneira específica.
Nós escrevemos a música que gostamos na época e esperamos que outras pessoas também possam se interessar por ela. Sempre foi uma surpresa ter alguém para curtir as músicas que criamos. Eu acho que não conheço músicos ou bandas que escrevem suas músicas com uma estratégia específica para ‘fazê-lo’. Tudo foi feito pelo prazer de criar algo novo.
Como uma turnê comemorativa do aniversário do Animals, vocês tocaram com o Stuart Smith nos vocais durante todas as datas nos EUA. Como foi reunir todos os integrantes e não ser mais um power trio por algumas semanas?
Foi ótimo! Nós nos divertimos muito tocando o disco juntos e poder fazer uma turnê com Stu e os outros membros anteriores foi incrível. Nós gostamos de passar algum tempo juntos para fazer esses shows e foi uma experiência extremamente positiva. Todas as multidões eram incrivelmente agradáveis. Estamos apenas esperando o 20º aniversário agora!
Com o passar do tempo, como as influências musicais da banda mudaram? Quais bandas que vocês têm ouvido nos últimos meses?
Todos nós sempre ouvimos diferentes tipos de música, além de termos muitos interesses em comum. Algumas bandas que provavelmente influenciaram os primeiros sons de nossos discos incluem Biffy Clyro, Muse, Smashing Pumpkins, etc.
E, provavelmente, fomos inspirados por muitas bandas relacionadas a Kinsella (principalmente Owls e Make Believe, que todos nós ainda amamos) com as quais desenvolvemos nossa musicalidade e habilidades técnicas que, por sua vez, mudaram o som da banda. Também tivemos pessoas diferentes tocando na banda ao longo dos anos, cada uma trazendo algo diferente à mistura.
Eu continuo ouvindo muitas das mesmas bandas antigas que eu escuto há anos e anos. Alguns clássicos como Smashing Pumpkins, Bjork, Make Believe etc e também coisas mais novas, como Everything Everything.
É difícil falar pelos outros caras, mas sei que o Chris gosta muito de sintetizadores modulares hoje em dia – ele escreve suas músicas própria sob o nome The Otter Years.
Henry também tem uma gama super diversificada de músicas que escuta, mas alguns de seus favoritos são provavelmente Botch e Stapleton – porém a lista é interminável.
Vocês têm quatro álbuns que todos amamos, além de EPs e singles. Vocês estão trabalhando em novas músicas ou planejando lançar algo no próximo ano?
Obrigado! Sim, nós esperamos aproveitar 2020 para nos concentrarmos em escrever novas músicas. Faz muito tempo desde que nos fechamos em uma sala para trabalhar em novos materiais, por isso estamos muito animados! Pode não ser lançado por um par de anos, sabendo o quão lento somos.
Por último, mas não menos importante: vocês planejam tocar o álbum Animals inteiro ou pretendem fazer um mix de toda a sua discografia? Você pode nos dar algumas dicas do que esperar da setlist?
Estaremos misturando as faixas do Animals com os nossos lançamentos. Espero que haja algo para todos!
TTNG em São Paulo
Data: 16 de janeiro de 2020 (quinta-feira)
Horário: a partir das 18 horas
Local: Fabrique Club (Rua Barra Funda, 1071, Barra Funda – São Paulo – próximo ao terminal Barra Funda do metrô na linha vermelha)
Classificação etária: 18 anos
Ingressos: a partir de R$ 90 (Pista, meia entrada estudante, promocional – mediante doação de 1kg de alimento, 1º lote); R$ 180 (Pista, inteira, 1º lote)
Venda: Site oficial
