Entrevista | Gustavito – “Estaremos cada vez mais fortes e conscientes”

Autoconhecimento, reflexão e acolhimento são os principais elementos do novo single de Gustavito. Composto em parceria com Luiz Gabriel Lopes e Chicó do Céu, Lembrete é uma carta entre amigos que promove esperança. Ao mesmo tempo a música faz uma imersão no passado e no futuro, tornando-se potente no momento em que atravessamos. Em resumo, o single foi gravado por Chico Neves no Estúdio 304 e conta com a participação dos músicos Rafael Martini (teclados), Paulim Sartori (baixo elétrico) e Yuri Vellasco (bateria). Ademais, Lembrete é composta por mixagem e a masterização de Rafael Dutra, do Estúdio Motor, que está localizado na região de Belo Horizonte (MG). Já o videoclipe foi gravado em São Paulo, com produção da Boralá e fotografia de Nadja Kouchi. Com uma pegada minimalista, o trabalho transmite leveza, tranquilidade e afeto. Completando dez anos de carreira, Gustavo Amaral, conhecido como Gustavito, estava em São Paulo para produzir o seu quinto álbum. No entanto, com a pandemia do novo coronavírus, o músico retornou a sua terra natal, Minas Gerais. Em entrevista ao Blog n’ Roll, Gustavito fala sobre Lembrete, futuros projetos e mundo pós pandemia. Como foi o processo de composição de Lembrete? Ao todo, quanto tempo durou? Foi um processo bem interessante. A composição foi feita por três cabeças: eu, Luiz Gabriel Lopes e Chicó do Céu. Ela foi sendo criada por partes, durante alguns dias que passamos juntos. A cada vez íamos tendo novas ideias de letra e harmonia e a mensagem da letra foi se formando a medida em que ia sendo escrita, não foi algo pré-determinado. Sabíamos desde o início que era uma espécie de carta, mensagem direcionada a um amigo imaginário que poderia ser nós mesmos no futuro. Quanto ao clipe, da onde surgiu a inspiração? Como foi o processo criativo? Inicialmente nasceu da vontade de inaugurar um novo momento em minha carreira onde eu esteja me expressando mais através da linguagem audiovisual. Apesar de já ter quatro álbuns solo lançados, antes de Lembrete apenas duas faixas minhas tinham ganhado videoclipe. Quando conheci a fotógrafa Nadja Kouchi em São Paulo no início desse ano, conversamos sobre possibilidades de fazer um material onde eu expressasse a mensagem da letra através de gestos, expressões e alguns poucos objetos significativos. Em seguida, ela me apresentou pros meninos da Boralá Produtora e montamos o roteiro juntos. Como será o despertar para uma nova travessia? Acredito que o despertar virá da auto observação e da reflexão. Também do debate construtivo, da troca saudável de ideias onde se esteja aberto pra entender o lado do outro. O respeito a todas as formas de vida é a tônica para despertar uma relação mais harmônica com a natureza e entre as pessoas. A calma, a consciência de que estamos no mesmo barco, mas que cada um tem seu caminho, despertará uma vida sem tanta comparação e vaidade, sem tanto ódio e preconceito, onde cada um possa ser livre pra ser o que é. O despertar é aberto para o novo e tem a leveza da alegria inocente de uma criança, e ao mesmo tempo a sabedoria de uma anciã que não deixa esquecer o propósito e sabe que tudo o que ficou no passado tem seu valor e seu aprendizado. O despertar deve ser sobretudo para a valorização crescente da sensibilidade, da arte, do afeto e da comunhão. Estaremos cada vez mais fortes e conscientes. Em tempos de pandemia, como você tem se reinventado, enquanto artista? Tenho realizado apresentações virtuais no formato de lives, e também dado aulas de música online. Nesse momento estou em imersão criativa com a cantora e compositora Laura Catarina, junto a quem estou lançando o projeto SEIVA, que traz músicas que conectam com a natureza e a espiritualidade. Estamos gravando um material audiovisual e vamos lançar com um concerto ao vivo na internet no próximo mês. Acompanhem pelo Instagram @seivadaluz! Ao longo desses dez anos de carreira, quais foram as mudanças pelas quais você atravessou musicalmente? O que sempre me fascinou na MPB é a multiplicidade de estilos e ritmos e gêneros musicais que podem ser enquadrados dentro deste mesmo rótulo. Sou muito simpático a essa característica pela liberdade criativa que ela possibilita, e que eu trago desde o início em minhas composições e gravações. Certamente ocorre um amadurecimento durante todo esse tempo, tanto em relação à firmeza da performance ao vivo, mas também da consistência conceitual das canções. A forma de música que mais tem feito sentido para mim atualmente é aquela que conecta com o divino que há em tudo. Com isso me refiro a que em uma sociedade onde as pessoas estão desconectadas umas das outras, desconectadas do meio ambiente e desconectadas até de si mesmas, conectar com o Divino é reconectar com tudo isso. Nesse sentido, as letras de minhas canções tem se encaminhado para temáticas do sagrado e do autoconhecimento, com uma mensagem mais focada do que no início de minha carreira quando falava de assuntos mais dispersos. Quais são as suas inspirações musicais? Gilberto Gil, Milton Nascimento, Caetano, Elis Regina, Chico, Tom Jobim, Tom Zé e toda MPB clássica; Sergio Santos, Luisa Brina, Sergio Perere, Luiz Gabriel Lopes, Raphael Sales, Alexandre Andrés e tantos contemporâneos da minha geração e adjacências da música mineira; Bob Marley; Raul Seixas, Beatles, Punk Rock, Stravinsky, Bach, Debussy, Xangai, cantigas e ritmos da cultura popular brasileira, do carnaval da Bahia, da Umbanda, dos povos originários da Amazônia, dos xamãs andinos, capoeira, samba, forró; mantras orientais; sons da natureza etc, etc, etc. O que você pode adiantar sobre o seu quinto álbum, interrompido por conta da quarentena? Nesse momento não posso dizer muito, pois a efervescência artística de um aquariano está sempre em transformação (risos). O que posso dizer é que estou produzindo em situação bem diversa da que estaria sem a quarentena, mas que está sendo uma feliz experiência retomar a produção mais caseira e autônoma. Tenho feito experimentos e algum resultado ainda será lançado este ano, mas não posso dizer ainda se

The White Stripes solta versão ao vivo de Death Letter gravada há 20 anos

O segundo álbum do White Stripes, intitulado De Stijl, completa 20 anos na próximo sábado (20). Para comemorar a data, a Third Man Records está apresentando diversos conteúdos relacionados a obra. Um DVD contendo dois shows completos da turnê do disco está para ser divulgado. E nesta quinta-feira (18), o TMR compartilhou uma parte destas raras apresentações. Em resumo, a filmagem é de um show em Montana, em junho de 2000. Nele, Jack e Meg White apresentam uma versão marcante de Death Letter. O título De Stijl foi uma referência a um movimento artístico holândes do qual Jack White, que também produziu o disco, era admirador.

Weezer traz nova versão de Hero durante apresentação no The Tonight Show

A faixa Hero, divulgada em maio pelo Weezer se tornou uma homenagem tocante aos profissionais de saúde quando foi lançada. Vale lembrar que grande parte destes trabalhadores ainda atuam na linha de frente no combate ao coronavírus. Contudo, Rivers Cuomo trouxe um novo lado para a canção. Durante o programa The Tonight Show, estrelado por Jimmy Fallon, o vocalista do Weezer trouxe uma versão alternativa para a música. Na apresentação, Cuomo toca piano e é acompanhado por outros membros do conjunto. Para muitos que estão acostumados a vê-lo com um violão nas mãos, pode ser estranho no início. Mas é inegável que a canção ganhou uma nova cara.

Scalene divulga Fôlego, EP produzido inteiramente durante a quarentena

A banda Scalene divulgou nesta quinta-feira (18), o EP Fôlego. Em resumo, o trabalho conta com cinco faixas e foi criado quase que inteiro durante a quarentena. Ou seja, o projeto se relacionam bastante com as sensações que o grupo vem vivendo nos últimos meses. “Por mais que não estivesse previsto e seja fruto do período de distanciamento social, sinto que Fôlego é uma continuação bastante natural do Respiro“, declarou Gustavo Bertoni, vocalista do grupo. Ademais, vale lembrar que Respiro é o último disco em estúdio divulgado pelo conjunto. O álbum foi lançado em julho de 2019. As canções apresentadas no EP realmente se assemelham muito com toda a ideia por trás de seu antecessor. Destaque para a calma e agradável Caburé, responsável por abrir a obra.

Crítica | Sangue e Água – um universo paralelo (contém spoilers)

Sangue e Água (Blood and Water) é mais uma das novidades do ano no catálogo da Netflix. A série baseada em fatos reais tem feito muito sucesso desde sua estreia, chegando a ficar duas semanas no top 10 do ranking nacional. É preciso aceitar que a plataforma tem feito muitas produções adolescentes, acertando em todas. Assim como, Eu Nunca… e Control Z, Sangue e Água é mais uma série que tem o drama e suspense como chaves de sucesso. A trama de Sangue e Água De início, sentimos a tensão da série, durante o aniversário de 17 anos de desaparecimento de Phume, a primogênita da família Khumalo. Antes que a série comece a desenrolar, já apresenta que por conta da dor da perda, Thandeka (Gail Mabalane) deixa os seus outros dois filhos de lado. Após fazer amizade com Fikile Bhele (Khosi Ngema) em uma festa, Pulenge (Ama Qamata) fica obcecada pela nova amiga. Acontece que descobriu que Fikile está fazendo aniversário no mesmo dia em sua irmã desaparecida faria. Obsessão pelo passado Adiante, a família de Pulenge é exposta na mídia, por problemas do passado. Dado o acontecimento, Pulenge vê a oportunidade de estar mais próxima de sua possível irmã. Posteriormente, muda-se para a mesma escola de Fikili, um colégio particular estilo High School (em que os personagens são em sua maioria ricos), para estar mais próxima de sua suposta irmã. Tendo em vista o novo mundo que foi inserida, decide “ser outra pessoa”, para que seus novos amigos não descubram o seu passado, e atrapalhem sua investigação. Com a ajuda de Wade (Dillon Windvogel), seu novo melhor amigo, traz a tona muitos segredos antigos, que irão causar problemas em sua próxima temporada. Notas sobre Sangue e Água Assim como uma boa série adolescente, Sangue e Água trouxe muito drama e paixão, reforçando o formato da série. Entretanto, o que mais merece destaque é sua representatividade. Em suma, a produção Sul Africana inovou em trazer um elenco negro, desconstruindo o estereótipo de séries e filmes desse formato. Possuindo apenas seis episódios, Sangue e Água é daquelas que você maratona em poucas horas. Mesmo que pareça um universo paralelo, já que não vemos essa ascensão negra em nosso dia a dia, é satisfatório devanear por esse mundo, renovando esperanças para que um dia possamos estar ocupando espaço na sociedade.

Crítica | Sementes Podres – para aquecer os corações

Sempre retratada como um paraíso na Terra, França é um dos principais destinos de turistas no mundo. E um clichê enorme para filmes românticos. Aliás, quem nunca sonhou em andar de bicicleta pelas ruas de Paris? Mas, ao contrário do que Hollywood estampa, as ruas parisienses nem sempre são uma bela maravilha, tal vista em filmes franceses. O próprio Blog n’ Roll já fez uma lista com filmes franceses sobre crimes, obras essas que retratavam um país mais imperfeito. Sobre Sementes Podres Acostumado a aplicar golpes com sua amiga Monique (Catherine Deneuve), Wael (Kheiron) se vê na corda bamba após ser pego em um dos crimes. Para não ser preso, precisa aceitar um trabalho voluntário em uma casa de reabilitação de jovens. Tal tarefa não parece ser tão difícil já que o passado de Wael o preparou para interagir com qualquer tipo de problemas. O ato de melhorar as vidas de jovens, ter um emprego de verdade e se sentir importante, faz o protagonista agir melhor e esquecer seus traumas do passado. Os acertos Esta produção mostra que Kheiron é diferenciado. Além de lançar um disco de rap e ter sua fama como comediante, o francês com origens iranianas assume o papel de diretor, roteirista e do protagonista Weal. Já no cinema, seu primeiro filme (Nós ou Nada em Paris) rendeu uma indicação ao César, o Oscar francês. Em Sementes Podres, Kheiron passa de ladrão a herói, de mentiroso a mentor. Wael vê, ainda quando menino, toda a família ser assassinada. Isso o fez crescer forte e sábio das malícias do mundo. Talvez ideal para o emprego que foi obrigado. Já que seus alunos são, em grande parte, de periferias, de outras etnias, ou que não se dão bem na escola. Fugindo do estereótipo de jovens criminosos dos demais filmes de gêneros. Temas como pedofilia, bullying, xenofobia e tráfico de drogas são debatidos no longa. As dificuldades dos conflitos econômicos e sociais são expostas mostrando que a sociedade francesa é como qualquer outra, independentemente de quão desenvolvida ela é. Para todas as idades Sementes Podres é emocionante e cômico do início ao fim. Os crimes, as piadas, o jeito que o professor tenta cativar seus alunos, tudo conspira para trazer um filme leve e explicativo. Kheiron consegue tornar a obra algo atrativo para adultos e idosos, além de educativo para as crianças. Todos conseguirão entenderão a mensagem central da história. Sementes Podres é um filme Original Netflix e está disponível no catálogo da plataforma de streaming.

Haim faz bonito no intimista Tiny Desk (Home) Concert

Nesta quarta-feira (17), foi ao ar a participação da Haim no Tiny Desk (Home) Concert, no canal do YouTube da NRP Music. As irmãs Este, Alana e Daniele tocaram três faixas do seu próximo álbum, Women in Music Pt. III, com previsão de lançamento para o próximo dia 26. As músicas escolhidas foram The Steps, I Know Alone e Summer Girl, que ganhou a participação especial de Henry Solomon, com saxofone. Recentemente Haim lançou o single Don’t Wanna, que foi apresentado no Late Late Show With James Corden, no último mês. Assista:

Crítica | Auric Gates of Veles – Hate

O nome da banda pode não ser dos mais originais, tampouco se trata da formação mais famosa de metal extremo do mundo, mas o poloneses do Hate já estão na ativa desde 1991, sendo Auric Gates of Veles seu décimo primeiro álbum de estúdio. Ou seja, estamos falando de músicos que sem dúvida sabem o que estão fazendo. Para quem nunca ouviu, o estilo praticado pelo Hate é um blackened death metal, na linha de seus conterrâneos como Behemoth e Vader. Adam The First Sinner, único integrante original, empresta seu demoníaco gutural que somados aos riffs malévolos e a cozinha assassina, rendeu momentos grandiosos da podreira como as épicas Seventh Manvantara, Path to Arkhen e Salve Ignis, que são sons que nos fazem pensar o motivo desses maníacos poloneses não serem mais reconhecidos. Mas quem se importa? Seguidores do estilo mais maldito do mundo possuem agora onze motivos para conhecer o Hate, sendo Auric Gates of Veles o principal deles. Vai perder essa? Auric Gates of VelesAno de Lançamento: 2019Gravadora: Metal Blade Records Faixas:1-Seventh Manvantara2-Triskhelion3-The Volga´s Veins4-Sovereign Sanctify5-Path to Arkhen6-Auric Gates of Veles7-Salve Ignis8-Generation Sulphur

Crítica | Evil Never Rests – Sepulchral Voice

Formado em 1987, em Belo Horizonte (MG), o Sepulchral Voice lançou quatro demos entre 1988 e 1991. Após longo hiato, o grupo se reuniu em 2017 e o fruto disso foi o primeiro full lenght, Evil Never Rests, liberado em 2020 pela Dies Iraes Records. Formam a banda hoje Harley Senra (voz), Luiz Sepulchral e Ronaldo Ron Seth nas guitarras, Pepê Salomão no baixo e Lélio Gustavo na bateria. Assim que acionamos o play para o álbum, nos deparamos com Existence In The Void, que já entrega a proposta do Sepulchral Voice. Ou seja, thrash/death metal sujo, cru, veloz e totalmente old school. Os mais atentos já notaram a semelhança do nome da banda com a faixa do EP In The Sign of Evil, dos alemães do Sodom. Pois aquele EP com certeza influenciou os mineiros aqui. O onipresente clima malévolo, as guitarras encrespadas e afinadas normalmente, a bateria rápida e técnica, porém sem firulas desnecessárias. Também é possível sacar nuanças de Sarcófago antigo, Sepultura fase pré-Beneath The Remains e Hellhammer, isso significa que o pescoço será difícil de ser controlado durante a audição de Evil Never Rests. Os destaques? Evil Never Sleeps, Infernal Pain, Fallen Spirit, Blood Sacrifice e…ah, todas! E os anos de espera foram recompensados com esse excelente debute. Que outros venham sem demora. Evil Never RestsAno de Lançamento: 2020 Faixas:1-Existence in The Void2-Evil Never Sleeps3-Killer Instinct4-Infernal Pain5-Fallen Spirit6-In The Storm7-Conjuration of Zumbies8-Blood Sacrifice9-Unreal World10-Cold War