Crítica | Sin After Death – Dirty Grave
O nome da banda já da pistas, mas é ao colocar para rodar Sin After Death, segundo álbum do Dirty Grave, de Orlândia (SP), que o ouvinte se depara com um doom metal sombrio e pesado, com influências óbvias de Black Sabbath, Saint Vitus, Pentagram e Cathedral. O power trio Mark Rainbow (baixo, voz), Pedro Barros (guitarra) e Henrique Lima (bateria) realmente sabiam muito bem o que queriam quando entraram em estúdio, e os resultados são excelentes. Vale lembrar que esse é o segundo álbum do Dirty Grave, sucessor de Evil Desire, de 2017. O som do trio é denso, fúnebre, como todo doom metal deve ser. A voz hipnótica de Rainbow é responsável pelo clima doom em faixas como Slaughter (Human Race is Dead), arriscando inclusive falsetes à King Diamond. Os riffs e solos de guitarra são puro Iommi, ou seja, sem malabarismos inúteis, apenas melodias obscuras que envolvem a música do trio em uma neblina de sujeira. Os destaques do álbum vão para as duas últimas músicas, Slow Journey e When Lucifer Touches Your Soul, a primeira por seu andamento à Saint Vitus e a segunda por pelos seus mais de nove dolorosos minutos de pura viagem doom metal. Confira! Sin After DeathAno de Lançamento: 2019Gênero: Doom Metal Faixas:1-In This Night2-Slaughter (Human Race is Dead)3-Turn Off All My Fears4-Lord of Pain5-Satan´S Wings6-Disposable Toys7-Slow Journey8-When Lucifer Touches Your Soul
Crítica | Nightmares of The Decomposed – Six Feet Under
E lá se vão 25 anos desde que Chris Barnes deixou o Cannibal Corpse para levar adiante seu projeto Six Feet Under, que em 2020 chega ao seu décimo terceiro álbum de inéditas, Nightmares of The Decomposed, trazendo uma novidade importante no line-up da banda, o guitarrista Jack Owen, que ao lado de Barnes gravou os emblemáticos primeiros álbuns do Cannibal. A presença de Owen não se traduziu exatamente em um poço de novidades, pelo contrário. A exemplo do que vinha ocorrendo nos dois últimos álbuns de estúdio, faltam temas candidatos a se tornarem clássicos na carreira da banda, ou alguma música que os fãs imaginam sendo executada pelo próprio Cannibal Corpse. A produção é corretíssima, afinal o som do Six Feet Under não demanda nada mirabolante, e Barnes continua urrando como um desgraçado. Ao decorrer do álbum, boas faixas vão surgindo, como Death Will Follow , Blood of The Zombie, Amputator e Drink Blood, Get Higher. Todas seguindo o estilo básico do Six Feet Under, death mais pesado do que rápido, com diversos momentos “grooveados” e as típicas temáticas gore de Barnes. Vale citar o batera Marco Pitruzella e o baixista Jeff Hughell, que imprimem uma parede sonora carregada de peso e groove. Embora esteja longe de ser efetivo como nos tempos de Maximum Violence (1999) ou Bringer of Blood (2003), o álbum merece ser conferido pelos amantes do death metal. Nightmares of The DecomposedAno de Lançamento: 2020Gravadora: Metal Blade RecordsGênero: Death/Groove Metal/ Death N´Roll Faixas:1-Amputator2-Zodiac3-The Rotting4-Death Will Follow5-Migraine6-The Noose7-Blood of The Zombie8-Self Imposed Death Sentence9-Dead Girls Don´t Scream10-Drink Blood, Get High11-Labyrinth of Insanity12-Without Your Life
Conhecendo o Blues #03 – Lightnin’ Hopkins
Quando falamos no Blues do Texas, principalmente tocado no violão, impossível não nos lembrarmos do lendário Lightnin’ Hopkins. Nascido em 1912 na pequena cidade de Centerville, o jovem Sam Hopkins iniciou sua longa jornada musical quando conheceu o maior bluesman texano da época: Blind Lemon Jefferson. Com a influência de Jefferson, ele adquiriu experiência em shows e aprendeu muito no violão, antes mesmo de completar 20 anos. Sua primeira sessão de gravação ocorreu em 1946 para a gravadora Aladdin, em Los Angeles. Com as primeiras músicas lançadas, Hopkins ganhou fama e fez muito mais shows pelo Sul do Texas. Nos anos seguintes ele gravou mais de 200 músicas (para diversas gravadoras) e ficou conhecido por adorar gravar álbuns! Pesquisadores e fãs estimam que o bluesman tenha gravado entre 800 e 1000 músicas entre 1946 e o início dos anos 1970. Ele ainda tocava piano e era dono de uma voz profunda e marcante. Lightnin´ Hopkins era um contador de histórias, improvisador criativo e confiante, músico livre e com muita personalidade, que se tornou um dos maiores nomes da história do blues. Sua obra e estilo influenciaram músicos como Freddie King, os irmãos Vaughan e bandas como Grateful Dead e ZZ Top. Morreu em 1982, em Houston, em decorrência de um câncer no esôfago. Deixo aqui cinco álbuns e cinco músicas que considero essenciais para quem está começando a ouvir Lightnin’ Hopkins. Álbuns de Lightnin’ Hopkins Lightnin’ Hopkins (1959) Blues In My Bottle (1961) Last Night Blues (1961) – com Sonny Terry Lightnin’ Strikes (1962) Soul Blues (1965) Músicas Baby Please Don’t Go Mojo Hand Moanin’ Blues Sail On Little Girl, Sail On Shaggy Daddy
Leo Maier retorna mais intimista com o álbum Distant Tones
Quando lançou I Choose the Blues, seu álbum de estreia, em 2017, o guitarrista catarinense Leo Maier já apresentou um cartão de visita impressionante. No Blog n’ Roll, Nuno Mindelis festejou a estreia do blueseiro: “pessoas nascem, se apaixonam pelo blues nos moldes tradicionais e, principalmente, respeitam com sabedoria os seus mestres. Seria ótimo se todos aprendessem com as raízes como este grupo fez”. Agora, três anos após essa estreia, Leo Maier disponibiliza Distant Tones, seu segundo disco de estúdio nas plataformas de streaming. Mais intimista, acústico e reflexivo, o álbum carrega influências marcantes, como Blind Willie Johnson, Lightnin’ Hopkins, Big Bill Broonzy, Tampa Red, entre outros. Mas não para por aí. Quando lançou I Choose the Blues, seu álbum de estreia, em 2017, o guitarrista catarinense Leo Maier já apresentou um cartão de visita impressionante. No Blog n’ Roll, Nuno Mindelis festejou a estreia do blueseiro: “pessoas nascem, se apaixonam pelo blues nos moldes tradicionais e, principalmente, respeitam com sabedoria os seus mestres. Seria ótimo se todos aprendessem com as raízes como este grupo fez”. Agora, três anos após essa estreia, Leo Maier disponibiliza Distant Tones, seu segundo disco de estúdio nas plataformas de streaming. Mais intimista, acústico e reflexivo, o álbum carrega influências marcantes, como Blind Willie Johnson, Lightnin’ Hopkins, Big Bill Broonzy, Tampa Red, entre outros. Mas não para por aí. “Fui influenciado por outros estilos acústicos como a música caipira e o folk. Não que eu tenha pensado nisso durante o processo de composição, mas tive essa impressão ouvindo o disco depois. Nas instrumentais com o slide, por exemplo, ficou claro a influência do David Gilmour e do Ry Cooder na minha música”, destrincha o músico. Influência da pandemia em Leo Maier Em suma, a sonoridade mais acústica e intimista está relacionada com a pandemia, garante Maier, que escreveu o álbum no segundo mês do isolamento social. “Estava sozinho no meu apartamento expressando meus sentimentos e minhas impressões em forma de música. Lembro de ter pensado em gravar um disco acústico, mas isso era plano para o futuro. A pandemia veio e mudou tudo. Acabei optando por não gravar com a banda em função do distanciamento social e falta de ensaios para essa novas composições. Tive dois músicos convidados apenas: Fernando Santos na gaita e Alexandre Green no piano”. Minimalista, Distant Tones aborda saudade, esperança e solidão. Todavia, para o catarinense, Better Times é o grande retrato do atual momento para ele. “Ela fala da esperança por tempos melhores. Estamos presenciando uma fase complexa e única na história da humanidade e nos perguntamos quando isso vai passar. Nessa letra eu começo com a frase Hey, meu querido(a) amigo(a), logo tudo ficará bem…. Pensei em todas as pessoas aflitas, sem esperança e que estavam se sentindo sozinhas naquele momento. Foi uma forma de comunicar e musicar, mesmo que distante”. Em resumo, Distant Tones conta com dez canções, sendo cinco instrumentais e outras cinco com vocais.