Entrevista | Chase Atlantic – “O trap é o mais popular em todo o planeta”

O trio australiano de trap Chase Atlantic já acumula mais de meio bilhão de streams e se posiciona como um dos nomes mais empolgantes da atualidade. O single mais recente, Ohmami, mostra que Mitchel Cave, Clinton Cave e Christian Anthony não estão dispostos a abrir mão do trap, R&B e o alternativo psicodélico característicos. “É o tipo de música que permite que você se sinta vivo. Ainda, ao mesmo tempo, fornece uma fuga da realidade. Mesmo que seja apenas momentaneamente, você pode sentir o efeito da música persistente em sua mente como drogas audíveis”, comenta a banda. Mitchel, Clinton e Christian conversaram com o Blog n’ Roll, via Zoom, para comentar um pouco sobre a expectativa em torno da volta aos palcos, single novo, além de uma possível vinda ao Brasil. Confira abaixo. Entre este mês e novembro, vocês farão uma turnê grande por Estados Unidos e México. São os primeiros shows pós pandemia? Como está a expectativa de vocês? Christian: Nós fizemos algumas lives, mas essa será a primeira vez que voltaremos a estar em frente ao público. Clinton: Acho que será incrível. Christian: Acho que são dois anos de jornada. Internamente e emocional com alguns lançamentos. Acho que também as pessoas foram reprimidas por dois anos para saírem de novo e fazerem o que sabem de melhor. Mitchel: Também é a hora de eu voltar a ficar em forma (risos). Clinton: Essas pessoas compraram ingressos e elas realmente querem sair e ir no nosso show. Finalmente estamos tocando em espaços com tamanhos decentes para grandes públicos. Estamos com grandes expectativas. No início do ano, vocês divulgaram o álbum Beauty in Death. Ohmami, o último single, é uma prévia de um próximo álbum cheio? Mitchel: Eu não falaria em um novo álbum ainda. Nós acabamos de lançar essas músicas… Está tudo ainda bagunçado. Estamos fazendo as últimas músicas e produzindo tudo sozinhos. É um processo que mostramos. É um sinal que em breve lançaremos mais músicas no futuro, mas não necessariamente um álbum. Christian: tem um single que lançaremos em breve, a gente nunca para. Clinton: Nesse momento estamos em uma onda de focar nos singles. Acho que devemos lançar no máximo um álbum por ano, porque conta uma história. Você faz somente uma tour por ano. Mas nós fazemos tudo sozinhos. O que trouxeram de influência para fazer Ohmami? E o que motivou o Chase Atlantic a escrever essa música? Mitchel: Então, o Christian e nós tivemos a ideia de fazer uma base instrumental latina com influências espanholas. Era para ser uma batida dance hall como uma afrobeat… Mas pensamos que não queríamos apenas colocar isso no som do Chase Atlantic. Portanto, ele (Christian) fez um instrumental incrível e depois trabalhamos mais um pouco… Eu escrevi e nós demos o nome na mesma noite. Nós ligamos para o Chris e mantivemos alguns dos vocais e fizemos umas improvisações na gravação porque achamos que ficou legal. Chris: Eu acidentalmente mudei os vocais e mudei completamente o fluxo. Oh Jesus! Ficou meio caótico. Clinton: Acrescentamos algumas guitarras. Adorei o fato de que a mudança criou uma nova música. Nós temos fãs maravilhosos pelo mundo. É incrível ter fãs no Brasil, em várias regiões, como Sul, Centro e diferentes outros lugares, como na Austrália. Beauty in Death foi gravado em seu home studio. Ohmami marcou o retorno de vocês ao estúdio usual em Los Angeles. Pretendem retornar para ele nas próximas gravações? Chris: Sim, há dois anos temos dois estúdios. Eu acho que o único benefício de diferentes estúdios é que você tem que ir ao trabalho. Agora, a gente não precisa ir a um grande estúdio e gastar dinheiro. Muitos artistas sofrem com a pressão de manter a qualidade e as vendas dos sucessores do primeiro álbum cheio. Isso foi um problema para o Chase Atlantic? Mitchel: O melhor de fazer foi o terceiro álbum, quando Christian e eu já tínhamos experiência. No primeiro, ficamos apavorados pensando no que o público iria achar. Mas, para nós, não pensamos que o primeiro e o segundo álbum foram os melhores. Pensamos no futuro. Nós ficamos mais experientes. Por que o trap ganhou tanta força no mundo? O que você acredita ser essencial nessa popularidade? Mitchel: Começamos a ouvir muito hip hop no começo. Chris: Acho que em 2011 e 2012, as pessoas começaram a ficar enjoadas de ouvir o mesmo tipo de músicas. Tudo parecia igual. Pessoas ficaram desiludidas. Havia um pouco de revolta demonstrada na mídia, era um enorme contraste e as pessoas se voltaram para a música da cultura popular. Acho que definitivamente veio para ficar. Mitchel: Na verdade veio por causa dos nossos produtores. Eles identificam os tipos de público. A gente queria fazer pop music, que era mais divertido, algo mais mainstream, onde a cultura estava naquele ponto. Isso foi antes, quando o rap e o hip hop eram os gêneros mais populares. Aliás, agora o trap é o mais popular em todo o planeta. Chris: Eu que venho da Austrália posso dizer que sempre ouvíamos hip hop nas estações de rádios. Vocês acompanham o cenário musical do Brasil? Chris: Eu gostaria de saber mais sobre o Brasil, mas temos estado muito ocupados. Eu adoraria conhecer mais e colaborar com os artistas brasileiros no futuro. Nós teríamos que ouvir as músicas, tenho certeza que existem artistas fantásticos. Se eu tocasse no Rock In Rio, antes dos shows, eu passaria o dia conhecendo o maior número de músicos brasileiros. O Chase Atlantic já teve shows anunciados no Brasil, mas foram adiados em função da pandemia. Como está a expectativa de vocês para os próximos meses? Chris: Com certeza vamos tocar no Brasil em 2022. O público brasileiro é incrível, sempre ouvimos coisas muito positivas sobre o público daí. É uma plateia muito apaixonada. Por fim, é isso que espero comprovar quando estiver aí. *Entrevista / Tradução por Christina Amorim e Isabela Amorim

Entrevista | Beren Olivia – “Acho fácil escrever sobre as experiências dos outros”

Sensação do pop britânico, a cantora Beren Olivia, de 22 anos, lançou recentemente o seu EP de estreia, Early Hours of The AM. Com cinco canções, incluindo duas novidades que não foram reveladas anteriormente, Beren viu as outras três faixas desse trabalho alcançarem 5 milhões de streams em um ano. Aliás, tal fato chamou a atenção da BBC Radio 1, MTV e outros veículos especializados no Reino Unido. Antes mesmo de iniciar a carreira profissional, Beren Olivia chegou a ser nadadora profissional. Hoje, deixou o esporte de lado, mas assumiu mais uma paixão além da música: quer ser atriz. Em entrevista ao Blog n’ Roll, Beren Olivia comentou sobre o EP de estreia, início da carreira e os futuros planos. Confira abaixo. Como e quando você iniciou sua carreira na música? Quais artistas que você gosta de ouvir e te inspiram nos seus trabalhos? Sempre tinha música tocando na minha casa. Era uma casa muito barulhenta. Todo mundo cantando o tempo todo. Eu fui criada com artistas como P!nk, Christina Aguilera, Avril Lavigne, Alanis Morissette, Dave Matthews Band. Aliás, meu pai amava Dave Matthews Band. Eu estava constantemente cercada pela música e comecei a compor. Compor foi o que veio antes para mim. Cantar veio depois com um ponto de vista mais confiante. A partir do momento que eu comecei a ganhar mais confiança, cantando na frente das pessoas, poemas começaram a virar canções, peguei uma guitarra para mim e tudo aconteceu. Assim, lancei o meu primeiro álbum. O EP Early Hours of The AM teve um grande impacto no mundo. Como foi para você ter suas músicas com números tão expressivos de streams? É uma loucura! Os fãs estão entrando em contato, me mandando mensagens online… É realmente muito louco como uma música que escrevi no meu quarto com os meus amigos está sendo tocada agora e as pessoas do outro lado do mundo sabem a letra… Isso é a coisa mais maluca. Você era nadadora profissional antes de lançar o teu primeiro EP. O que motivou essa mudança? Eu assisti as Olimpíadas, eu sempre assisto natação… É algo que eu amo. Eu era uma daquelas crianças que falava sim para tudo. Tipo, eu não tinha na minha cabeça fazer apenas uma única coisa pelo resto da minha vida. Então comecei a nadar e uma vez que senti que conquistei tudo o que queria, segui em frente. Amei cada minuto disso… Beren Olivia, sua carreira também teve um momento como atriz, certo? É algo que você pretende explorar mais? Na verdade, o que eu queria era atuar, eu não cantava. Entrei para o musical da escola depois da natação. Após os treinos, eu tinha todo esse tempo livre e não sabia o que fazer porque não tinha que treinar ou fazer qualquer coisa. Então entrei no musical da escola para desenvolver minha carreira de atriz e peguei um papel que me exigia cantar. Aliás, essa foi a primeira vez que cantei na frente de outras pessoas e isso se tornou alguma coisa. Para ser honesta, eu não sabia que podia cantar assim. Então tudo meio que fez sentido e aconteceu naturalmente… Atuar é algo que ainda quero muito. Adoraria estar em filmes. A faixa-título do seu EP fala sobre a sensação de pós término de uma relação. É algo que você vivenciou? É sim.. Tem algo incrível em estar em uma sessão de escrita… encontrei pessoas que agora se tornaram meus amigos mais próximos. Compus essa canção com dois grandes amigos. São pessoas que trabalhei tão de perto e toda vez era como estar em uma sessão de terapia. São pessoas que me entendem completamente. Às vezes, se eu não sei como me expressar com alguma especificamente, eles terminam a frase para mim. E falam perfeitamente. Foi uma experiência incrível. Nem todas as músicas são minhas experiências… Acho fácil escrever sobre as experiências dos outros. Eu não tenho certeza do motivo. Se o meu irmão mais novo me conta algo que ele está passando, meus amigos pelo telefone comigo, eu vou escrever sobre essas experiências também. Meio que vou por todas essas direções. O Reino Unido sempre teve um cenário musical pulsante. Onde você se encaixa nesse mix de gêneros? Essa é uma ótima pergunta. E para ser sincera, sinto que não tem mais gêneros, ou pelo menos como costumava ser. Agora tudo é tão misturado, e eu adoro. Acho que se eu tivesse que colocar um selo nele, seria guitar-pop, pop-punk-guitar-pop. Você aprendeu a tocar guitarra muito nova, aos 13 anos, pretende explorar isso nos seus trabalhos? Ou o objetivo é focar mais nas composições e vocal? Acho que mais tarde… porque me expresso mais facilmente escrevendo e cantando. Acho que a guitarra, eu aprendi a base, então consigo me apoiar quando toco fora, em um café ou outro lugar. Então foi por isso que aprendi a tocar. Queria que você me falasse um pouco sobre como foi trabalhar com a produção do Dylan Bauld. Eu sou uma das maiores fãs da Halsey. Ela é uma das minhas maiores inspirações. E o Dylan trabalhou bastante com a Halsey, fez bastante pela música dela. Então meu empresário conseguiu um horário pelo Zoom para que pudesse falar sobre música com ele, e no fim do papo, implorei para ele produzir meu próximo single. Graças a Deus ele disse sim. Mas deve ter pensando que era uma esquisitona. Aliás, na verdade, eu não o conheci pessoalmente. Foi tudo pelo Facetime e pelo Zoom. Isso é muito louco. Eu, na verdade, vou em novembro para Los Angeles para conhecê-lo pessoalmente. Mas foi ótimo trabalhar com ele. Acho muito raro encontrar pessoas que te entendam musicalmente tão cedo na sua carreira. Eu fui muito sortuda de tê-lo. *Entrevista e tradução por Isabela Amorim e Christina Amorim