Fall Out Boy faz show de headliner, Weezer deixa a desejar e Green Day emociona em Londres
Quando foi anunciada há dois anos, a Hella Mega Tour deixou o público enlouquecido. Três superbandas juntas em um giro mundial: Green Day, Weezer e Fall Out Boy. A pandemia, no entanto, atrasou esse sonho de milhares de fãs. Mas se a demora frustrou muita gente, eles compensaram com a inclusão da Amyl and The Sniffers, uma das bandas mais quentes da atualidade. A primeira parte desse giro pelo Reino Unido foi na última sexta-feira (24), no London Stadium, casa do West Ham. Amyl and The Sniffers O despertar da banda australiana Amyl and The Sniffers veio com uma apresentação no Coachella, um pouco antes da pandemia estourar. Agora, dois anos depois, o grupo tem aproveitado todas as oportunidades que aparecem. A tour pela Europa teve vários shows solos sold out, tal como no Reino Unido, na América do Norte e Oceania, os dois últimos vêm na sequência. Paralelamente a tudo isso, Amyl and The Sniffers também abriu para o Liam Gallagher no Knebworth. E, logo depois, engatou como artista convidado na Hella Mega Tour, com Green Day, Weezer e Fall Out Boy. Toda essa credencial garantiu um retorno positivo para a banda no London Stadium, primeiro show da Hella Mega Tour no Reino Unido. Durante os 30 minutos de show, o público vibrou bastante, cantou algumas canções e pulou quando pedido pela vocalista. Vestida com um shorts preto curto e uma blusinha cor de pele, bem curta e sem sutiã, a vocalista Amy Taylor deixou os fãs sem entender se estava nua ou não. O repertório foi todo em cima do segundo álbum de estúdio, Comfort to Me, com destaque para músicas como Guided by Angels, Security e Hertz. Weezer Burocrático. Assim pode ser resumido o show do Weezer. Com um repertório sem surpresa alguma, a banda parecia disposta apenas a entregar o feijão com arroz no palco. O show no London Stadium foi o terceiro que assisti do Weezer (um em cada continente), mas ficou muito aquém do que eles já ofereceram. Com uma hora de apresentação, River Cuomos e companhia tocaram dois covers: Enter Sandman (Metallica) e Africa (Toto). Quando foram ao Brasil, em 2019, achei até compreensível por conta do Teal Album, disco só com covers que tinha acabado de ser lançado. No entanto, de lá para cá, o grupo lançou três discos autorais e dois EPs. Isso sem falar do vasto repertório de uma banda inquieta com quase 30 anos de estrada. Van Weezer, por exemplo, que traz canções poderosas, foi totalmente esquecido. Vale destacar que a entrada da banda foi ao som de Jump, do Van Halen. Trolaram mesmo quem estava esperando por algo desse disco. Ok Human foi lembrado com a bela All My Favorite Songs. Uma coisa que não mudou na estrutura do repertório apresentado no Brasil é a base do primeiro álbum (Blue). My Name Is Jonas, Undone – The Sweater Song, Say It Ain’t So e Buddy Holly seguem sendo pontos focais do show. Uma mudança sentida foi na bateria. Impossibilitado de excursionar com o Weezer, Patrick Wilson foi substituído por Dave Elitch. Para quem não acompanha a banda, porém, nada mudou. A abertura com Hash Pipe e Beverly Hills animou bastante o público, composto em sua maioria por fãs do Green Day. My Name Is Jonas e Porks and Beans colocaram ainda mais pilha na plateia. A Little Bit of Love (Sprint) e Records (Summer), dos EPs temáticos das quatro estações, pouco empolgaram e reduziram bastante a animação dos fãs. Records foi lançada durante a semana, enquanto A Little Bit Love não caiu nas graças do público. Em Island in The Sun, River Cuomos teve problemas com a guitarra. Não conseguia iniciar a canção e pediu auxílio aos roadies. Depois de constatar que nenhuma das duas guitarras estavam aptas, avisou que faria a parte dele com a boca e no air guitar. Coincidentemente a guitarra voltou na hora do solo e ele pode concluir do jeito que esperava. Africa, do Toto, certamente foi uma das que mais empolgou o público. Por fim, Say It Ain’t So e Buddy Holly, ambas do primeiro álbum, deram números finais ao show. Em resumo, não fosse o apoio do público, o Weezer teria feito um show muito chato. E muito aquém da apresentação que vi em Chula Vista, nos Estados Unidos, há quatro anos, quando deixou o Pixies parecendo uma bandinha recém formada no lineup. Fall Out Boy O que faltou de entusiasmo e cuidado no setlist do Weezer, sobrou no repertório do Fall Out Boy. Pode parecer bobeira ou mero detalhe, mas esquentar o estádio inteiro com labaredas de fogo logo na primeira música, ajuda demais. Com Phoenix, o Fall Out Boy abriu a apresentação com o público na mão. A alegria por estar de volta a Londres estava estampada no rosto de todos. O baixista Pete Wentz, aliás, celebrou com os fãs. “Muito bom ver a música de volta, os shows de volta. Estamos muito felizes por estarmos aqui fazendo o que mais gostamos”, disse antes de tocar Save Rock and Roll. Essa faixa, inclusive, foi muito bem recebida pelos fãs. Enquanto o vocalista simplesmente tocava em um piano pegando fogo, em uma versão bem comportada de Jerry Lee Lewis, o público cantou junto do início ao fim. The Last of the Real Ones e Dance, Dance mantiveram a temperatura bem elevada no London Stadium, fosse pela animação do público ou com as labaredas de fogo no palco. Um dos pontos altos da apresentação veio com This Ain’t a Scene, It’s an Arms Race. Aqui, o estádio parecia inteiro ao lado do Fall Out Boy, como se fosse o headliner da noite. Diferente do Weezer, o Fall Out Boy apostou nos hits do início ao fim. I Don’t Care e Thnks fr th Mmrs foram mais duas amostras do que essa banda é capaz de fazer com um estádio lotado. Um problema técnico no telão fez com que a banda gastasse uns dois a três minutos com uma paralisação inesperada.
Twenty One Pilots faz até luau improvisado no caldeirão do O2 Academy Brixton
Um dia antes, o Twenty One Pilots havia vencido o prêmio de melhor performance ao vivo do Kerrang Awards, prêmio da tradicional revista britânica. No O2 Academy Brixton, casa emblemática de Londres, o duo estava pronto para o terceiro de quatro shows seguidos na capital inglesa. Cada um com uma proposta diferente. O giro do Twenty One Pilots começou com uma apresentação intimista no Camden Assembly, pub com capacidade para 250 pessoas, no coração de Camden Town, na última terça (21). No dia seguinte, o duo seguiu para o O2 Shepherds Bush, mais um show sold out, dessa vez para 2 mil pessoas. No O2 Academy Brixton, na quinta (23), foi para quase 5 mil pessoas, enquanto o encerramento no sábado (25), na Arena Wembley, para 12,5 mil pessoas. “Nós estamos muito felizes com esse reconhecimento da Kerrang. Nós nos dedicamos muito para entregar um show bom para vocês. Esse prêmio só foi possível por causa de vocês. Vocês deveriam receber esse prêmio também”, declarou o emocionado vocalista Tyler Joseph, no O2 Academy Brixton. E ele não está errado. A sinergia entre público e banda impressiona. Da primeira música, Good Day, até a última, Trees, não existe nenhum momento de distração. Os olhos dos fãs ficam pregados no palco. Inclusive boa parte deles vai como cosplay dos integrantes. Recentemente, o nosso correspondente em Londres, Roberto Gasparro, comentou que alguns artistas não sabiam aproveitar a imensidão do palco do O2 Academy Brixton. Mas esse não é o caso do Twenty One Pilots. Tudo foi montado de forma impecável para a dupla brilhar em cena. Tyler Joseph e Josh Dun dão show de acrobacias, interagem o tempo todo com o público e exploram recursos visuais o tempo todo com um telão incrível no fundo do palco. O repertório, mesmo que recente (dupla tem pouco mais de dez anos de estrada), é de gente grande. Prova disso é que já soltam um dos maiores hits, Stressed Out, logo no começo. É a segurança de quem se garante com um caminho de sucessos na sequência. Migraine e Heathens vieram na sequência, comprovando a força do setlist. Em The Outside, os dois recebem o apoio de uma banda completa, com guitarra, baixo e saxofone. O baixista, aliás, é um show a parte no palco. Muito carismático, ele de cabeça no clima proporcionado por Tyler e Josh. Chlorine e Mulberry Street vêm em sequência para preparar o palco para uma continuação ainda mais especial. No piano, Tyler puxa Bennie and The Jets, de Elton John. Muito aplaudida pelos fãs, a música soou com uma bonita homenagem ao lendário artista britânico, que se apresentou no dia seguinte no Hyde Park, abrindo o British Summer Time, festival de verão de Londres. Na sequência, o Twenty One Pilots improvisou uma fogueira no palco e iniciou uma sessão acústica, tal como fizeram recentemente na gravação do Unplugged MTV. O set acústico teve um tempo considerável. Contou com I Can See Clearly Now (Johnny Nash e famosa na voz de Jimmy Cliff), My Girl (The Temptations), Home, House of Gold e We Don’t Believe What’s on TV. Sem aliviar na sequência pesada, o Twenty One Pilots tocou uma versão da música tema de Halo antes de emendar mais alguns hits, como Jumpsuit e Heavydirtysoul. Em Saturday, Josh tem sua bateria colocada em cima de um tablado e erguida pelos fãs. Isso mesmo, toca a bateria numa espécie de ilha no meio da plateia. Quem acompanha o Twenty One Pilots há mais tempo sabe que isso é uma prática comum nas apresentações. Level of Concern, Ride e Car Radio em sequência também ajudaram a deixar os fãs mais empolgados. Mas o forno que estava dentro da casa, após um dia extremamente quente em Londres, fez com que alguns fãs deixassem a pista antes do fim. Shy Away, um dos destaques do último álbum, Scaled and Icy, veio em uma versão misturada com I’m Not Okay (I Promise), do My Chemical Romance. Trees deu números finais a um show que não tem margem de erro. É impecável do início ao fim.
Macy Gray diverte, empolga e canta Metallica no Ronnie’s Scott
O Ronnie’s Scott, no Soho, em Londres, por si só já vale uma visita. É como visitar um estádio de futebol lendário sem jogo. Essa casa é uma das mais emblemáticas de jazz do mundo. Fundado em 1959, o Ronnie’s viu nomes como Chet Baker, Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan, Nina Simone, Stan Getz e Charlie Watts gravarem álbuns marcantes aqui. Aliás, foi nesse clube de jazz que o baterista do Rolling Stones ganhou um tributo intimista dos companheiros de banda, logo após o seu falecimento. O dia escolhido para conhecer o Ronnie’s tinha uma atração de peso, a norte-americana Macy Gray. Famosa pelo mega hit I Try, que rendeu Grammy e topo das paradas em vários países, no fim dos anos 1990, a cantora segue com uma carreira bem ativa, inclusive com participação agendada no próximo Rock in Rio. No Ronnie’s, ela chegou acompanhada da sua superbanda California Jet Club, que tocou a música tema da franquia Rocky para a anunciar sua entrada. Macy abriu o show com Do Something, faixa do seu álbum de estreia, On How Life Is (1999). A partir daí, aproveitando o clima bem intimista da casa, conversou bastante com o público entre as músicas. “Vocês não são boas pessoas. Poderiam estar em casa, curtindo a família, vendo TV, mas vieram para um show numa quarta-feira à noite. E ainda tem uma greve de trem para dificultar a chegada de vocês aqui”, brincou. Logo depois, a cantora surpreendeu o público uma versão totalmente reconstruída de Nothing Else Matters, do Metallica. O cover faz parte do álbum Covered (2012), que conta com versões de Radiohead, Kanye West, My Chemical Romance, entre outros. A apresentação também trouxe single novo. Thinking of You estará em seu próximo álbum de estúdio, The Reset, previsto para 8 de julho. “Vocês são sortidos. Essa é uma música nova, ninguém ouviu ainda. Só quem veio no show de hoje mais cedo (foram dois shows no mesmo dia, no Ronnie’s), na semana passada, mais alguns amigos, mais outras pessoas que foram em outros shows”, disse, arrancando risos do público. Em outro momento de conversa com os fãs, Macy Gray anunciou Sexual Revolution de forma bem descontraída. “Você se prepara para vir curtir o show, limpa bem suas partes íntimas, se prepara toda e aproveita. Aproveita porque a noite é sua, baby”. À essa altura parte do público já estava em pé, quase dentro do palco, para cantar com Macy, que não aguentava mais ver as pessoas sentadas. I Try veio no final. E com uma dose de ironia da cantora. “Vou cantar uma música que todos vocês estão esperando. A mais esperada de todas”, comentou. A ironia é porque recentemente ela deu uma entrevista para Forbes questionando o motivo da imprensa a tratar como One Hit Wonder (artista lembrado só por uma música). “As pessoas me chamam de One Hit Wonder, e eu fico tipo, vendi 33 milhões de álbuns. Não sei como você diz [eu só tenho] uma música. Acho que é um problema para todos os outros. Acho que houve um momento em que fiquei muito confusa e não entendi, porque quando escrevi aquele disco, estava apenas sendo eu mesma. E foi isso que continuei a fazer. Mas há algumas das outras músicas que fiz que não ressoaram dessa maneira, e não entendi isso por um longo tempo”. Com a plateia totalmente na mão, Macy Gray encerrou o show com sua versão para Brass in Pocket, do The Pretenders. Era o que faltava para acabar com as regras básicas da casa: não falar durante as músicas e nem se levantar. Tarde demais!
Aula de crossfit com duo, Jake Bugg consistente e Noel Gallagher vencendo na reta final
O Kenwood House, no norte de Londres, promove anualmente uma série de shows em seu gramado, entre junho e agosto. A trinca curiosa Confidence Man, Jake Bugg e Noel Gallagher formaram o lineup do último dia 19. Confidence Man O Confidence Man é um duo australiano de indie electro pop. O som destoa bastante das outras duas atrações da noite, Jake Bugg e Noel Gallagher. Os primeiros 15 minutos foram divertidos. Janet Planet e Sugar Bones mostram uma disposição fora do comum no palco. Pulam, dançam, fazem números circenses. Em Toy Boy, faixa que abriu o show, por exemplo, pareciam dois fantoches com movimentos corporais incomuns. Com dois álbuns na bagagem, Confident Music for Confident People (2018) e Tilt (2022), o duo perde a força da metade para o fim do show. As coreografias começam a ficar bem simples, beirando a infantilidade e o teatro de mau gosto. As músicas também começam a soar parecidas transformando o show em um super aulão de crossfit. Se você gosta dessa modalidade, o som pode ser interessante para estimular os treinos, aliás. Bubblegum, faixa que encerrou o show, já estava como um chiclete sem gosto. Você percebe que um show está chato quando ele dura 30 minutos, mas parece ter sido feito em três horas. Jake Bugg Aos 28 anos, o inglês Jake Bugg já não tem mais o hype que tinha há dez anos quando deixou estourou mundialmente com Two Fingers e Lightning Bolt. No entanto, segue com um show deles extremamente competente e com poucas palavras. Jake Bugg abriu o show com duas canções de seu último álbum, Saturday Night, Sunday Morning (2021): Lost e Kiss Like the Sun, que não animaram muito o público que ainda chegava ao Kenwood House. Com Slumville Sunrise, do Shangri La (2013), seu segundo disco de estúdio, o músico arrancou aplausos mais efusivos e contou com um apoio maior na hora do refrão. About Last Night, do último disco, veio na sequência, mas tal como as duas primeiras também não empolgou. Ciente do que estava rolando, Jake Bugg passou a intercalar canções do Shangri La e do disco de estreia homônimo (2012). Deu certo. Seen It All, Me and You e Simple as This funcionaram muito bem para o público que parecia conhecer apenas os dois primeiros álbuns do guitarrista. Prova disso é que o terceiro e quarto álbum, On My One (2016) e Hearts That Strain (2017), foram totalmente ignorados no repertório. Antes de Two Fingers, Jake Bugg brincou que há dez anos escreveu essa música e o pensamento é o mesmo até hoje. Broken e Lonely Hours deixaram a apresentação com uma cara mais intimista. São duas baladas bem fortes do repertório de Jake Bugg. Mas o descanso para o público durou pouco. Lightning Bolt, Simple Pleasures e What Doesn’t Kill You elevaram a temperatura e coincidiram com a trégua da chuva também. All I Need, single do álbum mais recente de Jake Bugg, deu números finais ao show. A essa altura o Kenwood House já estava bem cheio para ver Noel Gallagher. Noel Gallagher Com sua banda High Flying Birds, que inclui guitarras, baixo, bateria, backing vocals, metais e até uma tesoureira (sim, uma mulher que toca tesoura), Noel Gallagher faz de tudo para garantir que é possível ter uma vida sem o Oasis. Em resumo, ele é muito bem sucedido na empreitada. Fort Knox, Holy Mountain e It’s a Beautiful World funcionam muito bem para o público logo no início da apresentação. Tal como seu irmão, Noel tem uma carreira solo consolidada e um público completamente apaixonado pela sua obra pós Oasis. Black Star Dancing e Dead in The Water também foram cantadas como se fossem hinos do Oasis, tamanha emoção do público. Mas, inevitavelmente, Oasis ainda é o que mais mexe com o coração do público. E Noel não aliviou na reta final. Emendou Little by Little, The Importance of Being Idle, Whatever, Wonderwall, Half the World Away e Stop Crying Your Heart Out. Uma rápida pausa e Noel retorna com mais dois sons poderosos de sua carreira solo: If I Had a Gun… e AKA… What a Life!, essa dedicada para todos os torcedores do Manchester City, o que gerou alguns gritos de apoio e vaias. O final apoteótico veio com Don’t Look Back in Anger, cantada por todos presentes no Kenwood House, certamente um dos highlights da temporada de shows de verão do parque.
Acompanhado do Chic, Nile Rodgers faz show com cara de VH1 Storyteller
O guitarrista e produtor Nile Rodgers tem uma história incrível na música. Uma série sobre a importância desse senhor de 69 anos na história da música precisaria certamente de algumas temporadas. Quando está junto do lendário grupo Chic, a coisa fica ainda mais pesada. Headliner de um evento em Kenwood House, no norte de Londres, no último sábado (18), Rodgers aproveitou o tempo no palco para fazer uma espécie de VH1 Storyteller, intercalando histórias curiosas sobre alguns de seus maiores sucessos e hits em sequência. A primeira parte do show foi toda dedicada aos hits do Chic. Em sequência vieram Chic – Chic, Dance, Dance, Dance e I Want Your Love, todas acompanhadas em coro pelos fãs, que dançaram muito para esquentar diante de uma chuva forte e gelada. Na primeira pausa para falar com o público, Rodgers avisou que tocaria algumas músicas bem conhecidas. “As pessoas me perguntam porque não faço tanta música com o Chic. Mas a resposta é que estou sempre atendendo outros grandes artistas, como Diana Ross, Madonna, David Bowie, Duran Duran, entre muitos outros”. Foi a deixa para iniciar I’m Coming Out e Upside Down, ambas bem conhecidas na voz de Diana Ross. As homenageadas da sequência foram as irmãs do Sister Sledge, com mais dois hits gigantes: He’s the Greatest Dancer e We Are Family. Rodgers, que tem em seu currículo contribuições e serviços prestados a nomes como Aretha Franklin, Mick Jagger e Stevie Ray Vaughan, contou sobre sua experiência com Madonna. “Ela (Madonna) já havia lançado um álbum e me convidou para trabalhar com Like A Virgin. Mostrei algumas coisas que ela poderia fazer, mas ela disse ‘beija minha bunda’. Hoje vamos tocar do jeito que imaginamos”, disse Rodgers antes de emendar Like A Virgin e Material Girl. Antes de encaminhar a apresentação para o fim, Rodgers fez questão de exaltar o trabalho de David Bowie. “Ele era incrível! Vamos mostrar um pouco do que fizemos juntos”. Modern Love e Let’s Dance foram as escolhidas. A primeira cantada pelo tecladista do Chic. A parceria com o duo francês Daft Punk e o norte-americano Pharell Williams, Get Lucky, foi outro ponto alto da apresentação. “Estamos vendo tantas coisas ruins no mundo. Eu venci dois cânceres e acredito que isso tem muito a ver com Lucky (sorte). Quero muito que as pessoas pensem positivo e alcancem o que precisem”. A reta final foi dedicada ao Chic, com as backing vocals dando um show. Le Freak e Good Times deixaram os fãs ainda mais entusiasmados. Rapper’s Delight, de Sugar Hill Gang, deu números finais ao show. Billy Ocean A abertura do evento em Kenwood House ficou a cargo de Billy Ocean, cantor que emplacou uma série de hits entre os anos 1970 e 1980. Aliás, tocou praticamente todos nessa apresentação com cara de greatest hits. Entre os seus principais sucessos podemos destacar as canções When the Going Gets Tough, the Tough Get Going, parte da trilha sonora do filme A Joia do Nilo (1985), Suddenly, Get Outta My Dreams, Get into My Car e Caribbean Queen, todas tocadas no show. Love Really Hurts Without You, logo no início do show, também se mostrou como grande hit, com boa parte do parque cantando junto. Para quem não conhece, nos últimos anos, Billy Ocean voltou a ficar conhecido por seu nome ser bastante citado na série Todo Mundo Odeia o Chris, onde a personagem Tonya, vivida pela atriz Imani Hakim, é sua grande fã.
Air Supply confirma turnê pelo Brasil; confira datas e locais
O Air Supply está de volta ao Brasil em outubro com a turnê The Lost in Love Experience. Como parte da turnê mundial, o duo se apresentará dia 13 em Recife (Classic Hall), dia 15 no Rio de Janeiro (Vivo Rio), dia 16 em São Paulo (Espaço Unimed) e no dia 18 em Curitiba (Teatro Guaíra). Ano após ano, a dupla formada por Russell Hitchcock e Graham Russell comprova sua atemporalidade com shows majestosos ao redor do mundo e emociona com suas doces baladas pesadamente orquestradas, como as que serão apresentadas no Brasil em outubro. Acompanhados de seus extraordinários músicos, o Air Supply empolgará com seus inúmeros hits, muito conhecidos de todo público brasileiro já que ainda diariamente podem ser ouvidos nas rádios adultas de clássicos, não só no Brasil como em todo mundo. Informações – Air Supply no Brasil Dia 13 de outubro, quinta-feira em Olinda no Classic Hall às 21h Dia 15 de outubro, sábado no Rio de Janeiro no Vivo Rio às 21h Dia 16 de outubro, domingo em São Paulo no Espaço Unimed às 20h Dia 18 de outubro, terça-feira em Curitiba no Teatro Guaira às 21h Vendas de Ingressos Dia 28 de junho das 2022 às 12h – Pré-venda para sócios Clube Shows Ouro Venda – Dia 29 de junho de 2022 às 12h
Bring Me The Horizon anuncia show com Motionless in White em São Paulo
O Bring Me The Horizon se apresenta em São Paulo, com a participação da norte-americana Motionless in White, no Vibra no dia 16 de dezembro. As bandas fazem parte do lineup do Knotfest, festival que acontece no mesmo mês, e celebra o metal. Donos de hits como Can You Feel My Heart e Parasite Eve, o BMTH é presença constante em festivais pelo mundo por seu público cativo e cada vez mais numeroso. Em São Paulo sua base de fãs cresceu exponencialmente nos últimos anos, que serão presenteados com duas apresentações únicas em diferentes formatos, o primeiro um side show e a segunda data, dentro do Knotfest. O amor pelos fãs brasileiros também é recíproco: o vocalista e frontman Oli Sykes – que é casado com a modelo e musicista brasileira Alissa Salls – declarou, em seu Instagram, que havia comprado uma casa no Brasil, tirado CPF e que era agora “oficialmente brasileiro”. Já a banda Motionless in White é bastante conhecida pelos temas mais densos em suas letras e maquiagens góticas e mostrará músicas de seu mais recente álbum, lançado no início de junho, Scoring The End Of The World, além dos sucessos que os fãs querem ouvir, como Masterpiece e Another Life. Os ingressos para a dobradinha Bring Me The Horizon e Motionless in White já estão disponíveis para venda com pagamento exclusivo com o super app Ame no site da Eventim. A venda estará disponível para público geral com outros meios de pagamento a partir do dia 29 de junho às 15h. Os ingressos custam entre R$ 175,00 e R$ 650,00.
Dobradinha de peso em Glasgow: Kasabian e Liam Gallagher
Glasgow não é para os fracos. É preciso ter muita disposição para aguentar a euforia dos fãs. É chuva de vinho, cerveja, cocaína e muitos esbarrões o tempo todo. Isso sem falar nos sinalizadores que deixaram os seguranças em pânico no Hampden Park, o estádio oficial dos jogos da seleção de futebol da Escócia. Foi nesse clima que acompanhei, debaixo de chuva, a dobradinha Liam Gallagher e Kasabian em Glasgow. Já havia assistido ao Kasabian duas vezes no Brasil, mas estava curioso para ver sem o vocalista Tom Meighan, expulso da banda após comportamentos abusivos com a esposa. Sergio Pizzorno assumiu o vocal e afastou a desconfiança do público logo de cara. Não é segredo que ele sempre foi a alma da banda, mas é sempre estranha a troca de vocalista. Com um set bem equilibrado, Pizzorno e companhia ignoraram apenas um dos sete álbuns da discografia (Velociraptor!, de 2011), já incluindo nessa conta o futuro The Alchemist’s Euphoria, que chega em agosto. West Ryder Pauper Lunatic Asylum (2009) e For Crying Out Loud (2017) foram responsáveis por metade do set, com três músicas cada. Só hit, por sinal. A sequência inicial do show, com Club Foot, III Ray (The King) e Underdog, foi tocada sem intervalo, garantindo uma apoteose dos fãs, em sua maioria adolescentes. Enquanto gritavam e pulavam insanamente, policiais e seguranças tiveram trabalho para conter os sinalizadores acesos na pista. Propositalmente ou não, Pizzorno parece ter notado que a loucura da plateia estava fora do comum e deu uma desacelerada. Deu espaço para You’re in Love With a Psycho e estreou Chemicals, do novo álbum. Mas a tranquilidade pouco durou. Shoot the Runner, Stevie e Bless This Acid House, uma seguida da outra, funcionaram como uma panela de pressão. Ao chegar na terceira dessa sequência, a loucura já estava novamente na pista. E mais correria para conter novos sinalizadores. A reta final, já com o jogo ganho, trouxe mais momentos catárticos para os escoceses, incluindo Empire e Fire. Se o objetivo era aquecer os fãs para o show de Liam Gallagher, Pizzorno conseguiu isso e muito mais. Fez show de headliner com set list reduzido. Liam Gallagher O canto da torcida do Manchester City celebrando mais um título, ecoando nos alto-falantes do estádio, já sinalizavam que Liam estava próximo. Engraçado que essa brincadeira nunca fica velha, afinal o City ganha títulos todos os anos. Acabou de conquistar o bicampeonato da Premier League, o quarto título nos últimos cinco anos. Fuckin’ in the Bushes, acompanhada de imagens de Liam e mensagens positivas, trouxe o icônico vocalista do Oasis para o palco. Aliás, vale destacar que Liam tem dois feitos e tanto sobre o irmão: renovou o público, trocando os coroas saudosistas por adolescentes apaixonados pela sua banda de origem, além de entregar os clássicos do Oasis da forma mais fiel possível, sem tesouras ou outras esquisitices em suas releituras, como Noel faz. Mesmo com uma carreira solo consolidada, Liam sabe que o repertório do Oasis é o ponto forte dos shows. E isso não é um problema para ele. Hello, Rock ‘n’ Roll Star e Morning Glory vieram em sequência. Logo depois, Liam testou a força do repertório solo com Wall of Glass, Everything’s Electric e Better Days, as duas últimas do recém-lançado C’mon You Know. Impressionante como a euforia não se reduz em nenhum momento na pista. Sempre intercalando Oasis e carreira solo, Liam pouco falou, mas quando se arriscou a fazer isso, arrancou aplausos e vaias simultaneamente. Explica-se: o vocalista elogiou Glasgow e disse ser uma ótima cidade de um ótimo país independente. No entanto, nem todos pensam da mesma forma. A população é dividida entre ser independente ou seguir dentro do Reino Unido, com Inglaterra, Irlanda do Norte e País de Gales. Mas Liam soube abafar a polêmica rapidamente com mais uma trinca de Oasis: Stand by Me, Roll It Over e Slide Away. Ainda teve espaço para a linda Soul Love, do Beady Eye, banda que Liam montou logo após o término do Oasis. Com novidades de C’mon You Know e mais algumas boas faixas de seus dois primeiros álbuns solos, Liam mostrou força com More Power, acompanhada de backing vocals, The River e Once. Na saída do palco, antes do bis, ainda simulou estar tocando tesoura, tal como uma integrante da banda de Noel, arrancando risos dos fãs. Um curto intervalo separou dessa interação e as últimas quatro canções do show, todas do Oasis: Some Might Say, Cigarettes & Alcohol, Wonderwall e Champagne Supernova. Nem mesmo a chuva e o frio, em pleno verão escocês, foram páreo para os fãs. Muitos saíram eufóricos do estádio, rodando a camisa e cantando mais músicas do Oasis nas ruas. E foi assim até a região central de Glasgow, distante uns 4,5 km dali. Sim, caminhando e cantando debaixo de frio e chuva.
Crítica | Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo
Engenharia do Cinema Desde que foi lançado em março deste ano, no Southwest Film Festival, “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” começou a sacudir a internet. Com a temática de “Multiversos” em alta, por conta dos últimos filmes da Marvel Studios, a trama de criada pelos cineastas Dan Kwan e Daniel Scheinert acabou chamando a atenção por conta das maluquices mostradas nas diversas possibilidades que a protagonista vivida por Michelle Yeoh, passava. Só que mesmo com diversos elogios, a trama parece beber um “mais do mesmo” se tratando de produções chinesas com toques de Hollywood. A história gira em torno de Evelyn Wang (Yeoh), que vive uma vida rotineira, onde além de cuidar de uma lavanderia, enfrenta uma enorme crise no casamento, os cuidados com seu Pai, filha e uma baita dívida com a Receita Federal. Mas, isso tudo acaba ficando totalmente de cabeça para baixo quando uma versão alternativa de seu marido Waymond (Ke Huy Quan) aparece e diz que ela é a única solução de todos os multiversos. Imagem: A24/Diamond Films (Divulgação) A dupla de diretores sabem que eles possuem diversas possibilidades para explorarem neste projeto, seja nas técnicas de filmagem, fotografia, designs de produção e até mesmo no roteiro. Embora este último seja um dos quesitos mais problemáticos aqui (já que não conseguimos criar uma afeição com nenhum dos protagonistas), eles conseguem brincar com o público no formato de tela (onde usamos para diferenciar de qual Evelyn a trama está trabalhando) e nas divertidas cenas de luta (pelas quais, uma em especial chega a misturar risos e constrangimento, por conta da “solução” dos antagonistas para terem seus poderes ativados). Quanto ao quesito de atuação, mesmo Yeoh sendo uma ótima atriz (inclusive isso á foi comprovado), quem acaba roubando um pouco a cena (mas ainda acho, que a trama poderia ter tirado mais) é da veterana Jamie Lee Curtis (que vive a fiscal da receita federal Deirdre Beaubeirdre), que está irreconhecível por conta da maquiagem carregada (inclusive não duvido que no Oscar, o longa seja lembrado em tal categoria). Agora, o longa mereceu essa aclamação toda? Realmente, ele conquistou isso mais por ter tido uma campanha de marketing boa, afinal produções envolvendo a China e multiversos estão em alta na cultura pop. Isso fez com que os sentimentos dos espectadores que gostaram dos últimos filmes do Homem-Aranha e Doutor Estranho, estarem empolgados em verem filmes com o mesmo assunto. Mas assim como estes, novamente o problema cai em cima do roteiro. “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” pode ser divertido para uns, entendiante para outros, mas acaba sendo mais uma maluquice aos moldes do cinema chinês