Andre Unknown expande universo sonoro com EP de estreia, Clicks

Andre Unknown abraçou o lado desconhecido da vida e se jogou em novos caminhos na estreia oficial deste projeto solo. Capitaneado pelo tecladista, cantor, produtor musical, designer e artista visual carioca Andre Câmara, ele lança o EP Clicks, reunindo duas faixas inéditas que atestam sua versatilidade, além de um remix assinado por DELNUR. O EP chega às principais plataformas acompanhado de vídeos. O de Truce foi concebido e realizado completamente no game Counter Strike. A proposta para o vídeo veio da vontade de abordar o relacionamento de Andre com tecnologia. Boa parte desse primeiro momento foi inspirada pelo gaming, em especial pelo popular jogo que simula missões contra-terroristas. “Eu e meus amigos viramos noites nas lan houses do Rio de Janeiro jogando CS. Achei que seria uma boa oportunidade para explorar a estética desse jogo, que atualmente já pode ser considerada nostálgica. Também gosto muito da ideia de usar efeitos práticos na produção, ou seja, usar as ferramentas que o meio proporciona. No clipe de Truce, todos os efeitos são filmados dentro do jogo em si, sem nenhuma adição de 3D ou outras ferramentas que não sejam as que usamos para esconder detalhes da interface ou andar pelo mapa. Foi um grande exercício de produção e edição, que não seria possível sem a ajuda de Eduardo Magalhães e Thiago Duarte”, comemora. Embora atue acompanhando músicos e integrando bandas, a nova fase solo de Andre Unknown foi anunciada com o single Wishful Thinking, onde ele recria a faixa de BENEE em clima de bedroom pop, lo-fi e arte pop. Agora, o músico vai ainda mais a fundo em suas referências, buscando caminhos ainda não percorridos em nenhum de seus trabalhos anteriores. Truce e HALT são duas canções cujos títulos remetem, curiosamente, à paralisação, inércia, fim de caminho. Porém, Andre Unknown está apenas começando, desta vez de um lugar criativo de total liberdade e sem restrições de rótulos. Truce é um sinônimo dessa transição, pois surgiu durante um voo do Rio de Janeiro para San Francisco, onde Andre morava à época. A faixa acabou composta tempos depois em uma visita ao amigo e também músico carioca DELNUR em Nova York. Daí surgiu a parceria que resultou na co-produção da faixa e de DELNUR assinando um remix de Truce, que acompanha este EP.
Pedro Cassel antecipa novo álbum com poético single “Galope”

O cantor Pedro Cassel iniciou a divulgação do seu próximo álbum de estúdio, Boca Braba, que chega ao streaming em 21 de setembro. A primeira faixa revelada é Galope, uma canção musicada a partir de um poema de Tazio Zambi que traduz os questionamentos e incertezas de um tempo de tensões, ausências e escassez. “Se é treta ou polícia / não tem conversa”, sentencia Cassel na abertura percussiva da faixa. Entre perguntas e jogos de palavras, as frases questionam e ganham eco, sem encontrar resposta. A musicalidade é inerente aos versos de Tazio Zambi neste poema, que integra seu livro Cerco, lançado em 2013. Pedro Cassel encontra os tons e sons já presentes entre as estrofes e os traz à tona nessa composição assinada, agora, a quatro mãos. “Os versos ficaram por muito tempo na minha cabeça, até parecer uma escolha natural transformá-lo em música. Gosto como o Tazio casa uma elegância no jeito de falar com um certo escárnio e uma certa raiva. Acho que o Boca Braba, o disco do qual Galope vai fazer parte, tem um pouco esse sotaque e um pouco essa intenção: botar pingos nos is sem nunca perder o charme”, antecipa Cassel. O novo disco irá marcar uma nova fase artística para Pedro Cassel. O catarinense radicado em Porto Alegre é músico, compositor e poeta, tendo lançado recentemente seu livro de estreia, Kiwi. A vivência sonora é ainda mais antiga: o habita desde os 11 anos de idade e foi nutrida até 2020, quando o artista lançou seu primeiro álbum. As canções reunidas ali foram compostas entre 2014 e 2018, gravadas em 2019 e entregues ao público no ano seguinte. Pedro se jogou em novas composições e, tão logo Abrir foi lançado, o músico já tinha um novo disco composto e abarcando todas as transformações pessoais e coletivas do país naquele momento. Para traduzir o zeitgeist em Boca Braba, Cassel recorreu a poetas contemporâneos para musicar seus versos – além de Tazio Zambi, aparecem no novo disco Bruna Beber, Ana Guadalupe e Rafael Mantovani. Os convidados musicais são Letrux, na já lançada Merthiolate, e Juliano Guerra, que estará no próximo single, Olho da Rua.
Entrevista | Palaye Royale – “Foi um período difícil para nós como irmãos”

Crítica | A Fera do Mar

Engenharia do Cinema Em meio à diversas tentativas de se conciliar no mercado de cinema como um todo, a Netflix lança agora uma de suas grandes promessas de animações do ano, “A Fera do Mar“. Com direção de Chris Williams (conhecido por ter comandado “Moana” e “Big Hero 6“), o mesmo comentou que houve um enorme estudo em prol de como funcionavam as embarcações antigas, assim como agiam os marinheiros e tripulantes. Só que mesmo se tratando de uma animação com um design de produção remetendo a realidade (algumas tomadas do oceano e floresta realmente se assemelham à realidade), há algumas gafes graves. A história mostra uma embarcação que após ser atingida por um misterioso monstro marítimo, o Capitão Crow resolve convencer a realeza britânica que conseguirá deter o mesmo e que o mar ficará livre dessa ameaça. Junto aos seus tripulantes e seu “filho” Jacob, eles saem em viagem, mas não imaginariam que a pequena órfã Maisie. Imagem: Netflix (Divulgação) Apesar de obviamente a história lembrar o clássico conto de “Moby Dick“, é inevitável que o tal “Monstro” acabe conseguindo cativar o público por conta de sua enorme semelhança com o Soluço de “Como Treinar O Seu Dragão” (uma criatura amiga, ingenua e amorosa), e funciona. Só que mesmo Jacob sendo um personagem humano interessante na história, Maisie não consegue ser o mesmo. Se tratando de uma presença clichê, ao invés do roteiro de Chris Williams e Nell Benjamin peca ao deduzir que o público iria gostar dela por ser “uma criança órfã” (isso porque não estamos contando a história de Oliver Twist). E Williams tenta colocar em prática sua fórmula Disney (com foco totalmente em um arco familiar, englobado em um visual bem feito e pecando ao realismo), que realmente acaba sendo facilmente comprada pelo público. Só que ele acaba se esquecendo que mesmo contando uma história que se passa há mais de 300 anos (por volta), faltou ele colocar alguns tópicos que beiravam a realidade daquela época (uma vez que não é citado ou mostrada a presença de escravos na embarcação, que era algo totalmente normal e usual dos várias embarcações). Em contradição, vemos vários estereótipos da geração atual (que vão do linguajar até os cortes de cabelo), que realmente acaba fazendo mais céticos a não comprarem a narrativa (não chega a ser prejudicial ao filme, mas dentro do trabalho feito em cima deste, fica totalmente estranho de se ver). “A Fera do Mar” consegue se destacar em meio à diversas produções medianas da Disney, e mostra que realmente os grandes responsáveis pelos projetos destes eram seus cineastas e não o próprio estúdio.