Dramón alça novos voos com segundo disco, “C É U S”

Da escuridão à claridade, passando por uma vasta gama de tons, sons e cores, o álbum C É U S é o novo trabalho do músico fluminense Renan Vasconcelos em seu projeto solo, Dramón. Depois de chamar atenção no cenário nacional e da América do Sul, o artista abre caminhos ao norte com o selo americano Mystery Circles. O disco transita pelo ambient e experimentalismo eletrônico para criar narrativas onde as sensações guiam o caminho. O trabalho abre com o poema em spoken word Um Céu Negro e Suas Promessas, com participação de Andréia Barana, seguida pelo single Ouro Cinza da Terra. Convalescente, Ao Meio e Deserto Lá Fora formam o segundo ato, onde um tom quase onírico borra as linhas do que é são ou não; do que é real ou imaginário. A distopia começa a de dissipar nas faixas finais, Comunhão dos Santos e O Tempo Abaixo dos Céus, onde Dramón retorna ao chão para lidar com o clima sombrio dos dias atuais. A associação com as cores não é por acaso – elas permeiam todo o disco, com uma função sinestésica. Provocam sensações, criam imagens a partir do título de uma faixa, de escolhas estéticas e sonoras. O álbum fecha um ciclo criativo iniciado pelo artista como um desafio pessoal em 2020 de criar uma música por semana. “Nada (ou quase nada) é tão especial como o céu e tudo o que vemos nele. A possibilidade de observá-lo daqui de baixo e interpretar seus humores faz dele um dos principais guardiões dos mistérios desse mundo. No plural, transforma-se em um lugar sagrado para onde confidenciamos nossos medos, desejos e buscamos respostas. Este novo disco é uma ode aos céus. Fiel depositário de nossas esperanças que, em troca, nos oferece sanidade frente às angústias da vida. O Reino dos Céus, morada da eternidade”, resume. Dramón surgiu da vontade de contrapor à ansiedade das grandes metrópoles – um reflexo da vivência de Vasconcelos pelo cenário musical do Rio de Janeiro, ele mesmo natural da serra fluminense. Porém, após se refugiar no balneário de Búzios, Renan trocou a região dos lagos por São Paulo, onde reside há quatro anos. Essa mudança atravessa a identidade sonora de Dramón, um projeto guiado por sensações, vibrações e climas. Depois de revelar suas primeiras criações ainda em 2019, Dramón vem lançando novidades, entre elas o single oscilar (2020) e quatro EPs: Afã (2020), Bétula//Membrana (2021), pra hoje (2021) e Performar Selvagem (2022). Além disso, ele lançou o disco completo Àspero em 2021. Agora, C É U S marca um novo capítulo dessa trajetória. Depois dos primeiros singles, o panorama sonoro do novo trabalho está completo, com o álbum já disponível nas principais plataformas de música.
Crítica | O Despertar das Tartarugas Ninja

Engenharia do Cinema Desde que o segundo live-action de “As Tartarugas Ninja” não bateu o que a Paramount Pictures previa nas bilheterias, em 2016, o estúdio anunciou que faria um verdadeiro “reboot” da franquia. Enquanto Seth Rogen e Evan Golberg (responsáveis por “Superbad“) cuidam de uma nova produção para os cinemas, a Netflix iria realizar este “O Despertar das Tartarugas Ninja“. Apesar de ter honrado como um todo a qualidade do quarteto composto por Leonardo, Donatello, Raphael e Michelangelo, o roteiro parece soar mesmo que copiou alguns arcos de “Vingadores Ultimato” e “X-Men Dias de Um Futuro Esquecido“, e acaba deixando pra escanteio o verdadeiro propósito deste filme ter sido feito. A história se passa em um cenário apocalíptico, onde prestes a perderem a batalha, as Tartarugas conseguem enviar o jovem Casey para o passado, onde ele poderá solucionar o contexto que levaria a tal batalha. Mas quando este chega ao mesmo, nota que a missão será mais complexa do que parecia. Imagem: Netflix/Nickelodeon Movies O roteiro de Tony Gama-Lobo e Rebecca May não se preocupa em contar a origem dos personagens, muito menos como eles foram parar ali como um todo. Ele prega que o público já está ciente de tudo, e simplesmente parte para ação (tanto que a metragem aqui não passa dos 82 minutos). Só que como disse no parágrafo inicial, havia uma possibilidade de uma atmosfera ter sido criada pelos diretores Andy Suriano e Ant Ward. Tudo parece se preocupar em “andar logo”, pois o espectador está competindo a atenção com a animação com um vídeo aleatório do TikTok. Como resultado temos diversas cenas de ação à rodo, se assemelhando aos filmes lançados em 2014/16 e se você buscava apenas isso, vai conseguir comprar a ideia. Só que a partir do momento, onde você para e raciocina, vai notar que o enredo apenas copiou as cenas dos longas da Marvel citados, e trocou os personagens apenas. Mesmo não sendo uma maravilha, “O Despertar das Tartarugas Ninja” é um sinal que a Netflix realmente está começando a saber como construir suas franquias animadas, ao contrário das em formato de live-action.