Crítica | O Samaritano

Engenharia do Cinema Assim como “13 Vidas – O Resgate“, “O Samaritano” era mais um dos filmes da MGM prontos e que foram diretamente para o Prime Video após a compra do estúdio pela Amazon. Estrelado por Sylvester Stallone, temos seu projeto um tanto mais que pessoal, pois ele mescla os estilos que já conhecemos de Rocky Balboa e Rambo, para conceber uma nova versão de super-herói e mais um em sua filmografia (já que ele viveu o Juiz Dredd em “O Juiz” e Stakar Ogord em “Guardiões da Galáxia Vol. 2“). Apesar dele ser tratado como protagonista, na verdade a função acaba indo para o jovem Sam (Javon ‘Wanna’ Walton), que mora com sua mãe (Dascha Polanco) e leva uma vida de arruaceiro pelas ruas. Mas tudo acaba mudando quando depois de uma confusão, ele acaba sendo defendido pelo misterioso Joe (Stallone), que acaba mostrando para ele ser o super-herói Samaritano, que sumiu há vários anos, após matar seu grande inimigo. Imagem: MGM (Divulgação) Dirigido por Julius Avery (“Operação Overlord”), este filme tem uma pegada mais dark em relação aos vários filmes do estilo que vem sido lançados. Seja por conta do toque sombrio que a fotografia de David Ungaro transpõe, ou até mesmo a temática do longa ser um tanto que mais reflexiva do que muitas produções da Marvel Studios. Embora Sam não funcione como um protagonista, e sim antagonista (uma vez que não conseguimos comprar o fato dele ser um marginal), Joe surge em sua vida e acaba sendo um amigo, conselheiro (no melhor estilo do Rocky) e defensor (na mesma pegada do Rambo, porém sem sangue ao extremo, por conta da produção conquistar uma audiência mais jovem e ter a censura mais baixa). Quanto ao vilão vivido por Pilou Asbæk (que já trabalhou com Avery em “Operação Overlord”), realmente é mais um personagem genérico na filmografia do mesmo (uma vez que ele já se mostrou ser um bom ator), e mostra que o estilo ainda não se preocupa em desenvolver os mesmos de uma forma mais ameaçadora (uma vez que ele poderia ter causado o caos, mas o roteiro sempre acaba flopando para “ajudar” alguém na cena). “O Samaritano” acaba sendo mais um divertido longa na carreira do Sylvester Stallone e ainda consegue homenagear sua filmografia sutilmente.
Crítica | Não, Não Olhe (Sem Spoilers)

Engenharia do Cinema Não é novidade que ao ouvirmos falar o nome do cineasta Jordan Peele, sabemos que alguma produção de qualidade está em evidência. Após os sucedidos “Corra!” (que lhe deu seu primeiro Oscar, pelo roteiro original) e “Nós“, “Não! Não Olhe!” consegue cair um pouco em contradição no termo de qualidade, afinal este é seu projeto mais fraco. Repetindo a parceria com o protagonista do primeiro, o ator Daniel Kaluuya, sentimos que ele tentou fugir um pouco de sua zona de conforto, e realizou um filme mais “fora da caixinha”. A história gira em torno dos irmãos OJ (Kaluuya) e Emerald (Keke Palmer), que após um misterioso ataque em seu sítio, começam a desconfiar que uma possível invasão alienígena está acontecendo. E para isso, a dupla começa um processo para tentar comprovar a existência dos mesmos. Imagem: Universal Pictures (Divulgação) O roteiro de Peele bebe muito dos sucedidos longas “Sinais“, “Guerra dos Mundos” e “Bird Box“, ao tentar criar esta atmosfera de suspense, diante deste cenário repleto de incertezas e confusões diante do progresso dos irmãos. Enquanto um é mais frio e turrão, a outra é mais extrapolada e intrometida, fazendo este tipo de dupla ser perfeito para o tipo de filme que estamos vendo. Isso nos faz obviamente criar uma empatia pelos mesmos, devido a naturalidade nesta retratação (já que eles demonstram ser humanos, e não artificiais como muitos outras produções do gênero fazem). Porém, aqueles que vão ao cinema procurando um simples filme sobre alienígenas, com toques de terror, vão se chatear. Digo isso com total clareza, pois Peele concebe seu roteiro com diversas situações com o intuito de refletirmos sobre alguma coisa, que será apresentada dentro daquele contexto (vide o arco do personagem de Steven Yeun, Ricky ‘Jupe’ Park). Tanto que é normal querer ver o título mais uma vez, para entender por completo estas pontas soltas. Isso sem citar que Peele consegue tirar um ótimo proveito da tecnologia IMAX, pelos quais com o auxílio da fotografia de Hoyte Van Hoytema (que foi responsável pela função em “Tenet“, “Interestelar” e “Dunkirk“) e a mixagem de som, acabamos emergindo demais nas cenas de ação (lembrando que estamos falando de um filme que se passa em uma pequena cidade no meio do campo). “Não! Não Olhe!” possui uma grande qualidade técnica, mas com relação ao roteiro consegue ser um dos mais fracos trabalhos de Jordan Peele. Entretém, mas não chega a inovar como seus projetos antecessores.
Bruna Pena se inspira em relações para refletir sobre a vida na internet

Uma ironia sopra pelas frestas e deixa a pergunta quicando: “eu sinto ficções?”. Scrooling é a provocadora nova faixa de Bruna Pena, cantora e compositora curitibana que começa a revelar suas primeiras canções solo após uma longa vivência musical e no audiovisual. O single, já disponível nas principais plataformas, ganha um clipe com roteiro, direção e edição da própria artista. “Screw” e “scroll” se fundem em Scrooling, em uma letra que usa e abusa das novas palavras de amor. Um amor medido na ponta do like e na borda do meme, que dança em looping infinito no ritmo do algoritmo. Com produção de Rodrigo Lemos (Lemoskine), a música aposta em uma sonoridade com sons cinematográficos e ritmos nostálgicos, como o jazz e a bossa. “No videoclipe, aparece tudo aquilo que o algoritmo entrega. Tudo o que nos prende nesse chip de conteúdo pré selecionado e que, se não tomarmos tento, rouba nosso tempo”, resume Bruna. O lançamento se une a Tu Dum, canção que inaugurou a nova fase da cantora mostrando a intensidade das suas composições embaladas por influências do indie pop, lo-fi e acid jazz. Pena dialoga com as sensações de uma geração em busca de conexão, e na sua música há de sobra. A novidade chega para somar a uma carreira que se iniciou em 2009 nas bandas Janela Oval e Hot Beigal Shop. Bruna também é roteirista e diretora na Salted Films. Ao longo de 2022 e 2023, a artista irá revelar uma série de novidades onde seus três lados – musical, lírico e visual – se encontram de forma inédita. “Na pandemia, mergulhei nas minhas entranhas. Com um punhado de medo num bolso e uma caneta Bic no outro, eu escrevi. Linhas que subiam e desciam em picos de amor, terror e euforia. Sílabas viravam acordes. Palavras, melodias”, relembra. Agora, a artista está pronta para apresentar ao público suas canções mais intensas, viscerais e sinceras. São faixas intimistas para dançar sozinho ou acompanhado ou cantar ao pé do ouvido. Entre subidas e descidas da timeline, memes, trends e relacionamentos no aleatório, Bruna conta com mixagem e masterização de Vivian Kuczynski. As novas faixas já estão disponíveis para streaming.
Dissolver: Ansiedade, frustração, Flaming Lips e até Fábio Jr inspiram Pablo Vermell em novo EP

Nada é mais frustrante do que se esforçar em vão. E é preciso muita paciência e maturidade para entender que dar tempo ao tempo às vezes é a melhor escolha. Este é o tema do novo EP de Pablo Vermell, Dissolver. O trabalho tem 4 faixas e versa sobre anseios, dores e reinícios. Para representar esses sentimentos, o artista inspirou-se em The Flaming Lips, Semisonic, The Verve, The La ‘s, Supergrass, Beatles e até Fábio Jr, mas sem deixar de lado o entusiasmo pelo pop e pelo indie contemporâneo. A cantora francesa Adèle Gaucher — ou apenas a2ele — participa do EP Dissolver, tendo colaborado na faixa Levi O setlist ainda conta com a faixa título Dissolver e com as canções Faz Parte da Vida e Você Não Vê. O EP Dissolver é um lançamento do selo Musikorama e da gravadora New Music. Para desenvolver o mini álbum, Pablo trabalhou com o baterista e produtor, Daniel Cataldi, nas sessões de gravação. Na oportunidade, Pablo gravou vozes, violões e guitarras enquanto Daniel trouxe desde as linhas de baixo até as percussões e sintetizadores. A canção Faz Parte da Vida, excepcionalmente, conta com o suporte do baixista Guilherme Pacito. Já a masterização ficou a cargo de Hiero Barhtolo. Você Não Vê é a faixa de abertura do EP Dissolver. A canção, que foi originalmente lançada com a banda Personas, remetendo-se ao shoegaze e ao emo, agora abraça nuances acústicas. Segundo Pablo, o trabalho é um ponto fora da curva em sua discografia, constantemente inspirada pelos clichês dos anos 1980. “Tive um retorno muito positivo com o meu primeiro EP (Fugaz) que reverenciava a Marina Lima. Digo, era o suco da década de 80. No entanto, senti a necessidade de fazer algo diferente. Passei mais tempo em casa também. E quando notei, já estava imerso neste mundo, trazendo tudo aquilo que eu ouvia quando era adolescente como fonte de inspiração. Por isso, vejo que o Dissolver, no fundo, também é um trabalho mais intimista”, frisou. Pablo Vermell abriu para o Terno Rei em Santos (SP) recentemente. Imagem de Yuri Milicevic. Pablo Vermell é um projeto solo independente que está na ativa há pouco mais de 2 anos. Neste período, o cantor conquistou destaque no cenário internacional e nacional. Na Argentina, colaborou com MOGUE (Julio Y Agosto), Lumines e Mily Taormina. No Brasil, por outro lado, trabalhou com nomes como YMA, Lucas Gonçalves (Maglore), Sara Não Tem Nome, Personas, entre outros. Recentemente, Pablo ainda foi convidado para abrir um show do Terno Rei em Santos (SP) e desde então tem trazido a sua performance, nos mais variados formatos, para outras cidades. No dia 5 de novembro, o artista toca em São Paulo divulgando o EP Dissolver pela primeira vez. O show acontece no Porto Produções Musicais, em Pinheiros. A cantora Lori também se apresentará no evento. Mais informações via Sympla.