Måneskin entrega show apoteótico para os fãs em São Paulo; confira review

A sinergia entre banda e público certamente é o que torna o show da banda italiana Måneskin algo completamente incrível. Se durante boa parte do set, os integrantes se jogam nos braços dos fãs, no fim são eles que sobem no palco para completar a festa. Na última sexta (9), no Espaço Unimed, em São Paulo, foi assim. O vocalista Damiano David, a baixista Victoria De Angelis e o guitarrista Thomas Raggi, todos com menos de 24 anos, comandam uma sinfonia do caos em cima do palco. O repertório é cantado do início ao fim pelo público, em sua maioria teens. Tanto as canções em inglês, quanto as faixas em italiano. O idioma não é barreira para ninguém. Aliás, o início da festa é bem mesclado. Duas faixas em italiano para aquecer os fãs (Zitti e Buoni, In Nome Del Padre), além da mega dançante Mammamia, essa em inglês. Responsável pela abertura do show, Zitti e Buoni, aliás, é a canção que deu o título do Eurovision para o Måneskin em 2021, a mesma competição que consagrou o Abba. E sem pausas, apenas algumas brincadeiras rápidas com os fãs, o Måneskin despeja um som mais popular que o outro. La Paura Del Buio antecede a estourada versão de Beggin’, do The Four Seasons. Aliás, cartão de visita perfeito entre o público infantil e teen. Minha sobrinha de cinco anos canta com toda desenvoltura possível. A balada Coraline levou muitos fãs ao choro, destoando um pouco do ritmo frenético da apresentação. Mas era a pausa necessária para embalar na sequência com Close to the Top, do primeiro álbum cheio, Il Ballo Della Vitta, o hit mais recente, Supermodel, além de For Your Love. Bastante comunicativo, Damiano pediu para os fãs ensinarem palavras em português e reproduziu o grito de Vamos, Caralho, que o público entoou do início ao fim do show. Em outro momento, enquanto os fãs gritavam “hey Bolsonaro, vai tomar no cu”, Damiano perguntou o que o público estava gritando. “Vocês estão falando algo contra o Bolsonaro? Fora Bolsonaro!”, emendou aos risos, arrancando muitos aplausos da plateia. Mas o grande caos estava guardado para a reta final. I Wanna be Your Slave, que foi gravada com Iggy Pop, além de I Wanna be Your Dog, da lendária banda The Stooges, colocaram o Espaço Unimed abaixo. Novamente com os integrantes nos braços do público e uma bagunça generalizada. Em Lividi Sui Gomiti, a última antes do bis, boa parte do público foi selecionada pelos músicos e subiram ao palco. Além de cantarem juntos, os fãs abraçaram os integrantes, tiraram selfie, pegaram setlist, dançaram. Uma festa completa. Após deixar o palco, a banda deu a impressão para alguns fãs que não voltaria mais. No entanto, os músicos retornaram e surpreenderam com a balada Le parole lontane, acalmando os corações de quem estava a milhão após o final apoteótico. I Wanna be Your Slave foi tocada novamente para dar números finais ao concerto. O repeteco acabou sendo o único ponto negativo da apresentação impecável. Senti falta da versão de Womanizer, de Britney Spears, que poderia ter entrado no repertório. Mas nada que tire o brilho dos italianos, que chegaram ao Brasil com a imagem de banda que bombou no Tik Tok, porém sai daqui como um nome fortíssimo pela consistência da apresentação.

Bastille faz show animado em São Paulo com direito a pedido de casamento e “grito” pela Amazônia

De volta ao Brasil após sete anos, a banda britânica Bastille entregou aos fãs um show animado na noite da última sexta-feira (9), no Tokyo Marine Hall, em São Paulo. Embalada na turnê do álbum Give Me The Future, lançado em fevereiro deste ano, a banda se aproveitou da temática futurística do disco para fazer seu show voltado à crítica ao escapismo da realidade que a tecnologia causa atualmente. Com uma história contada no telão após cada sequência de músicas, o público (só os que entendiam inglês, pois não houve tradução na tela) pôde acompanhar uma empresa futurística fictícia, e a forma como ela proporciona a fuga da realidade para o mundo virtual, como se fosse um metaverso. A crítica se estendeu até o final do show, e terminou com o “cancelamento” da empresa. Mas esse foi apenas um dos detalhes que tornou o show do Bastille interessante. Musicalmente, a banda contou com uma boa variação entre seus quatro álbuns de estúdio e alguns de seus principais singles com outros artistas. Para abrir a apresentação e já sentir o clima em São Paulo, o grupo emendou quatro músicas animadas: Stay Awake e Distorted Lights Beam, do último álbum, e as conhecidas Things We Lost In The Fire e Laura Palmer, do disco All This Bad Blood, de 2013. Em seguida, o vocalista Dan Smith deitou em um divã, que permaneceu no palco durante toda a apresentação, e ouviu mais um recado da empresa fictícia antes de iniciar uma sequência um pouco mais lenta. Apesar da quebra de ritmo, os fãs não deixaram de cantar com empolgação até mesmo Those Nights e Quarter Past Midnight, que deram um ar mais intimista ao ambiente. Foi durante essas músicas, inclusive, que uma cantora convidada pelo grupo roubou a cena. Lamentavelmente, o vocalista não a apresentou ao público, assim como não apresentou os demais membros da banda e nem mesmo se apresentou durante a apresentação. Porém, se trata de Bim Amoako, ou só BIM, cantora britânica responsável por coordenar o coral do casamento real de Principe Harry com Meghan Markle, em 2018. Convidada pela banda para a turnê, BIM roubou a cena em alguns momentos, mostrando muita qualidade vocal e agregando bastante ao longo da noite. Após o ritmo ficar um pouco mais lento, a banda passou a variar entre músicas mais dançantes e mais melódicas até chegar no momento do acústico, onde o grupo apresentou Flaws, um trecho de Laughter Lines e em seguida emendou com a triste No Bad Days, que curiosamente fala sobre eutanásia. Um outro detalhe interessante que chamou atenção durante o show foi a constante comunicação por sinais que o vocalista Dan Smith fazia com alguém do backstage. O artista parecia incomodado com o volume, mas não foi claro se era o do microfone ou o de seu retorno. Os gestos duraram até a última música, mas não foi algo que pareceu deixar o cantor irritado ao longo da apresentação. Muito pelo contrário. Simpático e carismático, Dan Smith interagiu com os fãs, pegou bandeiras e cartas, arriscou frases em português e ainda permitiu que um pedido de casamento fosse feito no palco. Além disso, ele ainda fez um serviço de achados e perdidos para sua produção quando alguém perdeu um equipamento de comunicação, oferecendo baquetas e uma champanhe para quem achasse, mas até o fim do show ninguém apareceu com o objeto. Voltando à apresentação, após o momento acústico, foi a hora da música eletrônica ganhar espaço, com a aclamada Happier, em parceria com o DJ Marshmello, e Run Into Trouble, feita com o brasileiro Alok. Assim, com o público novamente aquecido, foi a vez de emendar Of The Night que é um mashup dos hits noventistas europeus The Rhythm of the Night e Rhythm Is a Dancer, e a agitada Shut Off The Lights. Em seguida, o grupo deixou o palco e voltou para o bis com Hope for the Future, música que fala sobre a crise climática e os problemas que o mundo pode sofrer. Foi nesse momento em que Dan Smith passou a falar da importância do meio ambiente e recomendou que os fãs procurassem os representantes do Greenpeace que estavam no show para saberem como ajudar. Durante o discurso, o baterista Chris Wood ergueu uma faixa com a frase “Salve a Amazônia” escrita. Muito aplaudida pelo público após o discurso, foi hora da banda encerrar o show com a mais esperada da noite. Após uma introdução mais lenta, que contou com trechos de Oblivion e Million Pieces, o Bastille fez todo mundo sair do chão com Pompeii, seu maior hit. Com um show de luzes e do público, o grupo finalizou em ótimo astral sua segunda passagem por São Paulo – a primeira havia sido em 2015, no Lollapalooza. O próximo show da banda no Brasil acontece neste sábado (10), no Rock ir Rio. Em seguida, a banda faz uma pausa nas apresentações e retorna aos palcos em novembro, para tocar na Europa.