Primavera Sound: saiba o que funcionou ou não no festival

A primeira edição brasileira do Primavera Sound chegou ao fim no último domingo (6), com um saldo muito positivo. Curadoria cuidadosa, divisão de palcos e horários muito boa, além de uma programação paralela de tirar o fôlego. Confira abaixo o que funcionou ou não. FUNCIONOU 1 – Headliners de pesoDifícil falar quem é headliner em um lineup tão recheado de nomes de peso. Mas Björk, Arctic Monkeys, Travis Scott, Lorde, Charli XCX, Mitski e Phoebe Bridgers, só para citar alguns, mostraram que a primeira edição teve uma curadoria impecável. E, no palco, todos corresponderam às expectativas. 2 – Mix de artistas brasileirosDe L7nnon a Amaro Freitas, de Hermeto Pascoal a Tasha & Tracie, passando por Tim Bernardes, Terno Rei e Medulla. Sim, a primeira edição do Primavera Sound contou com tudo isso. E tudo correu da melhor forma possível. Todas as apresentações contaram com forte apoio do público. E o melhor exemplo disso foi o show de L7nnon logo após o Arctic Monkeys, ambos no Palco Beck’s. Quem achou que a pista ficaria vazia, se surpreendeu com o que viu. 3 – Seleção espanholaConfesso não ser o maior especialista em música espanhola, apesar de morrer de amores por Hinds e Wake Up, Candela. Mas Amaia, Carolina Durante e Los Planetas saíram do festival com uma base de fãs ainda maior. Eu fui um deles. Que mantenham isso nas próximas edições. O intercâmbio foi um golaço da curadoria. 4 – Horários estendidosUm festival tão grande dividido em apenas dois dias? Isso não foi problema para o Primavera Sound, principalmente pela agenda estendida, que invadiu a madrugada nos dois dias. Quem ficou até o fim, conseguiu assistir shows incríveis como Charli XCX, Boy Harsher, Father John Misty e Beach House. Ou seja, valeu demais madrugar. 5 – Primavera na CidadeSe a programação principal do festival foi de encher os olhos, o que dizer do Primavera na Cidade? Palácio das Convenções do Anhembi, Cine Joia e Audio receberam dezenas de shows de alto nível. Só para citar três lineups diários, destaco: Bebé, Amaia, Juçara Marçal, Céu e Liniker no Palácio das Convenções do Anhembi; Molho Negro, Black Pantera, Crypta, Ratos de Porão e Dead Fish na Audio; Gab Ferreira, Brvnks, Ana Frango Elétrico, Deekapz e Vhoor, no Cine Joia. 6 – Ocupação totalO Primavera Sound foi o primeiro festival de música a ocupar a totalidade dos quase 400 mil metros quadrados do Distrito Anhembi. Sim, aproveitou toda a área para construir seus cinco palcos, praça de alimentação, entre outras atrações. NÃO FUNCIONOU 1 – Palco Beck’sO Palco Beck’s foi alvo do maior número de reclamações dos fãs. O motivo? A quantidade de árvores tapando a visão do público. Confesso que só fui me dar conta disso após publicações nas redes sociais. Como cheguei cedo no sábado e fiquei com foco na programação do Palco Beck’s, estava muito próximo ao stage. Tive a melhor visão possível dos shows. Mas quem fez a rota de migrar de um palco para o outro ao longo do dia, sofreu uma grande decepção na hora do Arctic Monkeys. O espaço destinado para esse palco é muito bom, mas talvez seja mais interessante deixar para shows mais intimistas. 2 – Rota entre os palcosApesar de uma grande pista conectando um palco ao outro, o deslocamento ficava prejudicado ao término de shows maiores. Ou seja, quem assistiu Arctic Monkeys certamente perdeu boa parte do Beach House, que se apresentou no Palco Primavera, do outro lado do Distrito Anhembi. O trânsito era muito intenso nesse horário. 3 – Transmissão via TikTokA ideia de transmitir o festival por uma rede social tão popular como o TikTok seria um grande acerto não fosse a instabilidade no sinal, a falta de divulgação prévia das atrações que seriam transmitidas, além do bloqueio de alguns nomes. Claro que o último ponto não tem a ver com a produção. O mesmo acontece com o Multishow em outros festivais.
Crítica | Passagem

Engenharia do Cinema Após a Apple TV+ ter roubado a cena no Oscar deste ano com a vitória de “No Ritmo do Coração” (que entrou para a história como o primeiro filme distribuído por uma plataforma de streaming, a vencer na categoria principal), é nítido que o serviço iria começar a fazer várias apostas para a edição de 2023. Em “Passagem“, é nítida a sensação que o mesmo irá apelar em uma indicação para Jennifer Lawrence (que andou sumida nos últimos anos), em uma produção cujo único propósito transparece ser este. A história gira em torno de Lynsey (Lawrence), que acabou de voltar da Guerra e está sofrendo com várias consequências de um traumatismo craniano obtido em conflito. Eis que ela começa a desenvolver uma amizade inusitada com o mecânico James (Brian Tyree Henry). Imagem: A24/Apple TV+ (Divulgação) Estreante no comando de longas-metragens, a diretora Lila Neugebauer parece conduzir suas cenas com foco total em Lawrence, e em como sua personagem está lidando com as consequências de seu acidente. Embora os primeiros dez minutos sejam focados no tratamento dela, nas situações precárias pelas quais ela se encontrava e até mesmo na total depressão que estava sua vida, o roteiro dos estreantes Ottessa Moshfegh, Luke Goebel e Elizabeth Sanders simplesmente faz um corte abrupto, onde em um take ela não conseguia andar direito e no outro ela já andando normalmente na rua. A única sensação que transparece era a oportunidade que poderiam ter criado neste primeiro arco, para criarmos uma afeição com Lynsey, e sua luta para melhorar (e ao invés disso, sentimos nada por ela). Eis que o enredo corta para a questão de amizade entre esta e James, que mesmo que seja interessante a ideia, é totalmente clichê e parece estarmos vendo mais um filme comum da “Sessão da Tarde“. Mesmo com Lawrence e Henry tendo química, estamos falando de uma ideia que foi totalmente jogada no lixo, para ficarem em um mais do mesmo. Como o próprio título sugere, “Passagem” será mais um título totalmente passageiro no catálogo da Apple TV+, pelo qual ganhará uma certa notoriedade por ser o filme que desperdiçou o talento de Jennifer Lawrence em um enredo clichê e monótono.