Vocal principal do The Specials, Terry Hall morre aos 63 anos

O vocalista principal do The Specials, Terry Hall, morreu nesta segunda-feira (19), aos 63 anos, em decorrência de “uma breve doença” não divulgada pela banda. Nas redes sociais, o perfil do lendário grupo de ska da 2Tone prestou uma homenagem. “É com grande tristeza que anunciamos o falecimento, após uma breve doença, de Terry, nosso lindo amigo, irmão e um dos mais brilhantes cantores, compositores e letristas que este país já produziu.Terry era um marido e pai maravilhoso e uma das almas mais gentis, engraçadas e genuínas. A sua música e as suas atuações encapsulavam a própria essência da vida… a alegria, a dor, o humor, a luta pela justiça, mas principalmente o amor. Ele fará muita falta para todos que o conheceram e amaram e deixa para trás o dom de sua música notável e profunda humanidade. Terry costumava deixar o palco no final dos shows do The Specials com três palavras… “Love Love Love”, disse a banda nas redes.

Dono da festa, Slipknot entrega hits e pirotecnia no Knotfestival

Headliner da noite e dono do Knotfestival, o Slipknot não poupou esforços para entregar o melhor do evento. Pirotecnia, iluminação diferenciada e performances de tirar o fôlego são alguns dos pontos a se destacar. Além disso, o Slipknot focou mais nos hits no Knotfestival, preterindo os elogiados álbuns We Are Not Your Kind (2019) e The End, So Far (2022), ambos com apenas uma canção cada no repertório. Com 15 músicas no set, o Slipknot não desperdiça o tempo. Começa com a animada Disasterpiece, antes de emendar o sucesso Wait and Bleed. Sulfur e Before I Forget, ainda no início, mostraram que o objetivo era entreter do começo ao fim. E o Slipknot conseguiu com maestria. Enquanto Corey Taylor exerce bem a função de frontman e porta-voz da banda com o público, o baterista Jay Weinberg, que teve passagens por Madball e Against Me! antes de se consolidar no Slipknot, é o responsável por deixar os fãs boquiabertos com sua performance explosiva. The Dying Song (Time to Sing), do The End, So Far, foi muito bem recebida pelo público. Apesar de mais recente, a faixa já estava na ponta da língua de todos. Knotfestival tem tudo para retornar em 2023. E pode ter certeza que ninguém vai se incomodar em receber o Slipknot todo ano em São Paulo. O público estará lá sempre. Não é só música, é entretenimento, tal como o Kiss proporciona há décadas. Setlist Disasterpiece Wait and Bleed All Out Life Sulfur Before I Forget The Dying Song (Time to Sing) Dead Memories Unsainted The Heretic Anthem Psychosocial Duality Custer Spit It Out Bis People = Shit Surfacing

Crítica | Emancipation – Uma História de Liberdade

Engenharia do Cinema É um fato que este filme está sendo boicotado por boa parte do público e imprensa, por conta do incidente do tapa no Oscar deste ano. Embora estamos falando de uma produção séria, forte e impactante, era certeza que veríamos o astro Will Smith sendo mais uma vez indicado na premiação citada em 2023. “Emancipation – Uma História de Liberdade” é basicamente na mesma pegada de “12 Anos de Escravidão“, com a realidade dos escravos sendo mostrada de forma nua e crua, na perspectiva de um próprio. Baseada em fatos reais, a história se passa exatamente no período onde a escravidão estava prestes a ser abolida pelo então Presidente Abraham Lincoln, em 1863, nos EUA, na perspectiva do escravo Peter (Smith). Ao fugir do seu novo proprietário, o temido Jim Fassel (Ben Foster), ele se encontra em uma jornada para encontrar sua família e tentar sobreviver em um cenário totalmente macabro.  Imagem: Apple TV+ (Divulgação) Em seus projetos o diretor Antoine Fuqua (que é conhecido por filmes como “O Protetor” e “Dia de Treinamento“) normalmente usa e abusa da violência para impactar seu espectador. Usando o recurso mais uma vez, e de forma bastante plausível, desde os primeiros cinco minutos da narrativa sentimos na pele o que os escravos sentiam. Seja somente por olharem, pararem para respirar ou até mesmo falarem que “estão com fome”, eles eram agredidos violentamente por seus senhores e toda essa brutalidade (que inclui mutilações e mortes à sangue frio) é mostrada (tanto que os espectadores mais sensíveis, não irão conseguir seguir em frente no longa).    E em meio a este cenário, Smith mais uma vez se desconstrói totalmente e está irreconhecível. Com um sotaque carregado e feições depressivas e de medo em sua face, compramos seu sofrimento de imediato, ao mesmo tempo que sentimos o clima tenso transposto por Foster (que em dado momento, deixa claro que ele só é maléfico com escravos, por conta de uma conversa com seu Pai).  Mas por se tratar de um filme de época, a fotografia de Robert Richardson apela para tonalidades em preto e branco para representar a situação épica, ao mesmo tempo tensa daquela época. E por intermédio da violência sendo representada, isso ainda ganha mais força em sua execução. Porém, acaba sendo lastimável o lançamento ter sido direcionado direto ao streaming (embora tenha tido breves sessões em alguns cinemas pelo mundo), pois a mixagem de som é outro recurso muito bem realizado e seria melhor explorado em uma exibição nas telonas. “Emancipation – Uma História de Liberdade” acaba sendo um dos mais necessários filmes sobre a temática da escravidão, que infelizmente não está tendo o sucesso que merece por conta de uma decisão chula e hipócrita da grande imprensa, em relação a Will Smith.

Nostalgia pura domina apresentação do Judas Priest no Knotfestival

Não deu nem tempo de digerir a apresentação do Bring Me The Horizon no Knotstage, quando Rob Halford, o Metal God, subiu ao Carnival Stage com o Judas Priest. E veio com a nostalgia lá em cima. Tocou apenas três músicas dos álbuns dos anos 1990 para cá, sendo duas do Painkiller (1990) e a faixa-título de Firepower (2018). Para quem é fã, já era esperado um repertório mais calcado nos clássicos. Recentemente, em entrevista ao programa The Best Show With Tom Scharpling, Halford falou da relação com as músicas mais antigas. “Quando você vai ver o Judas Priest e tocamos Breaking The Law ou Living After Midnight, não é 2022, é 1980. Você está com sua namorada, seu namorado, seu parceiro, quem quer que seja, ou sozinho, você ouve essas músicas e se lembra de quando estava na faculdade, na escola, na parte de trás do ônibus ou de carro, de férias, todos esses belos sentimentos e emoções irrompem nesta palavra, nostalgia”, afirmou o Metal God, em transcrição publicada pelo site Brave Words. Não à toa, Breaking the Law e Living After Midnight foram as responsáveis por fechar a apresentação. Poucos artistas conseguiriam arrastar público para o palco secundário antes do Slipknot. O Judas conseguiu. Os menos apaixonados deixaram o palco um pouco antes do fim. Setlist Electric Eye Riding on the Wind You’ve Got Another Thing Comin’ Jawbreaker Firepower Devil’s Child Turbo Lover Steeler Between the Hammer and the Anvil Metal Gods The Green Manalishi (With the Two Prong Crown) (Fleetwood Mac cover) Screaming for Vengeance Painkiller Bis Hell Bent for Leather Breaking the Law Living After Midnight

Bring Me The Horizon transforma Anhembi em lata de sardinha

Após surpreender os fãs com uma jam com Pabllo Vittar na sexta-feira (16), no Vibra SP, a banda inglesa Bring Me The Horizon entregou mais um show divertido e empolgante no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo. A apresentação do Bring Me The Horizon foi a primeira a realmente transformar a pista do Anhembi em uma lata de sardinha. A cada pedido do vocalista, Oli Sykes, por circle pits, o desespero tomava conta de quem estava na grade. E Oli, que é casado com a modelo brasileira Alissa Salls e tem casa em Taubaté, no interior de São Paulo, diverte o público o tempo todo. Conversa em português em todos os momentos, pede para os fãs avaliarem a pronúncia das palavras e comanda os movimentos dos apaixonados pela banda. O setlist foi feito para entreter do início ao fim. Can You Feel My Heart, Happy Song, Teardrops e MANTRA em sequência, logo no início, incendiou o público, que até então estava bem tranquilo. Antes de tocar Dear Diary, faixa do EP Post Human: Survival Horror, que domina toda a temática do telão do show, a banda fez uma pequena cena, correndo para o backstage, como se tivesse dado uma pane elétrica. Tudo encenação, mas enganou uma parte do público. Sempre atento no que os fãs estão gritando, Oli promoveu uma pequena mudança no repertório. Tirou Follow You, incluiu Sleepwalking. A reta final guardou outra trinca especial para o público: Drown, com Oli indo cantar no meio da galera, Obey, principal som do EP Post Human: Survival Horror, que tem a participação de Yungblud no telão, além do hit Throne. A lamentar apenas a falta de destaque para o álbum amo, que foi sucesso comercial. Mas é compreensível. Quando veio ao Brasil pela última vez, em 2019, amo teve cinco faixas tocadas. Agora, com Post Human ainda fresquinho, foram cinco do novo EP e apenas uma do último disco. Setlist Can You Feel My Heart Happy Song Teardrops MANTRA Dear Diary, Parasite Eve sTraNgeRs Shadow Moses Itch for the Cure (When Will We Be Free?) Kingslayer DiE4u Sleepwalking Drown Obey Throne

Pantera homenageia integrantes falecidos e relembra clássicos

Certamente o nome mais polêmico do lineup, o Pantera dividiu o público. À frente do Carnival Stage, onde se apresentou, comoção e circle pit o tempo todo. Já no Knotstage, que teve um telão disponível para exibir a apresentação, vaias, xingamentos e reclamações. Motivo? Phil Anselmo. Em janeiro de 2016, o vocalista do Pantera fez saudação nazista e gritou white power durante uma apresentação no Dimebash, na Califórnia. Cancelado por mídia, fãs e outras bandas, o músico ainda tentou voltar no que disse, mas foi em vão. Hoje, muitos músicos consagrados tentam integrar Phil Anselmo no cenário. Integrantes do Slipknot, Judas Priest e Sepultura comentaram ou convidaram o artista para uma jam. Em entrevista à Veja, por exemplo, Rob Halford falou porque aceitou dividir o palco com Anselmo. “Espelho-me no Papa João Paulo II, que foi até a prisão onde estava o homem que tentou assassiná-lo e o perdoou. Se você carrega negatividade e ódio, isso só lhe fará mal. Rejeito o nazismo, rejeito o antissemitismo e sei como é ser discriminado. Phil é um bom amigo, amoroso e apaixonado pela música”. E o show? Phil Anselmo veio acompanhado de um grande time. Além de Derek Engemann, que substituiu o baixista original, Rex Brown, que está com covid, contou com o incrível Zakk Wylde (Black Label Society e Ozzy Osbourne) e Charlie Benante (Anthrax) nos lugares dos falecidos Dimebag Darrell e Vinnie Paul. Os álbuns Vulgar Display of Power (1992) e Far Beyond Driven (1994), dois dos principais da discografia da banda, dominaram o setlist, com cinco e quatro faixas, respectivamente. O repertório do Pantera ainda incluiu Planet Caravan, do Black Sabbath, Cowboys From Hell e uma linda homenagem aos ex-integrantes da banda. Emocionado com o carinho dos fãs, Phil Anselmo agradeceu sempre ao término de cada canção. A imagem contrastava bastante com a reação do público do Knotstage. Por lá, só vaias e xingamentos. Setlist A New Level Mouth for War Strength Beyond Strength Becoming (com ‘Throes of Rejection’) I’m Broken (com ‘By Demons Be Driven’) 5 Minutes Alone This Love Yesterday Don’t Mean Shit Fucking Hostile Cemetery Gates Planet Caravan (Black Sabbath cover) Walk Domination / Hollow Cowboys From Hell

Mike Patton comanda dream team do Mr. Bungle com peso e piadas da Copa

O Mr. Bungle, que mais parecia um dream team, veio na sequência do Sepultura, no Knotstage. Liderado pelo maluco Mike Patton (Faith no More e um milhão de outros projetos), a banda reuniu ainda dois membros originais do projeto, Trey Spruance e Trevor Dunn, além de Scott Ian (Anthrax) e Dave Lombardo (Slayer). No palco, Mike Patton é o grande centro das atenções. Vestido com uma camiseta branca da seleção brasileira com um número 5 e “pentacampeão” nas costas, ele não deixou a Copa do Mundo passar em branco. “Estão felices pela Argentina? Si? No? Si? A França cagou”, disse em português, arrancando aplausos, vaias e risos. A apresentação do Mr. Bungle teve início com a versão de Won’t You Be My Neighbor (Fred Rogers), mas logo deslanchou com o hardcore de Anarchy Up Your Anus. Raping Your Mind e Bungle Grind vieram na sequência, garantindo que o público não ficasse parado. Boa parte dos fãs mais próximos ao palco eram novos e desconheciam a história dos lendários músicos que estavam ali. Mas eles retribuíram a energia despejada por eles com muito entusiasmo nos aplausos e circle pit. Antes de tocar Hypocrites, Patton voltou a falar em português com os fãs. “Quero dedicar essa música para o filho da puta do Bolsonaro”, arrancando gritos contrário ao quase ex-presidente. O set ainda incluiu uma pequena homenagem ao Slayer, com Hell Awaits tendo o seu início tocada pela banda, além de covers do Seals & Crofts, Stormtroopers of Death e Circle Jerks. No fim, Patton anunciou que cantaria uma canção muito especial chilena. Foi a deixa para iniciar Gracias a la vida, de Violeta Parra. O set ainda guardou uma surpresa na última música. Com as participações de Andreas Kisser e Derrick Green, o Mr Bungle tocou a clássica Territory, do Sepultura, com Patton e Green dividindo os vocais. Setlist Won’t You Be My Neighbor (Fred Rogers cover) Anarchy Up Your Anus Raping Your Mind Bungle Grind Eracist Spreading the Thighs of Death Glutton for Punishment Hell Awaits (Slayer cover, apenas a introdução) Summer Breeze (Seals & Crofts cover) Hypocrites Speak English or Die (Stormtroopers of Death cover) World Up My Ass (Circle Jerks cover) Sudden Death Gracias a la vida (Violeta Parra cover) Territory (Sepultura cover, com Derrick Green e Andreas Kisser)

Knotfestival: Sepultura faz “Sepulquarta” com Scott Ian, Phil Anselmo e Matt Heafy

O Knotfestival estreou no Brasil com um lineup de respeito, no último domingo (18), no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo. Além de nomes consagrados do metal, como Judas Priest, Pantera, Sepultura e os donos da festa (Slipknot), o evento ainda teve uma curadoria cuidadosa, que incluiu Bring Me The Horizon, Mr Bungle, Black Pantera e Oitão, só para citar alguns. Os primeiros shows tiveram a forte concorrência da final da Copa do Mundo, entre Argentina e França. O Sepultura, no meio da tarde, foi quem conseguiu ter o primeiro show com mais atenção do público. Em resumo, Derrick Green comandou o Sepultura numa apresentação curta, porém extremamente técnica e repleta de participações especiais, no Carnival Stage. Scott Ian (Anthrax e Mr. Bungle) entrou no palco para tocar Cut-Throat, do álbum Roots (1996). Depois, mais para o fim do show, foi a vez de Matt Heafy, vocalista e guitarrista do Trivium, aparecer para Slave New World, do Chaos A.D. (1993). Por fim, Phil Anselmo, vocalista do Pantera, cantou a clássica Arise, do disco de mesmo nome (1991). Os hits Ratamahatta e Roots Bloody Roots deram números finais ao show, que ainda trouxe três faixas do disco mais recente do Sepultura, Quadra (2020): Agony of Defeat, Isolation e Means to an End. Com um alcance internacional gigante, o Sepultura acabou sendo o headliner dos brasileiros. Aliás, antes deles, o público assistiu ótimos nomes nacionais, como Black Pantera, Project 46, Oitão e Jimmy & Rats. Setlist Isolation Refuse/Resist Means to an End Cut-Throat (com Scott Ian) Propaganda Dead Embryonic Cells Agony of Defeat Slave New World (com Matt Heafy) Arise (com Phil Anselmo) Ratamahatta Roots Bloody Roots