Descoberto por Alok, Ixã busca transmitir mensagens positivas através da música

O cantor Hugo Pantoja, de 20 anos, mais conhecido com Ixã, é um artista brasileiro com influência indígena que ganhou reconhecimento mundial em 2022 após o lançamento da faixa Meu Amor, em parceria com o DJ Alok. Em entrevista ao Blog n’ Roll, ele fala sobre sua trajetória e o espaço que a representatividade indígena tem em sua carreia. Nascido em Porto Velho, Rondônia, Ixã começou a cantar e compor ainda criança, aos 9 anos, quando ganhou um violão de seu pai. Desde então, o cantor segue emocionando pessoas por meio da música. “A arte sempre me comoveu. Depois que ganhei o violão, minha vó me matriculou em uma escola de música. Demorei três anos para aprender, foi um processo árduo, mas valeu a pena”, contou o cantor. Cada vez mais próximo da música, aos 13 anos se mudou para o Acre e aos 15 passou a ter contato com a aldeia Huni Kuî, após o casamento de sua mãe com o líder Mapu Kuî. Na comunidade indígena, Hugo foi batizado como Ixã e, a partir deste momento, passou a ser inspirado pelos costumes e ritmos musicais indígenas. “Com eles percebi que a música pode ser muito mais que apenas uma canção. O canto deles são rezas, orações”. Carreira O ‘boom’ da carreira do artista veio em 2021, quando teve seu primeiro contato com Alok. O DJ trabalhava em um projeto sobre os cantos da floresta, junto com Mapu Huni Kuî, padrasto de Ixã. Encantado pela voz do jovem, Alok o convidou para participar de uma música que mais tarde foi intitulada Meu Amor. “Esse foi o melhor momento da minha carreira, não consigo sair desse dia. No momento fiquei anestesiado, minha ficha só caiu quando o clipe foi lançado”, relembra. Durante a promoção da música, Ixã participou de diversos programas de televisão, como Faustão na Band, Caldeirão e Encontro com Fátima Bernardes, além de marcar presença em diversos shows da turnê de Alok. Para Ixã, a vivência o fez sentir um mix de alegria e medo. “Se não fosse o Alok, acho que não teria coragem. Foi uma realidade diferente. Estava vivendo afastado de tudo, fazendo outras coisas e, de repente, estava sendo assistido por milhões de pessoas”. No último dia 13, Ixã abriu sua carreira solo com a faixa Verão, que aborda o amor no sentido universal e ressalta encontros guiador por forças maiores, como explica o cantor. “Fico muito feliz com o crescimento orgânico que Verão está tendo, desde o lançamento estou tendo contato com o verdadeiro público que me consome”. Apesar do lançamento recente, o cantor já planeja outra música para o começo de fevereiro. “Ainda não tem data definida, mas planejo lançar Coisa Mais Linda na primeira metade de fevereiro, uma música muito forte que fala sobre todas as formas de amor com uma letra singela”. Preconceito e representatividade Por conta de sua aproximação com os povos indígenas, Ixã conta que busca usar sua arte para dar voz à causa em torno destes povos originários. Assim como, em meio a esta representatividade, almeja ajudar as pessoas transmitindo mensagens de união, esperança e amizade. Porém, como um artista com influência indígena que busca se destacar na indústria da música, Ixã também tem enfrentado ataques. “É complicado. Recentemente sofri um caso de preconceito por uma pessoa que nem me conhecia, em Rio Branco. Me perguntaram: ‘Até quando você vai fingir ser algo que você não é?’. Eu não me finjo. Na verdade, só me apresento com pinturas no corpo porque foi assim que meu padrasto ‘me deixou’ quando conheci o Alok”, explica.

Single do Rota 54 homenageia lutas e glórias de Muhammad Ali

O novo single da banda paulistana Rota 54, Ali, é uma homenagem a Muhammad Ali, pugilista norte-americano, considerado um dos maiores boxeadores da história. Além de seus feitos no esporte, foi ainda um defensor dos direitos civis e da luta contra o racismo. Composta pelo vocalista e guitarrista Caio Uehbe, a música contempla algumas passagens marcantes da vida de Muhammad Ali, como no trecho “Não há vitórias quando a luta não é justa! Não servirei a essa guerra suja”, que remete a recusa de Ali em lutar na guerra do Vietnã, num contexto de segregação racial nos EUA. Em outra passagem, aborda a mudança do nome e a sua conversão ao islamismo, alegando que o antigo sobrenome Clay havia sido dado pelos senhores de escravos e por ser um homem livre, não fazia sentido usá-lo. “Sou um homem livre, não aceito as suas leis, sou Muhammad Ali, não me chame Cassius Clay”. A lendária luta contra George Foreman na República Democrática do Congo, antigo Zaire, também não ficou de fora da faixa, e aparece no refrão Ali Bomayê, que no dialeto lingalês significa “Ali acabe com ele”, frase repetida pelos cidadãos locais que seguiam o boxeador nas ruas. “Ali é um líder mundial que me inspira por sua militância, sua força, suas ideias, sua técnica e sua retórica, e que deve ser relembrado. Estamos tendo, após a eleição, a chance de refletir sobre o momento histórico nefasto que foi o desgoverno nazifascista do Bolsonaro, e acredito que uma música com a força de Muhammad Ali está dentro desse contexto de reconstrução de um país que sofreu tanto com um governo abertamente racista”, diz Uehbe. Produzido por Wagner Bernardes e lançado pelo selo Red Star Recordings, o single Ali ganhou um videoclipe dirigido por Marcelo Jacob e estrelado pelo jovem boxeador Kelvy Alecrim, promessa olímpica brasileira. As imagens foram gravadas no Boxe Autônomo, projeto social e academia de boxe antifascista e antirracista na cidade de São Paulo. Kelvy Alecrim, morador da Favela do Moinho, começou a lutar através do projeto e hoje é uma das principais apostas do país na modalidade. “É muito importante que atletas vindos de projetos sociais com um claro viés político comecem a ganhar destaque para acabar com esse discurso conservador, reacionário e empresarial, de que não se deve misturar esporte com política. Muhammad Ali e tantos outros já provaram como o esporte pode e deve ser um instrumento de denúncia e transformação social. Esperamos que Kelvy seja um grande campeão dentro e fora dos ringues, sendo uma voz contra o racismo, em defesa do direito das pessoas de sua comunidade, servindo de inspiração para os jovens”, revela o vocalista. Ali faz parte do quinto álbum do Rota 54, intitulado Bomayê, que será lançado em março deste ano. Formada em 2008, atualmente a banda é composta por Caio Uehbe (vocal e guitarra), Daniel Moura (guitarra), Camarada Renan (baixo) e Vinícius Coelho (bateria).

Criolo lança clipe de “Pretos Ganhando Dinheiro Incomoda Demais”

Criolo vem de uma série de cinco singles com videoclipes cinematográficos. O visual minimalista do álbum Sobre Viver abre uma brecha para o clipe de Pretos Ganhando Dinheiro Incomoda Demais. Este lançamento surgiu em parceria com o Soma+, projeto educacional da AKQA São Paulo que ajuda a expandir o conhecimento profissional de jovens talentos negros e indígenas, moradores de periferias do Brasil que desejam acessar o mercado publicitário. O clipe Pretos Ganhando Dinheiro Incomoda Demais é um produto da campanha “Árvore da Riqueza”. A afirmação que pretos ganhando dinheiro incomoda demais vai além do que se vê, é preciso mostrar e ressignificar a prosperidade preta. Assim, surgiu a Fábula da Árvore da Riqueza. Conheça mais dessa história e mergulhe num universo de riqueza ancestral através do webapp. O projeto inteiro é uma grande construção coletiva, entre alunos e alunas do Soma+ em parceria com as agências Gana e Mooc, a Oloko Records e o próprio rapper, que movimenta um ciclo de prosperidade preta. O clipe constrói um novo imaginário a partir da fábula da árvore da riqueza. A árvore da riqueza está ao alcance de todos por meio do webapp, em que seus frutos se conectam com outras árvores plantadas por projetos/negócios espalhados pelo Brasil. “O DanDan sempre faz essa reflexão: como é que você luta para ser aceito num mundo que sempre vai te rejeitar? É sem fim essa guerra. Por isso que falo: Eu vou ganhar dinheiro, mãe, porque é só assim que eles respeitam a gente. Mas pensar assim não é vitória do sistema? Mas eu vim do bairro que depende do Bom Prato, irmão. E os que nem o Bom Prato tem? Então, todo dia é vitória do sistema. A diferença é que, para vocês, nós temos que ficar só onde nós ficamos. E aí, conversa com a Pretos Ganhando Dinheiro Incomoda Demais. Eu poderia dar outro nome para a canção, mas eu faço questão do título ser o bagulho central, para quando estiver numa rádio, na televisão, a pessoa falar o nome da música. Então, mesmo sem ouvir, o nome da música já abre o debate”, complementa Criolo.

Planet Hemp lança clipe de “Meu Barrio” com rapper argentino Trueno

Dando continuidade à divulgação do álbum Jardineiros, que marcou a volta do Planet Hemp após um hiato de 22 anos, o grupo lançou nesta quarta-feira (8) o clipe da faixa Meu Barrio, parceria com o rapper argentino Trueno. A produção audiovisual, já disponibilizada no canal oficial da banda carioca no YouTube, foi gravada em estúdio com a participação dos artistas em cenários que fazem referências às cidades do Rio de Janeiro e Buenos Aires. Assinado por Cauã Csik – diretor que, além de Marcelo D2, já trabalhou também com Filipe Ret, Luísa Sonza e Ludmilla -, o videoclipe traz imagens dos integrantes do Planet Hemp e de Trueno performando a energia explosiva da faixa. Assim como o título Meu Barrio e a letra da track misturam português e espanhol, o filme vem repleto de referências visuais brasileiras e argentinas – como reproduções cenográficas de locais icônicos do Rio de Janeiro e Buenos Aires, como os Arcos da Lapa e o bairro de La Boca, respectivamente -, além de takes das duas cidades. Apesar da rivalidade quase folclórica entre Brasil e Argentina, Meu Barrio traz como ideia central as similaridades entre as vivências periféricas dos dois países sul-americanos, mostrando que há mais semelhanças do que diferenças. Com Marcelo D2 e BNegão apresentando rimas nos dois idiomas, Trueno também se arrisca nas palavras em português e se apresenta logo nos primeiros versos como MC Trovão, em tradução livre de seu nome artístico. Fenômeno da música urbana latina, Trueno acumula números expressivos. Com apenas 20 anos, são mais de 10,3 milhões de ouvintes mensais no Spotify, com o jovem rapper figurando na 59º posição entre os artistas mais ouvidos da Argentina no Top Semanal. Além disso, na mesma plataforma de áudio, ele aparece com o álbum Bien o Mal na 22ª posição dos charts do seu país de origem. O mesmo sucesso está refletido no YouTube: com mais de 5,8 milhões de inscritos, seu canal oficial na plataforma de vídeos supera a marca de 1,4 bilhão de visualizações. Meu Barrio faz parte do álbum Jardineiros, projeto mais recente do Planet Hemp, que tem formação atual composta por Marcelo D2, BNegão, Formigão, Pedro Garcia e Nobru. Com 15 músicas, o álbum – lançado pela Som Livre em outubro de 2022 – conta também com os clipes das faixas Distopia (feat Criolo) e Taca Fogo, além de music visualizers para todas as tracks. Com uma agenda de shows movimentada, incluindo diversos festivais, a banda carioca é presença confirmada no Espaço Leste (São Paulo/SP, em 11/03), Circo Voador (Rio de Janeiro/RJ, em 17/03), Abertura Wu-Tang Clan – Arena Open Air – (São Paulo/SP, em 02/04), Breve Festival (Belo Horizonte/MG, em 22/04) e Festival MITA (Rio de Janeiro/RJ, em 27/05).

Jota Quest volta a viajar o Brasil com a turnê “Jota25 – De Volta ao Novo”

Depois de seis meses de shows esgotados por todo o Brasil, o Jota Quest anunciou agenda de novas apresentações nas principais cidades do país da turnê Jota25 – De Volta ao Novo, em parceria com a Opus Entretenimento. Entre as datas, a banda mineira já reservou o Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre, no dia 17 de junho, para a gravação do DVD da turnê. Os ingressos já estão à venda. Até agora já são 18 cidades confirmadas. O show irá passar por pelo menos 12 capitais: São Paulo, Salvador, Rio de Janeiro, Curitiba, Porto Alegre, Natal, Fortaleza, João Pessoa, Recife, Florianópolis, Brasília e Goiânia. As informações sobre venda de ingressos e valores, em cada cidade, já estão disponíveis no site oficial da banda. “Há 25 anos a gente vive esse lindo sonho acordados. O lance de ter uma banda e sair por aí tocando e cantando canções, em si, já seria muito incrível, mas a energia que a gente está recebendo da galera não tem explicação”, comemora Flausino. “Por isso resolvemos estender a turnê e registrar um destes grandes shows. Será o maior presente de aniversário de nossas vidas, e desde já, agradecemos geral”, completa o vocalista. Para o repertório, Flausino, Marco Túlio, PJ, Buzelin e Paulinho, escolheram 25 grandes sucessos que seguem embalando a vida de boa parte dos brasileiros nessas últimas duas décadas e meia como Fácil, Dias Melhores, Na Moral, Amor Maior, Encontrar Alguém e Só Hoje, além de singles recentes como A Voz do Coração, Imprevisível e Te Ver Superar. A direção musical do show está a cargo da própria banda em parceria com o músico e produtor paulistano Renato Galozzi. A direção geral do espetáculo é de Fábio de Lucena, a direção criativa da turnê é de Rafael Conde, roteiros de Eduardo Rios, produção audiovisual do Studio Curva, iluminação de Carlinhos Nogueira e cenários do renomado Zé Carratu. Datas | JOTA25 – De Volta ao Novo Dia 11 de fevereiro – Estação Atibaia – Atibaia/SP Dia 04 de março – Espaço Unimed – São Paulo/SP Dia 16 de abril – Concha Acústica – Salvador/BA Dia 05 de maio – Aramaçan – Santo André/SP Dia 13 de maio – Jeunesse Arena – Rio de Janeiro/RJ Dia 19 de maio – Live – Curitiba/PR Dia 02 de junho – Unioeste Campus II – Presidente Prudente/SP Dia 03 de junho – Centro de Eventos – São José do Rio Preto/SP Dia 17 de junho – Estádio Beira-Rio – Porto Alegre/RS (gravação de DVD) Dia 24 de junho – Royal Palm – Campinas/SP Dia 07 de julho – Teatro Riachuelo – Natal/RN Dia 14 de julho – Domus Hall – João Pessoa/PB Dia 15 de julho – Classic Hall – Recife/PE Dia 05 de agosto – Via Music Hall – São João do Meriti/RJ Dia 01 de setembro – Hard Rock Live – Florianópolis/SC Dia 06 de outubro – Ribeirão Shopping – Ribeirão Preto/SP Dia 01 de dezembro – Arena BRB – Brasília/DF Dia 02 de dezembro – Goiânia Arena – Goiânia/GO

Crítica | Os Banshees de Inisherin

Engenharia do Cinema Mesmo tendo vencido o prêmio de Melhor Comédia no Globo de Ouro deste ano, Os Banshees de Inisherin é mais um caso de filme dramático forte, que vence esta categoria da premiação (quem não lembra quando Perdido em Marte, levou o mesmo e até Ridley Scott falou ao receber a estatueta que “meu filme não é uma comédia”). Conflitos a parte, estamos falando de mais um projeto inusitado e completamente maluco de Martin McDonagh (Três Anúncios Para Um Crime), que já ficou conhecido não só por sempre trabalhar com Colin Farrell (esta é a terceira parceria de ambos), como também apresentar esquetes e situação totalmente surreais em suas produções (e isso vai lhe render seu segundo Oscar, mas como roteiro original). A história se passa em 1923, em um pequeno vilarejo na Irlanda, em plena época da Guerra Civil (tanto que os cidadãos desta, viam a mesma acontecer à distância). Nela vive o pacato Pádraic Súilleabháin (Farrell), que após seu amigo de longa data Colm Doherty (Brendan Gleeson) não quer mais falar com ele, opta por soluções inusitadas para reconquistar o mesmo.     Imagem: Searchlight Pictures (Divulgação) Não diria que este é um bromance (gênero conhecido por focar na amizade entre dois homens), e sim um forte drama sobre o comportamento humano. De forma bastante sutil, McDonagh está ciente das possibilidades que poderiam ser desenvolvidas com aquela região com seus protagonistas, tanto que conseguiu traçar um perfil ideal para grande maioria (não é à toa que Farrell, Gleason, Kerry Condon e Barry Keoghan foram indicados ao Oscar de atuação, e coincidentemente são Irlandeses), não fazendo nenhum personagem ser desperdiçado (inclusive os animais como o cão de Colm e o jumentinho de Pádraic). Mesmo se tratando de um quarteto bastante operante, o mérito em grande parte vai para Keoghan (que se não estivesse dividindo a categoria com Gleason, já teria levado este Oscar), que vive o adolescente autista Dominic Kearney. Encarregado de ser o responsável por grande parte das piadas de humor negro, o mesmo acaba roubando a cena, até em situações onde ele literalmente não estava sendo “convidado”. Enquanto isso, Farrell realmente tem um dos seus melhores personagens na carreira, pois ele transpõe todo medo, insegurança, insistência e chatice de Pádraic (lembrando brevemente até Jim Carrey em “O Pentelho”, mas em uma atuação melhorada). Outro grande destaque é a edição de Mikkel E.G. Nielsen (que foi indicado ao Oscar por este trabalho, inclusive), que soube realizar um trabalho impecável, onde nos momentos de impacto, conseguimos nos questionar os motivos e consequências, mas ainda sim, nos pegando se perguntando “qual será o desfecho disso tudo?”. Nascido para ganhar Oscars, Os Banshees de Inisherin é uma produção que consegue cativar por sua premissa simples, mas muito bem explorada.