Zola Star faz ponte entre Brasil e África em novo álbum Loyembo

Na língua lingala, Loyembo significa cântico. E essa melodia que envolve é um dos marcos do trabalho do cantor, compositor, arranjador e instrumentista congo-angolano Zola Star. Um dos principais nomes da música africana em diáspora no Brasil, o artista se faz presente dentro da cultura carioca atual e cria em seu novo álbum, Loyembo, uma ponte entre Brasil e África. Guiado por seu violão e guitarra, o disco foi gravado em um modo de imersão, em apenas duas sessões no fim de 2020 no Estúdio Carolina com produção de Gus Levy. São canções sobre amores, desamores, tristezas e alegrias que trazem em sua sonoridade tons e ritmos novos para a maioria dos brasileiros – mas que, ao mesmo tempo, parecem habitar o nosso inconsciente musical coletivo. Representante da tradição da Rumba Congolesa, do Soukouss e também da moderna música de Angola, Zola Star tornou-se requisitado em produções musicais e respeitado pela sua técnica singular de tocar violão. Durante sua carreira, fez parcerias com nomes que vão de Anelis Assumpção (para quem gravou guitarras no disco Sal) e Leila Maria (para quem co-produziu, com Guilherme Kastrup, faixas do disco Ubunto), até artistas de prestígio do seu continente, como o angolano Abel Dueré e o congolês Lokua Kanza. Zola Star nasceu em Kinshasa, capital da República Democrática do Congo, e tem sua relação com a música marcada desde os primeiros anos de vida. Fugindo da guerra e em busca de estabelecer sua arte, ele deixou sua terra natal passando por diversas partes de Angola até desembarcar no Brasil, onde vive há 30 anos.  Aos 24, começou a construir sua carreira de destaque nas noites cariocas, cantando em Lingala e em Kikongo, e logo encontrou parceiros para o seu som, que formaram a banda Afrotropicaliente. Sua estreia solo foi em 2017, com o disco 60 Graus. Loyembo chega para consolidar uma história de amor à arte, às suas raízes e ao Brasil. Gravado, mixado e masterizado por Angelo Wolf e com participação especial de João Werneck e Sara Hana, na música Naza Yayo, o álbum está disponível em todas as plataformas de música.

Plebe Rude lança novo álbum e anuncia turnê; ouça Evolução Vol.II

A Plebe Rude lançou a segunda parte do projeto Evolução, que teve início antes da pandemia e foi interrompido devido a pausa nas atividades do setor cultural e de eventos. O álbum Evolução Vol. II, disponibilizado nesta quarta-feira (22), nas principais plataformas digitais, fecha um ciclo na trilha sonora do musical sobre a evolução humana. Ao todo, o projeto conta com 28 músicas. “Foi uma experiência fantástica compor não só pensando na linha evolutiva do homem, mas também em coreografia, movimentação de palco, imagens projetadas ao fundo e cenografia”, revela o vocalista Philippe Seabra, que já tinha experiências anteriores com trilha sonora, o que facilitou estabelecer tanto narrativa, quanto dramaticidade ao espetáculo. “Com momentos orquestrados, interlúdios eruditos, rock clássico se mesclando com o punk, percussão norte-africana, duas músicas com mais de 10 minutos e trechos que teriam que ter a voz de uma criança, valia de tudo em Evolução”. Evolução Vol.II soma-se ao Evolução Vol.I num álbum duplo temático produzido e gravado por Seabra no Estúdio Daybreak, em Brasília. Com participações de Walter Casagrande Jr., Jarbas Homem de Mello, Fabio Yoshihara, Dani Buarque e Ana Carolina Floriano, o disco passeia por eventos tão díspares da humanidade quanto os estilos musicais apresentados por ele. Mas o vocalista afirma que o recado de Evolução é simples: Se a nossa herança da Terra foi por acaso, a nossa passagem pelo universo é um grão de areia. E faz uma reflexão sobre a situação política atual no país. “Esse momento esdrúxulo no Brasil da ascensão da extrema direita que a democracia conseguiu sobreviver então, é uma molécula nesse grão e no arco do tempo, e será visto e julgado pela história apenas como lapso, uma aberração na linha evolutiva. O arco do universo moral é longo, mas se inclina em direção à justiça. Mas a eterna vigilância continua sempre necessária”. Para divulgar o lançamento, a Plebe Rude tem uma turnê marcada, com estreia na próxima sexta-feira (24) no Circo Voador, no Rio de Janeiro. A banda tem datas confirmadas também em Belo Horizonte (25), São Paulo (08 e 09/04), Jundiaí (28/04), Campinas (29/04), Contagem (13/05) e Curitiba (15/07). “Finalmente voltaremos para a estrada! E com material novo! Isso no dá o maior gás. Podem esperar uma Plebe com todos os hits, coisas do Evolução e outras surpresas”, adianta o baixista André X. “Temos uma grande expectativa em tocar as músicas ao vivo e ver a reação dos ‘plebeus’. Tem coisa lá que é muito teatral, muito cinematográfica (foi feita para o palco!) e outras que são de um estilo diferente do usual da Plebe. Vai ser interessante ver a reação da plateia”, completa.

Maçã de Cesto divulga EP Janeiro; ouça!

Voltando às origens, a guarujaense Maçã de Cesto lançou o EP Janeiro. O registro conta com três faixas, sendo duas inéditas. A terceira faixa, Chuva, foi revelada em2017 junto com um clipe desenvolvido pelos alunos de Cinema da Unimonte, de Santos. Na época, além de Chuva, foram gravadas mais duas canções em Estúdio: Mau Dia e Nosso Lar, que ficaram engavetadas durante os últimos seis anos. “A ideia era inserir mais instrumentos nas músicas, criar mais arranjos… Mas no final foi decidido que iríamos seguir assim. Com a mesma simplicidade de Chuva“, comenta Hugo Alves. O EP traz uma atmosfera de calmaria composta somente por violão e voz, produzida pelo produtor Guarujaense Felipe Vassão.

Crítica | O Estrangulador de Boston

Engenharia do Cinema Temos em mãos outro caso de que a própria Disney não está sabendo trabalhar com seus principais lançamentos, onde os bons filmes acabam sendo direcionados diretamente para o streaming, ao invés de irem para os cinemas. “O Estrangulador de Boston” não chega a ser um título de Oscar (uma vez que possui uma temática e abordagem raramente explorada pelo mesmo), mas facilmente consegue captar a atenção do espectador por conta do seu enredo.    Baseado em fatos reais, a história se passa nos anos 60, quando as jornalistas Loretta McLaughlin (Keira Knightley) e Jean Cole (Carrie Coon) se juntam para investigar uma misteriosa onda de assassinatos em Boston, pelas quais são vitimadas várias mulheres distintas. Em meio a um cenário onde nem a própria polícia sabia o que fazer, a dupla foi totalmente responsável por uma revolução no caso.    Imagem: 20th Century Studios (Divulgação) Durante boa parte da exibição do longa de Matt Ruskin (que também cuida do roteiro), só me fizeram refletir como o jornalismo atual realmente não se aplica no mesmo padrão de qualidade de antigamente. Pode parecer clichê, mas o texto pontua a importância de Loretta e Jean sempre irem atrás das informações verdadeiras, para não passarem mentiras só para terem audiência. Mesmo com a sociedade tendo um total viés machista por conta delas cuidarem deste assunto (embora a forma como este assunto seja abordado, é totalmente banal e repleta de frases de efeito), e os políticos e outros veículos de comunicação da cidade terem politizado totalmente o caso, apenas por interesse próprio (uma vez que muitos sequer sabiam o que fazer, enquanto a dupla de jornalistas demonstravam mais maturidade). Porém, Ruskin não possui uma imagem própria, porque o tempo todo ele remete aos trabalhos de David Fincher em “Zodíaco” (fotografia escura demais, enquadramento nos atores em momentos tensos e a forma como ele apresenta as cenas envolvendo os crimes citados) e Tom McCarthy em “Spotlight“. Neste tipo de filme, uma imagem própria do diretor faz toda diferença (porque na hora de você refletir sobre determinada situação, o diferencial acaba pesando). Agora na retratação das personagens, apesar dele conseguir desenvolver muito bem Loretta (inclusive, Knightley está ótima no papel) e fazer o espectador criar uma empatia por ela, faltou o mesmo detalhe para Jean (uma vez que ambas possuem grande importância para o enredo, apesar de Coon combinar perfeitamente com a própria). “O Estrangulador de Boston” não é um suspense como aparenta ser, e sim uma ótima produção que nos faz refletir que um bom jornalismo consegue intervir em situações pelas quais muitos não encontram soluções viáveis.