23:13 lança Carmella, single da trilha de um filme que ainda não foi feito

O projeto 23:13, formado por Fernando Vellozo (piano) e Rodrigo Saldanha (bateria), nomes conhecidos na música independente pelos respectivos trabalhos com o Huey e Bufo Borealis, estreou com o single Carmella, a primeira peça da trilha sonora de um filme que ainda não foi feito, que culminará no disco Contos do Reverso. Com uma melodia simples, direta e com momentos tensos, Carmella propõe uma reflexão sobre a intensidade desnecessária da vida moderna. E funciona também como cartão de visitas do duo instrumental paulista, que em todas as faixas de Contos do Reverso transitará entre momentos intimistas, climas tensos, melodias expansivas, peso e suavidade. Existe um contexto por trás de Carmella: é o nome de uma cadelinha muito simpática, que amava viver cada segundo desta vida, mas que nos deixou muito cedo. É uma homenagem a todos os seres vivos deste planeta, exceto o ser humano. É um agradecimento à simplicidade que eles nos ensinam todos os dias, mas que seguimos não aprendendo. Sobre a sonoridade, o 23:13, como começa a mostrar em Carmella, transitam pelo rock (e gêneros como progressivo e metal), música latina, jazz e funk. Contos do Reverso, o álbum de estreia do 23:13, que será lançado em julho. O disco do 23:13 foi gravado de forma independente no estúdio Fuego, em São Paulo. A mixagem e masterização ficaram a cargo de David Menezes, que já trabalhou com bandas importantes como Ratos de Porão, O Inimigo, entre outras. O 23:13, contam Vellozo e Saldanha, tem referência da sonoridade apresentada pela banda japonesa Mouse on The Keys quando tocavam com dois pianos e uma bateria, por volta do ano de 2014. Mas 23:13 vai, claro, além. Musicalmente, é uma catarse de bandas e artistas que o duo ouviu e ainda ouve. De Black Sabbath a The Clash, passando por The Police, Paul McCartney, Bob Marley, Primus, Nina Simone, Fiona Apple e mais alguns ingredientes. Nomes como John Carpenter, Ennio Morricone e Philip Glass também temperam essa salada.

Querela estreia na Abraxas com a pesada Devil Entertainer; ouça!

A Querela iniciou um novo ciclo junto à Abraxas Records, que lançará diversos singles e também o EP do quarteto brasiliense de rock alternativo. A primeira música que chegou às plataformas digitais foi a pesada e rítmica Devil Entertainer, com uma sonoridade que remete aos stoner/grunge dos anos 90/2000. Devil Entertainer mostra a Querela ainda mais pesada e agressiva, se comparado ao single anterior, Submission, além de experimentos viscerais na parte harmônica e rítmica. O single tem produção de Xicão Vasconcelo (veterano da cena nacional com a banda Toro, de Brasília) e Nando Viera no M&V Recording Studio, que realça as influências de Kyuss, Fu Manchu e dos primeiros discos do Queens of the Stone Age. As referência são mais evidentes nas linhas de guitarra e baixo, em que Raul e Bruno entregam riffs e timbres marcantes, utilizando vários pedais de fuzz simultaneamente. Os vocais mesclam agressividade e melodia, enquanto o baterista Rodrigo marca o ritmo com uma identidade própria, moderna e forjada nessas influências. Devil Entertainer aborda o tema dos vícios e retrata a dificuldade de quem se entrega repetidamente a eles no cotidiano. Explora a luta interna de um indivíduo preso nesse ciclo vicioso, enfrentando tentações e dependências constantes. O termo Devil Entertainer é uma alegoria para uma fraqueza e representa o poder sedutor e cativante dos vícios, que exercem controle sobre a mente e as ações do protagonista. A letra descreve alguém cuja sanidade é obscurecida e cuja mente é dominada por compulsões destrutivas. Daqui em diante, a Abraxas será a gravadora responsável pelos lançamentos da Querela. A banda comenta a parceria. “Já seguimos a Abraxas há muito tempo, mesmo antes de formarmos a banda, como consumidores de conteúdo. A Abraxas é uma referência no cenário stoner no Brasil, com um portfólio e experiência indiscutíveis. Lançar com eles é uma oportunidade que certamente nos ajudará a ampliar a repercussão da nossa música tanto na cena brasileira quanto no exterior”.

HuTal revela single com guitarras brisantes e sintetizadores; ouça Intro

A banda HuTal divulgou o single Intro, na última sexta-feira (23). A faixa sucede o lançamento de Uma Dose a Mais, liberada em novembro de 2022, trabalho que já é um dos favoritos dos fãs. Intro está disponível em todas as plataformas digitais pelo selo musical Marã Música. Chegando com uma letra forte (que já virou característica da banda), a nova música apresenta guitarras “brisantes” e alguns recursos eletrônicos como beats e sintetizadores. A faixa fala sobre a preparação, sobre a entrega “do antes”, para estar presente no momento e viver da melhor maneira. Intro nasceu de uma reflexão de OJão (guitarrista e vocalista da Hutal) e Vitão (guitarrista da banda) enquanto se preparavam para subir ao palco. “Era um dos nossos primeiros shows e trazíamos expectativas e muitas horas de preparação para aquele dia. Queremos sempre eternizá-lo através dessa faixa”, contam os integrantes. Para chegar até a concepção atual, a faixa passou por outras roupagens. “Ela nasceu no violão, depois passou para banda, ganhou uma versão eletrônica, e aí a junção de todas se faz presente no lançamento”, explicam. E para esse aguardado lançamento, as expectativas estão lá em cima. “Queremos que as pessoas conheçam mais nosso lado íntimo, de como nos entregamos para viver aquele momento, por isso a energia dos nossos shows é sempre alta, pensamos muito na troca com o público e ‘Intro’ é um presente nosso aos fãs”, finalizam. Fundada em dezembro de 2017, a HuTal começou por uma brincadeira de tocar violão e compor músicas. Formada por Victão (guitarra); OJão (guitarra e vocal); Sérgio (baixo) e Drew (bateria), suas principais influências musicais são Sticky Fingers, Jorge Ben jor, Ocean Alley, Lagum, Froid e Jean Tassy.

Crítica | Amor e Morte

Engenharia do Cinema Depois da minissérie “Candy“, estrelada por Jessica Biel, ter uma passagem bastante tímida no streaming da Star+, “Amor e Morte” literalmente conta a mesma história, porém com um novo elenco e alcance ainda maior (devido a popularidade do HBO Max). Só que o foco desta produção, dividida em sete episódios e estrelada por Elizabeth Olsen, tem como foco o julgamento da dona de casa Candy Montgomery (interpretada por esta), que foi acusada de assassinar a machadadas a amiga Betty Gore (Lily Rabe). Enquanto a primeira desenrolava os fatos que encadearam este cenário. Tendo como base o livro “Evidence of Love“, de John Bloom e Jim Atkinson, a história mostra a vida da pacata dona de casa, Candy, que após resolver ter um caso com Allan Gore (Jesse Plemons), começa a refletir mais sobre os limites em sua vida. E é neste meio tempo, que ela acaba tendo uma rixa com a esposa deste, Betty, que acaba resultando na brutal morte desta. Imagem: HBO Max (Divulgação) Fica nítido que o showrunner David E. Kelley (“Big Little Lies“) está ciente sobre o fato do espectador não ter de pensar muito sobre o que lhe aguardará no resultado final (ainda mais pela série estrelada por Biel, ainda está fresca na mente do público). Então, ele opta por focar na complexidade que foi o julgamento, uma vez que Candy era vista como uma cidadã exemplar e totalmente com viés conservador. Como estamos falando de uma produção dirigida por dois diretores distintos (Lesli Linka Glatter e Clark Johnson), fica perceptível que a atração se divide em dois tempos. O primeiro é a construção do caso de Betty e Allan, que serve para criarmos simpatia e interesse pela história da dupla e das pessoas ao seu redor. A segunda já nos mostra o cenário jurídico, porém, mesmo se tratando de uma história que ocorreu em 1980, há muitos descuidos no roteiro. Um mero exemplo é a forma como a sociedade trata o crime, e como os familiares de ambos estão vivenciando a situação (uma vez que os EUA sabem dos detalhes, por conta dos noticiários). E fica nítido que poderiam ter ido mais além do que desencontros em cafeterias e mercados, resultando em desperdiço de nomes como Patrick Fugit (“Quase Famosos”) e Krysten Ritter (a Jessica Jones, da Marvel). Em compensação, o projeto serviu também como uma atração que comprova o talento dramático de Elizabeth Olsen (que, nos últimos anos, vinham se reduzindo às produções da Marvel). Mesmo sendo um cenário bastante delicado, conseguimos perceber o grau de psicopatia, medos e injustiças que ela vivencia em sua rotina. Uma lástima que o mesmo não consegue ser transposto por Jesse Plemons (“Ataque dos Cães“), que realmente parece não ter expressão e convicção alguma do que está fazendo (e não é por conta do cenário do seu personagem, e sim porque ele não estava bem neste papel).     “Amor e Morte” termina sendo uma interessante minissérie, que não só comprova o talento dramático de Elizabeth Olsen, como também conquista o espectador já em seu princípio.