Duda Raupp convida Rashid e Ivyson para o single “Planos Pra Nós”

Duda Raupp é um dos destaques na cena do rap quando o assunto é ser beatmaker, produtor musical e multi-instrumentista. Já trabalhou com nomes como Cristal, Victor Xamã, Zudizilla, e mais de uma vez, com o Rashid. Dessa vez, foi a vez dele convidar o rapper para se juntar em seu projeto que une beat inspirado no Soul setentista com o rap e letra com interpretação dúbia. Para a canção, Duda ainda chamou Ivyson para entregar um refrão que deixa a música ainda mais parecida com um lovesong. Mas Planos Pra Nós não é sobre o relacionamento de um casal. Planos Pra Nós fala daquela cujo nome é feminino, e que é o conjunto de coisas criadas e das forças que operam no Universo e também aquilo que nos conecta com o passado e nos inspira a cuidar do futuro, a natureza. Duda Raupp, já decidido com seu projeto, criou o instrumental e apresentou a ideia para o Rashid escrever seus versos. Juntos pensaram em um nome para cantar o refrão, o cantor e compositor Ivyson foi o escolhido, que prontamente aceitou o convite. A canção começa com o instrumental setentista e ao mesmo tempo com características futurísticas que são marcas registradas para quem acompanha o beatmaker. Rashid, com seu legado de bom letrista, apresenta dois momentos de um relacionamento: a fase da conquista, de conhecer e não saber lidar com tantos sentimentos. Depois se torna algo sobre uma fase ruim, as ações egoístas sendo cobradas, você se dando conta de tudo ruim que causou e o pedido de desculpas e reconhecimento do erro. Ivyson, aparece no refrão e no verso final e deixa a dúvida de “será que dá tempo de consertar o erro”? Os planos de Duda Raupp é para que essa música seja um alerta para olharmos mais para a natureza e de que esse relacionamento possa ser construído de forma saudável e de pertencimento. “Eu sempre gostei de passar bastante tempo na natureza. Desde pequeno tenho o costume de acampar e fazer trilhas. Sinto que isso é essencial para que eu possa me reconectar comigo nos momentos em que estou imerso na correria do dia a dia e da cidade. Passar um tempo na natureza me recoloca em um ritmo de autocuidado e de criatividade,” conta o produtor. “Em nosso tempo é fácil se desconectar da natureza pelo simples fato de que o ambiente ao redor nos exige uma conexão ao digital, ao futuro tecnológico e ao progresso industrial 24 horas por dia. A ideia de ter tempo para contemplar a natureza já parece um luxo, mas isso é um engano. Essa proximidade com a terra faz parte do que somos, enquanto espécie, e existem até estudos que indicam que esse distanciamento entre nós e a natureza, é uma das razões do aumento progressivo de questões emocionais como depressão e ansiedade”, completa Rashid. No visualizer de Planos Pra Nós, Duda contempla a natureza da sua cidade, em cima do Morro da Tapera. Localizado na zona sul de Porto Alegre, o espaço tem uma vista panorâmica de 360º, e é conhecido por ter um coração em uma das pedras. Foi ali que o artista pensou também na capa do single, em uma ilustração assinada por Noise Cookie.

Vida Real, de Juliano Costa, carrega sinceridade de cronista e leveza de poeta

Três anos depois do lançamento de Barco Futuro, sucessor do álbum visual A Trilha da Trilha, o músico e escritor Juliano Costa (Primos Distantes, Renato Medeiros) mistura sua inventividade sonora, criativa e literária no disco Vida Real. O resultado é uma obra sincera, envolvente nas suas diferentes camadas, de leveza agridoce. Um trabalho que se parece com uma festa entre amigos íntimos, na qual o ouvinte está. Vida Real é também um retrato do dia seguinte da festa, de ressaca e dúvidas existenciais. “Existem várias camadas de vida. Tem a vida íntima, tem a vida social, tem a vida de rede social. Tem a vida choradeira de pitanga e tem a vida de coragem e bola pra frente. Tem a vida arte, a vida canção, a vida palco, a vida tela, a vida personagem. Em todas essas vidas dá pra ter um pouco de sinceridade. Não é fácil, mas dá. Sempre dá pra ter um pouquinho de vida real no meio da ficção”. A produção do disco é dele, ao lado de Renato Medeiros, que também mixou e masterizou o trabalho. Pra além de sua carreira solo, Juliano Costa é baterista da banda de Renato Medeiros e escreve literatura. Seu romance Fumo (Patuá, 2023) figurou na lista de melhores livros do ano da revista de livros 451. Ele é também autor de um conto do livro As Páginas do Relâmpago Elétrico (Garoupa, 2023), baseado no disco de 1977 de Beto Guedes.

João Jardel mistura hip hop alternativo e macumba industrial em O Pretocore

Após misturar o que forma o popular e o antipopular, o que é inconsciente coletivo e experiências pessoais e a canção e o ruído no EP POP, o artista mineiro João Jardel amplia suas investigações e experimentações sobre macumba industrial no single O Pretocore, que abre uma nova fase na sua carreira com seu novo álbum. O Pretocore reflete a fusão entre o orgânico e o digital, misturando influências de afrobeat, funk carioca, hardcore e elementos da umbanda, em uma mistura única e transgressora, reapropriando espaços culturais e homenageando raízes. João Jardel nasceu em Itabira e está imerso na música desde a adolescência, passando por projetos no rock alternativo e no indie folk, mas é com seu projeto solo onde ele apresenta uma expressão genuína de sua visão artística e de suas inquietações pessoais. O artista não tem medo de mergulhar em temas complexos e polêmicos, como evidenciado em seu trabalho anterior Branco, que abordou questões relacionadas ao racismo estrutural e recreativo. Antecipando o álbum Antipop, o lançamento é uma aposta do selo Diáspora, projeto de Hugo Noguchi (Ventre, SLVDR) que pretende dar visibilidade para que artistas racializados se insiram de modo profissional no mercado musical, buscando descendentes das diásporas africana e asiática, bem como das internas brasileiras.

Quadrinista e músico, Camilo Solano reflete conexões humanas em álbum de estreia

O cantor, compositor e quadrinista Camilo Solano lançou seu álbum de estreia, Quase Tudo Mundo, com produção musical de Yuri Queiroga. Dialogando com as conexões entre as pessoas, o trabalho aborda temas como a sobrevivência em tempos de incerteza, unindo raízes regionais ao contemporâneo com humor e leveza poética. Antecipado por Quase Todo Mundo é Assim e por Desculpa o Áudio, lançado também em quadrinhos, o álbum tem participação especial de Pupillo, Vitor Arantes, Rinaldo Santos e Eder Araújo. Natural de São Manuel (SP), ele é um artista que integra com maestria a música e os quadrinhos. Suas publicações incluem Inspiração – Deixa entrar Sol nesse porão, que lhe rendeu duas indicações ao Troféu HQ MIX como Novo Talento Desenhista e Novo Talento Roteirista; Desengano, cujo prefácio foi escrito por Robert Crumb, o maior autor dos quadrinhos underground dos EUA, que também é músico e fez a capa do disco Cheap Thrills, de Janis Joplin; Semilunar (Balão Editorial), que foi finalista do Prêmio Jabuti; Fio do Vento (Editora Veneta); e Temporal (Maurício de Sousa Produções), ganhador do Troféu HQ MIX. Também publicou Solzinho, Cidade Pequenina (Pipoca & Nanquim) e, por fim, Beliscão (Pipoca & Nanquim). Na última Bienal do Livro, lançou A Balada para passear (Conrad). Também em 2020 e 2021, lançou algumas músicas em suas redes sociais e canal do YouTube, sempre com um tom intimista e sincero. Dessa incursão sonora surgiu Canções Cansadas, composições sobre uma ansiedade e esgotamento emocional que se ancoram na arte para seguir em frente. Agora, Camilo Solano está pronto para esse próximo passo, com o álbum.