Entrevista | Ezra Collective – “Os brasileiros dançam como se ninguém estivesse olhando”
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Primeira banda de jazz a ganhar o Mercury Prize (concedido ao melhor disco do Reino Unido e Irlanda) por seu álbum de 2022, Where I’m Meant to Be, o quinteto londrino Ezra Collective estreou no Brasil, no último fim de semana, com um show impecável no Cine Joia, em São Paulo. Durante a passagem pela Capital, o baterista Femi Koleoso conversou com o Blog n’ Roll, via Zoom, e falou mais sobre o álbum mais recente, Dance, No One’s Watching, música brasileira, influências, entre outros assuntos. Leia mais abaixo. Formado por Femi Koleoso (bateria), TJ Koleoso (baixo), Joe Armon-Jones (teclados), Dylan Jones (trompete) e James Mollison (saxofone), o Ezra Collective tem expandido os limites do gênero desde sua formação em 2012. A mistura única com outros estilos, como afrobeat, hip-hop e reggae, chamou a atenção da cena musical do Reino Unido e agora está se espalhando por todo o mundo, transmutando as percepções do público sobre a música. * Qual é sua primeira impressão do Brasil? Eu amo isso aqui. Já comi feijoada, tomei caipirinhas e sambei. Estou confortável, não demorou muito para conseguir isso, é um lugar especial. O Ezra Collective fez história ao ganhar o Mercury Prize com Where I’m Meant To Be. Como esse reconhecimento impactou a banda? Não mudou a maneira como abordamos a música, nada mudou musicalmente. Foi uma noite muito bonita, uma experiência muito bonita, mas a missão continuou a mesma. Os prêmios são como um presente de Natal. Se eu ganhar um presente de Natal, direi obrigado, sou muito grato, mas isso não mudou minha vida, sabe? E foi mais ou menos assim, mas musicalmente não nos mudou em nada. Nós escrevemos Dance No One’s Watching antes de ganharmos o Mercury Prize, então o álbum que veio depois, nós já tínhamos escrito antes de ganharmos o Mercury Prize. Mas, definitivamente, mais pessoas estão cientes do nosso nome, nos reconhecem e essas coisas são muito positivas. Dance No One’s Watching foi descrito como uma documentação da jornada da banda ao redor do mundo. Como essa experiência internacional influenciou seu som? Acho que foi tudo sobre diferenças e semelhanças. As pistas de dança parecem as mesmas quando são realmente boas, em qualquer lugar do mundo. Você sabe, as pistas de dança em São Paulo parecem pistas de dança em Lagos, parecem pistas de dança em Tóquio, quando é tudo sobre a dança. As pessoas fecham os olhos e apenas balançam e se movem e isso parece similar, mas então as diferenças são como a maneira que chegamos àquele lugar, e a música que você ouve, e o olhar das pessoas, e essas diferenças são preciosas. Então foram apenas essas viagens que realmente nos inspiram de uma forma grande. Como o Ezra Collective equilibra a fusão de jazz com afrobeat, hip-hop e reggae para criar um som tão autêntico? Autêntico vem de reconhecer que você nunca soará como uma banda de afrobeat perfeita, você nunca soará como uma banda de samba, você nunca soará como um hip-hop perfeito, mas você pode definitivamente fazer um som que faça as pessoas saberem que você o ama, e é isso que o faz parecer autêntico. Nós nunca estamos tentando ser outra coisa, mas nunca estamos tentando esconder o que amamos, e essa combinação o faz parecer inovador e autêntico. E então você só precisa se manter aberto, você precisa estar aberto todos os dias. Uso o Shazam toda vez que ouço algo que gosto, pego o nome, salvo, baixo ou compro, e estou sempre procurando por novas músicas. Este é um ótimo lugar para música, então estou encontrando o máximo que posso e deixando que isso me inspire. Há uma banda ou artista específico que influencia mais você? Eu amo o Azymuth e Sergio Mendes. Amo como Sergio Mendes misturou jazz com samba, e essas são apenas algumas das pessoas que realmente amo, mas amo muita música brasileira. O jazz moderno vem ganhando cada vez mais espaço fora do circuito tradicional de turnês musicais. Você sente que o Ezra Collective está ajudando a definir a percepção do gênero para as novas gerações? Sim, porque quanto mais a inspiração viaja, mais pessoas vão começar a tocar, e isso só vai criar mais músicas que amo. Então isso é emocionante para mim, sabe? E o título Dance No One’s Watching sugere liberdade e entrega à música. O que essa ideia significa para você, e como ela reflete na experiência de tocar junto? Significa apenas que a vida é muito curta e preciosa para se importar com o que as pessoas pensam, e deixar que isso roube o momento. Então seja livre e se expresse. Mas a questão sobre o Brasil é que os brasileiros são especialistas nisso. Os brasileiros dançam como se ninguém estivesse olhando, então hoje à noite (dia do show) estou aqui para aprender a dançar como se ninguém estivesse olhando. Não estou aqui para ensinar ninguém, estou aqui para aprender. Estou ansioso para o público me ensinar como realmente festejar, sabe? Você topa um jogo rápido? Nomeio alguns artistas e você os descreve em uma palavra ou frase. Jamie Cullum – Cara legal. Norah Jones – Linda. Gilberto Gil – Icônico. Bob Marley – Herói. Rihanna – Fofa Quais os três álbuns que tiveram a maior influência na sua carreira e por quê? Teacher Don’t Teach Me Nonsense, de Fela Kuti, porque esse foi o álbum que me fez me apaixonar pelo Afrobeat. Voodoo, de D’Angelo, para mim, é meu som favorito de álbum. A maneira como flui de música para música influenciou como vejo o conceito do álbum. Por fim, diria Catch a Fire, de Bob Marley, porque para mim, é uma aula magistral de contar uma história. Então, sim, esses seriam os três álbuns.
System Of A Down confirma terceira apresentação no Autódromo de Interlagos
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Após esgotar dois shows no Allianz Parque, em São Paulo, o System Of A Down confirmou uma terceira data na Capital: dia 14 de maio, no Autódromo de Interlagos. As bandas AFI e Ego Kill Talent serão as responsáveis pela abertura. Os ingressos de pré-venda para a data extra estarão disponíveis no site da Eventim a partir de quarta-feira (12), às 10h. Já a venda geral ao público começa na quinta-feira (13), ao meio-dia. De volta para a América do Sul, a banda se apresenta também em: 24 de abril no Estádio El Campín em Bogotá, Colômbia; 27 de abril no Estádio Nacional em Lima, Peru; 30 de abril no Estádio Nacional em Santiago, Chile; 3 de maio no Estádio Vélez Sarsfield em Buenos Aires, Argentina; e no Brasil, em 6 de maio no Estádio Couto Pereira, em Curitiba; 8 de maio no Nilton Santos (Engenhão), no Rio de Janeiro; 10 e 11 de maio, no Allianz Parque, em São Paulo. Todos esses shows estão com ingressos esgotados. A última oportunidade de vê-los ao vivo será nesta nova data, dia 14 de maio, no Autódromo de Interlagos, em São Paulo. * SYSTEM OF A DOWN EM SÃO PAULO Data: 14 de maio Local: Autódromo de Interlagos – Av. Senador Teotônio Vilela, 261 – Cidade Dutra Horário de abertura da casa: 14h Classificação Etária: Entrada e permanência de crianças/adolescentes de 05 a 15 anos de idade, acompanhados dos pais ou responsáveis, e de 16 a 17 anos, desacompanhados dos pais ou responsáveis legais. Setores e preços:Pista – R$ 297,50 (meia-entrada legal) | R$ 595,00 (inteira)Pacote Vip – R$ 2.197,50 (meia-entrada legal) | R$ 2.495,00 (inteira)
Gabriel Ventura anuncia novo disco com o single “Fogos”; ouça!
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O guitarrista, compositor e produtor fluminense Gabriel Ventura apresenta Fogos, single de estreia de seu segundo álbum Pra Me Lembrar de Insistir, com lançamento pela Balaclava Records em abril deste ano. Seu novo trabalho flerta com uma MPB alternativa contemporânea e traz um lado menos experimental de Ventura em relação a seus trabalhos anteriores, como em sua antiga banda Ventre, levando a sonoridades mais leves e sutis. Como artista solo, Ventura já lançou o álbum Tarde (2022) e o EP Sessões de Tenor (2023). Fogos não é uma música explosiva. Ou pelo menos não naquele sentido clássico que poderíamos categorizar uma música. O que estoura aqui, é ternura, dentro de uma melodia que se entrelaça aos pingos cristalinos da harpa, ao violão reconfortante, à tessitura do baixo, pulsados numa bateria quase amorosa, que também nos faz querer ficar e voltar. O clipe, que chega junto com a faixa, se juntou à essa osmose, entregando essa viagem afetuosa no cotidiano, do varal, do quintal, das luzes, sombras e ângulos que por vezes deixamos de ver, e acabam aparecendo principalmente nos olhos talentosos e criativos da Isadora Boschiroli (Direção e Montagem), Raphael Barbanjo (Fotografia) e Alexandre Rozemberg (Produção e assistência). O vídeo é uma realização da produtora Filmes Possíveis. “A música vem também da vontade de me aprofundar em um dos grandes baluartes da música brasileira: o violão, que por si só, já dá uma outra energia reconfortante e conhecida, como reencontrar um velho amigo. E também conta com as colaborações belíssimas da Aricia Ferigato na harpa e Yuri Pimentel no baixo acústico, além de Patrick Laplan na bateria, percussões e produção da faixa comigo”, pontua Ventura.