Entrevista exclusiva | Supercombo conta todos os detalhes sobre o álbum Caranguejo

O Supercombo lançou ontem (15/08) a primeira parte do álbum Caranguejo. O trabalho demorou cerca de um ano para ficar pronto, porém caiu nas graças dos fãs e ativou a curiosidade de pessoas que haviam perdido contato com a banda (leia o review do álbum aqui). Conversamos de maneira exclusiva com Léo Ramos, Paulo Vaz, Carol Navarro e André Dea que deram todos os detalhes sobre o trabalho, incluindo um faixa a faixa com o significado de cada letra. Vocês fizeram um evento com os fãs mais assíduos para a audição do álbum. Como foi ver, em tempo real, a reação das pessoas durante o evento de audição? Léo Ramos: Pô, foi muito lindo. Passamos tanto tempo na caverna com o disco, só a gente escutando e sem saber como o público reagiria. Ver que as pessoas se emocionaram nas mesmas músicas e sentiram o peso das mais pesadas foi muito gratificante. Parece um sonho ver esse trabalho finalmente no mundo, ainda mais naquele momento da audição. Foi muito massa. Sobre esse disco ter ficado guardado um tempo, quanto tempo ele ficou na “caverna”? Léo Ramos: Com certeza mais de um ano. Tentamos primeiro a fórmula do “Remédios” (último disco, lançado em 2023) , todo mundo tocando ao vivo, fazendo jams no estúdio. Algumas músicas nasceram daí, como “Piseiro Black Sabbath” e outras que vão para a parte dois. Depois pegamos material antigo, fizemos umas novas, reunimos 40, 50 músicas. Com a ajuda do Rafael Ramos (produtor e diretor da DeckDisc), filtramos esse repertório e escolhemos o que faria sentido. Aí resolvemos lançar em duas partes. Foi um processo de mais de um ano de pensar, criar e elaborar. E “Piseiro Black Sabbath”? Como tem sido a recepção ao vivo? Léo Ramos: Nossa primeira apresentação dela foi no metrô, com um palquinho na estação, versão acústica roots com o Pindé (André Dea) na vassourinha, eu no violão, Paulinho com teclado. Foi absurdamente incrível. Quando tocamos num festival grande depois, foi ainda mais. A gente já sabia que daria certo. Ela é quase uma isca e o público canta com a mesma força de clássicos como “Sol da Manhã” e “Piloto Automático”. É impressionante. E como foi a participação do Jotta na produção deste álbum? Léo Ramos: O Jotinha a gente já admirava. Ele tem bom gosto nas produções, pós, timbres, perfumaria, que dá um tchan nas músicas. Convidei ele pra colaborar, ele topou e foi além. Ele esteve presente nas gravações com bateria, baixo, guitarra, dava direcionamento quando eu saía. Foi incrível tê-lo com a gente no Caranguejo. A parte dois chega no ano que vem. Vai ter o mesmo número de músicas? Léo Ramos: Vai ter uma a mais, serão oito no total. O nome Caranguejo veio de uma piada interna, mas caiu muito bem para resumir a banda, que sempre buscou várias direções. Vocês chegaram a adaptar letras ou estética visual depois dessa ideia do nome do álbum? Léo Ramos: Um pouco das duas coisas. É como uma massinha de modelar que vai se ajustando. A parte 1 acabou ganhando considerações de identidade na reta final, mexi em letras, visual, mitologia do caranguejo. A parte 2 está ainda mais conectada ao conceito e vai fazer muito sentido com a primeira parte. No release, o Paulo fala “somos uma banda de rock e gostamos de riff de guitarra”. Mas senti uma faceta mais pesada no disco. O que motivou esse peso maior? Paulo Vaz: Quando começamos a conceber o disco, quisemos retomar uma raiz mais pesada, algo presente em Sal Grosso e Amianto. Com Remédios, gravado ao vivo, começamos a tocar diferente. Trouxemos uma bateria mais pesada e um baixo com muito drive, pensando também no ao vivo, que já soa mais agressivo. A reação na audição foi intensa, muitos se emocionaram… A bateria do Pindé é como locomotiva, corpo e força que carregam o disco. Com produção cuidadosa e o Jottinha ao lado, este é o disco mais bem produzido da nossa carreira. E com essa identidade do álbum, mais pesado, denso e produzido, onde ele se situa na evolução da banda? O que vem depois? Léo Ramos: Caranguejo é o disco que soa melhor, mais pesado, denso e grandioso. A gente sempre manteve nossa identidade, mas esse tem muitas camadas, efeitos, perfumaria, ao contrário dos discos mais secos do passado. Gostei tanto do resultado que ainda não sei o que vem depois. Talvez Lagosta ou um Megazord (risos), mas abriu novas portas que certamente vão influenciar produções futuras. Escolhemos aqui a melhor pergunta enviada pelos nossos seguidores. Ela veio do Ivan Gutisan que gostaria de saber o que vocês querem atingir com esse novo álbum, mais produzido. Paulo Vaz: Acho que são duas coisas. Primeiro, entender e agradar o público que já é nosso, mas também alcançar quem ainda não nos conhece. Quando participamos de festivais com outros estilos, percebemos que a aceitação da nossa música é grande. Hoje não existe mais um mainstream único, mas vários. Queremos ampliar nosso público e fazer com que mais gente conheça não só o novo disco, mas também a nossa discografia. É um processo de se estabelecer cada vez mais no cenário e mostrar que cabemos em diferentes universos musicais. Nosso objetivo é atingir também o público do hip-hop, trap, pop, rock, até do sertanejo. Queremos levar o nosso som para quem quiser ouvir, sem nos limitar a um único espaço. Por isso o disco tem contrastes: músicas pesadas como “A Transmissão”, faixas emocionais como “Testa” e misturas rítmicas como “Piseiro Black Sabbath”. A ideia é continuar cativando quem já caminha com a gente, mas também ampliar o alcance e conquistar novos ouvintes. Ping Pong Descontraído: Paulo Vaz: Pra mim, é Kill Bill, tem o sangue, o visual amarelo. É isso. Léo Ramos: Eu vejo A Chegada, do Denis Villeneuve. Uma coisa meio cósmica, quase Lovecraft. André Dea: Eu imagino um filme de um ser vindo de outro lugar, não precisa ser do espaço, mas de um lugar que