Supergrass bota o público para dançar em São Paulo como se não houvesse segunda-feira

Entre idas e vindas nas atividades, a banda britânica Supergrass ficou 19 anos sem vir ao Brasil. Retornou para a apresentação única, no último domingo (31), no Terra SP, em São Paulo. E o repertório não poderia ser melhor: o clássico I Should Coco na íntegra e mais uma seleta lista de hits de outros álbuns. A noite ficou ainda melhor com a abertura do Edgard Scandurra Trio, projeto do guitarrista do Ira! que traz releituras de vários sucessos de sua banda principal. Durante 30 minutos, Edgard Scandurra tocou oito sons do Ira!, com destaque para os hits Flores em Você e Núcleo Base, ambas já na reta final do show. Um curto intervalo de 35 minutos separou o término da apresentação de Edgard Scandurra Trio para o show do Supergrass. Gaz Coombes e companhia chegaram lentamente ao palco, acenaram para o público e já emendaram os três primeiros sons de I Should Coco: I’d Like to Know, Caught by the Fuzz e Mansize Rooster. Imediatamente me senti transportado para 1996, quando o grupo foi uma das atrações da última edição do festival Hollywood Rock. À época, com I Should Coco fresquinho em mãos, o Supergrass entregou um dos melhores shows do evento. Voltando para os dias atuais, diferentemente do que rolou no show da Argentina durante a semana, o Supergrass fez uma sutil e importante mudança no set: tocou o disco na íntegra, mas fora de ordem, mesclando com faixas de outros álbuns. Além de dar mais dinamismo para o show, interromper a sequência do I Should Coco garantiu uma apresentação repleta de surpresas. O superhit do álbum, Alright, por exemplo, que seria a quarta canção, virou a décima do repertório. Gaz Coombes, que segue acompanhado dos membros da formação clássica (Danny Goffey, Mick Quinn e Rob Coombes), conduziu a apresentação com muita qualidade, pouca conversa furada e garantiu um andamento primoroso para o show. Em Sofa (of My Lethargy), Gaz recebeu seu irmão mais novo, Charly Coombes, garantindo um momento ainda mais especial. O caçula mora no Brasil há anos. Responsáveis por trazer alegria, energia pura e improvisos para o britpop, o Supergrass sempre contrastou do cinismo do Blur e da arrogância do Oasis. Agora, com todos os integrantes com mais de 40 anos, a energia adolescente pode ter ido embora, mas o poder de colocar para dançar e se divertir como se não houvesse o amanhã continua com tudo, mesmo com o show rolando em um domingo à noite. Setlist I’d Like to Know Caught by the Fuzz Mansize Rooster Late in the Day Mary She’s So Loose Lose It We’re Not Supposed To Time Alright Strange Ones Sitting Up Straight Lenny Sofa (of My Lethargy) – (with Charly Coombes) Time To Go St. Petersburg Richard III Moving Grace Bis Sun Hits the Sky Pumping on Your Stereo

Fall Out Boy honra posto de headliner no Wanna Be Tour com show incendiário

Fall Out Boy

Um pouco antes da pandemia estourar, Green Day, Weezer e Fall Out Boy anunciaram a super turnê mundial Hella Mega Tour. Obviamente os shows foram adiados e a turnê postergada para 2021-2022, mas nada da América do Sul ser incluída. Agora, três anos após o término da turnê, as três bandas vêm ao Brasil em um curto intervalo, entre o último fim de semana de agosto e o primeiro de novembro. Primeiro a chegar por aqui, o Fall Out Boy foi o grande headliner do Wanna Be Tour, no Allianz Parque, em São Paulo, no último sábado (30). E entregou uma apresentação digna de nome grande no topo do cartaz: telão animado, show pirotécnico, interação ao máximo com o público e uma cacetada de hits. A pirotecnia do Fall Out Boy foi tão grande que ficou difícil distinguir quando era fogo cênico do telão, labaredas de fogo na frente do palco ou Pete Wentz disparando chamas com o seu baixo. Mas nenhum show se sustenta apenas com foguinho. O repertório do Fall Out Boy no Wanna Be Tour foi muito poderoso. Todos os clássicos entraram na apresentação: Sugar, We’re Goin Down, Dance, Dance, This Ain’t a Scene, It’s an Arms Race, Thnks fr th Mmrs, Centuries, entre muitos outros. O Fall Out Boy pode não ter a dimensão de um Green Day, mas aprendeu muito bem como se entrega um show de headliner veterano. O Blog n’ Roll já tinha comprovado isso em Londres, quando assistiu a Hella Mega Tour de perto. Setlist   Love From the Other Side Sugar, We’re Goin Down Grand Theft Autumn/Where Is Your Boy A Little Less Sixteen Candles, a Little More “Touch Me” Uma Thurman Disloyal Order of Water Buffaloes I Don’t Care The Phoenix Dance, Dance Immortals This Ain’t a Scene, It’s an Arms Race My Songs Know What You Did in the Dark (Light Em Up) The Last of the Real Ones What a Catch, Donnie Golden So Much (for) Stardust Thnks fr th Mmrs Headfirst Slide Into Cooperstown on a Bad Bet Centuries Saturday

Com promessa de retorno em 2026, Good Charlotte coloca público para cantar do início ao fim

Good Charlotte

Foram necessários 20 anos para o Good Charlotte retornar ao Brasil. E o local não poderia ser melhor: headliner de um dos palcos do Wanna Be Tour, no Allianz Parque, em São Paulo. Os gêmeos Joel e Benji Madden já retornaram do hiato há dez anos, mas mesmo assim não tinham incluído o Brasil nos planos. Durante o show, reconheceram isso, agradeceram os fãs por seguirem apoiando o grupo, além de confirmar um retorno para 2026. A apresentação teve um início ousado, com o super hit The Anthem. É preciso muita coragem para gastar uma das principais faixas da carreira logo de cara, mas os irmãos sabiam que tinha muito mais guardado para o restante do show. Ao longo da 1h15 que tinha direito, o Good Charlotte também apresentou dois sons do novo álbum, Motel Du Cap, lançado no início do mês. As escolhidas foram I Don’t Work Here Anymore e Stepper. Após The Young and the Hopeless, Joel disse que o Brasil é um país que merece surpresas no setlist. E mandou duas de uma vez, ambas do The Chronicles of Life and Death: uma versão acústica de We Believe e outra de The Chronicles of Life and Death. Já na reta final, o Good Charlotte soltou mais dois petardos para garantir de vez o coração do público: I Just Wanna Live e Lifestyles of the Rich & Famous. Agora é aguardar pelo retorno anunciado por Joel durante o show. Setlist  The AnthemGirls & BoysRiot GirlKeep Your Hands Off My GirlPredictableThe Story of My Old ManThe Motivation ProclamationHold OnI Don’t Work Here AnymoreWonderingLife ChangesThe Young and the HopelessWe BelieveThe Chronicles of Life and DeathStepperLittle ThingsThe RiverDance Floor AnthemI Just Wanna LiveLifestyles of the Rich & Famous

Yellowcard promove viagem no tempo com set repleto de hits

Yellowcard

Com três músicas a menos na comparação com o sideshow que fez na última sexta-feira (29), no Tokio Marine Hall, a banda Yellowcard manteve o nível alto da apresentação, com destaques principalmente para o vocalista Ryan Key e o violinista Sean Mackin. O repertório do Yellowcard foi muito bem escolhido, principalmente por contemplar cinco clássicos do Ocean Avenue, álbum que catapultou a banda para o sucesso.  A introdução do show com a música-tema do filme Top Gun preparou o terreno para uma sequência inicial de três fortes hits: Only One, Lights and Sounds e Breathing. Sem tempo para conversas furadas, Ryan e Sean foram empilhando sucesso atrás de sucesso até chegar ao ápice com Ocean Avenue, que garantiu um dos melhores coros do festival. O novo álbum, Better Days, previsto para outubro, também foi bem recebido pelos fãs, com três canções adicionadas no set. Bedroom Posters, o single mais recente, foi a que teve melhor resposta dentro do festival. Setlist   Only One Lights and Sounds Breathing honestly i Believe Way Away Bedroom Posters Keeper For You, and Your Denial Awakening With You Around Rough Landing, Holly Better Days Ocean Avenue

Patrimônio do emo nacional, Fresno emociona em horário breve no Wanna Be Tour

Fresno

Maior nome do emo brasileiro e quem melhor defende essa bandeira desde o início, a Fresno teve uma segunda oportunidade dentro do Wanna Be Tour, agora em um horário nobre (diferente da primeira edição, quando abriu o evento). Lucas Silveira é a maior referência do público da Wanna Be Tour, atua quase como um embaixador. Como já dito anteriormente, no texto sobre o show do Gloria, o vocalista é presença constante nos feats e também assiste boa parte das apresentações na entrada do backstage. No sábado, durante o show da Fresno, soube conduzir bem o jogo de luzes dos celulares, arrancou muitos aplausos e botou a plateia para cantar junto o tempo todo, fosse nas canções do álbum mais recente, Eu Nunca Fui Embora (2024), ou nos hits nostálgicos, como Quebre as Correntes, Milonga ou Desde quando você se foi. A sensação que passa vendo a Fresno no Wanna Be Tour é que eles têm lugar garantido todos os anos, se quiserem. Ninguém jamais cansaria de ver os caras no palco, ainda mais com a atual formação, com Ana Karina Sebastião no baixo e um saxofone que casou perfeitamente com a proposta atual da banda. A Fresno está em constante transformação, o que renova o interesse e facilita na conquista de novos públicos. Nada de fórmulas velhas e repetidas à exaustão. Setlist   Intro Quando o pesadelo acabar Quebre as correntes Diga, parte 2 Me and You (Foda eu e você) Infinito / Deixa o tempo / Eu sei Onde está? Eu nunca fui embora Eu sou a maré viva Casa Assombrada Se eu for eu vou com você Milonga Desde quando você se foi

Eles estão com tudo! Forfun coloca Allianz Parque para cantar mais uma vez

Forfun

Responsável, de longe, pelo show mais agitado até o entardecer do Wanna Be Tour, a banda carioca Forfun mostrou que ainda tem muita demanda por apresentações. O show foi cantado do início ao fim em uníssono pelo Allianz Parque inteiro. Ficou difícil até para puxar o celular para registrar uma ou outra canção tamanha empolgação dos fãs, que se arriscaram em diversas pirâmides humanas frustradas.  A devoção pelo Forfun não é novidade. No ano passado, quando anunciou uma série de shows após nove anos separados, o Forfun levou 45 mil pessoas para o mesmo Allianz Parque, além de outra apresentação abarrotada no Espaço Unimed.  No Wanna Be Tour, o Forfun jogou seguro e distribuiu hits do início ao fim. Começou com a animada Hidropônica, e finalizou com História de Verão. Se Danilo Cutrim, Vitor Isensee, Nicolas Fassano e Rodrigo Costa tinham alguma dúvida sobre seguir ou não ativos e juntos, certamente não tem mais. Fazer show de headliner no fim da tarde não é para qualquer um. Setlist   Hidropônica Good Trip Dia do alívio Sol ou chuva Minha joia Morada Gruvi quântico Sigo o som Cosmic Jesus Alegria compartilhada 4 A.M. Constelação Karina Cara esperto Costa verde História de verão

The Veronicas empolga só na reta final com hits no Wanna Be Tour

The Veronicas

A dupla australiana The Veronicas, atração do meio da tarde do Wanna Be Tour, provavelmente, foi o único nome que passou longe da aprovação unânime dos fãs. De ambos os lados era possível ver uma movimentação maior dos fãs buscando refeições, bebidas e até um tour pelas ativações do evento. Formada pelas irmãs Lisa e Jessica Origliasso, The Veronicas teve um início de carreira bem promissor com o álbum Hook Me Up (2007), produzido por John Feldmann (Goldfinger) e que trouxe o super hit Untouched. Hook Me Up, aliás, foi a base do repertório, que ainda contou com uma releitura de Love is a Battlefield, de Pat Benatar, e Jungle, do álbum mais recente da dupla, Gothic Summer, de 2024. Para os fãs brasileiros vale mencionar uma passagem da trajetória da dupla, que contou com Jungle George, ex-vocalista da banda punk paulistana Holly Tree, como um de seus membros de apoio, no início da década passada. Setlist  Take Me on the FloorWhen It All Falls ApartEverything I’m NotHook Me UpLove Is a Battlefield (Pat Benatar)You Ruin MeIn My BloodLolitaJungle4everUntouched

Dead Fish passeia pela discografia em show repleto de circle pits

Dead Fish

Veteranos do hardcore brasileiro, a banda capixaba Dead Fish mudou completamente o clima do Wanna Be Tour. Saiu o som dançante do The Maine, entrou a porradaria repleta de críticas políticas e sociais. O vocalista Rodrigo Lima, único membro da formação original, reina sozinho no protagonismo. Conduz a massa como poucos e não dá descanso, mandando uma pedrada sonora atrás da outra. Na ativa desde 1991, o Dead Fish não se esconde no que defende: “sobrevivemos a uma pandemia assassina e um governo neonazista”, proclamou Rodrigo antes de puxar a música Autonomia. O set também trouxe alguns clássicos como Zero e Um, Bem-vindo ao Clube e Sonho Médio, que fechou a apresentação com o tradicional grito do público: “ei Dead Fish, vai tomar no cu!”. “Nunca imaginei que fosse ficar feliz com um grito desse”, brincou Rodrigo antes de sair de cena. Setlist   A urgência Tão iguais Queda livre Asfalto Dentes amarelos 49 Sombras da caverna Zero e um Venceremos Bem-vindo ao clube Autonomia Didático Você Contra todos Proprietários do terceiro mundo Afasia Sonho médio

Vocalista boa praça rouba a cena em show dançante do The Maine no Wanna Be Tour

The Maine

A maior surpresa do festival veio logo após o Story of the Year: The Maine. A banda do Arizona, nos Estados Unidos, nunca havia prendido minha atenção, mas confesso que o show tornou ela muito mais interessante.  A boa curadoria de canções somada com o carisma de um vocalista muito extrovertido deixou tudo mais fácil. John O’Callaghan é daqueles frontman que faz o show passar tão rápido que você reclama quando acaba pensando que eles tocaram menos que os outros. A apresentação teve início com Touch, último single divulgado pela banda e parte de uma coletânea de faixas que não foram aproveitadas nos álbuns anteriores, Dyed (2008-2023), lançado em janeiro. A sequência dançante do The Maine veio com a ótima Don’t Come Down, a vibrante Numb Without You, além de Like We Did (Windows Down). Durante todo o show, John fez questão de manter uma conexão completa com os fãs. Aceitou um chapéu descolado de um fã, atendeu pedidos da plateia, fez amizade com o cinegrafista brasileiro que estava captando apresentação para o telão, entre outras coisas. Já na reta final recebeu dois fãs, um para cada música. Sim, o show do The Maine virou um karaokê, mas ninguém reclamou. Pelo contrário, o vocalista atraiu novos fãs e certamente verá sua fanbase crescer no Brasil após a passagem pelo Wanna Be Tour. Pra quem não conhecia o som ainda, vale mergulhar na discografia completa. Oito dos dez discos foram bem representados no set equilibrado, que trouxe entre uma ou duas músicas de cada trabalho de estúdio. Setlist   Touch Don’t Come Down Numb Without You Like We Did (Windows Down) Sticky Everything I Ask For Dirty, Pretty, Beautiful Am I Pretty? Girls Do What They Want Loved You a Little Blame Black Butterflies and Déjà Vu