Weezer rouba a cena com show curto, mas repleto de hits na estreia do Índigo, no Ibirapuera

Com exceção do King Gizzard & the Lizard Wizard, nenhuma banda de médio ou grande porte tem a produção mais ativa que o Weezer no mundo. A banda norte-americana, responsável por fechar a primeira edição do Índigo, no domingo (2), no Parque Ibirapuera, em São Paulo, lançou 15 álbuns e nove EPs em 30 anos de carreira. Aliás, quatro desses EPs apenas em 2022. Dito isso, o Weezer teria condições de fechar seu próprio festival tocando sua infinidade de hits por horas, mas eles conseguem fazer uma curadoria acertada e entregaram um pouco de tudo em 1h10 de show. Sim, provavelmente um dos menores shows de headliner da história recente de festivais no Brasil. Nada disso, porém, desanimou o público. Celebrando os 30 anos do Blue Album, o disco de estreia, River Cuomos e companhia tocaram oito das dez faixas do debute. Sem respeitar a ordem das canções, a banda intercalou seus primeiros hits com sucessos de outros trabalhos, garantindo surpresas e reações efusivas na plateia. Na pista, muita gente reclamava do som baixo ou abafado, mas nitidamente foi uma escolha da banda, com o objetivo de deixar tudo audível. E realmente conseguiram. My Name Is Jonas, do Blue Album, abriu a noite. Telão e iluminação avisaram o público quando faixas do disco de estreia seriam tocadas. A predominância azul não deixou ninguém com dúvidas nesses momentos. River Cuomos não é muito de falar, prefere aproveitar o tempo empilhando hits. Incluiu Dope Nose, Perfect Situation, Hash Pipe, Beverly Hills e Island in the Sun, só para citar alguns dos principais sucessos. Nos poucos momentos que se comunicou com os fãs, Cuomos ainda tentou arriscar o português, disparando um “bom dia”, que arrancou gargalhadas do público. Uma curiosidade da formação que veio ao Brasil estava na bateria. Josh Freese, ex-Foo Fighters e atual Nine Inch Nails, reassumiu as baquetas, enquanto o antigo dono da posição, Patrick Wilson, voltou para a guitarra. Confesso que essa mudança de última hora me deu esperança de ouvir faixas do álbum Raditude (2009), sempre esquecido pela banda nos shows. Mas seguiu sendo ignorado. Só para informação, Josh Freese gravou algumas das canções desse disco, que reúne clássicos como (If You’re Wondering If I Want You To) I Want You To, I’m Your Daddy e Put Me Back Together. A curta duração do show, que teve apenas uma canção no bis, Buddy Holly, não frustrou o público, mas deixou um gostinho de quero mais. Se o Weezer batesse cartão anualmente por aqui, o público entenderia que o próximo show seria bem diferente. Mas a realidade é outra. Vamos ver se muda, apoio do público não faltou. Setlist BLOC PARTY Dezessete anos se passaram desde a fatídica última vez do Bloc Party no Brasil. Em 2008, o grupo havia deixado uma péssima imagem depois de uma apresentação desastrosa no VMB, com direito a playback descarado. Pouco mais de um mês depois desse episódio, ainda retornou para o Planeta Terra, mas ainda enfrentava reflexos da resistência pós pataquada no evento da MTV Brasil. Agora, o cenário é completamente diferente. O vocalista Kele Okereke, um dos poucos frontmen negros do rock alternativo assumidamente gay, está em ótima fase, super empenhado em entregar o seu melhor e cantando bem (sem playback). Focou o repertório no excelente Silent Alarm (2005), álbum de estreia do Bloc Party, enfileirando hit atrás de hit. Aproveitando o fato de estar com o público na mão, dançando e cantando os maiores sucessos, Kele ainda incluiu Traps, faixa do álbum mais recente da banda, Alpha Games (2022). MOGWAI Veterana do post-rock, a banda escocesa Mogwai usou seu álbum mais recente, The Bad Fire (2025), como base para o show no Índigo. A apresentação foi morna, mas deixou o público completamente vidrado no palco. O guitarrista e vocalista, Stuart Braithwaite, e o guitarrista e pianista, Barry Burns, comandaram as ações no palco. Apesar do set ser quase todo instrumental, como boa parte da discografia da banda, Stuart incluiu alguns sons com vocais. Com uma bandeira da Palestina fixada em um dos amplis, atrás de Stuart, o Mogwai tocou por quase 50 minutos e foi a banda que mais concentrou público na frente do palco até o fim da tarde no Índigo. JUDELINE Um peixe fora d’água. Dessa forma podemos resumir a apresentação de Judeline no Índigo. A cantora e compositora espanhola, de 22 anos, casaria perfeitamente com o lineup do Primavera Sound, mas ficou um pouco deslocada entre as atrações da primeira edição do Índigo. Com uma sonoridade pop misturada com influências de flamenco e sons árabes, Judeline contou com a participação de um bailarino durante todo o show. Aliás, o dançarino estava em uma sintonia, Judeline em outra. Um dos momentos mais interessantes da apresentação foi no dueto com a mineira MC Morena em Tú Et Moi, que conta com um batidão de funk carioca. Antes de convidar a brasileira para o palco, Judeline falou com muito carinho sobre a MPB, destacando Gal Costa e Caetano Veloso como influências. OTOBOKE BEAVER O Otoboke Beaver foi a mais grata surpresa da temporada. O grupo japonês tem uma energia incrível no palco e conquistou o público rapidamente com o seu punk fofo e cheio de mensagens importantes. Natural de Kyoto, o Otoboke já havia feito um show de alto nível no Cine Joia, dois dias antes, arrancando elogios do público, imprensa e artistas. Vale destacar que elas já foram elogiadas publicamente por Jack White, Dave Grohl, Eddie Vedder e Slash. Super Champon (2022), álbum mais recente do quarteto, foi a base do show, que teve presenças destacadas da vocalista Accorinrin e da guitarrista Yoyoyoshie, ambas conversando com bastante frequência com o público. Em um dos momentos, pediram ajuda dos fãs para aprender a falar “tarado” em português, mas não tiveram sucesso na tentativa. Com vestidos floridos e caprichando nas caras e bocas, as integrantes mostraram que o rock japonês está muito bem representado. Vamos torcer por mais visitas por aqui. Foi a banda que mais levou fãs para a
ARTIGO | Como a Budang virou minha nova banda preferida

Oi, meu nome é Willian Portugal. E para quem não me conhece, trabalhei quase oito anos no jornalismo musical independente no Music Wall e aqui mesmo no Blog N’ Roll. A minha motivação para cair de cabeça nesse mundo foi ter a oportunidade de falar da maneira que quisesse, sobre as bandas que já gostava. Mas o que acabei dando conta, é que a parte mais legal era poder descobrir bandas que não tinha contato, com suas sonoridades únicas. E isso foi o meu grande combustível. Me sentia uma criança brincando de Hunter Thompson na frente do meu PC. Mas, como nem tudo são flores, com a carga acumulada por trabalho, faculdade, relações e obrigações domésticas, perdi um pouco desse tesão. Bom, isso até dar de cara com a Budang. Isso aqui poderia ser uma resenha sobre o primeiro álbum da banda, mas teria tanta coisa para falar sobre o quarteto do HC da Magia, que acharia muito pouco falar apenas do lançamento. A primeira vez que eu ouvi falar sobre essa mulecada (falo assim porque presumo que eles sejam bem mais novos do que eu) foi através dos stories no Instagram de Fábio Mozine, o patrono da Läjä Recörds e visconde da cidade de Vila Velha/ES. E logo de cara já me chamou a atenção, mesmo antes de ouvir o som. As artes psicodélicas de cores chapadas, muitas delas que me lembraram peças hinduístas ou xintoístas. O próprio nome da banda é algo totalmente maluco e único, me lembrou bastante o cigarro indonésio Gudang Garam. Pesquisei algo relacionado a palavra Budang, e a única coisa que encontrei foi uma palavra em tagalog (um dos idiomas falados nas Filipinas) utilizada como superlativo de adjetivos (ex: “extremamente”, “muito”, etc). Porém, segundo o guitarrista Vinícius Lunardi e o baixista Pedro Sabino (mais conhecido como Pit) em participação no podcast Neo Rock Brasil, cada hora os integrantes inventam uma mentira diferente sobre essa origem, e de onde veio esse nome. E isso diz muito sobre a criatividade da banda. Para quem ainda não conhece a Budang, fica o aviso. Tudo que eu já falei acima formam elementos únicos, mas que enquanto fazem contrapontos entre si, se complementam de maneira extremamente homogênea. Apesar da estética mencionada, ao ouvir seu som, não espere nada perto do gratiluzismo e esoterismo barato, pelo contrário (recomendo escutar “Gratiluz 171” do EP “Astrologia, Destino & Salmos“). O som da Budang me lembrou uma mistura de muita coisa, e diversas vertentes do hardcore/punk. Umas paradas meio Suicidal Tendencies, Excel, mas com uma pitada de Circle Jerks, Black Flag e em alguns momentos, uns vocais totalmente Jello Biafra das idéias. Os próprios integrantes dizem que são influenciados pelas bandas da cena de Baltimore, principalmente pelos primeiros anos do Turnstile, mas como não conheço tanto, vou ser honesto e não vou usar essa carta no texto. Outra coisa que me chamou a atenção foi a personalidade que a Budang tem nas suas letras. Aqui falo sem querer farpar ninguém. Acredito que tem espaço para todo mundo, e deve ter, mas nos últimos anos sinto que uma parte das bandas de punk/hardcore caíram uma paumolescência lírica que me incomoda. Às vezes, sinto que escuto músicas que saíram de algum perfil que compila frases do Leandro Karnal ou da Monja Cohen. E não falo “paumolescência” no sentido de virilidade masculina, longe disso. Quer dizer, vivemos em um mundo onde a escala 6×1 é realidade, direitos trabalhistas estão cada vez mais escassos, tudo absurdamente caro, o cristianismo pentecostal ditando nossas vidas, thetahealing, constelação familiar, ozônio no cu, caos, destruição, enfim. Mas como poucas bandas tocam nesses pontos com tudo isso acontecendo? Os temas que a Budang aborda em suas músicas são 100% contemporâneos. E já aí falando do primeiro álbum da banda, Magia já começa com Mágica falando exatamente de chefe xarope folgado, rotina de trabalho cretina com gente te ligando no domingo para saber de projeto, condições de trabalho inacreditáveis baseada no “se vira”. E as críticas da banda seguem ao longo do play, passando pela apatia digital na qual pessoas se apegam à futilidade nas redes (Tempinho Bom), e as passadas de pano midiáticas para o manifestações golpistas (Bolsonanny). Tudo isso sem medo de utilizar de sarcasmo e sátira. Mas o que me pegou de vez na Budang foi a dobradinha Magia/Budangól. Algumas pessoas que eu apresentei esses sons reagiram de maneira comum: “Nossa, não dá para entender nada — Não entendi nada do que eles estão falando — Que idioma é esse?”. E é justamente ISSO que me fez me apaixonar pela banda! Aqui, a Budang se afirma como um quarteto legitimamente da região que veio. As gírias, piadas internas, maneirismos e expressões gritam Florianópolis, porém sem soar chauvinista ou bairrista, pelo contrário. A Budang finca sua bandeira de resistência à tudo isso, mostrando a cultura marginal local, e que Santa Catarina tem muito sim a oferecer. Por conta da Budang, hoje sei o que é a bernúncia e o que é chataria. E sobre os comentários de que “não dá para entender”, ao meu modo de ver, diz muito mais sobre como estamos acostumados a consumir arte. Naturalmente, achamos que “arte boa” é o que nos agrada, porém, particularmente e humildemente discordo disso. Fosse assim, não existiriam obras de suspense, terror. A arte é para nos desconfortar e confundir também. Ou como a própria Budang disse em um tweet recente: “Arte é para incomodar e fazer do teu jeito. Quer fórmula e regra, vai estudar física.” Na semana que vem, a Budang virá ao estado de São Paulo para se apresentar na La Iglesia (SP) que já deu sold out, Piracaia no Sábado, e na minha querida Santo André, no 74 Club. Show que eu espero muito poder ver de perto, se ainda tiver ingresso na porta e o Carlinhos me deixar entrar. Ingressos é só clicar aqui. Ouçam a Budang agora mesmo em todas as plataformas de streaming, os sigam nas redes sociais, comprem o seu merch e compareçam
AC/DC confirma show único no Brasil; confira data e local

O AC/DC está de volta ao Brasil! A turnê Power Up, nomeada em homenagem ao mais recente álbum de estúdio da banda, contará com quatro apresentações no Brasil, Argentina, Chile e México. No Brasil, o show acontece no dia 24 de fevereiro de 2026, em São Paulo, no MorumBIS. Esta etapa da turnê Power Up levará a banda a alguns dos maiores estádios do continente. Os ingressos para o show estarão disponíveis nesta sexta-feira (7). No Brasil, os ingressos, que podem ser adquiridos em até 6x sem juros, estarão disponíveis às 10h online. Mais informações sobre preços e bilheteria oficial serão divulgadas em breve. O AC/DC realizou seu primeiro show em 31 de dezembro de 1973 no Chequers Nightclub, em Sydney, Austrália. Eles se tornaram uma das bandas mais influentes da história do rock, com mais de 200 milhões de álbuns vendidos mundialmente. O álbum Back In Black é o “álbum mais vendido de todos os tempos por uma banda” e o “terceiro álbum mais vendido da história por qualquer artista”, com mais de 50 milhões de cópias comercializadas e contando. O AC/DC foi introduzido no Rock and Roll Hall of Fame em 2003. A banda continua lotando estádios em vários continentes, vendendo milhões de álbuns anualmente e acumulando bilhões de streams. Para celebrar seu longo reinado como a maior banda de rock and roll do mundo, o AC/DC – Angus Young (guitarra solo), Brian Johnson (vocal), Stevie Young (guitarra base), Matt Laug (bateria) e Chris Chaney (baixo) – está de volta aos palcos para se apresentar para sua legião de fãs dedicados, que cresce a cada ano. AC/DC NO BRASIL POWER UP TOUR Datas da turnê Power Up: Terça, 24 de fevereiro, São Paulo, Brasil – Estádio do MorumBIS Qua, 11 de março, Santiago, Chile – Parque Estádio Nacional Segunda, 23 de março, Buenos Aires, Argentina – Estádio River Plate Terça, 7 de abril, Cidade do México, México – Estádio GNP Seguros
Skizorama lança álbum de estreia, ouça Skizochaos

A banda paulistana Skizorama lançou nesta segunda-feira (3) seu primeiro álbum, intitulado Skizochaos, composto por dez faixas que abordam temas cotidianos e sociais com visão crítica e direta. Segundo Crica, baixista e vocalista da banda, “o disco é permeado por questões relevantes — o caos da cidade, a saúde mental, a desigualdade social e as consequências da ditadura militar que respingam até hoje na nossa política”. Produzido por Diego Rocha no Bay Area Estúdios, o álbum foi desenvolvido de forma totalmente independente. Crica destaca que o trabalho é fruto da sintonia entre os três integrantes banda, que conta ainda com Tio (guitarra e voz) e Cavera (bateria e voz). “O disco é totalmente pensado, feito e executado por nós”, completa. A faixa escolhida para divulgar o álbum é Holiday in DOPS, que aborda o período da ditadura militar no estado de São Paulo. Crica comenta que a banda se inspirou em bandas conhecidas por tratarem de temas políticos com ironia e contundência: “Podemos citar como grande referência o Dead Kennedys, que tem longa trajetória com músicas que tratam desse mesmo tema em outros lugares do mundo”. Formada em 2019, em São Paulo, a Skizorama nasceu da amizade entre três músicos do cenário alternativo. O início da pandemia acabou interrompendo os planos do grupo, mas agora a banda retoma suas atividades com o lançamento do álbum. “Começamos pouco antes da pandemia, o que acabou atrapalhando um pouco os planos. Tivemos que pausar o projeto e ter força e paciência para aguardar a retomada”, relembra a baixista. Com um som que transita entre o punk rock e o hardcore, a Skizorama cita influências como Misfits, Cramps, Exploited, Motörhead, Cockney Rejects, Ramones e Cólera. Para Crica, o diferencial do trio está em sua postura: “O ponto forte é seguir fazendo aquilo que acreditamos, sem buscar rótulos ou aprovação. Skizorama é um projeto maduro, com músicos experientes no cenário alternativo e com forte posicionamento político e social. Não é só pela música”. Tio acrescenta que enxerga a arte como uma garantia de sanidade, necessária para transformação subjetiva. “Nós três temos profissões articuladas a arte e sobretudo à música, para nos inserir politicamente e culturalmente na maneira que somos, sentimos e pensamos. E a cultura é essa dimensão estética e simbólica da existência humana. Então, tocamos também para sobreviver em meio a esse caos real”, conclui.
Florence + The Machine lança Everybody Scream; ouça!

O tão esperado novo álbum de Florence + The Machine, intitulado Everybody Scream, já está disponível. Escrito e produzido em colaboração com um seleto grupo de parceiros criativos, entre eles Mark Bowen (Idles), Aaron Dessner, Mitski, Danny L. Harle e Dave Bayley (Glass Animals), o sexto disco de Florence Welch traz as três faixas já lançadas anteriormente, Everybody Scream, One of the Greats e Sympathy Magic. Florence sairá em turnê pela América do Norte em 2026, com início em abril e shows marcados no Madison Square Garden e no Barclays Center, em Nova Iorque, além de duas noites no Kia Forum, em Los Angeles, entre outras datas. A turnê segue as apresentações previamente anunciadas pela Europa e Reino Unido, também em 2026.