Do Morumbis à Fórmula 1, Linkin Park coloca o rock como protagonista em São Paulo

O Linkin Park voltou a São Paulo para provar que a nova fase é muito mais do que um simples revival momentâneo. A banda lotou o Morumbis com 68 mil pessoas e foi protagonista do GP Brasil de Fórmula 1 em Interlagos, com Mike Shinoda dando a bandeirada. Poppy faz bom show de abertura, porém é fria com os fãs A cantora Poppy foi a escolhida para abrir os shows do Linkin Park em toda a América do Sul. Após um elogiado show solo no Cine Joia, ela perdeu apenas a oportunidade de entender melhor como funciona um show no Brasil para angariar mais fãs. Por ser um público apaixonado, a cartilha mostra que o brasileiro reage melhor com artistas que interagem com os fãs. Mesmo com um show muito bem executado e uma banda habilidosa, Poppy entrou e saiu de maneira fria do palco. Com um tempo curto de palco, o setlist contou com oito músicas, sendo seis focadas nos álbuns I Disagree (2024) e Negative Spaces (2020). Completaram a noite V.A.N., música colaborativa com o Bad Omens, e Scary Mask do EP Choke (2019). Linkin Park foca em Mike Shinoda e consolida nova fase Mesmo com a garoa fina que caiu sobre São Paulo, o Linkin Park voltou à São Paulo sabendo que o público estava na mão e o jogo estava ganho. A presença de fãs de diferentes gerações ficou evidente: quem descobriu a banda no início dos anos 2000 pôde reviver clássicos entendendo a nova fase e o papel da Emily Armstrong em sua retomada. Já quem chegou mais tarde e virou fã através da nova fase, vibrou com as novas músicas. É impossível dissociar esse show do momento de reinvenção que a banda atravessa. Em pouco mais de um ano, foi um turbilhão que remontaria uma história de uma década: a volta, troca de vocalista, o nariz torcido de uma minoria de fãs que não aceitam a nova fase, álbum novo, versão deluxe e participações de sucesso em festivais e intervalo da Champions League. Emily mostrou mais conforto e familiaridade com o repertório antigo, soando estar muito mais à vontade e com menos peso nas costas de executar as canções da fase Chester. A abertura se deu com uma dobradinha do álbum Meteora com “Somewhere I Belong” e “Lying From You”, simbolizando um resgate imediato do DNA da banda. A sequência “Up from the Bottom” e “New Divide”, sucesso do filme Transformers, preparou terreno para “Emptiness Machine”, uma das músicas que foi cantada mais alto neste sábado e que encerrou o primeiro ato. No entanto, o segundo ato mostrou uma queda de rendimento. A aposta em deixar hits como “Crawling” e “Giving Up” de fora para incluir duas músicas do Fort Minor, de Mike Shinoda, mostram que o líder queria reforçar seu protagonismo. Carismático, ele foi para a galera e protagonizou um momento fofo ao trocar de boné com uma fã mirim. O único grande hit desta parte foi “One Step Closer”, que contou com a já esperada participação de Poppy. Com um espaço curto, o ato 3 contou com apenas com três músicas com as baladinhas Lost e Good Things Go, que prepararam terreno para What I’ve Done. Houve também espaço para um momento inusitado: a banda parou o show para uma brincadeira de chá revelação a pedido de uma fã grávida. Quando Emily anunciou “It’s a girl”, o Morumbis comemorou e tremeu como se fosse um gol do São Paulo. Logo depois, o ato 4 dedicou espaço para hits como “Numb”, “In the End” e “Faint”, trazendo de volta o público ao catarse com sinalizadores acesos no estádio e clima de coro e choros coletivos. Uma pausa ensaiada e o bis contou com “Papercut”, “Heavy is the Crown” e “Bleed it Out” que, para mim, funciona muito mais como encerramento do que “Faint”, a escolhida em outros setlists. Por fim, o show do Linkin Park focou em “From Zero”, com 9 músicas, e prova que a banda não soa só como um simples recomeço sem memória, mas como afirmação de que legado e renovação podem conviver. Linkin Park e Poppy voltam ao palco nesta terça para encerrar a turnê brasileira em Brasília. Confira abaixo os setlists completos dos dois shows. Setlist da Poppy Setlist do Linkin Park Fotos por Kelin Gnoatto/Brazil News
Cap’n Jazz faz show histórico em São Paulo no esquenta para o Balaclava Fest

Ícone do emocore e do indie rock dos anos 1990, a banda americana Cap’n Jazz realizou, na noite de sábado (8), um show inesquecível no Cine Joia, em São Paulo. O evento integrou o aquecimento para a 15ª edição do Balaclava Fest e contou com a banda Marrakesh na abertura. Com uma trajetória marcada pela energia punk, vocais intensos e letras confessionais, o Cap’n Jazz reuniu em peso a velha guarda do emocore, mas não apenas ela. Curiosamente, a banda, que teve uma carreira curta e lançou apenas um disco nos anos 1990, conquistou também uma legião de fãs na faixa dos 20 anos, que lotaram a pista, garantiram a energia das rodas punk e cantaram junto com o grupo, provando que a música realmente transcende gerações. Um verdadeiro clima de união que só o punk rock é capaz de proporcionar. Em sua primeira apresentação no Brasil, não poderiam faltar clássicos como Little League, In the Clear e Oh Messy Life, que teve efeito catártico e levou várias pessoas ao palco. Emocional e caótico, o show foi marcado pela intensidade e pela conexão entre banda e plateia. O vocalista Tim Kinsella, além de permitir que fãs subissem ao palco livremente, entregava o microfone a eles diversas vezes, arremessava a meia-lua para o público, que sempre devolvia, e interagia o tempo todo com quem estava no front. Os moshs e stage divings também foram frequentes durante toda a apresentação, e não apenas por parte do público. O próprio Tim mergulhou diversas vezes nesse mar de gente, inspirando até Mike Kinsella a largar as baquetas e se atirar na plateia. Fundamental na formação musical de muitos e influência direta de diversas bandas nacionais e internacionais que marcaram a adolescência de uma geração, o Cap’n Jazz proporcionou uma noite histórica para a Balaclava Records e para todos os presentes. Edit this setlist | More Cap’n Jazz setlists A abertura ficou por conta da Marrakesh, banda de Curitiba que está na estrada desde 2014 e acaba de lançar seu primeiro álbum em português. O grupo fez um show curto, mas cheio de personalidade, marcado por uma estética grunge com influências de shoegaze e indie rock, conquistando especialmente o público mais jovem. Vale destacar a homenagem a Lô Borges, com uma bela versão de Girassol na Cor dos Seus Cabelos.
Billy Idol apaga má impressão do Rock in Rio e entrega show de alto nível em São Paulo

Prestes a completar 70 anos, Billy Idol voltou ao Brasil disposto a apagar a má impressão deixada no Rock in Rio 2022, quando errou a entrada de algumas canções clássicas e pareceu perdido no palco. Na noite de sábado (8), no Vibra, em São Paulo, Billy Idol mostrou que tem muita lenha para queimar e deixou uma impressão muito melhor. Divertido e à vontade, Billy Idol está em ótima forma. Manteve o set quase intacto da It’s a Nice Day to… Tour Again!, fazendo pequenas alterações. As novidades, na comparação com os últimos shows, foram o cover Love Don’t Live Here Anymore, de Rose Royce e regravada por Madonna em Like A Virgin, como foi lembrado pelo artista, além de Gimme the Weight, tocada pela primeira vez ao vivo. A faixa faz parte do álbum mais recente de Billy Idol, Dream Into It, lançado em abril. Por falar em Dream Into It, outras quatro faixas do disco foram tocadas: Still Dancing, que abriu o show, People I Love,Too Much Fun e 77, gravada com Avril Lavigne. Mas foi no mergulho nos anos 1980 que Billy Idol emocionou o público. Incluiu tudo que era esperado por eles: Cradle of Love, Flesh for Fantasy, Eyes Without a Face, Mony Mony, Ready Steady Go, Rebel Yell, Dancing With Myself e White Wedding, as duas últimas já no bis. Uma coisa muito legal da apresentação foi o tom “VH1 Storytellers” que Billy Idol deu. Contou muitas histórias antes de cada música. Nada cansativo ou arrastado, garantiu uma conexão boa para os sucessos. Antes de Rebel Yell, por exemplo, lembrou a origem do batismo da música, tal como já havia feito no VH1 em 2001. Segundo Billy Idol, ele estava em uma grande festa com Mick Jagger, Keith Richards e Ron Wood quando encontrou a inspiração necessária. “Todos eles estavam bebendo uma garrafa com uma coisa marrom, e era uma garrafa grande. Então, pensei: O que é isso que estão bebendo? E vi no rótulo um cavaleiro cavalgando, era um cavaleiro de guerra, e vi a inscrição Rebel Yell”. Outros pontos a destacar da apresentação são as presenças das backing vocals, Kitten Kuroi e Jess Kav, que roubam a cena com vários highlights. O lendário guitarrista Steve Stevens, parceiro antigo de Billy Idol e com contribuições marcantes para Michael Jackson e Michael Monroe, é personagem central do show. Além das várias interações com o cantor, ainda apresenta a música-tema do filme Top Gun, composta em parceria com Harold Faltermeyer. Para quem não conseguiu ir ao Vibra, Billy Idol ainda faz mais um show no Brasil, na próxima quarta-feira (12), na Arena da Baixada, em Curitiba. Edit this setlist | More Billy Idol setlists Supla O esperado encontro de Supla e Billy Idol no palco não rolou, mas o Papito entregou um show muito bom. Soube aproveitar os 50 minutos disponíveis para misturar hits de sua carreira autoral com uma espécie de karaokillers, com várias versões punks de clássicos do rock. Na parte autoral, Supla cantou faixas como Cenas de Ciúmes, Encoleirado, Japa Girl, São Paulo, Humanos e Garota de Berlim. Já entre os covers, Supla tocou Imagine (John Lennon), I Wanna Be Your Man e She Loves You (Beatles), além de Stand By Me (Ben E. King) e Let’s Dance (David Bowie). Em I Wanna Be Your Man, aliás, Supla foi para a bateria, tal como faz no projeto paralelo Brothers of Brazil, em parceria com o seu irmão, João Suplicy. Acompanhado de sua banda, Punks de Boutique, Supla abusou dos gritos e dancinhas. Vale destacar que a banda é muito boa e estilosa, lembrando o Holly Tree, saudosa banda de pop punk de São Paulo, que gravou o álbum Charada Brasileiro, em 2001, com o Papito. O Punks de Boutique é formado por Ale Iafelice (bateria), Henrique Cabreira (guitarra) e Edu Hollywood (baixo).