Desde que o Lollapalooza chegou ao Brasil, todo ano, os comentários são os mesmos: “Nossa, mas ninguém conhece essas bandas que vão tocar. Quem são essas bandas? Blablablabla”. Mas olha só, gente, até para abrir a boca para destilar o nosso ódio, nós temos que entender a proposta do festival. E para entender melhor, a história do Jane’s Addiction e de Perry Farrell se misturam com a do Lollapalooza.
https://www.youtube.com/watch?v=Z0hFQdEUQKM
Quando o abuso das drogas estava bombando dentro da banda, Perry Farrell sentando a mão nos integrantes por motivos de DESCUBRA, o Jane’s Addiction resolveu parar em 1991, e para isso fazer uma última tour. Surgiu daí o Lollapalooza, que ainda contou com Nine Inch Nails, Rollins Band, Living Color, Siouxie & The Banshees, entre outros.
Note que são bandas conhecidas hoje, porém, na época não tinham um nome tão desenvolvido no mainstream mundial.
No ano seguinte e após a dissolução da banda de Farrell, a tour continuou, mas em formato de festival, um festival móvel. Nessa edição já contava com bandas mais conhecidas, como o Red Hot Chili Peppers e Pearl Jam, mas o festival ainda focava em bandas “desconhecidas” da época, como Basehead, Seaweed, Café Tacuba e outros.
Os anos passaram e muita coisa mudou de 25 anos para cá, inclusive as bandas, o público e principalmente a logística, que inclui também a famigerada publicidade.
Esse ano teremos nomes gigantes como Metallica, Duran Duran, Rancid e Strokes, nomes já tradicionais da música, e bandas desconhecidas e nem tão desconhecidas assim. Citarei três delas aqui.
The xx:
Alguns chamam isso de dream pop, mas de fato, o The xx é uma das bandas de maior representatividade no cenário indie mundial. Na ativa desde 2005, o trio britânico tem três discos na bagagem e toca no sábado, antes do Metallica. Sonzinho agradável para se colocar, tomar umas brejinhas e dançar com os crush.
Cage The Elephant:
Se tem uma banda de hipster que AMO, ela é o Cage The Elephant. Vindo ali do Kentucky, a banda bebeu da fonte do blues e do folk, mas misturou tudo isso com uma personalidade única, algumas rimas e melodias um tanto quanto malucas. Eles já vieram aqui para o Brasil, duas vezes no próprio Lollapalooza (2012 e 2014), e o vocalista Matt Schultz deu um verdadeiro show.
Em algumas apresentações de 2011, a banda também contou com a participação de ninguém menos que Dave Grohl na bateria. Discos que você tem que procurar da banda são Cage The Elephant (2008) e o Melophobia (2013).
Glass Animals:
Quem está jogando FIFA 17 com certeza não consegue tirar essa música da cabeça. Um trip-hop evoluido com melodias marcantes e riffs de guitarra que te fazem balançar a cabeça no ritmo, esse é o Glass Animals. A banda tem apenas cinco anos na ativa e dois discos, mas com certeza, é um nome para ficar de olho.
Durante os anos, o festival gera bastante controvérsia sobre sua montagem e proposta. Steve Albini (músico e produtor) por exemplo já disse que o festival é “um exemplo claro da invasão corporativa do que supostamente seria o underground”, e que “se bandas como Fugazi, Melvins e Jesus Lizard se apresentassem no festival, pessoas com vanguarda musical de fato estariam em um festival independente”. Embora Melvins e Jesus Lizard já tenham se apresentado por lá.
Mas o que temos que colocar nas nossas cabecinhas são três coisas:
1 – A música mudou muito, e o formato que está sendo apresentado nos dias de hoje é esse. A nova geração procura exatamente essas bandas que estão aí no line up, por algum motivo que nós, velhos caquéticos e carrancudos, nunca vamos entender. Ou talvez vamos, pois afinal, nossos pais odiaram o Nirvana, certo?
2- O festival nunca fugiu da proposta. Hoje, a gente já conhece o Rage Against The Machine, mas quando eles tocaram a primeira vez em 1900 e bolinha, ninguém sabia quem eram eles. E também, aposto que tinha um ranhetão lá para meter o pau em quem fazia hardcore com rap.
3 – Embora possamos conhecer diversas bandas e artistas que estão aí sei lá quantos anos e sejam extremamente talentosos, a exposição de outros que não sejam eles não é um crime. A música é um tipo de arte tão amplo, com uma parede gigantesca, que tem espaço para todo mundo ir lá e colocar o seu quadro. Mas isso é um outro assunto, que ficará para a semana que vem.
1 Comment
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Fabio Vasconcelos
2 de maio de 2017 at 09:53
Muito boas as dicas, vou colocar em prática ainda hoje