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O dia em que a música morreu

RICARDO AMARAL

No dia 3 de fevereiro de 1959 acontecia a primeira grande tragédia do rock. Numa noite gélida, de ventos fortes e nevasca, morriam em um acidente aéreo três ídolos do gênero: Buddy Holly; Richie Vallens e Big Booper.

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Meu interresse pelo doo wop (ritmo derivado do soul e do blues que principiou o rock and roll) teve início em 1975, aos 11 anos, quando ganhei um LP com várias canções rock. Mamãe me comprou porque tinha She Loves You e Baby it’s You, esta última um doo wop de autoria de Burt Bacharach gravada pelos Beatles em Please Please Me.

Em 1959 o pop atingia seu cume, com os “bons mocinhos brancos” regravando grandes sucessos negros como Tutti Frutti e Blue Moon. Este ano ficou conhecido como o “ano maldito”. Já em fevereiro, as três mortes. Depois Little Richard abandonou a carreira para ser pastor e Chuck Barry foi preso por porte de drogas; Jerry Lee Lewis casou-se com sua prima de 13 anos, escandalizando a América e Elvis Presley partiu para servir o exército na Alemanha Ocidental.

Os três mortos estavam em uma turnê infindável pela América e na noite estavam na 24° Winter Party em Clear Lake, Iowa.

Há varias estórias sobre este dia. Vallens estava gripadíssimmo e Holly havia contratado avião para três passageiros. Nos planos, Tomny Allsup, guitarrista de Buddy Holly (que já havia deixado os Crickets) jogou uma moeda com Richie Vallens. Perdeu no jogo e ganhou a vida.

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Buddy Holly foi (e continua sendo) um dos maiores fenômenos da música pop. Sim, quase ninguém conhece-o, mas sua obra é gigantesca para quem, naquele fatídico dia 3 de fevereiro, morreu com 23 anos de idade.

Sucessos como Peggy Sue, That will be the day e Everyday, dentre tantos, fizeram-no um ídolo de sua época e um símbolo de criação musical. Suas experiências nos estúdios eram incríveis.

Em Not Fade Away ele substitui a caixa da batera por uma outra, de Jean Bean, produzindo a sonoridade acústica grave e seca. Em Everyday, ele usou um pianinho de brinquedo para fazer o acompanhamento e o ritmo da música foi todo feito por ele mesmo, usando as duas mãos batendo nas coxas.

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Suas canções se tornaram influências para várias bandas. Os Beatles gravaram Words of Love (Beatles For Sale) e os Stones, Not Fade Away (single de 1964).

Sua passagem pelo rock foi singular. Sua importância se resume se falarmos que todos seus direitos autorais foram comprados por Paul McCartney, que dirigiu e produziu o documentário sobre a vida e a obra de Buddy.

Meu xará, Ricardo Valenzuela, Richie Vallens morreu com apenas 17 anos. Californiano (Vale de San Fernando, onde esta sepultado) de origem mexicana, explodiu nas rádios com La Bamba, música tradicional mexicana que ele simplesmente versou.

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https://www.youtube.com/watch?v=HKX5neksd9A&feature=youtu.be

Seu sucesso entre as adolescentes beirava o frenesi. Richie era apaixonado por sua colega de classe, uma típica whasp americana (white, anglosaxonic and protestant), cujos pais proibiam o relacionamento com o “cucaracha”. Em sua homenagem, Vallens compôs Donna, que como retratado no filme La Bamba, mostra a canção para a garota homônima falando de dentro de uma cabine telefônica.

https://www.youtube.com/watch?v=oHQ8wI6BlVE&feature=youtu.be

Vallens tinha pavor de avião. No dia 3, à 0h, o sistema de aquecimento de seu ônibus quebrara e ele estava à beira de uma pneumonia. Como disse, sua vida foi decidida num coin toss, ou seja, num cara e coroa.

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Richardson já era conhecido por façanhas como ter quebrado o recorde de permanência no ar, quando discotecou numa rádio por cinco dias seguidos em 1957 e em 1958 criaria um dos primeiros videoclipes da história, com Chantilly Lace.

O fato foi consagrado pela descrição precisa do sentimento que viveu a América naquele terrível 3 de fevereiro na canção American Pie, de Don McLean (1971), regravada por Madonna em 2000 (apenas como marca cronológica).

Hollywood se inspirou no trágico evento em vários longas e documentários, dos quais destaco LaBamba que transforma Vallens num tipo “herói”, mas marcou sua época no cinema (1987), além de American Hot Wax (1978), The Buddy Holly Story (1978).

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O importante, para quem se interessa pela história do rock, é tirar um dia para ouvir doo wop e as influências dos três vitimados no acidente em Iowa, o que pode ser facilmente encontrado no Spotify ou no iTunes, nas playlists com o mesmo título deste: the day the music died.

Aproveite e dedique mais tempo para ouvir Buddy Holly, que merece mais do que a síntese que registrei por aqui.

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