Entrevista | Al Barr (Dropkick Murphys) – “É conforto para elas e as mantêm unidas”

Entrevista | Al Barr (Dropkick Murphys) – “É conforto para elas e as mantêm unidas”

Al Barr é um sujeito aparentemente carrancudo e mal encarado, mas na conversa é uma pessoa totalmente diferente do que aparenta ser. Com um sorriso na sua voz, dissertando praticamente sobre tudo, tive uma conversa por telefone com o vocalista do Dropkick Murphys, que gravou oito dos nove discos da banda e vêm pela segunda vez ao nosso País, no final deste mês.

Quais são as expectativas para a segunda turnê pelo Brasil?

AB: É difícil criar expectativas pois nós nunca sabemos o que nos aguarda. É sempre uma experiência única cada vez que vamos para a estrada. Claro que estamos muito empolgados, pois vamos visitar São Paulo novamente, e pela primeira vez estaremos no Rio, e isso é uma grande honra para a banda.

Da última vez que vocês vieram aqui, o Sindicato Oi! abriu o show do Dropkick Murphys…

AB: Sim, eu lembro deles!

… Além do Sindicato Oi!, você chegou a escutar algo ou conhece algo relacionado ao Punk Rock brasileiro?

AB: Vou ser honesto, não conheço tanto quanto deveria, mas sei que vocês têm um movimento muito forte por aí. Matt (Kelly), nosso baterista, costuma pesquisar muita coisa em relação ao punk rock mundial, e talvez poderia falar com mais propriedade do que eu.

Sobre o Sindicato Oi!, eu não entendia absolutamente nada do que eles estavam cantando no show, pois cantam em português, mas eu fiquei impressionado com a capacidade que eles têm de se conectar com o público. Fora isso são pessoas sensacionais e que nos receberam muito bem na última vez que fomos ao Brasil.

Como o ataque na Maratona de Boston, em 2013, influenciou na composição de 11 Short Stories of Pain & Glory, recém-lançado disco da banda?

AB: Nós não entramos no estúdio com a intenção de fazer algo temático, mas é impossível esquecer o que aconteceu, e precisávamos falar sobre isso. Haviam pessoas se divertindo naquele momento (durante a Maratona), haviam estudantes, trabalhadores, crianças, e muitos foram vítimas desse terrível capítulo na história da cidade. Não todas, mas grande parte das músicas são dedicadas à todas essas pessoas. Algo que seja de conforto para elas e as mantenham unidas.

Nesse disco vocês gravaram algumas músicas tradicionais, e uma delas é “You’ll Never Walk Alone“, famosa por ser um dos cantos da torcida do Liverpool FC. Vocês são fãs de futebol e acompanham o desenvolvimento do esporte no EUA?

AB: Não, particularmente não acompanho absolutamente nada HAHAHA… (O futebol) Não é algo tão popular em Boston quanto o basquete, baseball e até hockey. Como disse, quisemos passar uma mensagem de conforto para quem foi afetado com os ataques, e You’ll Never Walk Alone tem as palavras perfeitas para isso. Sabemos que ela é utilizada como canto de torcida, mas quisemos deixar uma mensagem de que aquelas pessoas nunca estarão sozinhas.

Recentemente vocês fizeram uma tour com o Rancid. Queria que você contasse um pouco da relação entre as duas bandas e se podemos sonhar com algum lançamento como um split.

AB: Sim, vocês podem sonhar. Mesmo com a agenda quase sempre divergente, as bandas sempre se comunicam entre si. Lars (Frederiksen) produziu nosso primeiro disco, Tim (Armstrong) nos deu muito apoio via Hellcat Records e essa tour (Boston To Berkeley) é algo que sempre quisemos fazer juntos. Simboliza algo que sacramenta essa amizade forte entre nós e o Rancid.

Sobre gravar algo juntos, nós não temos nada planejado no momento, mas pessoalmente, adoraria ver isso sendo realizado. Um dia, quem sabe? Talvez até uma tour dessa no Brasil (risos).

Em 2018, Do Or Die, o primeiro disco da banda completa 20 anos. Vocês pensam em fazer algo especial para comemorar?

AB: Olha, é um pouco difícil de dizer, por uma série de fatores. Na época eu não estava na banda, e muitas das músicas não foram adaptadas com a minha voz ao longo dos anos. A banda também tinha uma forma de pensar e que hoje temos uma mentalidade um pouco diferente. É um marco na história do Dropkick Murphys, mas no momento não temos nada planejado.

Tem alguma palavra para os fãs brasileiros? Algum recado?

AB: A primeira vez que fomos para o Brasil foi para um show único. Não esperávamos tantas pessoas no dia, e realmente foi algo surpreendente. Se tivermos a honra de tocar para tantas pessoas como na primeira vez ficaremos muito felizes. Espero ver todos por lá, estamos ansiosos para isso.


O Dropkick Murphys está de volta ao Brasil no dia 28 de Outubro, e se você ainda não comprou seu ingresso é melhor correr. Mais informações clicando aqui e aqui.