Breakdown #33: August Burns Red renova sua fórmula de sucesso em ‘Phantom Anthem’

Breakdown #33: August Burns Red renova sua fórmula de sucesso em ‘Phantom Anthem’

Banda August Burns Red

Com quase 15 anos de estrada e sete álbuns de estúdio, há quem pensasse que o August Burns Red não pudesse surpreender em mais um disco. Em Found In Far Away Places, lançado em 2015, a banda se reafirmou como uma das maiores bandas de metalcore americanas. Por outro lado, em Phantom Anthem, lançado no último dia 6, a banda foi além. Nele, o grupo mostrou que pode ser também uma grande banda de heavy metal.

Sua evolução musical foi gradual e acompanhada de perto por todos os fãs. Por isso, ao ouvir o novo disco pela primeira vez, já na primeira faixa é possível perceber que algo mudou. O som é expansivo, forte, sofisticado, com momentos de pausas nas guitarras para que longos interludes introduzam uma nova música. Isso é sentido em Lifelines, por exemplo, uma das melhores canções do disco. Impossível não sentir o flerte com bandas como Dreamtheater e Rush.

Com elementos mais sérios, gritos menos tristes e inflamados pelo sentimento de raiva, a banda conseguiu mostrar um lado novo do August Burns Red que vinha sendo trabalhado há algum tempo. Outro ponto de destaque do novo álbum são as letras. A banda, embora seja formada por membros declaradamente cristãos, não quer ser rotulada como tal. Mesmo assim, em muitos álbuns é possível encontrar referências cristãs nas letras de algumas faixas. No Phanton Anthem não é diferente. Coordinates, The Frost, Generations e novamente, Lifelines se encaixam nas músicas com letras de apoio, coragem e esperança.

Por outro lado, o disco começa com duas músicas em que a raiva é elemento-chave. King Of Sorrow Hero Of The Half Truth têm mensagens bastante impactantes e pesadas. Esta última, por exemplo, faz referências ao trabalho e personalidade do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em momentos em que as circunstâncias assustam, o August Burns Red não consegue recuar e precisa se posicionar sobre assuntos mais delicados sem, no entanto, parecer militante.

Outra faixa em que podemos encontrar um tema sério e que foge dos comumente tratados pela banda é Carbon Copy. Ela encerra o disco mostrando que o planeta está em constante destruição, que o mal feito por uns cotra o planeta se volta conta a vida e segurança de outros e que é preciso ‘deixar o mundo como o recebemos’, ou seja, fluindo cheio de vida e repleto de diversidade. É uma bonita canção sobre fazer a escolha certa e preservar a vida das próximas gerações.

Por último, uma das músicas que mais merecem atenção no disco é Float, também uma crítica à apatia da sociedade. Jake Luhrs pergunta onde está a vontade do povo de lutar por mudanças. “Nós seremos os culpados se tudo ficar como está. Onde está o fogo, o desejo, o direito herdado de se levantar e lutar?”.

Em entrevista à revista americana Alternative Press, o baixista da banda, JB Brubaker, explicou que a inspiração para o nome do disco vem de uma ideia do baterista Matt Greiner. “Phantom Anthem significa uma música ou som que cria raízes dentro do coração de uma pessoa e ressoa através de cada um de seus ossos até naturalmente dar àquela pessoa, um motivo para viver e um valor. Muitas vezes é um som silencioso, uma música tranquila que não é facilmente notada e é negligenciada”.

E perguntado sobre a qualidade instrumental do álbum, Brubaker afirmou que as estruturas das músicas muitas vezes lembram composições clássicas ao invés de heavy metal porque elas são escritas pensando em atingir um alto nível de qualidade instrumental. Isso dá uma base para que o vocalista possa criar letras incríveis em cima delas. “Quando escrevo, quero que a música seja incrível antes mesmo das vozes serem acrescentadas à ela. Teoricamente, a maior parte do álbum consegue se sustentar sozinha em seu instrumental”.