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Sons e imagens do Som Imaginário

O Som Imaginário surgiu com apenas um intuito: acompanhar Milton Nascimento durante sua turnê, no início dos anos 1970. No entanto, o entrosamento entre os músicos – nos quais encontravam-se Zé Rodrix e Wagner Tiso – foi tão fluído que não levou mais do que alguns meses para que a banda adentrasse aos estúdios e gravasse seu primeiro disco.

O debute, auto intitulado, surgiu no mesmo ano de 1970. Chamou a atenção por carregar tanto o espírito psicodélico do fim da década passada quanto a virtuose progressiva que começava a florescer no mundo. Isso, é claro, acompanhado de toda a influência que o movimento tropicalista (ainda) exercia sobre a música brasileira naquele momento.

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As canções, de forma isolada, carregam um espírito grandioso. E não me refiro a duração (nesse aspecto, elas não prolongam-se mais do que o necessário). Digamos que todas elas poderiam – e são, em teoria – ser a trilha sonora de um épico brasileiro. Enquanto algumas têm a vibe ideal para passagens engrandecendoras de qualquer longa-metragem, outras combinariam perfeitamente com os momentos mais dantescos do clássico Terra em Transe, do Glauber Rocha. É o caso de Pantera, canção de viés mais direto e lisérgico do trabalho.

Isso abre espaço para as participações especiais dentro das composições, que contam com Beto Guedes – na melancólica e pessimista Feira Moderna – e Milton Nascimento, em Tema dos Deuses. Enquanto uma tem o espírito menos denso e de acordo com o que se fazia na época, a outra segue o caminho oposto e cruza uma linha exacerbadamente cinematográfica. Pontos para o órgão competente de Zé Rodrix, que se une às percussões reverberadas e cria uma atmosfera que vai além dos nossos ouvidos e acerta nossos estímulos imaginários. Aquela história do som e imagem, só que sem precisar de imagem.

Algumas faixas instrumentais, como Morse, também merecem a pontuação – não apenas pelo virtuosismo apresentado por todos os músicos, mas também pelos tons de liberdade sonora que dão ao disco. Não é, nem de longe, um álbum previsível, e foge da maioria dos conceitos estabelecidos por grande parte da som brasilis da época. No fim, é esse o objetivo que os mineiros aparentam propor, e pode-se dizer que eles o atingem com maestria.

https://youtu.be/1O-rZ5ILkqc

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Ainda gravariam mais dois discos: Som Imaginário (Nova Estrela) e Matança do Porco – abraçando totalmente a ideia de trilha sonora instrumental. São mais difíceis, portanto recomendo apenas para quem se interessar pelo primeirão.

Um excelente fim de semana a todos.

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