Past Live é um box especial do Alkaline Trio lançado no fim de abril deste ano. O registro traz uma série especial de shows no qual a banda tocou todos os seus oito álbuns na íntegra. Tudo foi gravado durante quatro noites na casa de shows The Metro em Chicago, cidade natal do grupo.
No primeiro momento, esse material seria lançado apenas em vinil em uma caixa com preço bem elevado até para os fãs americanos. Mas sem prévio aviso, o trio liberou todos os oito discos para audição nas principais plataformas de streaming. Por isso decidi dedicar o PPA desta semana para fazer um review geral deste material.
Maratona de shows… em casa
Em primeiro lugar, é necessário ter paciência para encarar a maratona do Past Live. Ao todo são 93 faixas, quase 5 horas e meia de música. Não é necessário ouvir tudo de uma vez, já que cada álbum foi disponibilizado separadamente. Então, se você tem um favorito, pode começar a escutar por ele.
O áudio dos oito álbuns estão todos bem tratados e editados. Os vocais e os instrumentos estão bem limpos, enquanto o público animado fica de fundo apenas para ter a sensação de ser um registro ao vivo. Nada é muito exagerado ou compromete a experiência de ouvir faixa por faixa do box.
Radio
Praticamente todos os singles do Alkaline Trio estão disponíveis em versões ao vivo em Past Live. Radio, Armageddon, Stupid Kid e Mercy Me ganharam versões em que os vocalistas Matt Skiba e Dan Andriano deixam para o público cantar de tão populares que elas são entre os fãs.
Algumas faixas mais conhecidas entre os fãs, como Goodbye Forever ou Hell Yes, ficaram de fora desses álbuns. Elas são músicas que aparecem nas compilações Alkaline Trio (2000) e Remains (2007), respectivamente. E por não fazer parte dos “álbuns oficiais”, não tiveram chance de ganhar uma nova versão ao vivo.
Segunda chance
Com as versões ao vivo, alguns álbuns ganharam uma segunda chance para se destacar. Por exemplo, Good Mourning (2003) traz Matt Skiba com uma voz melhor do que a versão de estúdio. Durante as gravações originais, o músico passou por diversos problemas nas cordas vocais que atrapalharam seu desempenho. Então, agora o vocalista tem uma redenção com os fãs e consigo mesmo.
Agony & Irony (2008) parece outro álbum, as canções possuem muito mais energia em cima dos palcos e o trio parece se entregar mais do que nos registros originais. Pessoalmente, sempre achei os álbuns que citei os mais fracos da discografia do Alkaline Trio. Contudo, as versões do Past Live me fizeram repensar na qualidade do material original.
Por outro lado, os dois discos mais “recentes”, This Addiction (2010) e My Shame Is True (2013), são apresentados de forma mais técnica e sem muita energia. Apenas para cumprir o regulamento. Nesse caso, prefiro as versões originais por ter alguns elementos que só são possíveis em estúdio.
É uma boa oportunidade de conhecer a banda?
Não é um exagero dizer que o material do Past Live foi feito apenas para os fãs do Alkaline Trio. Não é proibido conhecer a banda com esses álbuns especiais, mas talvez a pessoa perca alguns elementos do original ou fique incomodado com algumas coisas que a banda faz ao vivo, como afinações mais cruas e vocais exagerados.
Existem diferenças entre a versão de estúdio e a gravação ao vivo dos primeiros álbuns, principalmente em Goddamnit (1998) e From Here to Infirmary (2001). Eles foram lançados antes da entrada do baterista Derek Grant e atualmente tem determinados arranjos diferentes ao vivo. Por essas questões, é recomendado ouvir os discos originais antes de se dedicar a maratonar os álbuns do Past Live.
Mas para quem é fã da banda, Past Live é um grande presente recheado de nostalgia. Ele tem poucas novidades, mas é um material que vale ser apreciado detalhe por detalhe. Mesmo que seja nas plataformas de streaming.
Escute Past Live no Spotify ou iTunes.