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Faro de Rock - Bruna Faro

Oh la la, mais rock francês para contar – Anos 80

BRUNA FARO

Os anos 1980 voltaram à moda, vemos um retorno das roupas, as músicas e até programas e filmes totalmente inspirados na época, como por exemplo as séries Stranger Things, Dark ou o remake do filme de terror It.

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A moda vive em ciclo e uma hora ou outra as tendências voltam. A estilista Coco Chanel dizia que menos é mais, porém em 1980 esse lema virou mais é mais. Cabelos armados, roupas largas, maquiagem carregada… Assim como no mundo fashion, na música mundial muitos gêneros dos anos anteriores se reciclaram.

Apesar do punk, metal e new wave terem sido criados em 1970, na França ganharam destaque na década seguinte. O punk e o pós-punk não conquistaram comercialmente como nos anos anteriores, mesmo assim alguns artistas obtiveram sucesso com um single ou outro, foi o caso do cantor Axel Bauer com o hit Cargo e principalmente do conjunto Noir Désir cujo chamou atenção com seu single Aux Sombres héros de l’amer, se tornando um dos grupos mais populares nos últimos anos.

Por outro lado o new wave fez muito sucesso com vários artistas, um deles foi a banda Indochine que, criada em 1981, ficou conhecida ao redor da Europa e até América Latina! Hoje em dia ainda está espalhando seu som, sendo considerado um dos mais bem sucedidos pois já vendeu em torno de 10 milhões de álbuns e singles durante sua carreira.

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Alguns artistas que trabalhavam desde 1960 foram “abençoados” por essa nova onda e com isso conseguiram se estabelecer. Foram os casos de Alain Chamfort e Alain Bashung. Chamfort começou com a ajuda de Jacques Dutronc (cantor francês que marcou os anos 1960 com seu pop rock yê yê psicodélico), Claude François (músico famoso por compor Comme d’habitude, imortalizada na voz de Frank Sinatra ao ser traduzida para My Way) e Serge Gainsbourg (um dos maiores artistas franceses, muito polêmico, autor da canção Je T’aime… Moi Non Plus). Graças a esses gênios da música Alain conseguiu lançar seu primeiro álbum, Posse, em 1979, com o single Manureva que teve uma enorme repercussão nos anos seguintes e virou um de seus grandes sucessos.

Já Alain Bashung, foi um cantor, ator e escritor que ganhou fama em 1980, considerado um dos maiores cantores de sua nação! Seu primeiro hit foi Gaby Oh Gaby, o qual vendeu mais de um milhão de cópias. Depois desse passo, ele conseguiu ingressar no mundo artístico e mesmo com alguns fracassos foi chamado por muitos de o Johnny Hallyday (o Elvis Presley francês) do new wave. Hoje em dia é uma figura super renomada e influente, seu trabalho se tornou clássico e virou o mais premiado da França com seus 12 Victoires De La Musique (premiação francesa equivalente ao Grammy e Brit Awards).

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Outro que marcou seu tempo foi Étienne Daho, focado no pop e produtor de diversos cantores, inclusive os citados acima, é até hoje muito conhecido em seu país por seu aclamado trabalho. Daho, aliás, é de Rennes, uma cidade na França que virou a capital do rock e new wave francês! Bandas como Niagara, Les Nus, Marquis de Sade, entre outras do local construíram durante 1977 e 1987 uma cena de rock com origens de Rennes, influenciando bastante a música francesa da época.

Nesse período os diferentes tipos de rock estavam com tudo entre os franceses. Vários artistas se descobrindo e graças a grande variedade de novos sons que apareciam, muitos tiveram destaque. O rock progressivo continuou em alta com bandas como Dün e Magma, mas a Téléphone foi a protagonista com seu pub rock.

Desde 1970 fazendo música, conseguiu seu destaque anos depois, em 1977, após o lançamento de seu primeiro álbum, sem nome, mas muitas vezes chamado de Téléphone ou Anna (a primeira música do disco), que vendeu em meses mais de 30 mil exemplares. Isso foi só o princípio do que se tornaria um sucesso estrondoso que levou o rock francês a novos níveis.

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Composta por Jean-Louis Aubert (vocal e guitarra), Louis Bertignac (vocal e guitarra), Corine Marienneau (baixo, vocal e guitarra) e Richard Kolinka (bateria), eles chegaram a fazer mais de 470 shows, inclusive fora de seu país e até abriram para ninguém menos que os Rolling Stones! Com uma coleção de discos de ouro tiveram dez anos de estrada, de 1976 a 1986, cinco álbuns de estúdio e venderam cerca de seis milhões de exemplares, ficando atrás somente de Indochine nas vendas.

Após o término da Téléphone, Aubert, com ajuda de Kolinka, seguiu carreira solo, onde continua até hoje. Em contrapartida, Bertignac e Marienneau formaram uma banda chamada Les Visiteurs que durou até 1991, quando a baixista decidiu se afastar da música, então o guitarrista investiu em sua própria música e também se encontra nesse caminho atualmente.

Porém, de 2015 até o ano passado, três dos membros (Aubert, Bertignac, Kolinka) se juntaram novamente, mas como Mariennaeau não estava, eles usaram o nome de Les Insus para fazer concertos em tributo à banda original que marcou a história do rock francês.

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Durante essa década os videoclipes bombaram, graças a um canal de TV muito conhecido que decidiu levar de forma diferente a música que antes era dos rádios, para a televisão: a MTV. É certo que essa apresentação de músicas “filmadas” já existia desde os anos 1960, porém a Music Television renovou ao apresentar os vídeos de forma moderna e descontraída, chamando atenção de gerações e criando um novo jeito de espalhar a música que seria o grande “boom” da época.

Com isso os clipes viraram uma grande febre entre os jovens e grupos como Duran Duran, do Reino Unido, ficaram conhecidos por suas gravações musicais que chamavam a atenção. O primeiro vídeo a passar na MTV foi Video Killed Radio Stars, do The Buggles e a tradução do título da música ironicamente significa “o vídeo matou as estrelas de rádio”.

Na França, Les Rita Mitsouko era uma das principais bandas que inovou na televisão. A dupla composta pelos amantes Catherine Ringer e Frédéric Chichin foi uma das mais conhecidas devido a seu estilo extravagante. Eles gostavam de misturava o punk, pop rock, rock alternativo e new wave não só em seu som mas também em sua aparência. Seu primeiro álbum, homônimo, teve grandes singles como Marcia Baila que estourou nos canais de países anglófonos por causa do visual e pegada diferente que apresentava. Outro hit que marcou por seu clipe contemporâneo foi C’est comme ça, levando o prêmio Victoire De La Musique por melhor vídeo do ano.

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Os ritmos antigos estavam com força total, mesmo assim apareceram novidades para conquistar os ouvintes. O indie só se tornou um gênero musical no finalzinho dos anos 1990 e começo de 2000, porém grandes influências independentes já surgiram muito antes. Les Thugs é uma das primeiras bandas francesas com uma pegada punk que ajudou a criar o cenário do indie francês. Criada em 1983, eles não sabiam como tocar instrumentos então inventaram uma espécie de “freestyle” em suas melodias, os dando destaque na França, Inglaterra e do outro lado do oceano, nos Estados Unidos.

O foco aqui é o rock, mas não tem como não citar algum dos ícones pop que surgiram também nessa década cheia de embalo. O cantor Christophe fez grande sucesso com seu álbum Les Mots Bleus.  O artista Charlélie Couture (que já gravou mais de 25 álbuns e 17 trilhas sonoras) marcou a era do videoclipe com o single fez Comme un avion sans aile.

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Gilbert Montagné, deficiente visual desde nascença, começou sua carreira em 1971, porém, continuou em alta nos anos seguintes. Outros ficaram muito conhecidos na música e no cinema, sendo reconhecidos até hoje, tais como Patrick Bruel que estreou atuando, mas em 1983 ingressou na área musical se tornando cantor e ator bem famoso em seus país. Vanessa Paradis também ganhou destaque por sua atuação, cantoria e até nas passarelas e revistas, como modelo. Quando ela tinha somente 14 anos ganhou fama mundialmente graças ao seu hit Joe Le Taxi que já foi gravado em várias línguas, inclusive tocou muito no Brasil na voz da Angélica, traduzida para Eu Vou De Táxi!

Com uma pincelada do que acontecia nos ouvidos franceses, é possível perceber que a década de 1980 foi muito rica para a música do país, trazendo sucessos que ficaram conhecidos e idolatrados até os dias atuais. Mesmo assim há muito rock francês para ouvir, em breve retorno com os próximos passos dessa cultura cheia de compasso

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