CARLOS DA HORA
Onze anos!!! Esse foi o tempo que os fãs tiveram que esperar para o lançamento de um novo disco do The Good, the Bad & the Queen, supergrupo comandado por um dos frontmans mais talentosos de nossa geração, Damon Albarn (Blur e Gorillaz). O segundo álbum sucede o incrível debute, homônimo, extremamente premiado e aceito pela critica e fãs.
Merrie Land, de acordo com Albarn, é uma “carta de despedida relutante” para a União Europeia após o Brexit – saída da Inglaterra do grupo – e podemos ver isso em diversas partes do disco. Outra coisa muito interessante é que o álbum te transporta para o começo dos anos 1930, tanto pela capa quanto por sua musicalidade tranquila, melancólica e divertida ao mesmo tempo, como um filme de Charles Chaplin.
O disco conseguiu ser uma linha tênue entre um melancólico sincero e um clima nostálgico rabugento, mas justamente por seus integrantes terem uma bagagem monstruosa, o álbum não extrapola nenhum desses pontos. E mesmo eu comentando mais uma vez da melancolia do disco, tenho que afirmar que Merrie Land também tem sua parte de felicidade. Uma trilha sonora perfeita para tempos incertos, onde você não sabe bem o que sentir.
Os singles lançados, antes da chegada do disco, foram Merrie Land, que foi uma grata surpresa para os admiradores do grupo, e Gun to the Head, faixa que mistura diversos instrumentos com versos difíceis de serem interpretados, característica marcante de Albarn. Mas essas músicas têm muito mais que um charme, elas se sincronizam muito bem, virando de longe o ponto alto de álbum. Claro, é meio decepcionante, o clímax do trabalho ser entre a segunda e a terceira faixa, mas o disco ainda consegue trazer um clima interessante até o final – juro.
No mais, acredito que a banda conseguiu criar algo que criticasse o meio musical moderno, onde as pessoas na maioria das vezes vão optar por músicas mais alegres e animadas para suas listas de reprodução. Merrie Land consegue mostrar que há um sentimento tanto na dor quanto no amor, como se fosse uma dose de um remédio amargo, que você nunca tomaria, mas se vê necessitado para se curar.
Algumas críticas dizem que se você não for britânico não vai entender o disco por completo, eu já discordo, assim como eles, vivemos tempos de medo, incerteza com tons de alegria, então talvez Merrie Land seja feito para os brasileiros também.
Damon Albarn, Paul Simonon (The Clash), Simon Tong (The Verve) e Tony Allen estão de parabéns. Mesmo Merrie Land não sendo um marco ou algo que talvez seja lembrando daqui algumas décadas, ele ainda consegue ser importante para os tempos atuais, trazendo uma mensagem alegre sobre diversos sentimentos, inclusive a esperança.