CARLOS DA HORA
Seguindo os embalos das notícias que indicam que o The Strokes não só vai voltar a ativa no ano que vem como a banda deve fazer um retorno em escala global, decidi retornar alguns anos no tempo e relembrar os primeiros passos da banda e o sucesso estrondoso do Is This It, disco de estreia, e como o mesmo afetou toda uma geração de bandas.
Nunca fui para Nova Iorque, mas admiro a cidade em um nível extremo, seja por seus times de basquete, futebol americano e beisebol. Por ser talvez a maior metrópole do mundo, sendo palco para diversas histórias contadas em filmes, livros ou jogos. Porém tenho um motivo maior para amar essa cidade ainda mais, ela é o lar do The Strokes, a banda mais importante na minha vida até o momento, e mesmo eu nunca tendo pisado por lá, tenho certeza que Julian Casablancas e cia exalam o espirito novaiorquino.
O pivô para a criação da banda foi justamente Julian, ele foi o vínculo para a ligação de todos os membros no The Strokes. Nikolai Fraiture (baixo) é seu amigo de infância. Nick Valensi (guitarra) e o brasileiro Fabrizio Moretti (bateria) se aproximaram do vocalista na época do “high school” em Manhattan. Já Albert Hammond Jr (guitarra) conheceu Casablancas na Suíça, onde Julian tinha sido enviado por maus comportamentos. Em 1998, os cinco se lançaram no mundo da música.
Mas a banda foi só estourar no início de 2001 quando lançaram o EP The Modern Age com três musicas que estariam no futuro disco de estreia da banda The Modern Age, Last Nite e Barely Legal, a partir dai a banda conseguiu a atenção das gravadoras e foi com a RCA que o grupo decidiu produzir seu primeiro disco.
No dia 30 de julho de 2001, o Is This It foi lançado na Austrália. No Reino Unido o disco chegou mais tarde, 27 de agosto, para encaixar juntos dos festivais de Reading e Leeds. O lançamento do disco nos Estados Unidos passou por diversos problemas e adiamentos, o principal foram os ataques de 11 de setembro, que culminou na substituição da faixa New York City Cops onde a banda fala mal dos policias locais que acabaram salvando muitas vidas no atentado. When It Started foi a escolhida para integrar o álbum na versão norte-americana.
Por que o Is This It salvou o rock and roll?
No início dos anos 2000, diversas bandas boas começaram a aparecer como The Libertines, Arctic Monkeys e Franz Ferdinand. Porém a indústria da música estava estagnada em mostrar apenas novos trabalhos de bandas já consolidadas ao público, e isso tudo mudou quando o The Strokes chegou.
Além de protagonizar uma grande mudança no meio musical, a banda ainda inovou completamente no gênero, trazendo um rock and roll clássico com fortes influências de grunge e garage rock. Todo esse sucesso do disco fez o público procurar bandas com o som semelhantes ao do The Strokes e diversas bandas que hoje atingiram grandes patamares dizem assumidamente que se inspiraram no Is This It para compor e gravar seus discos. Como é o caso do Arctic Monkeys, que em seu álbum mais recente, tem em umas das faixas a seguinte frase: “Eu só queria ser um dos Strokes”.
O mundo inteiro voltou suas atenções para o rock, por isso o álbum carrega esse título de “salvação do rock and roll”. A banda liderou uma revolução no gênero, assim como fez o Nirvana no início dos anos 1990, abrindo as portas para outros grupos fazerem sucesso.
Músicas como Soma, Someday e Hard to Explain moldaram o que hoje nos chamamos de indie rock com suas linhas de baixo e os vocais abafados de Julian.
Por mais que muitas pessoas não gostem do vocalista, por diversos comentários e atitudes na mídia, temos que concordar que muito se deve ao The Strokes que conseguiu trazer de volta a admiração de uma grande massa para o nosso gênero tão amado.
A banda ainda lançaria os ótimos Room on Fire (2003) e o First Impressions of Earth (2006), mas vou deixar para comentar esses discos um outro dia.