Com plasticidade infinita, a música contemporânea pode ser apontada como a arte mais popular entre as mais relevantes do universo. O ritmo é sua gênese e sua pulsação se propaga através das mais diversas vertentes e tendências. E, acaba promovendo o surgimento de incontáveis gêneros musicais.
Dentre os gêneros mais duradouros está o rock que sobrevive “pulsando seu ritmo” ao longo das últimas sete décadas.
Essa longevidade pode ser explicada por inúmeros fatores. Entre eles estão os acontecimentos ocorridos no seio da sociedade que estimularam as narrativas poéticas associadas. Entram nisso as causas sociais, culturais e políticas e até de questões subjetivas e filosóficas.
Por outro lado, no aspecto técnico a renovação se dá com o avanço progressivo da tecnologia na criação de novos instrumentos, equipamentos de som, processos de gravação e afins.
As origens
Já tivemos a oportunidades de exaltar o lado inovador e transformador dos anos 1960. Agora, mais uma vez vamos nos remeter a ela para abordar outra significativa vertente do rock
Antes, porém, é pertinente lembrar de um fato que com toda certeza foi determinante para a mudança no comportamento e nos costumes daquela geração. A disseminação “legal” das drogas alucinógenas, especialmente o LSD (1)
O acesso sem qualquer proibição contribuiu sobremaneira para seu consumo que tinha o objetivo alcançar a hipersensibilidade dos sentidos, a ponto de experimentar os sons, as cores e imagens em múltiplas faces de distorção.
Apesar de seus malefícios, essas sensações de euforia sem lógica e excitação tóxica se constituíram em uma fonte rica e inesgotável de inspiração que foi amplamente aproveitada pelos artistas.
Entre outras afirmações, o psicólogo futurista Timothy Leary, conhecido como o guru do LSD declarou que: “o LSD era a única solução válida para juventude desiludida”. (2)
Bem, foi nesse contexto que começam a se expandir os movimentos de contracultura apoiados pelos hippie e simpatizantes.
Nasce a era do psicodelismo e a moda era ser psicodélico, viajar em outras dimensões e subir as escadas para o paraíso.
O rock não ficou de fora, incorporou essa nomenclatura em seu mosaico musical. Vem daí o alucinado acid rock, uma variante do rock psicodélico. Ela se caracterizava, acima de tudo, por longos e pesados solos com guitarras de riffs distorcidos. Além disso, traz letras alucinantes e muita improvisação. Seu nome, por óbvio é uma referência direta ao LSD.
Os expoentes do acid rock
De origem canadense, mas formada em Los Angeles, a Steppenwolf, conhecida pelos clássicos The Pusher e Born to Be Wild, e a Blue Cheer, oriunda de São Francisco, são consideradas as expoentes do acid rock.
A Blue Cheer, The Jimi Hendrix Experience e Cream (Eric Clapton, Jack Bruce e Ginger Baker) tinham em suas formações apenas três integrantes. São apontadas como as percursoras do famoso “power trio”.
O som pesado com base do psicodelismo também foi aderido por bandas ecléticas como: The Gratfull Dead, Jefferson Airplane, The Doors, Pink Floyd, e Iron Butterfly.
Entre outras ainda destacamos: Big Brother and the Holding Company, Quicksilver Messenger Service, Vanilla Fudge, The Great Society, New Riders of the Purple Service…
O acid rock é citado pelo guia AllMusic (3) como mais “pesado” e a mais alta variação do rock psicodélico.
Embora tenha durado pouco, durou o suficiente para figurar em todas as publicações do gênero. Ademais, conseguiu gozar do mérito de ter plantado em terreno fértil as sementes daquele que viria ser o heavy metal.
1 – LSD – Dietilamina de Acido Lisérgico (sigla de origem alemã)
2 – Publicação “As Feras do Rock”
3 – AllMusic – é o mais completo guia de dados sobre a música universal em todos os seus segmentos
Citações
“Se as portas da percepção forem abertas, as coisas irão surgir como realmente são: infinitas“. (Jim Morrison)
“Se o orgasmo do rock pudesse ser vendido em saquinhos, as drogas não valeriam um centavo“. (Ozzy Osbourne)
“Nunca tive problemas com as drogas. Só com a policia“. (Keith Richards)
Um alucinante rock abraço,
Aldo Fazioli