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Foto: Fabio Ponce

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Entrevista | Statues on Fire – “Marielle é o esteriótipo que o novo brasileiro conservador odeia”

De Santo André, o Statues on Fire será um dos representantes do hardcore melódico e politizado no lineup do Garage Sounds. Fundado por ex-membros do Nitrominds, importante banda da cena dos anos 2000, o quarteto lançou em maio seu terceiro disco, Living In Darkness.

Cheio de mensagens importantes para os nossos tempos atuais, a banda desce a serra para mostrar o novo trabalho. O show acontece poucos meses depois deles voltarem de uma turnê europeia e cheios de vontade de compartilhar seus pensamentos (e indignação).

Conversamos com o vocalista Andre Alves sobre a participação do Statues On Fire no Garage Sounds, a repercussão do álbum Living In Darkness e lembranças de Santos. Confira um pouco desse bate-papo.

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A participação no Garage Sounds

Com um lineup bem abrangente tanto em gêneros musicais e gerações, Andre diz estar feliz em participar de um festival tão plural como o Garage Sounds. “Acho legal essa misturada. Tem atrações para todos os gostos”.

O músico prefere não apontar nenhuma banda de preferência, principalmente por conta do tradicional trabalho que rola de bastidores. Mas acredita que poderá desfrutar um pouco de cada artista que se apresentará no dia 10 de agosto no Arena Club em Santos.

“Nunca dá tempo de acompanhar as apresentações de verdade. A gente carrega o equipo, monta tudo, espera para caralho, depois desmonta tudo, carrega van…”, revela Andre. “Mas estamos sempre ali escutando”.

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Vivendo na escuridão

Lançado em maio deste ano, Living In Darkness reforçou ainda mais a posição política do Statues on Fire. Em meio a diversas letras que criticam as autoridades em geral, Marielle foi uma das canções que mais teve repercussão. Sua letra fala diretamente sobre a vereadora carioca que foi assassinada em março de 2018.

Por abordar esse e outros temas no novo material, Andre disse que a banda recebeu apoio dos fãs. O músico comenta que ainda não acredita como alguém pode achar normal tudo o que aconteceu. Assim como, ainda considera um absurdo mais de um ano após o crime, ninguém saber quem foi o mandante.

“Não sei nem o que dizer, nem ser humano deve ser quem pensou nisso. Marielle é o esteriótipo que o novo brasileiro conservador odeia. Era mulher, negra, gay, de esquerda e defensora dos direitos humanos. ‘Como assim? Não devia prestar mesmo’”. Andre Alves, vocalista do Statues on Fire

Em relação às críticas por conta do posicionamento político ou abordar assuntos que incomodam os “punks de direita”, Andre diz não ligar. E vai além, pois acha ridículo a “modinha coxinha de extrema direita”.

“Sempre tem um espírito de porco que faz crítica. Mas na verdade, estamos cagando, literalmente. Elas só foram meter o pau na música quando colocamos a tradução da letra no YouTube”, conta o músico. “Ou seja, escutam Dead Kennedys e não sabe nem do que falam”.

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Repercussão internacional

Statues on Fire é uma banda que sempre tem oportunidades de ir para Europa divulgar seu trabalho. Portanto, com o lançamento de Living in Darkness não foi diferente. E assim, a banda se apresentou em 13 cidades europeias em junho deste ano.

No entanto, o panorama político brasileiro é preocupante não apenas para as pessoas que moram por aqui. Por exemplo, Andre conta que diversas pessoas estão acompanhando o que passamos e ao ver as apresentações dos brasileiros tentam entender melhor a situação.

“Quando tocamos a Marielle, o silêncio no recinto é constrangedor. Todo mundo prestava uma super atenção no que falava, pois todo mundo fora do país sabe o que aconteceu com ela e o que acontece aqui no momento”, comenta o músico. 

De acordo com Andre, era impossível fugir da repercussão dos problemas brasileiros. E que esse, infelizmente, virou um tema recorrente.

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“Nunca passamos tanta vergonha. Fora que demos entrevistas em todas as revistas de grande porte da Europa, falando exatamente sobre isso”. Andre Alves, vocalista do Statues on Fire

Lembranças Santistas

Como uma banda bastante cultuada do cenário hardcore, o Nitrominds fez diversas apresentações na região no passado. Então, Andre relembrou alguns espaços da Baixada Santista onde se apresentou com sua antiga banda.

“Nos anos 1990, nós tocamos no Banana Grogue e aquilo era demais. Ou no Bar do 3, toquei lá várias vezes com o Nitrominds”, conta o músico. “Uma vez, com o Down By Law, o último show que fizemos da turnê foi no Valongo, muito legal esse lugar”.

Como fã, André relembra um dos principais festivais que aconteceu na praia do Gonzaga em 1994. “Mas um dos melhores shows que eu assisti foi no M2000 Summer Concerts, quando vi o Rollins Band. Bons tempos!!!”.

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