Grey Area é o meio dos caminhos. Aos 25 anos, tudo deixou de ser preto e branco para Little Simz. E nessa área cinza, ela compôs seu terceiro álbum de estúdio, já aclamado pela crítica e considerado um dos melhores discos do ano.
Em entrevista ao Blog n’ Roll, a artista contou sobre sua trajetória, processos criativos e principais referências. Mergulhando no rap e experimental, Simz começou na música bem cedo e já acumula cinco mixtapes, quatro EPs e três álbuns. Ela se apresenta em São Paulo nesta sexta, 15, compondo o lineup do Popload Festival.
O ponto de partida foi aos 9 anos, quando saía depois da escola para exercitar a criatividade. Nascida Simbiatu Abisola Abiola Ajikawo, a rapper inglesa de ascendência nigeriana não perdeu tempo. Aos 15 anos, já tinha sua primeira produção publicada.
Desde sempre, a honestidade é prioridade em suas letras. “Acho que é importante para mim ser clara, não quero ser mal entendida”. No entanto, com o passar do tempo, as linhas tão demarcadas da interpretação também foram se afrouxando.
“Entretanto, entendo que de qualquer forma sempre haverá interpretações diferentes. Eu estou aprendendo a ir ao estúdio com a mente mais aberta, mesmo que a mensagem não seja entendida da forma que eu quero”.
Novo processo criativo
Little Simz finalizou Grey Area em apenas um mês. A marca impressionante de tempo significou uma jornada musical mais assertiva. “O processo criativo desta vez foi diferente pois foi mais focado”.
“Eu fui ao estúdio com um produtor e nunca tinha feito isso antes. A maioria dos meus álbuns eram as pessoas me mandando beats e eu arranjava, mixava como queria, fazia tudo por mim mesma. Desta vez, eu tive alguém para pegar isso das minhas mãos, então eu podia focar nas minhas letras, no que eu queria escrever”.
Após o trabalho conceitual no álbum anterior, Stilness in Wonderland (2016), que saiu acompanhado de revista em quadrinhos, exposição e até mesmo um festival, o novo álbum teve uma inspiração diferente: música ao vivo. A nova proposta era criar uma experiência musical que chegasse a todos.
“Eu sabia que queria fazer um álbum que fosse inclusivo. Eu queria elevar meus shows de certa forma, então para fazer isso eu tinha que elevar a música”.
Seu rap se tornou mais acessível, com refrões marcantes e um visual mais atrativo. Fala de arte, identidade e orgulho com propriedade, quando versa: eu sou Jay Z em um dia ruim / Shakespeare no meu pior dia.
Principais influências
Todos os gêneros musicais entram em suas influências. Mesmo partindo do hip hop, o rock n’ roll, jazz, R&B e blues entram no mix. Com beats focados em linhas de baixo demarcadas, o instrumental é sempre rico.
Falando em influências musicais, muitas artistas femininas a inspiram. “Missy Ellot, Lauren Hyll, Amy Winehouse, Solange, Beyoncé, Nina Simone, Tracy Chapman… A lista continua”.
Além da música, outro ponto forte de seu trabalho é o visual. Mesmo na área cinzenta, o estilo P&B demarcado é a essência da maioria de seus videoclipes. Também fotógrafa, a artista criou uma linguagem própria. Às vezes aproveita algumas referências fílmicas, mas na maioria das vezes, só trabalha suas ideias com Jeremy Ngatho Cole, que dirige todos os seus vídeos.
Little Simz pelo mundo
A rapper ficou conhecida pela turnê com o Gorillaz, um convite que lhe rendeu muito aprendizado. “Eu viajei com o Gorillaz em 2017, fizemos Europa, Reino Unido, algumas datas nos EUA, e foi uma das melhores experiências de toda minha vida, com certeza”.
“Eles realmente me abraçaram, Damon é tão amável, tão genial, e ele sempre tem me apoiado em meu trabalho”Sobre a amizade com o Gorillaz
Viajando pelo mundo, Simz destacou alguns lugares como seus favoritos. “Minha melhor experiência internacional até agora foi tocar na Austrália, Nova Zelândia, América, até a tour européia, e agora aqui na América do Sul”.
Às vésperas de sua apresentação para o Popload, as energias são positivas. “Sinto que será um ótimo show. As audiências brasileiras querem uma festa, se divertir, e eu também. Acho que será ótimo”.
Serviço
Little Simz se apresenta logo após Luedji Luna, às 11h55. O Popload Festival acontece no Memorial da América Latina, em São Paulo, nesta sexta-feira (15). Ainda há ingressos disponíveis.