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Crítica | Rashid – Tão Real

Na última quarta-feira (22), o rapper Rashid completou a trilogia de Tão Real ao lançar as últimas seis músicas. E na forma de divulgação desse álbum, sétimo solo da carreira, vejo intrínseco em sua postura: um amadurecimento contínuo e agora consolidado. 

De seis em seis faixas lançadas como temporada 1, 2 e 3, agora 18 músicas compõem o álbum. Que artista em pleno 2020 lança essa quantidade de músicas? Mas ao escolher o método de lançamento, de pouquinho em pouquinho o público consegue digerir a quantidade e apreciar a qualidade desse trabalho que mescla crescimento profissional e encontro pessoal. 

O álbum traz a tona o processo de autoconhecimento, aceitação, nostalgia, evolução, além de abordar problemas sociais, assuntos em alta como beber para esquecer os problemas, vida em redes sociais, o dilema entre o tempo e o ser humano e aquela vontade de se encontrar. Ele condensa tudo isso de forma coesa, coerente, poética e direta.

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Por isso, Tão Real aborda de tudo e tem a capacidade de fazer muita gente se identificar com as letras. A primeira temporada foi lançada em setembro do ano passado. Na ocasião, escrevi que Rashid  fala sobre ele enquanto arte e pessoa (uma coisa só).

Segunda temporada de Tão Real

Já as músicas lançadas como segunda temporada, em outubro do ano passado, mostram essa variante de assuntos. Em SSNS ele fala de forma realista sobre dinheiro e sucesso; Bem Loko feat Ricon Sapiência retrata os prazeres e o esquecimento momentâneo dos problemas que a bebida alcoólica pode proporcionar. “Bebo sim, mas não é vício, não é bem assim”, explica na letra com uma levada tranquila. 

Com um refrão meio pop em Apavôru, Rashid manda um recado para os que não somam com ele. “Quebrada cantando em coro, (apavôru). Pros comédia é livre o choro, (apavôru). ‘Nóiz’ num leva desaforo, (apavôru). Ritmo é o nosso ouro, (apavôru)”.

Sobrou Silêncio feat Duda Beat já ganhou clipe. A letra trata das relações amorosas atuais que tendem a depender da tecnologia. O rapper expressa “nem vem com tecnologia, não se mata saudade por mensagem… Cansei de ouvir sua voz por Android ou Iphone. Nossa ligação sempre foi além do telefone”. 

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Carrossel feat TALHØ e Um Mundo de Cada Vez com participação de Drik Barbosa e Wesley Camilo se assemelham de alguma forma no assunto, pois as composições retratam as reflexões sobre a vida. Em um dos trechos de Carrossel dá para sentir que houve uma reflexão das situações que ele já vivenciou, até mesmo uma sensação de nostalgia. 

Em Um Mundo de Cada Vez, que fecha a segunda temporada, Rashid parece refletir sobre os próprios atos e chega a conclusão de que é preciso ver além do mundo dele, porque se achar exclusivo é perigoso. “E eu artista, achando que tenho a visão. Que tô vendo alguma coisa ali que eles não. Prepotente, de ser herói tô aquém. Só mostra que meu mundo precisa ser salvo também”.

Terceira temporada de Tão Real

V-I-S-Ã-O começa com beat pesado e Rashid relembra sua carreira, apontando que acreditou em si. “Geral te julga no caminho, a questão, você precisa apostar na sua visão”.

Blindado prossegue com a atmosfera e fala sobre as pessoas falsas que tentam se aproximar. Para isso, ele faz alusão a Judas e afirma “por isso minha banca é restrita. Quanto menor a rede, menor a chance de ter parasita”. 

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Aí vem Pipa Voada com participação de Lukinhas e Emicida para quebrar esse clima. É uma lovesong bem tranquila e gostosa de ouvir. A composição  brinca muito com letras de outras músicas de sucesso. “O ritmo do meu dia, a correria é quem dita. Pensando nela que é hit, igual Iza, Anitta. Sorriu pra mim, fiquei igual Kevinho. Cê acredita?”. 

A faixa Casca seguida de Meu Amigo Tempo tem tanta sintonia. A primeira aborda como muitas vezes tentamos ser o que não somos para agradar as pessoas. “Até quando a resposta é não, tenho dito sim”, indaga a letra. 

Em Meu Amigo Tempo parece que ele está se reconciliando com seus atos, pensando e aprendendo a lidar com o tempo. Sabe aquele ditado “o tempo cura tudo”? A música tem melodias do R&B e soul a ambiência e participação da banda curitibana Tuyo.

Aí vem a expressiva EU, última do álbum, achei sensacional com a Srta. Paola na segunda voz. Depois de se “esconder em uma casca” e refletir sobre o tempo, Rashid relata como foi lidar com a insegurança e com muitos conflitos internos, que como afirma “só ele e Deus sabia”.

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Com essa faixa ele reconhece que não pode ser, nem nunca foi, mesmo tentando, outra pessoa. Essa escolha para encerrar o álbum foi perfeita: reconhecer que ele é real. Aposto que muitos ouvintes se identificaram. 

Rashid: momento de se expressar

Esse é o tipo de álbum que dá para escutar sempre e toda vez ter uma recordação diferente de sua vida ou uma identificação maior com alguma parte da música. Não é um álbum restrito, mas com certeza tem muito significado para quem embarcou ou está naquela jornada de conhecer a si mesmo e aprender a lidar com os acontecimentos da vida. 

Não à toa, Rashid lançou junto a Tão Real, episódios do documentário. A gente só vê a produção de documentários sobre artistas quando estes têm muito a falar sobre sua carreira e vida pessoal, e na grande maioria, os dois juntos. E em Tão Real parece que o rapper sentiu que era esse o momento.

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