Crítica | All Time Low – Wake Up Sunshine

Sendo uma das poucas bandas de pop punk dos anos 2000 a se manter no mainstream mundial até hoje, All Time Low lançou nesta sexta-feira (3) seu oitavo álbum de estúdio, Wake Up, Sunshine

Recheado de referências à toda trajetória dos discos da banda, o álbum traz de volta o gênero pop punk “raíz” – com riffs bem feitos, linhas de voz melódicas, bateria marcante e um “quê” de nostalgia em cada uma das 15 faixas presentes no disco.  

Para os amantes do gênero, o disco definitivamente não deixa nada a desejar. Para os fãs da banda, é um obra de arte. 

Convidado pelo Lucas Krempel, tenho a honra de fazer o review desse álbum da minha banda favorita.

Some Kind Of Disaster

Lançado em 20 de janeiro como primeiro single do álbum, a música choca com o retorno da banda à vibe mais rock – diferente das últimas músicas lançadas em Last Young Renegade (2017)

Com letra memorável e riffs que lembram bastante a primeira fase da banda – além de um refrão que remete explicitamente ao Green Day – , a música traz referências claras a todos os álbuns dos meninos de Baltimore.

Sleeping In

Com letra marcante e puxada para uma vibe mais voluptuosa, a música mostra um pouco mais da maturidade da banda. Remetendo bastante ao som de Blink-182, a faixa deixa claro mais uma vez a intenção dos integrantes de revisitar de maneira direta a segunda era do pop punk – fazendo referência, inclusive, a um bordão bastante famoso na época com o verso de Hold It Against Me, de Britney Spears: “If I said I want your body, would you hold it against me? Seven in the morning while we listen to Britney”.

Getaway Green

Com letra chiclete e riffs explosivos, a música lembra bastante as canções do segundo álbum do All Time Low, So Wrong, It’s Right, disco que me fez apaixonar pela banda e me tornar grande fã. 

Uma das favoritas do álbum, a faixa com certeza traz fortemente o sentimento de nostalgia – e alegra com o sentimento de que a banda retornou definitivamente ao gênero de origem.

Melancholy Kaleidoscope

Seguindo a mesma vibe de nostalgia, através do verso “light a fire in the coldest hearts, fillin’ up the halls. That’s another lit match to burn”, a banda revisita em metáfora uma das músicas de maior sucesso da carreira, A Party Song, onde podemos lembrar da frase “lit a match just to heat things up, but I got more than I bargained for”.

Trouble Is

Indo para o lado mais emotivo, a faixa traz a nostalgia na letra melancólica e sentimental, nos fazendo revisitar sentimentos que com certeza tivemos em inúmeras fases da vida. “The trouble is, you’re a part of me”. Particularmente, entra também no meu top 5 do álbum. 

Wake Up, Sunshine

Título do álbum, a faixa vem como um grito de ajuda da banda para os fãs. Desde os riffs animados e grudentos de guitarra – uma das especialidades da banda até hoje – até a letra, a música traz um sentimento de esperança, excitação, numa tentativa de levar o som para o bom humor numa vibe meio “summer rock”. 

Lembra bastante alguns temas de séries dos anos 2000, como The O.C. Particularmente, achei uma ótima escolha para carregar o nome do álbum.

Monsters (feat. Blackbear)

Sem dúvidas, minha música favorita desse álbum. Numa mistura da primeira e segunda geração do gênero que amamos – me lembrando um pouco da última era de Fall Out Boy -, a escolha de trazer Blackbear para a track tornou a canção uma das melhores tracks da banda. 

Com bateria marcante e guitarras bem distorcidas, a música deixa claro a mistura do que era o emo dos anos 2000 –  representado pelas bandas que nos marcaram com pop punk e pop rock – com a nova geração do estilo na atualidade – hoje representado pelo indie e sad trap

Vale ressaltar a belíssima referência que Bear fez à sua canção de maior nome “idfc”, ao colocar em Monsters a o famoso bordão “tell me pretty lies, look me in the face, tell me that you love me, even if it’s fake”. 

É bem bacana perceber a mistura dos dois estilos, principalmente levando em consideração a universalidade que se abre ao CD, popularizando, talvez, o estilo novamente. Pra mim, é a música mais promissora a colocar a banda no topo do mainstream novamente.

Pretty Venom (Interlude)

Fugindo um pouco do conceito geral do álbum, a track encaixou perfeitamente como um interlúdio no disco. Numa vibe mais pop ballad, o som nos permite acalmar o coração com uma bela letra e arranjo simples e bem construído.

Favorite Place (feat. The Band Camino)

Mais uma vez, All Time Low faz a escolha perfeita para collab em outra faixa. The Band Camino é a nova aposta do alt. pop rock na Europa, emplacando o mainstream do indie alternativo logo atrás de 5 Seconds of Summer. 

A influência do gênero é bastante perceptível em Favorite Place, com uma vibe mais stadium rock. Lembrando também a banda The Maine, a música toca bastante o coração e tem uma pegada bem gostosa de ouvir. 

Na letra, é perceptível um gesto de amor para quem se ama. Também uma das minhas faixas favoritas, me lembrando algumas músicas do álbum Don’t Panic! (2012).

Safe

A faixa me traz uma vibe crescente, começando com riffs simples mais clean nos versos seguidos de refrão explosivo e tocante – som que já lembra bastante o terceiro álbum da banda, Nothing Personal (2009).

January Gloom / Summer Daze (Seasons Part 1 & 2)

Mesmo sendo diferentes em alguns aspectos, as faixas realmente me trouxeram um vibe que liga uma à outra. Com beat orgânico da bateria um pouco mais marcantes nos versos, as faixas trazem uma energia mais alt. rock perfeitamente encaixada no mais pro fim do álbum. Duas músicas marcantes na trajetória da banda, com letras muitíssimo bem escritas.

Clumsy

Uma prova da maturidade e qualidade de som da banda, a faixa revisita o álbum Dirty Work (2011), trazendo um beat mais dançante com arranjos de voz bem pop e riffs de guitarras distorcidas perfeitamente encaixados – nos lembrando também arranjos de outras bandas da mesma época como Good Charlotte

Adicionando nessa mistura – que sempre marcou a autenticidade de All Time Low – uma letra mais madura que faz com que a faixa seja um marco na história da banda e no novo álbum. Perfeitamente arranjada, produzida, escrita e montada. Uma das músicas mais bem feitas da obra.

Glitter & Crimson

Trazendo uma vibe de rock ballad, a faixa traz uma crescente bem construída que nos remete levemente às faixas Remembering Sunday e Therapy que com certeza já foram favoritas de todos os fãs da banda no segundo e terceiro álbum, respectivamente. 

Com letra incrivelmente bem escrita e arranjo muito bem encaixado, a banda retoma mais uma vez o sentimento de nostalgia presente em quase todas as faixas do álbum. 

Basement Noise

Última faixa do álbum, Basement Noise definitivamente vai arrancar lágrimas de todos que são fãs e acompanharam a trajetória da banda desde o começo. 

O hino marca o caminho desde a origem da banda, começo da carreira e história dos meninos até todas as conquistas e visões de futuro que eles têm agora. 

A música traz um grito de esperança e gratidão, marcando, quem sabe, um recomeço na história da banda.

Conclusão de Wake Up, Sunshine

Wake Up, Sunshine tem tudo para ser o melhor álbum do All Time Low, E digo como fã que sou há 12 anos. Letras que mostram a maturidade dos integrantes, arranjos marcantes e icônicos. Além de uma energia pouco vista em músicas e artistas que ouvimos no mainstream hoje em dia. 

Uma trajetória entre as melhores fases da banda, em Wake Up, Sunshine podemos revisitar o pop punk de maneira vívida e repleta de lembranças, nos trazendo à tona memórias e sentimentos que muitos de nós, fãs do gênero, tivemos na adolescência e juventude. 

Em uma palavra, podemos definir o álbum como nostalgia. Nostalgia ao reviver um gênero que marcou gerações e histórias ao longo de duas décadas. Um álbum 10/10.