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Entrevista | Hurricanes – “Estar dentro do furacão deu uma sobrecarregada a mais”

A banda Hurricanes lançou seu álbum de estreia, homônimo, via ForMusic Records, no último dia 29. O disco, que faz referência ao rock setentista, possui oito faixas autorais. O primeiro álbum da carreira do quarteto brasileiro leva o ouvinte a uma experiência que combina as raízes do blues e rock dos anos 70 com técnicas de mixagem e sonoridade modernas.

Em conversa com o Blog n’ Roll, o guitarrista da banda e produtor do disco, Leo Mayer, explicou como foi o processo de criação do álbum, a nova onda setentista no rock, além da experiência de ter tocado com o Black Crowes, em São Paulo. 

Ouvir esse álbum do Hurricanes é uma viagem no tempo. Me sinto transportado para os anos 1970. Era essa a intenção mesmo?

Era a intenção e ao mesmo tempo não era porque é o que a gente gosta, é o que a gente escuta, é o que a gente vive, tanto estética quanto som. A banda gosta dos clássicos dos anos 60, anos 70 e acho que não teria outro jeito de fazer se não fosse esse, é o mais natural possível pra gente. Se a gente fosse pensar em fazer algo mais comercial, mais pop, mais pesado, ou seja o que for, acho que daria errado sabe porque é realmente essa vibe, essa onda que a gente gosta.

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Vocês acreditam que o Greta Van Fleet abriu espaço para bandas com essa sonoridade mais setentista? Ou sempre existiu esse público e isso não mudou nada?

Mudou, com certeza! Acho que sempre teve esse público, sempre esteve presente, mas acho que uma banda jovem fazer isso, ajuda muito. Pô, os caras, quando surgiram, tinham o que? 20 anos? Não lembro. Isso é importantíssimo para uma imagem, todas as décadas teve bandas representantes, com certeza eles foram.

Tem bandas muito legais, como Rival Sons, por exemplo, da mesma época, talvez até antes um pouco, que não conseguiram chegar onde eles chegaram por função de imagem, ter um público mais jovem engajado, então acho que eles foram muito importantes.

Como foi o processo de criação desse primeiro álbum?

O processo foi bem maluco, a gente se reuniu no estúdio, no porão do nosso baixista, e cada música saiu de um jeito, teve música que o Rodrigo chegou com a música pronta, teve música que escrevi com a minha namorada, que é a backing vocal da banda também, a Julia.

Teve música que a banda inteira escreveu, Thunder in the Storm, que saiu pronta numa jam. A gente começou a tocar, levou um som, cheguei com o riff, o Rodrigo começou já a fazer a letra na hora e a música saiu. Por fim, o Henrique queria botar um riff de baixo no final, tudo muito rápido assim.

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Teve músicas como Birds Gone, que foram mais trabalhadas por meses, a gente ficou meses nela e não conseguia acertar nela, demorou pra acertar uma letra legal que a gente curtisse, os arranjos também.

Então, cada música foi de um jeito, foi bem maluco mesmo. Teve músicas antigas, como Flowers, que era uma música que a gente já tinha lançado quando foi cogitado um disco. O público falou que tinha que estar nesse disco, então a gente adiciona lá, enfim, bem variado mesmo.

Você, além de guitarrista, também foi o produtor do álbum. Isso é algo que sobrecarrega ou traz mais segurança de trabalhar em cima do que vocês projetaram?

Quem trampa com produção está um pouco acostumado com um nível de trabalho grande assim, né? Só que é diferente quando você está tocando e compondo, você está falando para o músico, faz assim, faz assado, então estar dentro do furacão deu uma sobrecarregada a mais, mas nada que fuja do normal.

Ao mesmo tempo, como você falou, é uma certa garantia de que a gente demora, mas vai chegar onde queremos. Mas é isso, foi um processo bem cansativo. Hoje sinto que depois que entreguei o disco, tirei um peso das costas, mas totalmente gratificante também.

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Recentemente, o Hurricanes abriu o show do Black Crowes em São Paulo. Como foi essa experiência?

Foi incrível, a realização de um sonho. Todos da banda curtem muito o trabalho do Black Crowes, foi uma surpresa gigante a gente ter tido esse convite. Conversamos com eles, estávamos lá no backstage e trocamos muita ideia.

Acho que o ponto mais legal da conversa foi eles terem chegado e agradecerem pelo som que a gente estava fazendo. Eles falaram: ‘que bom que vocês fazem esse tipo de som’. É a mesma influência que a deles, obviamente, e eles falaram, ‘a gente está rodando o mundo todo e cada vez menos a gente encontra bandas nessa onda que vocês tão surfando. Muito obrigado’. Que que vou dizer, foi muito legal, muito legal mesmo.

Nos últimos anos observamos uma onda de muitas bandas quererem gravar em português. Vocês pensam nisso também? Ou acreditam que as ideias e a sonoridade não combinam com o idioma?

A gente está sempre aberto, o dia que aparecer uma música em português e ela ficar legal, vamos gravar. Não temos nenhuma barreira com isso, se der na telha, vamos gravar.

Pretendem excursionar com esse álbum pelo Brasil?

A ideia é ir para o máximo de lugares possíveis. A gente estava falando sobre novos planos, e é tudo muito incerto porque a cena autoral é você que cria, você que faz ela, então se tiver público suficiente, se tiver galera pedindo show, acho que essa chegada do álbum vai mudar um pouco o jogo. Acredito que o som vai se espalhar um pouco mais, então, se tudo  der certo, se todo mundo gostar, se for interessante pra gente, vai ser o sonho, excursionar pelo país tocando nosso som.

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Quais os três álbuns que mais te impactaram como músico?

Fire and Water, do Free, Led Zeppelin III, além do Sticky Fingers, do Rolling Stones.

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