Crítica | Blockbuster (1ª Temporada)

Engenharia do Cinema Em uma era onde a mídia física está dividindo e perdendo cenário para o streaming, justamente a Netflix lançou a sitcom “Blockbuster” (uma vez que esta quase comprou a plataforma citada, ainda nos anos 90). Se passando justamente na última loja daquela que já foi uma das maiores empresas de aluguel do ramo, vemos que realmente a criadora da atração, a showrunner Vanessa Ramos não procurou saber mais histórias sobre como era a rotina das vídeo-locadoras (inclusive, ela deve desconhecer o excelente documentário “Cinemagia“), uma vez que o foco acaba sendo mais conflitos pessoais e amorosos dos personagens, ao invés de detalhes que marcaram a existência de tais estabelecimentos. Como dito anteriormente, a história se passa na última Blockbuster do mundo e seu gerente, Timmy (Randall Park) faz de tudo para não só manter o local vivo, como também a própria tradição de consumir mídia física. Mesmo ciente que o espectador atual está optando por plataformas de streaming. Imagem: Netflix (Divulgação) Mesmo com o design de produção da loja sendo excelente (uma vez que as prateleiras possuem filmes e edições que realmente existem), faltou mais da pegada da rotina de uma locadora. Apesar de vermos cenas habituais como funcionários que indicam filmes, clientes assíduos e até mesmo o balcão da mesma se transformando em um verdadeiro cenário de terapia, faltou mais daquela pegada que todos nós lembramos que acontecia. Isso envolve situações com distribuidores de filmes, edições de luxo que chamam atenção, produções que só são lançadas em um formato e até mesmo funcionários que são realmente interessantes e não clichês. Temos o cara certinho (Park), a amiga de todos (Hannah), o cinéfilo (Carlos), o interesse amoroso do protagonista (Melissa Fumero), a funcionária mais antiga da empresa (Olga Merediz) e até mesmo o responsável pela loja (J.B. Smoove). E o mais importante, e que muitos se perguntam se por se tratar de uma sitcom “é uma série engraçada?” Honestamente, quando os risos começaram a aparecer em tela, a temporada já se acabou e ainda ficamos pensando “porque diabos nos pegamos vendo essa atração até o final, se nem graça estavatendo?” Mesmo se tratando de uma série sobre vídeo-locadoras, a primeira temporada de “Blockbuster” foi nitidamente feita por pessoas que desconhecem realmente como funcionava e qual era a rotina deste tipo de empresa, que até hoje faz muita falta.
Crítica | Terra dos Sonhos

Engenharia do Cinema Se tem um estilo que cada vez mais o cinema tem deixado de lado em termos de qualidade, é o de fantasia. Sempre deixando o foco em cima de adaptações literárias e de histórias em quadrinhos, raramente vemos uma obra original, que tenha sido concebida. Estrelada por Jason Momoa, “Terra dos Sonhos” chega para quebrar este paradigma, mesmo bebendo bastante de clássicos escopos já conhecidos do grande público. A história mostra a adolescente Nemo (Marlow Barkley), que após perder seu Pai (Kyle Chandler) acaba tendo de morar com seu tímido e acanhado tio (Chris O’Dowd). Mas em sua primeira noite na residência do mesmo, ela acaba sendo levada para um universo repleto de magia e é apresentada ao excêntrico Flip (Jason Momoa), que está vivendo há anos no local e lhe pede para ajudar a chegar em um local onde os sonhos mais profundos se tornam realidade. Imagem: Netflix (Divulgação) Após ter comandado a maioria dos filmes de “Jogos Vorazes” e “Constantine” (inclusive, ele se prepara para comandar o segundo), o diretor Francis Lawrence já deixou claro que ele entende de comandar o gênero e sabe lidar com o fator “não deixar o CGI guiar totalmente a história” (apesar do mesmo estar relativamente bem feito). Em quase duas horas de duração, facilmente ele consegue cativar o seu público por simplesmente apelar a um tópico delicado, que o próprio cinema não tem conseguido retratar com tanto cuidado como antes: o luto. Em menos de 20 minutos de projeção, conseguimos comprar a personagem Nemo e o quão tem sido complicado aceitar o que acabou de ocorrer em sua vida (que foi a perda de seu Pai). Embora seu contraponto seja um Momoa totalmente envergonhado de estar lá (uma vez que ele deve ter aceitado este papel por conta de seus filhos e um ótimo cachê), o destaque acaba caindo sobre a própria Barkley e até mesmo O’Dowd (que mesmo conhecido por grandes comédias, tem aqui uma das suas maiores interpretações dramáticas). “Terra dos Sonhos” acaba se tornando uma agradável surpresa, e acaba se tornando um lindo e emocionante filme, sobre como se deve lidar com o luto, nos momentos mais complicados da vida.
Crítica | Eike, Tudo ou Nada

Engenharia do Cinema Não precisa ser assíduo nos telejornais e notícias para conhecer Eike Batista. Sendo um dos homens mais ricos do país na última década, o mesmo enfrentou dezenas de escândalos de corrupção por conta de envolvimentos com os governos Lula, Dilma e vários outros empresários brasileiros, para conseguir fazer com que sua empresa se estabelecesse no ramo petrolífero. Baseado no livro de Malu Gaspar, “Tudo ou Nada: Eike Batista e a Verdadeira História do Grupo X“, “Eike, Tudo ou Nada” não procura focar na sua trajetória desde seu principio, mas apenas um recorte de quando acrescentou em suas empresas do grupo X, uma área petrolífera. Sendo interpretado por Nelson Freitas (que realmente se parece e muito com ele), vemos a ascensão e queda de um dos mais respeitados nomes do Brasil. Imagem: Paris Filmes (Divulgação) Bebendo até demais de uma fonte chamada “O Lobo de Wall Street” (que tinha três horas de duração), o longa da dupla Dida Andrade e Andradina Azevedo (que também assinaram o roteiro) resolve condensar fatos vividos pelo empresário durante anos, em menos de 100 minutos de projeção. Para contar a vida de uma personalidade como Eike (ainda mais em uma passagem como esta retratada no longa), era necessário no minimo ter uma produção com cerca de 150 minutos. Com intermédio de momentos infames (como uma cena que mostra ele mastigando em um jantar com outros executivos, para representar que ele estava sendo mais poderoso que todos), diálogos vergonhosos e falta de nexo em algumas cenas (uma vez que muitas passagens são resumidas em cenas aleatórias como seu casamento com Luma de Oliveira, vivida por Carol Castro, que aparece em menos de dois minutos). Embora Freitas nitidamente esteja bem a vontade no papel, faltou ter em mãos um roteiro mais ácido e que colocasse o espectador mais dentro daquele cenário. Faltou mostrar mais de sua trajetória, seus grandes objetivos (já que tudo isso ficou resumido àdiálogos pastelões) e até mesmo quando foi descoberto seu envolvimento em grandes situações de corrupção, durante a Operação Lava Jato (que também ficou literalmente jogado, de maneira porca). “Eike, Tudo ou Nada” é exatamente como seu próprio título pressupõe, pois ele tenta contar tudo que podia e acaba sendo absolutamente nada de relevante. Certamente esta história voltará a ser contada de outra perspectiva, em um futuro próximo.
Crítica | Guardiões da Galáxia: Especial de Festas

Engenharia do Cinema Desde que foi anunciado em meados de 2020, muito se pensou sobre o que se trataria “Guardiões da Galáxia: Especial de Festas“, que seria mais uma ponte do enredo dos Guardiões da Galáxia, antes do terceiro filme (que chegará aos cinemas em maio de 2023). Novamente com roteiro e direção de James Gunn, sentimos que realmente esta franquia nasceu para ter seu comando e que realmente a Marvel está acertando ao não intervir em suas criações (vide o desastre que foi a última fase). Mais uma vez temos um especial com menos de 60 minutos, que consegue ser melhor que os últimos filmes do estúdio. Após sentirem que Peter (Chris Pratt) está realmente bastante chateado nas comemorações natalinas, Mantis (Pom Klementieff) e Drax (Dave Bautista) resolvem lhe dar um presente que lhe fará feliz: o próprio Kevin Bacon (que eles acreditam ser o grande herói do universo). Então a dupla vai para a terra, na busca do mesmo. Imagem: Marvel Studios (Divulgação) Com duração aproximada de 45 minutos, estamos falando de uma produção que realmente funciona porque ela sabe dosar suas piadas, e está ciente quais são seus limites. Mesmo com a química de Mantis e Drax sendo o carro forte aqui, vemos que Gunn estava ciente até onde poderia ter ido com o humor da dupla tendo um choque cultural ao chegar na terra, pois ele não repete exaustivamente para encher linguiça. E nitidamente o próprio Kevin Bacon consegue entrar na sintonia e atmosfera do especial, pois além dele ter o timing perfeito para este tipo de atração, ele interpreta uma versão satírica de si mesmo (que mesmo sendo breve, rende momentos hilários). Assim como toda produção da Marvel, esta não poderia ter sido diferente ao apresentar novos personagens e mesmo com este fazendo uma breve ponta, o Cão Cosmo (Maria Bakalova) veio para ficar na equipe e nitidamente vamos saber mais dele no terceiro longa destes. “Guardiões da Galáxia: Especial de Festas” consegue entreter aos fãs que estavam tristes com a vergonhosa participação da equipe em “Thor: Amor e Trovão”, deixando um sorriso enorme, enquanto o terceiro filme da equipe está chegando.
Crítica | Bardo, Falsa Crônica de Algumas Verdades

Engenharia do Cinema Após ter conquistado três Oscars por “Birdman” e um por “O Regresso“, era óbvio que muitos iriam pegar um tempo para conferir o novo filme do cineasta mexicano Alejandro G. Iñárritu. Concebido durante 2020/21, “Bardo, Falsa Crônica de Algumas Verdades” foi comprado pela Netflix que não só irá o distribuir mundialmente (com breves exibições nos cinemas mundiais, antes de chegar na plataforma), como também mira em novas indicações na premiação citada (inclusive o mesmo se tornou o representante do México, para o Oscar 2023). Só que por ser um projeto mais pessoal (como o próprio descreveu em várias entrevistas), acredito que ele irá dividir e muito o espectador. A história gira em torno do renomado jornalista Silverio (Daniel Giménez Cacho), que está no ápice de sua carreira e em está vivenciando uma série de homenagens ao seu legado no México e em breve irá para os EUA, para receber um grandioso prêmio e homenagem. Só que ao mesmo tempo, ele começa a ter uma grande crise existencial, o que lhe faz questionar se realmente deixou um bom legado para sua família e o jornalismo. Imagem: Netflix (Divulgação) Uma coisa é unânime: não havia necessidade de Iñárritu realizar um longa de 159 minutos, uma vez que ele possui quase cerca de 1/4 com cenas reflexivas (só para enaltecer a fotografia e mixagem de som) e que posteriormente são explicadas em breves diálogos. Ele também pecou ao tentar mesclar a pauta do conflito entre México e EUA (com algumas críticas ao governo Trump, que no contexto atual não se encaixam mais) em um cenário maior, deixando várias lacunas quando parte para retratação das críticas do jornalismo, como um todo. Neste tópico, o mesmo parece que “bebeu demais” da fonte do sucedido “Birdman” (inclusive há uma discussão na cobertura de um prédio, remetendo demais ao que foi visto no filme com Michael Keaton), ao mostrar vários pontos de vista de como o jornalismo se reduziu a manchetes do TikTok e notas em posts de Facebook (mas infelizmente se resumem em diálogos, ao invés de explanações). Isso sem citar que faltou aquela acidez que o veterano já havia mostrado no citado, se tratando de conflitos nos bastidores da profissão. Mas não estamos falando de um filme relativamente ruim, muito pelo contrário, é um bom filme, só que como toda produção do citado, certamente este irá dividir e muito o espectador (já que estamos falando de uma narrativa que está repleta de mensagens subliminares, e poucos diálogos em alguns arcos). Um claro exemplo é colocado nos primeiros 15 minutos, onde embora deixe embasada uma ótima fotografia de Darius Khondji (que consegue tirar reflexos em poças de água e à todo momento nos transporta para dentro da cena, tamanho realismo que é exercido) e mixagem de som (que consegue fazer até um simples estalo e assobio, terem presença em cena). Em quesito de atuações, digamos que o verdadeiro grande nome é de Daniel Giménez Cacho (que embora não fature indicações nas premiações grandes do cinema, terá vários novos projetos gigantes pelo qual será atrelado), que consegue transpor tamanha maluquice que sua mente está vivenciando. Inclusive, é inevitável recordarmos quaisquer jornalistas brasileiros ao vermos a história de Silverio (principalmente os mais renomados como Roberto Cabrini). “Bardo, Falsa Crônica de Algumas Verdades” termina sendo um ótimo filme em aspectos técnicos, mas com uma fraca história, contada por um dos maiores cineastas da atualidade.
Crítica | Desencantada

Engenharia do Cinema Depois de anos com várias pessoas, atores e até mesmo os envolvidos do primeiro “Encantada” (lançado em 2007, nos cinemas) pedirem para a Disney dar sinal verde para a continuação, o estúdio não só abraçou a ideia em meados de 2020, como também trouxe todos os nomes do original, com a única diferença é que agora o lançamento de “Desencantada” seria direto no Disney+. Mais uma vez, não hesito em dizer que o estúdio errou feio em direcionar neste formato, um título que teria porte para fazer grande sucesso no cinema. A história começa alguns anos depois do final do primeiro, com Giselle (Amy Adams) vendo que realmente sua vida no mundo real, é totalmente diferente e mais complicada do que imaginava. Mesmo com seu casamento com Robert (Patrick Dempsey) indo bem, ela agora tem um filho pequeno e tem de lidar com as birras de sua enteada adolescente Morgan (Gabriella Baldacchino). Mas quando eles se mudam para uma nova casa, em uma nova cidade, Giselle vê que é a grande chance para as coisas serem do jeito que ela gostaria. Imagem: Walt Disney Pictures (Divulgação) Conseguindo trazer de volta tudo aquilo que nós gostamos no antecessor, animação 2D mesclada com live-action, números musicais divertidos e executados aleatoriamente e, claro, a própria Amy Adams. O original foi responsável por alavancar sua carreira no cinema, e é nítido em seu olhar que ela está feliz por ter voltado à cena (e mais uma vez ela solta a voz como cantora). O mesmo, infelizmente, não pode se dizer de Dempsey (que também foi prejudicado pelo roteiro), que não só deve ter voltado por conta do cachê, como também em respeito por todos os envolvidos. Outro fator que acaba pecando um pouco, como dito acima, é o roteiro de Brigitte Hales. No primeiro arco faltaram algumas coisas reais e do dia a dia, para mostrar as verdadeiras dificuldades de Giselle (e deixar ela mais próxima do público) como trabalhar loucamente, pagar boletos e até mesmo tentar lidar com os problemas que surgem na casa. As “dificuldades” se resumem a ela não viver em um mundo de fantasias, cuidar de um bebê, aturar a enteada e se contentar com o marido que trabalha o dia todo (para sustentar todos na casa). Sem entrar no quesito de spoilers, o próprio roteiro tem tantas falhas que ele acaba se esquecendo de conduzir o trio de “vilãs” composto por Maya Rudolph (Malvina), Yvette Nicole Brown (Rosaleen) e Jayma Mays (Ruby) não fazem sentido de estarem no filme. Além de terem sido literalmente “jogadas” no enredo, o arco do trio não faz sentido nenhum. Mesmo com alguns descuidos, “Desencantada” era a continuação que nós gostaríamos de ver há anos, porém nas telonas do cinema, ao invés nas telinhas do streaming.
Crítica | Nada é Por Acaso

Engenharia do Cinema Um fato que sempre vai ser citado no cinema nacional, é que qualquer filme sobre a doutrina espírita e que tenha ligação com nomes como Chico Xavier, Divaldo e outras pessoas importantes para a mesma, sempre serão um sucesso de público e bilheteria (na maioria das vezes). Inspirado no famoso livro de Zíbia Gasparetto, “Nada É Por Acaso” se encaixa perfeitamente nestes parâmetros, porém estamos falando de um filme cujo público (pelo menos uma grande parcela dele), não possui o hábito de ir muito ao cinemas e só está interessado em saber na mensagem mostrada no mesmo. E isso obviamente acabou resultando em um filme totalmente amador. O filme mostra a história de duas mulheres distintas, Maria Eugênia (Mika Guluzian) e Marina (Giovanna Lancellotti). Enquanto a primeira recebe um misterioso telefonema de um homem (Fernando Alves Pinto) que poderá prejudicar sua vida, a segunda volta de viagem para sua casa com cinco milhões de reais em sua conta, um carro novo e o emprego dos sonhos. Porém, ambas possuem uma ligação espiritual que vai fazendo sentido aos poucos. Imagem: Imagem Filmes (Divulgação) Chega a ser engraçado ver que este filme é uma verdadeira propaganda da doutrina espirita, em diversos sentidos. O diretor Márcio Trigo certamente foi direcionado para sempre dar enfoque para livros (cuja sequência na livraria, sempre destacava alguns livros da temática e acabava causando interesse no público que segue o assunto), locais, atitudes e até mesmo algumas marcas (como o selo Coco Bambu, que é um dos patrocinadores do filme). O recurso poderia ser um incomodo, se a ideia do próprio não fosse fazer exatamente isso. Isso porque não entrei no mérito das atuações, que realmente parecem ter saído de uma novela mexicana (de tão forçadas que algumas são, em alguns momentos). Consequentemente, alguns breves momentos acabaram causando risos. Embora o diretor de elenco tenha se aproveitado de alguns atores que sempre fazem o mesmo tipo de papel como Fernando Alves Pinto (o europeu com toques brasileiros), Giovanna Lancellotti (a mulher meiga e que consegue agradar a todos) e Werner Schünemann (o “investigador/advogado” da trama). “Nada É Por Acaso” é mais uma produção nacional, que serve como verdadeiro álibi para o público entender mais sobre como a doutrina espírita age e funciona.
Crítica | O Milagre

Engenharia do Cinema Filmes com temática religiosa normalmente dividem e muito público, não só pelo seu aspecto técnico, mas pelo seu roteiro. Apesar de termos um caso recente com “Nada é Por Acaso“, “O Milagre” facilmente poderia entrar neste quesito, principalmente por se tratar de uma obra que nos faz questionar os atos dos personagens, ao invés de embasar uma diretriz óbvia em seu roteiro. E isso fica bastante explícito desde sua abertura, onde uma narração em off deixa enfatizado isso para o público leigo (tanto que alguns desavisados, achavam que se trataria de um filme de terror/suspense devido ao material promocional acidentalmente mirar eles). Inspirado no livro de Emma Donoghue, a história se passa em 1862, quando a jovem enfermeira Lib (Florence Pugh) é enviada ao norte da Irlanda, para investigar o estranho acontecimento de Anna (Kíla Lord Cassidy), uma menina que não estava se alimentando há quatro meses. Desafiando a igreja e vários médicos, ela é encarregada de tentar descobrir se tudo aquilo é uma farsa ou verdade. Imagem: Netflix (Divulgação) Sob direção de Sebastián Lelio (“Uma Mulher Fantástica“), este é mais um projeto do cineasta que fala sobre perdas e como o ser humano reage com relação a isso. Como dito no primeiro paragrafo, estamos falando de um projeto cujo propósito é fazer o espectador raciocinar sobre o quão a fé é uma questão individual, e como a Igreja é realmente um grande divisor de águas, quando o assunto se trata de milagres. E para isso o mérito vai para o talento da própria Pugh e Cassidy, que além de conseguirem transpor emoções pesadas, em momentos chaves (há duas cenas em específico, que ambas realmente estão ótimas ao transpor o drama da situação), possuem uma excelente química necessária para este contexto. “O Milagre” acaba sendo um interessante retrato reflexivo, que consegue se segurar por mérito de suas ótimas atuações.
Crítica | Spirited: Um Conto de Natalino

Engenharia do Cinema Sempre nos meses de novembro e dezembro, chegam aos cinemas e streamings os longas com temática natalina. Alguns são um mais do mesmo, já outros acabam pegando ideias que deram certo e executam de uma maneira totalmente diferente do que conhecemos. Isso já aconteceu com os sucedidos “Os Fantasmas de Scrooge” e “Os Fantasmas Contra-Atacam“. Em “Spirited: Um Conto de Natalino” o escopo é exatamente o mesmo dos citados, porém o desenvolver é diferente do icônico conto de Charles Dickens, “Um Conto de Natal”. A história mostra que existe uma agência secreta, que realiza diversas ações com pessoas arrogantes e incrédulas, para que elas mudem suas atitudes por intermédio das visitas dos fantasmas do passado, presente e futuro. Após vários anos trabalhando na função, o Fantasma do Presente (Will Farrell) vê que está na hora de buscar algo mais desafiador e para isso escolhe o inescrupuloso empresário Clint Briggs (Ryan Reynolds), que segundo os dados do sistema da mesma, jamais irá conseguir mudar seu comportamento. Imagem: Apple TV+ (Divulgação) Uma coisa que os roteiristas Sean Anders (que também assinou a direção) e John Morris sabem fazer e seus filmes, é tirar graça de situações cotidianas de forma inteligente e sem medo das consequências do politicamente correto (“A Família do Bagulho” e “Sex Drive: Rumo ao Sexo” estão ai para comprovar). Apesar de se tratar do primeiro musical da dupla, eles conseguem tirar situações hilárias com Farrell e Reynolds (que possuem uma ótima química) que juntos também possuem talento para este tipo de filme (lembrando que eles já tiveram em outras encenações musicais, seja no cinema ou na televisão). Como estamos falando de uma nova roupagem de um conto já conhecido, além da dupla estar ciente da brincadeira exercida na trama, ainda há uma brecha para as atrizes Octavia Spencer (Kimberly) e Sunita Mani (a Fantasma do Passado, que inclusive possui um arco hilário), conseguirem tirar bons e agradáveis momentos. Inclusive, as músicas escritas pela dupla Benj Pasek e Justin Paul conseguem cativar e servir como gatilho para o espectador se prender ainda mais na narrativa (afinal, hoje em dia os filmes precisam destas artimanhas para se sobreporem às conversas no celular). E as confecções destes números musicais, embora não sejam criativos, são bem conduzidas e você denota que há uma felicidade no olhar dos envolvidos na mesma (diferente de alguns outros longas do estilo, que são bem monótonos e cansativos). “Spirited: Um Conto de Natalino” consegue se destacar como a mais divertida produção de natal deste ano. Grande acerto da Apple TV+, de Will Farrell e Ryan Reynolds.