Crítica | A Luz do Demônio

Engenharia do Cinema É inegável que os últimos títulos de horror lançados nos cinemas, não estão sendo um exemplo de qualidade. Apesar de terem feito muito sucesso, “A Órfã 2” e “Sorria” tecnicamente não são ótimos filmes de terror (inclusive, muitos fãs do gênero se pegaram rindo durante as exibições). “A Luz do Demônio” pega o gancho deste período que contou com vários lançamentos do estilo e nos entrega um mais do mesmo, só que com mais da insistência do cinema em alterar a história. A história gira em torno da Irmã Ann (Jacqueline Byers), que está terminando seus estudos para se tornar freira. Mas após presenciar um caso de possessão demoníaca, acaba tendo indo para na divisão de exorcismo em seu convento, junto de outros Padres. Apesar dela quebrar um protocolo da Igreja Católica (uma vez que apenas aqueles, podem exercer este tipo de atividade), a mesma descobre que tem condições para lidar com esta situação. Imagem: Paris Filmes (Divulgação) O principal problema no roteiro de Robert Zappia, é que ao invés deles explorarem esta questão do exorcismo na Igreja Católica ser realizado apenas por Padres e não por Freiras, parece que este tópico é facilitado pelo próprio texto. Não existem dificuldades para Ann exercer esta função, muito menos a própria Igreja parece sempre “ceder” por conta do destino da trama (sim, é algo vergonhoso e totalmente mirando no “vamos alterar esse dogma retrógrado”). E para fechar ainda mais o pacote, temos várias cenas de susto previsíveis, nomes conhecidos como Virginia Madsen (“Número 23“) aparecendo apenas para somar no elenco, um CGI parecendo que saiu do Playstation 2 e ainda temos a famosa criança demoníaca que vai ser centrada grande parte da história. Sim, estamos falando de um mais do mesmo (inclusive o diretor Daniel Stamm, ficou hábil neste estilo depois de “O Último Exorcismo“, lançado em 2010). “A Luz do Demônio” se torna uma vergonhosa produção de horror, que não consegue nem servir para passar o tempo.
Crítica | Passagem

Engenharia do Cinema Após a Apple TV+ ter roubado a cena no Oscar deste ano com a vitória de “No Ritmo do Coração” (que entrou para a história como o primeiro filme distribuído por uma plataforma de streaming, a vencer na categoria principal), é nítido que o serviço iria começar a fazer várias apostas para a edição de 2023. Em “Passagem“, é nítida a sensação que o mesmo irá apelar em uma indicação para Jennifer Lawrence (que andou sumida nos últimos anos), em uma produção cujo único propósito transparece ser este. A história gira em torno de Lynsey (Lawrence), que acabou de voltar da Guerra e está sofrendo com várias consequências de um traumatismo craniano obtido em conflito. Eis que ela começa a desenvolver uma amizade inusitada com o mecânico James (Brian Tyree Henry). Imagem: A24/Apple TV+ (Divulgação) Estreante no comando de longas-metragens, a diretora Lila Neugebauer parece conduzir suas cenas com foco total em Lawrence, e em como sua personagem está lidando com as consequências de seu acidente. Embora os primeiros dez minutos sejam focados no tratamento dela, nas situações precárias pelas quais ela se encontrava e até mesmo na total depressão que estava sua vida, o roteiro dos estreantes Ottessa Moshfegh, Luke Goebel e Elizabeth Sanders simplesmente faz um corte abrupto, onde em um take ela não conseguia andar direito e no outro ela já andando normalmente na rua. A única sensação que transparece era a oportunidade que poderiam ter criado neste primeiro arco, para criarmos uma afeição com Lynsey, e sua luta para melhorar (e ao invés disso, sentimos nada por ela). Eis que o enredo corta para a questão de amizade entre esta e James, que mesmo que seja interessante a ideia, é totalmente clichê e parece estarmos vendo mais um filme comum da “Sessão da Tarde“. Mesmo com Lawrence e Henry tendo química, estamos falando de uma ideia que foi totalmente jogada no lixo, para ficarem em um mais do mesmo. Como o próprio título sugere, “Passagem” será mais um título totalmente passageiro no catálogo da Apple TV+, pelo qual ganhará uma certa notoriedade por ser o filme que desperdiçou o talento de Jennifer Lawrence em um enredo clichê e monótono.
Crítica | My Policeman

Engenharia do Cinema Não é novidade que nos últimos meses as redes sociais têm comentado o lançamento do longa “My Policeman“, que teria como protagonistas a dupla Harry Stiles (“Não Se Preocupe Querida“) e Emma Corrin (da série “The Crown“). Depois de passar por vários festivais de cinema pelo mundo, o mesmo finalmente chega ao catálogo do Prime Video. Apesar de terem feito um enorme bafafá para ambos serem cotados ao Oscar, confesso que estamos falando de uma versão LGTBQIA+ do sucedido conto de “O Diário de Uma Paixão“. Baseado no livro de Bethan Roberts, a história mostra o casal Marion (Gina McKee) e Tom (Linus Roache), recebendo o enfermo Patrick (Rupert Everett), que se encontra em estado vegetativo. Intercalando com cenas do passado dos três, vemos o quão o casal (agora vividos por Stiles e Corrin) possuía uma relação carinhosa com aquele (David Dawson) e como o segundo nutria uma forte paixão pelo mesmo. Imagem: Amazon Studios (Divulgação) É notório que tanto no presente, como no passado, que o rio de atores possui uma enorme química em cena. Seja por conta de Corrin e McKee exercerem suas atuações apenas com olhares, expressões e até mesmo usando poucos diálogos (representando o quão ela era tímida diante da situação), assim como Stiles e Dawson nitidamente expressão uma genuína paixão em alguns breves momentos. Digo assim, pois não houve uma construção mais plausível, uma vez que tudo se resumiu a arcos clichês e baratos do gênero de romance (como cenas de passeio em locais culturais, parques e até mesmo englobando músicas). Agora um dos grandes destaques é do veterano Everett, que sob uma grande maquiagem consegue estar totalmente desconstruído e convence realmente como alguém doente, mas com sentimentos reprimidos. Mas infelizmente seu personagem perde o gás, quando está sob a personificação de Dawson, uma vez que este é um novato totalmente canastrão. Por se tratar de um filme inglês, a sensação é de que “já vimos essa história ser contada antes” é ainda mais colocada em nossas mentes por conta de singelos detalhes colocados durante o andar do mesmo. Seja por intermédio da fotografia acinzentada de Ben Davis (“Capitã Marvel“), debates sobre artes ou das constantes tomadas externas de campos/mar (que já se tornaram clichês, no próprio cinema inglês/europeu). “My Policeman” termina sendo mais um típico caso, onde o hype positivo acaba se sobressaindo mais do que o próprio filme. Infelizmente não será desta vez que Stiles conquistará seu primeiro Oscar.
Crítica | Noites Brutais

Engenharia do Cinema Sem dúvidas este filme de terror foi um dos vários casos da má gestão da Disney, na América Latina, pois ao invés de aproveitarem para terem lançado o mesmo nos cinemas, direcionaram diretamente para o Star+. Fazendo um enorme sucesso nos EUA, “Noites Brutais” literalmente é um longa que mistura “Olhos Famintos” com “Psicose”, ao contar sua história diferente e original (algo que está ficando cada vez mais interessante, no cinema de horror). A história tem início com Tess (Georgina Campbell), que aluga uma casa no aplicativo Airbnb e ao chegar no local descobre que o mesmo já está sendo ocupado por Keith (Bill Skarsgård). Como ela teria uma entrevista de emprego no dia seguinte, resolveu ficar no local mesmo com um estranho estando lá. Mas à medida que ela vai ficando mais tempo lá, descobre coisas estranhas que estão acontecendo. Imagem: 20th Century Studios (Divulgação) Escrito e dirigido por Zach Cregger (que vem de comédias pastelões como “Colegiais em Apuros“), vemos que nitidamente ele bebeu bastante da veia de Alfred Hitchcock e seu “Psicose” ao contar este tipo de história. Em um primeiro momento ele procura trabalhar a mente do espectador para mentalizar uma coisa, mas o mesmo acaba tomando outro rumo e tipo de pegada. E isso acaba aguçando a atenção do espectador, mesmo com ele não deixando se levar para cenas de violência gratuita e sangue adoidado. Sem entrar muito em território de spoilers, ele só peca ao tentar explorar pautas sociais como o “Me Too”, por intermédio do personagem de Justin Long (AJ), que é um cineasta acusado de estupro e acaba tendo de enfrentar com as consequências até seu julgamento. Parece que o assunto simplesmente some do filme, e ele está ali apenas com o propósito de ser uma chave para o desfecho do projeto. Em seu desfecho, vemos que “Noites Brutais” é um interessante filme de horror, que mostra o quão o gênero consegue se reinventar.
Crítica | O Enfermeiro da Noite

Engenharia do Cinema Parece até piada, quando estamos falando de um filme feito pela Netflix, e que realmente consegue ser ótimo. “O Enfermeiro da Noite” chegou na plataforma de forma tímida e aos poucos tem conseguido conquistar o público da plataforma de forma positiva. Estrelado pelos ganhadores do Oscar Eddie Redmayne e Jessica Chastain, temos uma das grandes performances na filmografia de ambos. Baseado no livro de Charles Graeber e em fatos reais, a história mostra a enfermeira Amy Loughren (Chastain) que está vivendo uma situação delicada em sua carreira, pois enfrenta uma doença cardíaca e está na fila de espera por um transplante. Em seus plantões, ela divide seus trabalhos com Charlie Cullen (Redmayne) com quem aos poucos começa a se mostrar ter uma personalidade psicótica, pois ele se torna o principal suspeito de assassinato de vários pacientes. Imagem: Netflix (Divulgação) Nos minutos iniciais é nítido que o diretor Tobias Lindholm se inspirou fortemente em David Fincher (que trabalhou com ele na série “Mindhunter“, onde este era produtor) para conduzir esta história. Seja por intermédio dos enquadramentos nos rostos dos protagonistas (sempre regada de uma fotografia granulada, como se fosse um registro em vídeo), e sempre quando há um momento de tensão é registrada uma ausência de trilha sonora (com o intuito de aumentar ainda mais a delicadeza da situação). Agora isso é nitidamente mérito também das atuações de Chastain e Redmayne, onde enquanto a primeira está em uma carácter que casa direitinho com ela (da enfermeira investigadora e totalmente viciada em trabalho), o segundo está assustador em todos os sentidos (seja por seu olhar, fala e até mesmo comportamentos nítidos de um assassino). Não duvido que talvez ele fature uma indicação ao Oscar, se acontecer uma boa campanha por parte da Netflix. “O Enfermeiro da Noite” acaba se tornando uma ótima produção de suspense, pelos quais nos consegue tirar uma ótima atuação dos atores protagonistas e nos prende com sua trama tensa.
Crítica | Convite Maldito

Engenahria do Cinema Realmente estamos em uma época onde o gênero de terror está ficando cada vez mais precário de bagunçado. Com a maioria dos últimos lançamentos sendo um verdadeiro fiasco no quesito de qualidade (vide “A Órfã 2” e “Sorria”), “Convite Maldito” realmente transcende o significado de bagunça, uma vez que parece estarmos vendo três filmes em um único. A história tem início com Evie (Nathalie Emmanuel) que após conseguir um dispositivo que auxilia a saber mais das origens de sua árvore genealógica, acaba descobrindo que possui uma família na Inglaterra, por intermédio da parte de sua bisavó. Após um convite de seu primo para ir em um casamento no local, ela acaba aceitando e à medida que ela vai investigando, coisas macabras e estranhas passam a acontecer no local. Imagem: Sony Pictures (Divulgação) Em seus primeiros minutos acabamos vendo o quão o roteiro de Blair Butler é amador e que ela era fã de filmes como “Blade“, “Nosferatu” e até mesmo “Crepúsculo“, ao relatar a trajetória de Evie em três camadas distintas. Com um terror inexistente durante 70% da projeção, somos apresentados a um arco romântico entre esta e o Lorde De Ville (Thomas Doherty), que é um dos proprietários do local. Mas apesar de terem usado este recurso para servir como aproximação dos personagens e do próprio enredo, faltou mais acidez e até mesmo explicações para algumas atitudes (uma vez que as decisões principais do enredo, são feitas de forma rápida e não fazia sentido nenhum). Inclusive, há algumas cenas homeopáticas que tentam tirar sustos, pelas quais vão se tornando vergonhosas e sem sentido algum (é criado uma relação misteriosa com as empregadas do local, e o roteiro não se dá ao trabalho de tentar explorar isso). Com relação ao gore e cenas de morte, o filme não possui criatividade alguma em realizar e explorar de forma criativa está, chegando a se tornarem algo chato e monótono. Mas quando estamos nos preparando para a grande revelação, a diretora Jessica M. Thompson demonstra que não conseguiu criar uma atmosfera com o intuito de fazer com que o espectador entre em choque junto de Evie. Uma vez que ela nitidamente resolveu mesclar sucedidos longas como “Casamento Sangrento” e “Blade“, ao invés de ter desenvolvido sua própria imagem. “Convite Maldito” acaba se tornando mais um filme de terror rasteiro da Sony, que só irá servir para encher o catálogo de plataformas de streaming.
Crítica | A Casa do Dragão (1ª Temporada)

Engenharia do Cinema Quando foi anunciado pela HBO Max, o spin-off/prequela de “Game of Thrones”, rotulado como “A Casa do Dragão”, muitos ficaram com medo de que fosse se tornar uma bomba por conta da desastrosa última temporada daquela. Com forte inspiração no conto de George R.R. Martin (que se envolveu totalmente no processo de desenvolvimento da mesma), temos aqui um dos fortes candidatos a uma das melhores séries de 2022 por diversos fatores. Seja por intermédio das atuações, efeitos visuais, design de produção (uma vez que é nítido que os cenários foram realmente construídos, sem abusar do CGI) e até mesmo roteiro (embora aconteçam alguns descuidos). A história se passa há cerca de 127 anos dos eventos mostrados em “Game of Thrones“, e vemos como a verdadeira guerra na família Targaryen começou. Mesmo com o Rei Viserys I Targaryen (Paddy Considine) tentando fazer o máximo para que a mesma não caia em conflitos, principalmente vindo da parte de sua filha a Princesa Rhaenyra Targaryen (vivida na adolescência por Milly Alcock e Emma D’Arcy na fase adulta) e atual esposa, a Rainha Alicent Hightower (vivida na adolescência por Emily Carey e Olivia Cooke na fase adulta). Imagem: HBO (Divulgação) Começo enfatizando a enorme preocupação da HBO em deixar claro o andamento da arvore genealógica mostrada na série, quase que semanalmente em suas redes sociais. Assim como em “Game of Thrones” onde eles disponibilizavam os mapas (que era crucial, datada a quantidade de viagens mostradas), a medida que a trama ia juntando mais personagens, outros nasciam, sempre havia este cuidado em sanar o espectador (uma vez que o próprio seriado não deixava isso explicito, adaptando o famoso “o público já sabe, não precisamos ficar falando). Mas entrando neste contexto histórico, um dos grandes descuidos desta temporada, é que a mesma é dividida em duas fases, onde há um salto temporal de em torno 30 anos. Em ambas, temos a ligeira impressão de que muita coisa foi delatada, e até mesmo resumida para conseguir caber na metragem dos capítulos (que são 10, com uma metragem de 60 minutos). Embora o enredo consiga nos fazer ter uma empatia enorme pelas situações mostradas, onde à medida que o mesmo avança, ocorrem várias desconstruções e construções dos protagonistas. Enquanto Rhaenyra aos poucos vai transitando de uma garota para uma mulher com sangue nos olhos (quem viu o desfecho da temporada, entendeu), Alicent vai aos poucos se mostrando como a verdadeira psicótica da série (inclusive Cooke consegue ser um ótimo contra ponto para D’Arcy, que também está excelente como Rhaenyra). O mesmo pode se dizer dos irmãos Daemon Targaryen (Matt Smith, em ótima atuação como o antagonista que amamos odiar) e o Rei Viserys I Targaryen (Paddy Considine, que realmente vai vencer o Emmy e todos os prêmios possíveis). Em meio ao caos que se tornou “Game of Thrones“, a primeira temporada de “A Casa do Dragão” reacende a chama do universo que havia sido apagada, por conta de um desastroso desfecho. Que venham mais tretas da família Targaryen.
Crítica | Enola Holmes 2

Engenharia do Cinema Após o tremendo sucesso que “Enola Holmes” fez em 2020, era inevitável que a Netflix iria explorar a personagem ao máximo, conduzindo como uma das suas franquias. Neste “Enola Holmes 2”, a sensação é de que a produção não só realiza a narrativa com total respeito, como também sabe do legado de Sherlock Holmes e de sua irmã Enola Holmes, ao mostrar o primeiro caso onde ambos trabalham em conjunto. Baseado no livro de Nancy Springer, a história começa exatamente onde terminou o original, com Enola (Mille Bobby Brown) abrindo sua agência de investigação e ansiosa para pegar seu primeiro caso. Eis que ela tem seu caminho cruzado com uma pequena menina (Serrana Su-Ling Bliss), que solicita que ela lhe ajude a encontrar sua irmã desaparecida. Então junto de seu irmão Sherlock (Henry Cavill), Enola começa a tentar buscar a mesma. Imagem: Netflix (Divulgação) Começo enfatizando que o diretor Harry Bradbeer (que também comandou o longa de 2020), está ciente o quão o enredo pode ser explorado de diversas maneiras e o quão o universo englobando a famosa Baker Street, 221B, (onde mora Sherlock Holmes, e é muito bem representada), pode ser explorado. Então somos brindados com ótimas sequências de ação, perseguição e até mesmo investigação (pelas quais ele executa um timing para pensarmos com a dupla de irmãos, e isso funciona). Apesar de alguns detalhes já estarem sendo colocados de forma bastante previsível (já outros, nem tanto) O roteiro de Jack Thorne (que também escreveu o original), estava ciente que os fãs queriam ver mais da relação entre Sherlock e Enola (uma vez que ambos eram mostrados juntos homeopaticamente, no antecessor), e por isso cria um arco onde ambos têm a possibilidade de mostrarem seus talentos em cena. Seja por intermédio do carisma de Cavill (que rouba a cena), e pela simpatia de Brown (que está totalmente à vontade no papel). Não existe exagero também, ao tentar alterar a relação da dupla, muito menos tentam desconstruir o primeiro, para enaltecer a sua irmã (e este respeito é um dos destaques deste enredo). Não hesito em dizer também, que existe um enorme cuidado ao tentarem retratar a Inglaterra no final do século 19, pois desde o figurino, até o design de produção e até mesmo o cenário da revolução industrial e do movimento sufragista (que estava prestes a eclodir, mas que o filme infelizmente resume com discursos rasteiros e não com atitudes mais profundas). “Enola Holmes 2” termina não só com um gostinho doce de uma produção que tem a narrativa que merece, como também aumenta a ansiedade para o terceiro longa.
Crítica | O Meme do Mal

Engenharia do Cinema Não é novidade que o icônico “meme” da MOMO atingiu uma geração de jovens desocupados, que se preocupam em ficar achando coisas banais na internet. A mesma sempre aparecia de forma “aleatória” e fazia com que estes acabassem cometendo atos brutais com si mesmos. E obviamente que Hollywood iria aproveitar este sucesso para fazer um filme inspirado na mesma. “O Meme do Mal” certamente é mais um projeto cujo intuito do cineasta John Ross (que assina o roteiro e direção) é beber da fórmula de outras produções de horror e tentar reproduzir o maior número de clichês, dentro do possível. A história começa quando uma pequena cidade se vê abalada com aparições surpresas do meme Grimcutty, que normalmente acabam desencadeando diversos assassinatos e atitudes violentas de vários jovens. Neste cenário, a blogueira Asha (Sara Wolfkind) tentará mostrar para os seus Pais que o mesmo realmente existe e está se tornando cada vez mais fatal. Imagem: Star+ (Divulgação) Durante boa parte de sua metragem, a sensação que temos é de que o projeto foi concebido como um produto feito as pressas e que os espectadores fossem os mesmos jovens que se viam “amedrontados” pela lenda urbana da MOMO. Parece algo fútil, mas certamente por intermédio deste pensamento vemos que os produtores não exigiram muito de absolutamente ninguém, no desenvolvimento deste filme. Seja por intermédio das atuações canastronas (inclusive o interprete do Pai de Asha, o ator Usman Ally consegue nitidamente achar que está em um filme de comédia, de tão ridícula que está sua atuação), ou o CGI do próprio Grimcutty (que se assemelha ao Ryuk de “Death Note“). Isso sem entrar no mérito de que ainda há uma preocupação do próprio estúdio ainda cogitar em transformar o mesmo em uma franquia (algo que muitos filmes de horror, ainda estão se estabelecendo em fazer constantemente), ao criar novas arestas, ao invés de tentar fechar algumas pelas quais estavam sendo criadas. “O Meme do Mal” consegue se tornar uma produção tão pífia, que nem para meme de redes sociais serve para ser.