Crítica | O Rei da TV (1ª Temporada)

Engenharia do Cinema É inegável que qualquer brasileiro conhece a história de Silvio Santos, e sua importância para o entretenimento e universo empresarial brasileiro. Anunciado há alguns anos, a série do Star+, “O Rei da TV” tem como intuito mostrar a trajetória daquele, por intermédio de passagens de sua carreira em determinado período e seu passado. Com oito episódios, esta primeira temporada não só consegue trazer de volta a gloriosa época da nossa televisão, como também nos apresenta umas das séries nacionais mais divertidas dos últimos tempos. A mesma tem início nos anos 80, quando Silvio (José Rubens Chachá) descobre possuir um grave problema vocal e que poderá custar sua aposentadoria da televisão. É quando o apresentador Gugu Liberato (Paulo Nigro), que na época liderava aos sábados no SBT, é cogitado para ser o substituto do primeiro aos domingos. Enquanto as dúvidas permeiam, acompanhamos a vida do famoso Senor Abravanel, desde sua infância como comerciante, sua passagem pela Rede Globo e como conseguiu a concessão do SBT. Imagem: Star Original Productions (Divulgação) Com direção de Marcus Baldini (do longa “Bruna Surfistinha“), a sensação é estarmos vendo uma atração criada em meio dos anos 80/90, uma vez que a estética, figurino, design de produção e até mesmo uma hilária pegada de personagens caricatos conseguem ser desenvolvidos. Usando uma tonalidade um tanto que satírica (remetendo, às vezes, as famosas simulações do “Programa do Ratinho“), alguns momentos acabam provocando risos do espectador como a caracterização de Gugu Liberato (cuja atuação de Nigro, rouba a cena), os trajetos de Chachá que remetem ao Silvio (mas não chega a ser clichê e rasteiro, como algumas imitações) e até mesmo a artimanha para o comércio (vide o arco envolvendo a criação do “Baú da Felicidade“). Agora, quando vemos o dono do Baú em sua juventude, a interpretação de Mariano Mattos acaba sendo mais séria e a única coisa que remete ao mesmo é o icônico sorriso (algo que soa mais como caricato, pois fisicamente ele não se assemelha ao mesmo). Realmente ele é o segundo grande nome na produção. Porém, é perdida um pouco da tonalidade dramática, quando o roteiro e direção não só extrapolam ao tentar tirar atuações dramáticas de nomes como Roberta Gualda (intérprete de Cidinha, primeira mulher de Silvio). Frases de efeito e enquadramentos em seu rosto, não são sinônimos de qualidade. O mesmo pode ser dito quando o texto ainda tenta (mesmo que de forma homeopática), levantar pautas atuais para serem discutidas em um contexto onde o debate não era feito (principalmente em meados dos anos 70). Felizmente isso não prejudica a experiência da série, mas soa de forma aleatória como ele é aplicado (se assemelhando até mesmo com um pedágio, pois as próprias cenas não contribuem para isso acontecer). “O Rei da TV” se resume a uma divertida série, que consegue captar com exito a trajetória de um dos mais importantes nomes do nosso país. Que venha a segunda temporada.
Crítica | A Maldição de Bridge Hollow

Engenharia do Cinema Realmente o comediante Marlon Wayans (“As Branquelas“) não está em seus melhores períodos no cinema, principalmente depois do contrato dele com a Netflix. Após ter realizado para esta “Nu” e “Seis Vezes Confusão“, seu terceiro título “A Maldição de Bridge Hollow” só deixa mais estampado que ele precisa rever seus acertos, e até mesmo pensar em trazer comédias geniais como foram “As Branquelas” e “O Pequenino“. A história é centrada em Sydney (Priah Ferguson), que se muda para uma nova casa em uma pequena cidade, junto de seus pais Howard (Wayans) e Emily (Kelly Rowland). Coincidentemente eles chegam ao local na época de Halloween, e quando uma estranha maldição faz com que todas as decorações ganhem vida. Logo, Sydney e seu Pai terão de se juntar para tentar acabar com o caos. Imagem: Netflix (Divulgação) É nítido que o roteiro de Todd Berger e Robert Rugan procura não exercer muito trabalho ao tentar elaborar situações previsíveis e clichês, dentro de um cenário onde várias possibilidades poderiam ser criadas. Seja por intermédio da trasheira ou até mesmo da comédia (que é quase inexistente), tudo se assemelha aos clássicos filmes C, dos anos 80/90. Porém, não estamos falando de uma homenagem simplória e divertida, mas sim cópias baratas e cansativas. E isso se torna uma lástima, uma vez que temos nomes ótimos da comédia como Rob Riggle (“Debi e Loide 2”), John Michael Higgins (“A Verdade Nua e Crua”), Nia Vardalos (“Casamento Grego”) e Lauren Lapkus (“A Missy Errada”). Todos eles aparecem homeopaticamente no longa, com cenas vergonhosas e sem graça (inclusive o primeiro tem uma grande possibilidade para brincar com “The Walking Dead”, e jogam fora). “A Maldição de Bridge Hollow” se torna mais uma produção esquecível e tediosa de Marlon Wayans, que provavelmente vai ficar mofando no catálogo da Netflix.
Crítica | A Escola do Bem e do Mal

Engenharia do Cinema Realmente após ter terminado de conferir este “A Escola do Bem e do Mal“, a única sensação que tive foi da própria Netflix continuar totalmente perdida em relação a suas obras. Inspirado no primeiro livro da saga escrita por Soman Chainani (que ainda possui mais cinco outros títulos), este universo é uma mistura de “Harry Potter” com “Descendentes”, “Percy Jackson” e “Rebelde”, uma vez que o foco é apenas o público infanto juvenil. Só que mesmo sendo voltado para um público que não é tão exigente, não significa que tudo deve ser executado de maneira forçada. A história tem inicio com as duas amigas de longa data Sophie (Sophia Anne Caruso) e Agatha (Sofia Wylie), que acabam indo parar em uma escola, cujo intuito é lidar com as magias do bem e do mal. Comandadas respectivamente por Dovey (Kerry Washington) e Lady Lesso (Charlize Theron), ambas terão de lidar com seus sentimentos, uma vez que o ensino irá mexer com suas emoções mais profundas. Imagem: Netflix (Divulgação) Começo enfatizando que o cineasta Paul Feig (“Missão Madrinha de Casamento“) é um nome muito profissional quando se trata em conduzir comédias (onde a grande maioria delas são realmente muito boas), mas quando se trata de algo no estilo deste filme que vos fala, ele não é o melhor nome recomendado para a função. Ele sabe realmente conduzir cenas deste estilo e quando englobam romance, mas quando chega na hora de lidar com ação e CGI, é nítido o amadorismo. A todo momento parece que ele bebeu bastante das produções citadas no primeiro parágrafo (inclusive, algumas cenas de aulas se assemelham demais aos filmes de Harry Potter), e quando chegava na hora de apresentar as batalhas e arcos de ação, parece estarmos vendo um episódio pobre de “Power Rangers” (uma vez que tudo se resume a coreografias regadas em slow-motion, englobadas a músicas badaladas). Isso porque não entrei no mérito de que não havia a necessidade de uma metragem de 150 minutos, uma vez que a sensação que fica é da encheção de linguiça (tanto que há algumas cenas com as aulas, que não havia necessidade de serem mostradas). Poderia facilmente ter se resumido em 125 minutos, e ficaria até menos cansativo (principalmente para um produto voltado ao público dos 10/12 anos, pelos quais sempre dividem a atenção com outras coisas, na hora de ver um filme). Quando tudo não parecia piorar, entramos no quesito de atuações. Realmente é nítido ver que as próprias Washington e Theron estão neste filme por conta de acordos contratuais com a Netflix, pois elas não só estão totalmente canastronas e desconfortáveis nos papéis (a segunda, inclusive, resume sua atuação com caretas e berros). E o mesmo pode se dizer de Michelle Yeoh e Laurence Fishburne, que só devem ter topado entrar neste filme por conta de cachê ou pela amizade com o diretor. “A Escola do Bem e do Mal” termina sendo mais um fiasco da Netflix, em tentar emplacar uma franquia para chamar de sua. Se ganhar um novo filme, será por conta da audiência em torno das protagonistas e não pela sua pífia qualidade.
Crítica | Halloween Ends

Engenharia do Cinema Realmente chega a ser uma piada imaginar que os próprios responsáveis por “Halloween Ends“, tenham caído em contradição ao sabotar o próprio projeto do “grandioso retorno de Michael Myers”. Desenvolvida como uma continuação direta do primeiro longa (lançado em 1978), o “segundo” (lançado em 2018) foi um grande retorno triunfal de Myers e mostrou que a veterana Jamie Lee Curtis (intérprete da protagonista Laurie) ainda tinha gás para este tipo de filme. O terceiro (lançado no ano passado) apelou para o clássico slasher (com várias cenas de mortes criativas) e se passou na mesma noite que o antecessor havia acontecido. Apesar deste ter dividido os espectadores, é inegável que ele servia como ponte para este grande final. Já “Halloween Ends” acaba apelando para um enredo que se assemelha a um projeto de spin-off da franquia, cujo enredo parece que foi desarquivado pela Universal e colocado como um filme do mesmo. A história se passa quatro anos depois dos acontecimentos de “Halloween Kills”, com Laurie e sua neta Allyson (Andi Matichak) seguindo em frente depois dos acontecimentos dos longas anteriores. Com Michael Myers sendo declarado desaparecido depois do ocorrido, a situação parece se amenizar, até a primeira começar a sentir que ele está planejando voltar aos poucos. Imagem: Universal Pictures (Divulgação) Chega a ser engraçado falar sobre isso, mas este é um caso onde apesar do marketing girar em torno do grande embate final entre Myers e Laurie, o longa de David Gordon Green (que comandou os dois títulos antecessores) foca em algo totalmente aleatório que é o romance de Allyson com Corey (Rohan Campbell). Sendo apresentado apenas neste filme, o mesmo realmente transparece em cada arco que realmente ele não deveria estar aqui e não faz sentido algum ele estar na trama. Para efeito de comparação, enquanto em Kills, Myers já aparece nos primeiros minutos causando terror, o roteiro de Paul Brad Logan, Chris Bernier, Danny McBride e do próprio Green, nos coloca vendo Corey andando de moto com Allyson (acredito que inclusive, o quarteto estava na vibe de “Top Gun Maverick” para colocarem constantemente essa cena), namorando e discutindo problemas de adolescentes. Sim, realmente não há Michael Myers em boa parte deste filme. Quando o longa começa a andar (com cerca de 70 minutos de metragem já rodados), entramos em outro quesito: não há uma criatividade ou cuidado em representar as mortes. Mesmo se tratando de um filme censura 18 anos, não há muito sangue, assassinatos que nos fazem revirar na cadeira (com exceção de um, em específico, já que o anterior a este a direção literalmente optou por não mostrar), ou “melhor”, não existem quase mortes! Porém, quando chegamos na tão aguardada cena de embate final entre Laurie e Myers, o mesmo parece ter centrado no que queríamos ver e nos entrega um verdadeiro deleite ao olhos. No final das contas, “Halloween Ends” acaba sendo um verdadeiro desastre, pois estamos falando de um slasher que mais se assemelha a uma comédia romântica, com pitadas de John Hudges.
Crítica | Adão Negro

Engenharia do Cinema Sendo um dos grandes projetos pessoais do astro Dwayne Johnson, “Adão Negro” levou quase 16 anos para sair do papel, já que o mesmo havia sido anunciado como o interprete do anti-herói em meados de 2006. Entre várias contradições e discussões com a Warner Bros, o mesmo não só conseguiu realizar este filme como também se tornou um dos responsáveis por trás do retorno de Henry Cavill como Superman (inclusive, a ponta deste consegue fazer qualquer um sorrir de ponta a ponta). Conflitos à parte, como estamos falando de “um filme do Dwayne Johnson”, a melhor dica que lhe darei é: deixe sua mente na bilheteria e embarque em um dos mais divertidos filmes pipoca deste ano. A história tem início com um grupo de pessoas que acabam despertando o poderoso Teth Adam (Johnson), que estava adormecido há 5000 anos e que possui uma enorme sede de vingança. Sem muitas palavras, o mesmo começa a combater vários tiranos e ditadores em uma cidade egípcia. Devido suas atitudes abruptas e violentas, Amanda Waller (Viola Davis) convoca o grupo da Sociedade da Justiça, liderados pelo Gavião Negro (Aldis Hodge), para cuidar do mesmo. Imagem: Warner Bros Pictures (Divulgação) Começo enfatizando o quão o diretor de elenco deste filme conseguiu captar os atores ideais para os papéis protagonistas. Mesmo com Johnson e Hodge estando bem à vontade no papel, temos Pierce Brosnan (Senhor Destino, que rouba a cena homeopaticamente), Noah Centineo (Esmaga Átomo, que é uma mistura de Homem-Formiga com Deadpool) e Quintessa Swindell (Cyclone), totalmente em sintonia em cena (algo que as produções sobre heróis, não estavam conseguindo fazer com tanta facilidade). Não há tempo para piadinhas, pois o roteiro de Adam Sztykiel, Rory Haines e Sohrab Noshirvani possui apenas um foco: nos colocar no maior número de cenas de ação possíveis. Sob o comando do cineasta Jaume Collet-Serra (que já trabalhou com Johnson em “Jungle Cruise“), elas funcionam dentro do contexto e conseguem captar nossas atenções durante boa parte da projeção, mas é nítido que em algumas sequências o CGI realmente não ficou bom (tanto que é perceptível o uso da famosa tela verde). E outro fator que é neste parâmetro, é de que certamente houveram cortes abruptos na metragem, pois não existe um cuidado mais extenso em apresentar mais dos personagens citados anteriormente (inclusive, provavelmente anunciem uma versão estendida do mesmo, nos próximos meses). “Adão Negro” termina como um dos mais divertidos filmes da DC, onde mesmo contendo alguns erros técnicos, entretém quaisquer espectadores que buscam um divertimento brucutu e pipoca.
Crítica | Swallow

Engenharia do Cinema Este é mais um daqueles casos de projetos que são interessantes e curiosos, por causa de sua premissa maluca e diferente. Escrito e dirigido por Carlo Mirabella-Davis (que estreou nos cinemas, com este filme), “Swallow” fará todo o sentido se você tiver a mente aberta para a mensagem e um conhecimento de psicologia (mesmo que seja breve). A história gira em torno de Hunter (Haley Bennett) que acaba de descobrir estar grávida de seu marido Richie (Austin Stowell). Com sentimentos malucos (como acontece em quase toda a gravidez), ela passa a comer objetos cortantes e aleatórios como tachinhas, vidros, grampos e até vidros. Então aos poucos, passamos a entender que o motivo disso, vai muito mais além destes estranhos desejos dela. Imagem: MUBI (Divulgação) Sim, a grande estrela deste projeto é Bennet, que apesar de ela ter roubado a cena logo em seu primeiro grande filme (que foi o sucedido “Letra e Música”), este é sem dúvidas o seu papel mais ácido e dramático na carreira (lembrando que ela já fez vários papéis delicados, mas em filmes medianos como “A Garota do Trem”). Suas expressões de medo, dúvida e até mesmo insegurança são repassadas a todo momento, inclusive nas sequências onde ela começa a pensar em comer os objetos citados. Não podemos dizer que é um filme de terror (datada temática inusitada), mas sim um drama bastante forte e reflexivo. Já que estamos falando de uma trama que engloba também assuntos polêmicos como aborto e conservadorismo (assuntos que fazem muitas pessoas até mesmo evitarem ou denegrirem algumas produções, devido a abordagem em alguns casos). Não irei adentrar em spoilers, mas há um determinado ponto que a narrativa muda o foco (e isso é plausível, pois já haviam preparado o espectador para tal) e vemos o quão a situação estava complexa ainda mais (e Bannet dá mais um show de interpretação). “Swallow” é mais um interessante projeto diferente, e que foge dos padrões de reflexão e até mesmo nos faz pensar o quão o passado pode influenciar em situações chaves, em nosso presente.
Crítica | Titane

Engenharia do Cinema Vencedor do Prêmio da Palma de Ouro em Cannes 2021, o longa francês “Titane” foi lançado no Brasil diretamente no streaming da MUBI, e isso acabou impossibilitando o mesmo de ter tido um alcance maior do que deveria (uma vez que a mesma está começando a ficar mais acessível e decolar agora). Dirigida por Julia Ducournau (que também assinou o roteiro), temos um projeto cuja temática é consequência da relação entre pai e filha. A história tem início quando após uma breve discussão com seu Pai acarretando em um acidente de carro, ainda na sua infância, Alexia (Adèle Guigue) acaba tendo de colar uma placa de titânio no crânio. Anos depois e já adulta (agora vivida por Agathe Rousselle), ela trabalha como modelo e após um trabalho ela acaba tendo um surto e comete vários assassinatos repentinos. Eis que ela resolve voltar a se reencontrar com seu Pai Vincent (Vincent Lindon), para tentar se esconder da justiça. Imagem: MUBI (Divulgação) Desde seu princípio, é nítido que Ducournau tenta ligar o espectador com a trama, através do choque de várias situações mostradas. Seja na cena de implante da placa de titânio, dos assassinatos, e até mesmo das tentativas de aborto cometidas por Alexia, tudo é sempre regado de muito impacto, sangue e até mesmo causa um desconforto enorme. Sim, os mais sensíveis podem até desistir de continuar vendo ao filme (de tamanha maluquice que é exercida). E a atuação de Rousselle é espetacular, pois quando estamos exercendo uma personagem que vai se desconstruindo aos poucos, e sua descaracterização vai sendo feita diante da tela, de forma homeopática. De uma modelo, a mesma vai se tornando uma espécie de Frankenstein (de tão assustadora que algumas situações ela apela ao seu extremo). “Titane” é certamente um filme feito para poucos, e que mesmo se tratando de uma temática familiar, sua abordagem acaba sendo impactante e forte ao extremo.
Crítica | Shiva Baby

Engenharia do Cinema Este é o típico caso de filme que se passa em um único ambiente e decai ao carisma dos atores, para a história ser convincente ou não. “Shiva Baby” consegue ser interessante neste quesito, pois a cineasta Emma Seligman sabe que não pode ir muito além no assunto e nos entrega um arco com cerca de 75 minutos (metragem perfeita para este tipo de projeto, e que não desgasta o assunto). A história gira em torno de Danielle (Rachel Sennott) que trabalha como Sugar Baby em segredo de sua família, mas que após acompanhar com a mesma em uma cerimônia de Shiva (que é o período de luto do judaísmo, com duração de sete dias), na casa de um parente, acaba entrando em choque ao ver que um de seus clientes Max (Danny Deferrari) está presente no local com sua esposa (Dianna Agron) e filha. Imagem: Utopia/MUBI (Divulgação) Apesar do roteiro de Seligman apelar para algumas situações clichês, como o Pai “pamonha” (vivido pelo comediante Fred Melamed), a mãe teimosa (Polly Draper) e o bebê que sempre chora em momentos determinados para aumentar a tensão da cena, os recursos acabam funcionando, pois dentro deste contexto. Outro ponto favorável é a atuação de Sennott (que esta em seu primeiro grande papel), que consegue nitidamente transpor seu desespero diante de algumas situações (uma vez que a história é totalmente vista em seu ponto de vista). Mas o filme se perde um pouco ao tentar relatar o contexto de amizade entre Danielle e Maya (Molly Gordon), pois há algumas situações e conflitos entre ambas, que são retratados de forma muito rápida e rasteira (uma vez que datada a metragem do filme, não iria caber tanta coisa que Seligman jogou no arco da dupla). “Shiva Baby” acaba se tornando um breve entretenimento escapista, para quem gosta de produções que englobam o tema do judaísmo e filmes relativamente curtos.
Crítica | O Exorcismo da Minha Melhor Amiga

Engenharia do Cinema De vez em quando surgem algumas produções que misturam terror e comédia, e conseguem entreter dentro de sua premissa. E é exatamente o que o longa da Amazon, “O Exorcismo da Minha Melhor Amiga” faz. Apesar de lembrar um pouco o sucedido “Garota Infernal” (estrelado por Megan Fox e Amanda Seyfried), esta narrativa tem um teor um pouco mais leve em comparação com a história do longa de Diablo Cody. Inspirado no livro de Grady Hendrix, a história gira em torno das melhores amigas Abby (Elsie Fisher) e Gretchen (Amiah Miller), onde após passarem um final de semana em uma casa de campo com outras amigas, a segunda acaba acidentalmente sendo possuída por um ser maligno. Então a primeira começa a fazer de tudo para tentar exorcizar a amiga e tentar salvar a mesma. Imagem: Amazon Studios (Divulgação) Como estamos falando de um filme trash, o primeiro fator para conseguirmos comprar a narrativa é não levar o roteiro de Jenna Lamia, totalmente a sério. Digo isso porque estamos falando de um filme que consiste em apresentar um exorcista fitness amador (vivido por Christopher Lowell, em um papel hilário), situações constrangedoras que Gretchen faz com suas amigas e pessoas ao seu redor e muitas outras coisas. Algumas são clichês e outras não (e elas acabam funcionando parcialmente). O mesmo pode-se dizer das atuações da dupla de protagonistas Elsie Fisher e Amiah Miller, que nitidamente são canastronas (uma vez que este tipo de projeto, também possui este quesito). Uma coisa que também faltou neste filme, foi a questão do gore, pois parece que o intuito era fazer um projeto voltado para o público de 10/12 anos (e em uma geração onde este público já tem acesso a séries como “The Boys”, isso era um quesito que faz falta). “O Exorcismo da Minha Melhor Amiga” é mais um título que serve para encher o catálogo da plataforma, e divertir aquelas que procuram algum trash para entreter de forma breve e esquecível.