Crítica | Boa Noite, Mamãe!

Engenharia do Cinema Não é novidade que Hollywood gosta de fazer remakes desnecessários, de sucedidos filmes feitos em outros países, apenas porque os estadunidenses não gostam de ler legendas e suas dublagens são horrendas (já que estes apenas leem os textos, não interpretam, como os brasileiros). O mesmo pode-se dizer do longa Alemão, “Boa Noite, Mamãe!“, pois é mais uma produção desnecessária de uma maneira, que colocada direto no streaming da Amazon Prime Video.     A história gira em torno dos irmãos gêmeos Elias (Cameron Crovetti) e Lucas (Nicholas Crovetti), que são mandados pelo seu Pai (Peter Hermann), para ficarem na casa de sua mãe (Naomi Watts), que acabou de passar por uma cirurgia plástica. É quando aqueles passam a desconfiar se ela realmente é a mãe deles.    Imagem: Amazon Studios (Divulgação) Além de ter sido mais uma cópia sem vida (assim como os vários remakes, que andam saindo), o roteiro de Kyle Warren parece se tratar de um episódio hilário do “Chaves“, onde este com o Kiko e/ou Chiquinho começam a pregar “peças” no Seu Madruga/Dona Clotilde, de tão aleatório e esquisito que são feitos. Apesar do trio protagonista nos entregar ótimas atuações dentro do contexto, estamos falando de um projeto que não precisava existir. O diretor Matt Sobel (também responsável pela problemática série “Vingança Sabor Cereja“) parece estar preocupado em fazer de modo acelerado toda a narrativa concebida, uma vez que não conseguimos ter empatia com absolutamente nada criado. Embora ela possa funcionar, se você não tivesse visto o original (já que existe um mistério envolto a tudo).   O remake de “Boa Noite, Mamãe!” é mais um remake que certamente não só será esquecido, como também irá mofar no catálogo da Amazon Prime Video.

Crítica | Órfã 2: A Origem

Engenharia do Cinema Pensem em uma continuação que absolutamente ninguém pediu, e que o estúdio tem a brilhante ideia de colocar a atriz Isabelle Fuhrman mais uma vez vivendo a protagonista (que é uma psicopata, com uma síndrome que a deixe similar a uma menina de oito anos). Durante todo o processo de gravações, o estúdio e a própria atriz postaram várias fotos nos sets mostrando como eles fizeram para deixar a mesma similar a uma criança (seja com sapatos gigantes, até mesmo jogos de câmera). Mas isso não é suficiente para “Órfã 2: A Origem“, se tornar um filme convincente. A história se passa em 2007 (dois anos antes do original), quando a psicopata Leena (Fuhrman) consegue fugir do hospital psiquiátrico onde se encontrava internada. Ciente que ela pode se passar como uma criança órfã, ela descobre que uma família teve sua pequena filha Esther, desaparecida há bastante tempo. Então, ela acaba assumindo a identidade desta.    Imagem: Diamond Films (Divulgação) Em seus primeiros minutos de projeção, sentimos aquela atmosfera de um possível filme de suspense que poderá ser tão bom quanto o primeiro. Devido a primeira cena de Leena e uma psiquiatra (Gwendolyn Collins) ser regada a tensão, mas indiretamente vemos que ao mesmo tempo temos um ar clichê, pois o arco se passa na Russia e a fotografia de Karim Hussain nos jogar tons acinzentados e depressivos (que sempre representam o país, neste tipo de produção). Isso foi um sinal, para tamanha qualidade precária que estaríamos prestes a ver. Logo após, existem várias situações que conseguimos ver o quão amador é o trabalho para transformar Fuhrman em uma criança, uma vez que não apenas os sapatos altos e jogos de câmera são usados, como também dublês infantis de corpo (com o rosto da atriz, sendo colocado por um CGI amador) e até mesmo bonecos mecatrônicos (que se assemelham ao boneco Chucky). Os fatores poderiam ter passado despercebido, se a edição de Josh Ethier não fosse tão porca (uma vez que os enquadramentos do diretor William Brent Bell, também fazem questão de enaltecer estes erros). Isso porque ainda não entrei no problemático roteiro de David Coggeshall, que só falta taxar o seu espectador de “burro”, em momentos contínuos (princialmente que tudo poderia ser resolvido com uma atitude simples, nos minutos iniciais). E chega determinado arco, onde o terror é trocado pela comédia (inclusive, em vários momentos me peguei aos risos de tão esdruxula que estava sendo a retratação). “Órfã 2: A Origem”, certamente é uma produção que foi concebida apenas devido a falta de originalidade na industria, e no aparente ganho financeiro que teria como retorno. Mas nos entrega um filme de horror tão precário, que vira uma comédia pastelão.

Crítica | Cobra Kai (5ª Temporada)

Engenharia do Cinema Realmente estamos falando de uma das séries cujas quatro temporadas conseguiram ser tão boas quanto suas antecessoras, e neste quinto ano o mesmo pode-se se aplicar. Sempre compostos de dez episódios, cujo estilo sempre resgatou a narrativa exercida no longa clássico dos anos 80, “Cobra Kai” também é conhecida por entregar o que os fãs de “Karate Kid“, sempre quiseram ver: lutas, embates e resgates de personagens famosos. Responsável por trazer novamente os astros Ralph Macchio (Daniel LaRusso) e William Zabka (Johnny Lawrence), certamente essa temporada mostrará mais coisas que sempre quisemos ver na franquia.  Após o Cobra Kai ter sido assumido pelo violento e psicótico Terry Silver (Thomas Ian Griffith), Daniel e Johnny se veem tendo de se unir mais do que nunca, para tentar deter que o legado errôneo da equipe consuma os seus discípulos de Karatê.     Imagem: Netflix (Divulgação) Com capítulos contendo cerca de 35 minutos cada, o fator “continuação” é mais uma vez o crucial para prender a atenção do espectador em seus novos episódios. Felizmente os roteiristas sabem que devido a forte rivalidade entre Daniel e Terry, muitos queriam ver apenas a dupla alimentando a tensão entre eles e é exatamente isso que nos entregam. E mérito também decai sobre a atuação de Griffith (que está ótimo como o vilão desta temporada), cujo olhar e intenções realmente conflitam com os pensamentos do espectador, diante de suas questionaveis atitudes. Embora tenham tido uma certa importância no decorrer da série, Miguel (Xolo Maridueña), Robby (Tanner Buchanan), Samantha (Mary Mouser) e Tory (Peyton List) foram movidos a meros coadjuvantes. Mas isto não significa que suas tramas tenham sido jogadas para escanteio, mas sim que elas foram desenvolvidas em segundo plano (e este é um dos fatores que fazem esta série cada vez mais ser mais divertida, à cada temporada). Porém, como estamos falando de uma série Netflix e que a mesma tem de realizar suas produções em um curto período de tempo, as cenas de luta acabam deixando a desejar um pouco em quesitos técnicos (já que são usados vários cortes para as encenações das mesmas, e fica nítido que alguns atores terciários não sabiam lutar ou tinham manejo em lutas). Mas isso não acaba prejudicando o andar da narrativa, mas a transforma apenas em uma artimanha amadora, por parte dos diretores. A quinta temporada de “Cobra Kai”, acaba sendo uma verdadeira lição para os executivos que não sabem continuar suas séries, pois aqui tudo o que os fãs queriam ver neste ano, acaba sendo entregue com êxito. 

Crítica | Pinóquio

Engenharia do Cinema Lançado como um dos principais títulos do Disney+ Day (evento que celebra grandes lançamentos na plataforma do streaming), o live-action de “Pinóquio” acaba se transformando em um verdadeiro presente de grego, um verdadeiro Cavalo de Troia da Disney, na casa do espectador que procurava uma homenagem à icônica animação clássica. Mesmo com a direção de Robert Zemeckis (que também assinou o roteiro com Chris Weitz), que é conhecido por ter trazido para nós sucedidos filmes como “O Expresso Polar” e “De Volta Para o Futuro“, aqui ele repete sua parceria com Tom Hanks e acaba se tornando uma verdadeira mancha na filmografia de ambos.     Com base no clássico conto italiano de Carlo Collodi, a história mostra o marceneiro Gepeto (Hanks) que após construir um boneco de madeira, este acaba sendo visitado por uma Fada Madrinha (Cynthia Erivo) que lhe concede a vida. Porém, para ele se tornar um menino deverá se mostrar digno. A história pode ser conhecida por todos, mas agora temos mais um caso onde a Disney resolveu mudar grande parte dos arcos (inclusive o final, que era crucial para a mensagem da história fazer sentido), com o propósito de agradar um público inexpressivo. Imagem: Walt Disney Pictures (Divulgação) Durante seus 110 minutos de projeção, a única coisa que sentimos ao ver o andamento deste live-action é o “como alguém pode ter aprovado o desenvolvimento de um roteiro tão desastroso?”. Sempre procurando divergir em grande parte da história clássica, este Pinóquio acaba sendo um personagem com um ego grande e que ele mesmo tira suas conclusões sozinho e não precisa de absolutamente ninguém para puxar sua orelha. Cada trajetória que ele atravessa, parece que o mesmo está vivendo em pleno século 21 (já que até os vocabulários e atitudes, não batem com a realidade daquela época). E isso acaba resultando no sumiço de vários personagens regulares na história clássica, como a Fada Madrinha (cuja caracterização de Cynthia Erivo está mais beirando a um filme de terror, ao invés de um símbolo de figura materna) e o próprio Gepeto. Embora o CGI esteja ótimo em algumas caracterizações como do Grilo (dublado por Joseph Gordon-Levitt) e de outros animais que aparecem, em determinados momentos ele acaba soando um tanto estranho em algumas situações (vide o gato de Gepeto, ser feito totalmente desta maneira).  “Pinóquio” acaba se tornando mais uma vergonhosa adaptação da Disney, mostrando o quão o estúdio está totalmente perdido em suas produções, ao procurar focar em tópicos que realmente não funcionam.   

Crítica | Ingresso Para o Paraíso

Engenharia do Cinema Previsto para chegar nos cinemas estadunidenses apenas em 21 de outubro, os brasileiros foram privilegiados ao serem o primeiro mercado no mundo a receber “Ingresso Para o Paraíso“, que certamente consegue ser uma produção que divertirá a gregos e troianos, com relação ao seu teor cômico e leve, nos fazendo pensar o quanto precisávamos deste tipo de filme nas telonas. Em sua sexta parceria, os astros George Clooney e Julia Roberts realmente cumprem o que prometem: conseguem se divertir nesta produção e também com seu público.     Na trama eles interpretam David e Georgia, um casal que está divorciado há anos e não conseguem conviver em paz. Mas tudo isso acaba sendo um desafio ainda maior para a dupla, quando a filha de ambos, Lily (Kaitlyn Dever) resolve se casar pouco tempo depois de se formar. O que faz com que seus pais se unam para impedir que ela cometa o mesmo erro que eles.  Imagem: Universal Pictures (Divulgação)    É evidente que por mais do roteiro e direção de Ol Parker (“Mamma Mia! Lá Vamos Nós De Novo“) seja operante e bastante previsível (em todos os sentidos), acaba sobrando para a veia cômica da dupla protagonista. E não é novidade que Roberts e Clooney tenham química e habilidade para lidar com este tipo de projeto, o que faz a missão ser repassada para Denver e Billie Lourd (que interpreta sua amiga Wren), que embora já tenham trabalhado juntas no divertido “Fora de Série“, elas também conseguem transpor esta química novamente neste projeto (inclusive a segunda consegue roubar a cena com ótimas piadas).     Embora a produção consiga arrancar bastante risadas do público, já adianto que estamos falando de piadas que envolvem todos os tipos de situações, pelas quais são executadas de forma natural por seus intérpretes, ou seja, se fossem mostradas por outros atores, talvez não funcionasse. Mas, se você estiver pensando em piadas que exigem pensamento muito complexo ou filosófico, já adianto que é melhor você deixar a mente na bilheteria e ao receber seu combo de pipoca.     “Ingresso Para o Paraíso” consegue tornar uma agradável comédia descompromissada, que certamente fará bastante sucesso nos nossos cinemas, por conta de se encaixar perfeitamente com o humor do público brasileiro.

Crítica | Vizinhos

Engenharia do Cinema Não é novidade que a trinca do humorista Leandro Hassum com o roteirista Paulo Cursino e diretor Roberto Santucci (responsáveis por filmes como “O Candidato Honesto” e “Até Que A Sorte nos Separe“), está dando certo na Netflix, uma vez que “Tudo Bem No Natal Que Vem” conseguiu um destaque tão grande na plataforma que além de se tornar um dos maiores lançamentos brasileiros no serviço, já está prestes a ganhar um remake latino (que sairá neste ano, inclusive). Apesar de ter pego carona na comédia estrelada por Seth Rogen e Zac Efron, “Vizinhos” é uma comédia que nos coloca em um lado cômico de uma situação que muitos de nós passamos: tretas com aqueles que moram ao lado de nossa residência. A história tem início com o pacato vendedor de instrumentos musicais Walter (Hassum), onde após ter um problema de saúde frágil é obrigado por recomendação médica a se afastar da função e morar em um local tranquilo. Então ele e sua esposa Joana (Júlia Rabello) resolvem ir para um condomínio isolado, e acreditam ter tirado a sorte grande. Só que não imaginavam que eles tinham adquirido uma casa ao lado de Toninho (Maurício Manfrini), que comanda uma escola de samba com sua família.    Imagem: Netflix (Divulgação) Já adianto de que estamos falando de uma comédia que mescla o gênero pastelão com humor negro, ou seja, é um tipo de humor voltado para um público especifico e que não acaba caindo nos odes do politicamente correto ou não demonstra fazer piada com todo tipo de situação possível. E para isso, o próprio roteirista Paulo Cursino já se mostrou mestre em fazer nos cinemas, uma vez que ele sabe que tem em mãos dois caras que estão acostumados a trabalhar com improviso, que são os próprios Hassum e Manfrini. Enquanto o primeiro nos brinda com uma versão escrachada do Ned Flanders (é impagável você não lembrar do mesmo), o segundo esta uma verdadeira mistura de Zeca Pagodinho com Sérgio Malandro (inclusive, seria sensacional se este fizesse uma ponta no projeto). Além deles terem boa química com relação ao entrosamento (não duvido que trabalhem juntos mais vezes), o timing cômico deles casa perfeitamente (e é nítido que rolou improviso em muitas cenas). “Vizinhos” só mostra que enquanto a comédia nacional não sofrer interferência de terceiros para decidir o que “realmente é engraçado”, certamente ainda seremos brindados com mais boas comédias neste mesmo estilo.

Crítica | De Férias da Família

Engenharia do Cinema Não é novidade que Kevin Hart e Mark Walhberg são um dos maiores astros de Hollywood, atualmente. Anualmente a dupla chega a lançar quase cinco filmes (quase sempre como protagonistas), era uma questão de tempo até fazerem uma produção que unisse a dupla. Realizado pela Netflix, a comédia “De Férias da Família” nitidamente parece que retirou piadas clichês de longas já estrelados pela dupla e nos apresenta um projeto bastante rasteiro e previsível. A história mostra os amigos de longa data Sonny (Hart) e Huck (Walhberg), onde enquanto o primeiro é um exemplar Pai de família, o segundo vive uma vida boêmia e aventureira. Com o hábito de realizar várias modalidades malucas em seus aniversários, após um “inusitado” acidente, Sonny prometeu a si mesmo que nunca mais iria participar das festividades daquele. Mas após uma viagem de sua esposa e filhos, ele fica sem destino e resolve ir até a comemoração de Huck. Só que ele não esperava que essa edição seria a mais maluca de todas.     Imagem: Netflix (Divulgação) Para quem acompanha os projetos da dupla, é nítido que ambos possuem uma veia cômica realmente muito boa. Porém, o roteiro de John Hamburg (“Eu Te Amo, Cara“) parece beber demais de piadas clichês e totalmente sem graça, apenas com o intuito de tentar sanar o quão “eles são engraçados juntos”. Nitidamente não houve lugar para improvisos destes (que são conhecidos por isso), e o texto que havia em mãos para eles, além de previsível, parece que foi escrito por uma criança de 10 anos (como se não soubéssemos o desfecho que cada piada mostrada). Outro ponto que vale destacar é que embora em um breve diálogo o personagem de Walhberg cita que a “pandemia tenha barrado por um tempo, as festividades gigantes”, faltou o roteiro ter dosado isso e até mesmo trabalhado este tópico (seria interessante e até “diferente”, pois todos nós vivenciamos isso e o cinema aos poucos está se embasado nisso).  “De Férias da Família” termina sendo mais uma produção que nos mostra que realmente a Netflix está interessada em ter apenas volume em seu catálogo, sempre com grandes astros na capa e não importa o quão ruim seja o conteúdo.  

Crítica | Um Lugar Bem Longe Daqui

Engenharia do Cinema Temos mais um exemplo de filme que é vendido da maneira errada, e por isso poderá ser prejudicial em seu resultado nas bilheterias. Mesmo sendo baseado no livro de Delia Owens (que possui um certo sucesso entre adolescentes, “Um Lugar Bem Longe Daqui” é retratado como um drama pessoal/tribunal, ao invés de um romance clichê (embora aconteçam arcos previsíveis). A história gira em torno da tímida Kya Clark (Daisy Edgar-Jones), conhecida como “menina do brejo”, é detida após ser colocada como principal suspeita de um assassinato. Então acompanhamos toda sua trajetória de vida, até aquele crucial momento que lhe colocou até o tribunal. Imagem: Sony Pictures (Divulgação) O roteiro de Lucy Alibar procura dividir a linha temporal do longa em fases, onde acabamos em um primeiro momento dando foco para a versão criança de Kya (vivida agora por Jojo Regina, em excelente interpretação) e toda sua complexa convivência com seu Pai (Garret Dillahunt, que chega até a roubar a cena como antagonista do arco). Em um estilo de vida que se assemelha ao de Tarzan, conseguimos comprar as motivações da personagem apenas no segundo ato do longa (já que sentimos um grande estranhamento com o que está sendo apresentado, em relação à sociedade atual).   Quando chegamos ao arco romântico, que intercala as participações dos atores Taylor John Smith (Tate) e Harris Dickinson (Chase), onde apesar de terem química com Edgar-Jones (que está em uma excelente interpretação, transpondo em seu olhar e expressões todos os sentimentos de Kya), a própria narrativa acaba lhes colocando em um arco dramático mais pesado do que imaginávamos (sem entrar em mérito de spoilers, mas o segundo realmente chega a chocar no quesito de atuação, devido a abordagem de seu personagem). “Um Lugar Bem Longe Daqui” consegue ser uma grata surpresa, e um drama bem fora da caixinha dos padrões dos últimos lançamentos.

Crítica | Men

Engenharia do Cinema Não é novidade que o cineasta Alex Garland não está em seus melhores dias depois do aclamado “Ex-Machina“, uma vez que seu filme posterior “Aniquilação” teve um lançamento em branco na Netflix (uma vez que o próprio foi lançado direto pela plataforma, indo contra vontade do cineasta que concebeu o projeto originalmente para os cinemas). Seu terceiro filme, “Men” consegue ir nesta linha decrescente, ao apresentar uma premissa que mescla bastante o gênero Folk Horror (como no clássico “O Homem de Palha”), com Horror Psicológico, em um enredo bastante amargo. A história gira em torno de Harper (Jessie Buckley), que após o suicídio de seu cônjuge James (Paapa Essiedu) resolve tirar umas “férias improvisadas” em uma cidade distante. No local, ela acaba alugando a residência do misterioso Geoffrey (Rory Kinnear), e apesar deste se mostrar muito gentil, aos poucos ela nota que o local é rodeado de homens bastante psicóticos. Imagem: A24/Paris Filmes (Divulgação) Durante os quase 100 minutos de projeção, a única sensação que o diretor Alex Garland (que também assina o roteiro) transpõe para seu espectador é apenas um medo interno que muitas mulheres sentem, após vivenciarem determinadas situações delicadas como constantes abusos físicos e psicológicos. Isso funcionaria se Harper fosse uma personagem melhor escrita, já que à todo momento ela se mostra uma pessoa que não nos desperta interesse em torcer por ela, e principalmente se colocar em seu lugar (diferente do que vimos no “primo” deste, “Midsommar“, que ficamos a todo tempo na cabeça da protagonista vivida por Florence Pugh). Apesar de Buckley ser uma boa atriz, infelizmente é um fato que ela está se prendendo neste tipo de personagem e já está ficando bastante “previsível” suas facetas nestes projetos. E isso acaba tirando um pouco do impacto neste tipo de produção, pois nas tomadas de tensão e violência extrema, não sentimos absolutamente nada (uma vez que este tipo de filme depende e muito da atuação e abordagem da sua protagonista). “Men” acaba sendo vendido como um filme de terror no estilo de “Uma Noite de Crimes”, mas nos entrega uma produção mediana e esquecível na mesma proporção dos longas da Netflix.