Cristal comenta lançamento de $incera, parceria com Djonga e sucesso de Ashley Banks

A rapper Cristal, de 17 anos, soltou o clipe de $incera na última quinta-feira (19). Recentemente, a artista teve a oportunidade de fazer um feat com o Djonga, para o novo álbum do rapper Histórias da Minha Área. A parceria surgiu após a artista ter visto o rapper ouvindo sua música Ashley Banks, em uma rede social. Tal música foi lançada em dezembro do ano passado. E também abriu portas para ela adentrar à cena do eixo Rio-São Paulo, já que ela é de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Mas, tudo isso não seria possível sem a ajuda de sua família, que trabalha com ela. Muito menos sem a ‘visão de futuro’ que ela tem da sua arte e as mensagens que passa nas letras. Conversei com a Cristal sobre todos esses assuntos e um pouco mais, pega a visão:        A música $incera tem uma pegada meio caseira e aborda a questão racial. Foi essa pegada que você quis passar? A letra tem umas falas ácidas, algumas pessoas podem enxergar como algo mais agressivo. Mas, na verdade, $incera, com o cifrão, já diz muito do que a pessoa vai descobrir ao longo da letra: tudo tem um preço. O jeito que você se expressa tem um preço, a sua sinceridade, você ser verdadeira tem um preço. Eu quis falar essas verdades, abordar, por exemplo, a apropriação cultural e assuntos relacionados à questão racial com uma forma despojada de falar. Eu me inspirei muito na Lady Leshurr. O jeito que ela usa a expressão, de se vestir, ela faz rap com o corpo.  Bitch, não!Tu sabe, não vai me chamar assimNasceu com a cor da Angélica e agora quer ser a TaísAmiga, melhor chamar o seu táxiSua farra de black face, acaba aquiE ela diz que é fã da Queen BAgora ela quer ter big lipsPros nigga quer fazer strip teaseEla disse que já nasceu assimMinha filha, cadê sua melanin’? Trecho da música $incera E o clipe não tem nada de profissional, juntou eu, meu primo, que é meu produtor, o MDN Beatz, e a minha prima, que atuou, fez a maquiagem e direcionou os figurinos no clipe.  Você foi convidada para participar do álbum do Djonga. Como foi isso?  Cara, foi uma loucura! Ashley Banks foi a música que me fez abrir porta para outros artistas, pude ser conhecida no eixo Rio-São Paulo. O Djonga tinha postado um stories na barbearia, cantando Ashley Banks com os amigos. Eu comentei o stories e ele respondeu me chamando pro álbum. Eu surtei! Depois, ele me ligou para explicar a ideia. Fui com minha mãe até ele. A gente tem essa coisa de trabalhar em família, eu me identifico muito. E esse encontro de gerações, a escrita da música foi isso, abordamos de tudo, como educação financeira, ancestralidade. Foi mágico e inesquecível.  Como foi lidar com o sucesso de Ashley Banks? Na verdade, saber lidar eu estou aprendendo cada dia mais. No momento que eu escrevi a letra e mostrei para os meus amigos, depois para Agência Denegrir, que produziu o clipe, a gente esperava ser destaque. Mas não sabíamos em qual proporção. Botamos muita fé que iria ser foda. Viver tudo isso é outra parada!  E tem mais trabalhos para esse ano?  Sim! Eu já tenho músicas engavetadas. Espero lançar um videoclipe até o final do mês, além de feats que vão rolar esse ano. Também estou no processo do meu primeiro EP. Não tem data, nem previsão, mas estou no processo. Você vai ficar no trap ou pretende expandir?  Não é meu objetivo fazer só trap, tenho outros estilos de músicas. Não gosto de me prender em uma coisa só, posso lançar coisas diferentes com o MDN Beatz. Apenas calhou dos meus lançamentos serem no beat de trap.  O que você espera alcançar com a sua arte?  Acho que essa resposta acaba respondendo por que fazer arte. E foi como falei na palestra do TEDX Laçador 2019 . Eu falo que quero eternizar a arte com nós, pessoas pretas, como protagonistas. Eternizar a história da nossa família, das nossas vidas em qualquer forma de arte.   Caminhada de Cristal nas artes A Cristal começou no rap em junho de 2019, quando lançou seu primeiro single Rude Girl. A música tratava sobre autoestima preta, o recorte racial do estado e a relação que isso tem com a cena atual do rap. Porém, sua caminhada como artista começou desde cedo. A jovem artista aos 15 anos já manifestava sua arte em versos de poesia nos slams. Em 2017, sagrou-se campeã da etapa regional e representou seu estado pela primeira vez no SLAM BR – Campeonato de Poesia Falada, ao lado do amigo e poeta, Bruno Negrão, em São Paulo. Tem um livro lançado de poesias autorais, Quando O Caso Escurece, e participou de outros projetos literários, como Poetas Vivos – Vida Longa à Resistência Vol. I, e antologia Querem Nos Calar: Poemas para serem lidos em voz alta, organizada por Mel Duarte contendo escritoras de todo país, com prefácio de Conceição Evaristo. Dentre suas experiências, participou das gravações do filme Aos Olhos de Ernesto, também pela Casa de Cinema de Porto Alegre. Ela recita alguns versos seus no longa. O lançamento está previsto para este ano.  Seu mais recente trabalho como atriz, é com a personagem Kalliny na série O Complexo, da Verte Filmes. Acompanhe o trabalho da artista pelas redes sociais Facebook e Instagram.

Coletivo Posse MRF fala no poder transformador do hip hop

Posse MRF

Posse MRF, Mentes Revolucionárias da Favela, é um coletivo da Baixada Santista que vê a cultura hip hop como ferramenta para transformar a realidade das favelas da região. A ideia surgiu no final dos anos 90, pelos membros do extinto grupo de rap MRF. Em 2018, foi reativada com objetivo de trazer a cultura de paz nas periferias e fortalecer as relações entre a cultura da favela. A Posse tem como apoiadora a ONG Procuru.  Em detrimento ao novo coronavírus, as atividades da Posse MRF estão temporariamente suspensas. Entretanto, a mensagem do grupo atravessa a presença física dos eventos. No ano passado, o coletivo se dedicou a parte musical, pois muitos de seus integrantes tem o rap como vertente. Os integrantes se reúnem mensalmente para decidir os eventos que serão realizados, quais passos serão dados e as distribuições de tarefas. “Nós organizamos eventos e shows. Já chamamos o MV Bill, mas não era só show, ele também deu palestra. Depois, promovemos outras ações focadas em trabalhos musicais”, diz Ronaldo Pereira, articulador social da Procuru e da Posse. Momentos eternos Os eventos vão além da música, proporcionando lembranças marcantes. O Rap de Quebrada, por exemplo, trouxe uma experiência inesquecível para Ronaldo.  “No final de 2019 voltamos pra rua, com a realização do evento Rap de Quebrada, idealizado pelo Tiago Pereira, do Sarau Itinerante. O evento aconteceu no México 70, em São Vicente, e a ideia era promover ação onde elementos do hip hop se encontravam e trazer um impacto positivo nas quebradas. Resolvemos realizar o evento todo mês, em uma cidade diferente, passando por todas as quebradas”, explica Ronaldo. Uma participação, em especial, ficou marcada na memória. “Ver o Mantena cantando e todo mundo cantando com ele foi emocionante. Ele fez parte do grupo Sistema Negro, do Guarujá”. “Ele estava inseguro para cantar. Falei para todo mundo da posse pegar o microfone e cantar com ele, naquele dia eu chorei. E nesse dia o Tiquinho fez o grafiti do criminal D. Então, o evento deixou marcas em nós e na quebrada”. Valores do hip hop Dentro da Posse, o combate aos preconceitos é essencial. “Temos que ter comprometimento, respeito, pensar na coletividade e também praticar o autocuidado: o cuidado comigo, com nós e com o todo”. “Quando um membro da posse erra, ele é chamado para conversar. Se ele não entende que errou ele é excluído. Isso serve para quem fundou e para quem chegou agora”, explica Ronaldo. Os integrantes também incentivam a “molecada” a não cair no crime. “Mostramos que tem a literatura como caminho, o rap, o graffiti… Se não gosta de nada disso, tem emprego do mesmo jeito”.  O hip hop sempre foi ferramenta de transformação. O graffiti transforma a textura espacial, o break transforma a vida das pessoas com a expressão corporal, o rap toca nas feridas… E por aí vai. A literatura está sendo bastante discutida como o quinto elemento do hip hop.   Ronaldo Pereira Ele também explica que os integrantes com formação acadêmica visam compartilhar conhecimento.“Não adianta só fazer o hip hop, a gente tem que buscar conhecimento e traduzir esse conhecimento para o nosso povo, na nossa quebrada e até em nós mesmo”.   Desafios Promover debates sobre temas como machismo e homofobia para os homens mais velhos é um dos maiores desafios da Posse. “A misoginia é muito grande ainda, temos que trocar ideia mesmo, porque muitas vezes o cara está dentro do movimento, mas tem essas paradas”. “Muitas vezes, esses assuntos geram uma barreira de aproximação, de troca de ideia. Mas o hip hop veio para combater preconceitos”. Outro desafio citado por ele é fazer política pública sem dinheiro. “Antes dos eventos que realizamos nas quebradas, conversamos com a população. Fazemos um mapeamento cultural daquela área. O poder público não atua nessas áreas”.  Membros da Posse Contrabando de AtitudeCriminal DImagreenPerímetro 13Brunão Mente SagazVL Cartel CentralMantenaRheuDJ CucoIce DeeSarau itineranteJennyJunior Castro Anthropos ProduçõesColdRC

Labuta Hip Hop retorna com Cypher e mostra que sonho do rap está vivo

Labuta Hip Hop

A banca Labuta Hip Hop, representando o rap caiçara, retornou com suas atividades neste domingo (22). O lançamento oficial da Cypher também marca o inicio dos trabalhos da produtora GrapeTV neste ano. E se depender dos mc´s, Cres, Jotaerre, Frank, Tubarão e Brisa, muito trampo vem por aí. No clipe e na música, os mc’s falam sobre suas lutas diárias, a ‘labuta’ que é manter vivo o sonho de fazer rap. Nesse clima de batalha, na introdução, é usado um sample da música tema de Rocky Balboa. Para isso, o clipe foi gravado em um ringue, disponibilizado pela Terrier Fight Team. A Labuta Hip Hop é uma banca que tem o intuito de divulgar os trabalhos de seus integrantes. A GrapeTV é a produtora responsável pelos lançamentos.

Batalha do Forte, em Guarujá, é adiada devido ao coronavírus

A segunda edição da Batalha do Forte, em Guarujá, que aconteceria nesta sexta-feira (20), foi adiada seguindo as medidas de prevenção da Prefeitura contra o novo coronavírus. O evento conta com o apoio da Secretaria de Cultura de Guarujá. A edição teria a participação do maior vencedor da Batalha da Aldeia, uma das mais conhecidas na cena Hip Hop do Brasil, o Kant. E além disso, premiação em R$ 500. Uma nova data será divulgada pela organização assim que possível.  Contato E-mail: Contato@batalhadoforte.com.br Instagram: @batalhadoforte013

Djonga lança Histórias da Minha Área e clipe de Hoje Não

Histórias da Minha Área

Djonga lançou nesta sexta-feira (13) o tão aguardado disco Histórias da Minha Área, como também o clipe da faixa Hoje Não. Esse é o quarto álbum do rapper, que contempla dez musicas. O trabalho conta com a participação de Bia Nogueira, NGC Borges & FBC, Don Juan e Cristal. Como de costume, as letras retratam a realidade e as vivências de Djonga. Em uma hora desde o lançamento, o álbum já ocupa o primeiro lugar dos assuntos mais comentados do Twitter. Histórias da Minha Área sucede e Ladrão (2019), um dos álbuns mais elogiados do rapper, que também foi bem recebido pelo público. Confira o álbum completo, já disponível nas plataformas digitais:

Dialeto Vital, duo de Santos, busca valorizar o ‘rap de mensagem’

Dialeto Vital

Em 2016, os irmãos Lucas e Felipe Vital, de Santos, resolveram formar o duo de rap Dialeto Vital. Na época, eles tinham vontade de passar mensagens de cunho social e de autoconhecimento. Recentemente, no dia 22 de fevereiro, colocaram o segundo EP na rua, Expiação e Prova. Nesta sexta-feira (13), soltaram o clipe da faixa Preocupado.  A pegada do disco é meio ‘dark’, mas devido aos assuntos tratados. “É exatamente como a gente se sente com tudo que está acontecendo. Eu já sou pai e eu tenho muita preocupação”, diz Lucas, de 28 anos. “É uma geração difícil, os adolescentes são muito fúteis. Temos uma preocupação de querer passar valores e querer fazer alguma diferença no mundo”, conclui.  Todos os trabalhos da dupla têm produção independente. O primeiro EP, Peito Aberto, saiu em 2018, mas é no Expiação e Prova que eles demonstram crescimento musical.  “Com certeza foi nosso trabalho mais profundo. Ele representa nosso ápice de conhecimento musical e técnico, como também na expressão do íntimo. A ideia desse disco é muito íntima e acompanha toda uma questão de evolução moral e espiritual. É muito sobre autoconhecimento, sobre o que acontece todos os dias, com todo mundo. Da gente variar em humor, em energia, de ter que se renovar, passar por provas, não só no trabalho, mas nos relacionamentos. Fala muito sobre o Brasil também, da gente não saber do nosso futuro”.  Lucas Vital Produção A composição lírica do EP ficou a cargo do Lucas, enquanto Felipe focou na produção. “Antes eu escrevia muito mais, só que nesse EP foquei na produção. Por isso, ficou um trabalho muito mais coeso com a nossa ideia de expressão e por isso é a nossa maturidade de expressão lírica e musical”, avalia Felipe.  Para o próximo projeto os rappers revelam que será algo diferente, no qual vão abrir mais o coração na questão amorosa. As produções da dupla se encontram em todas as plataformas digitais.  O foco é a mensagem O Dialeto Vital iniciou as atividades em 2016, porque os irmãos achavam que tinham como contribuir com alguma mensagem. “Foi justamente porque eu particularmente achava que o rap estava em decadência de mensagem. Escutava Sabotage e Racionais, e a mensagem sempre foi de cunho social. Foi quando eu achei que a gente poderia acrescentar algo que eu não estava vendo na cena”, diz Lucas.   Enquanto compõem, eles também trazem a questão do autoconhecimento, “porque é preciso saber se conhecer, reconhecer nossos erros, tocar nossas feridas, é o que faz a arte ser a arte. É passar a sua mensagem com um certo nível de inteligência”. Felipe ainda ressalta que o autoconhecimento no rap underground não é muito abordado. Os irmãos viram espaço e potencial para contribuir e fazer algo diferente do que observam na Baixada Santista.