“Como vai o blues?”. Quando queremos saber como está a cena musical do gênero nos dias de hoje, certamente devemos incluir Eric Gales na resposta. A verdade é que o músico americano, nascido em um dos berços do gênero, Memphis, no Tennessee, não é um jovem estreante. Gales tem experiência de mais de 30 anos no estilo tão ilustrado por lendas como BB King e Muddy Waters.
Já era conhecido pelo apelido de “Raw Dawg”, devido sua forma intensa, autêntica e desinibida de tocar guitarra. Mas foi na última década que Eric Gales conseguiu os maiores holofotes da carreira, chegando a ser indicado ao Grammy, na categoria de Melhor Álbum de Blues Contemporâneo, por Crown (2022), seu mais recente e elogiado lançamento.
Tanto badalar fez com que Gales se tornasse um dos nomes mais comentados e recomendados quando se procura por um artista de blues atual. Um outro indício desse reconhecimento veio no convite para Gales embarcar Brasil, como uma das principais atrações do festival Best of Blues and Rock SP. Após apresentação no Rio de Janeiro, foi a vez de São Paulo receber o bluesman, no Parque Ibirapuera, no último sábado (22).
Em entrevista coletiva antes do show, Gales contou que o blues é universal. É um sentimento mutuo, que é compreendido por todos, independente do idioma. No palco, ele fez valer seu comentário já no inicio, quando puxou sua guitarra, no volume mais alto, e tocou as primeiras notas do seu blues selvagem, sem cantar uma palavra sequer, mas que foram suficientes para passar sentimentos através dos sons.
O blues de Gales é funkeado, pesado como um bom rock ‘n’ roll. Após a introdução instrumental bluezeira homenageando Howlin’ Wolf (outro mestre do blues), o músico, acompanhado por sua competente banda (sendo uma das integrantes sua esposa, a percursionista LaDonna Gales), deu sequência ao show com músicas enérgicas e sempre recheadas com maestrais solos de guitarra do “Raw Dawg”.
Eric, sempre animado e interagindo com a plateia, repetiu orgulhoso o palavrão que aprendeu em português para descrever o sentimento de estar no Brasil: “do caralho!”. Disse que o país é sua segunda casa e aproveitando o belo pôr do sol, que dividiu o céu do Ibirapeura em dia e noite simultaneamente, o bluesman e sua banda fizeram um grande medley final, que uniu jams de blues e clássicos do rock, como Kashmir, do Led Zeppelin, e Back in Black, do AC/DC.
Eric Gales passeou pelo palco, conversou com público, fez seus empolgantes solos de guitarra, prestou homenagem ao blues, ao rock, e também deixou as digitais de seu som e de seu carisma.
Definitivamente, entregou uma grande apresentação com o melhor do blues e do rock. Se sinta sempre em casa, Gales.