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Entrevista | FSnipes – “Nós somos como pequenos pedaços do todo”

Misturando cores e formas mais do que diferentes e inspirando-se de Belchior até Beatles, o músico F.Snipes, alter-ego de Felipe Medeiros, lançou o seu álbum de estreia. O projeto chamado de Safra Sativa, não por engano, carrega em sua capa diversas mensagens subliminares e um som perfeito para conquistar os apaixonados por punk rock melódico.

As dez faixas foram compostas durante o período de pandemia. O artista conta que a ideia inicial era lançar alguns singles ao longo de 2020. Assim, surgiu o primeiro EP com quatro músicas e depois, o processo de criação não parou mais. Com tantas canções lançadas e inseridas no portfólio do músico, ele decidiu que era o momento ideal de montar um álbum completo para o público.

“Sou muito old school em relação aos álbuns. Adoro pegar um trabalho e entender ele como um todo, não somente como pedaços separados. Por isso eu achei que valia muito a pena usar esses singles que estavam sendo lançados para montar o primeiro disco”, diz o artista.

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O projeto foi produzido pelo também músico de Porto Alegre, Davi Pacote. O produtor estava em um trabalho remoto, criando músicas em casa, no estúdio montado com os próprios instrumentos. Com a parceria de Felipe, que soltou a criatividade, nasceu um ritmo frenético entre as composições e gravações de ambos.

“Para mim foi muito interessante tentar levar para o mundo essas coisas que eu estava criando. O negócio deu certo, a energia bateu com o trabalho do Davi e continuamos, tanto é que de lá para cá gravamos praticamente todo mês uma ou duas músicas, o que é um nível de produção bem legal”, conta.

Mensagens subliminares

E logo ao bater o olho na capa do novo projeto, é impossível não visualizar o universo lúdico e colorido criado pelo designer de Maceió, Cristiano Suarez. Você pode até não notar a princípio, mas o desenho artístico é cheio de mensagens subliminares e figuras que representam o alto astral do disco.

F.Snipes foi quem esboçou o projeto cheio de imagens significativas e transformou a capa em algo nada comum ou mesmo fácil de compreender inicialmente. O artista queria de fato criar uma viagem visual e aflorar a criatividade do público, para que pudessem desvendar as mensagens escondidas.

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“Cada elemento tem a ver com coisas pessoais. Cada figura presente ali conseguiu traduzir o contexto do álbum todo. Tem um pedaço da minha história, por mais que o público não perceba ou não entenda no começo, o resultado final é incrível”, diz.

E se o assunto é polêmico ele trata logo de desmistificar e quebrar tabus. Tudo começa pelo próprio nome do álbum: Safra Sativa. Em referência a Cannabis, consumida no processo criativo do projeto, a planta medicinal foi utilizada justamente nos momentos de criação das letras e melodias das músicas.

Com sentimentos e vivências, o músico que mora em Miami, consome o óleo com propriedades terapêuticas para transcender a arte que o habita.

“Uma das mensagens subliminares da capa é que estamos em um balão jogando esse óleo em uma língua, o que representa a viagem do projeto. Então aquele universo acontece dentro de uma boca, recebendo o que consumo para criar. Outro detalhe é o personagem com a luneta procurando um sol, elemento este presente no meu primeiro EP. Ou seja, tudo está conectado. Você vai conhecendo e se identificando aos poucos”, revela.

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Sobre o álbum

O artista se preocupou extremamente ao lançar o disco, tentando trazer com responsabilidade o que o público poderia entender e absorver do conteúdo final, principalmente no período de pandemia. Segundo ele, a energia já está muito pesada, e a ideia é afugentar os maus pensamentos que se espalharam durante este momento delicado, para no final trazer luz a quem ouvisse o álbum.

“Eu tentei fazer músicas que levassem leveza e alegria para a vida das pessoas. Eu tenho essa preocupação em transmitir mensagens de maneira positiva e elevar a vibração de quem está ouvindo para algo melhor”.

Esse cuidado não foi baseado apenas nas músicas, mas também no visual do projeto. O grande complemento artístico da obra do lado de fora, interagiu com as composições de dentro do encarte. E não dá para disfarçar, o propósito era esse mesmo, levar energia e aumentar a frequência de quem consumisse o trabalho, seja escutando ou mesmo observando a beleza do conteúdo exterior, de maneira quase mística.

“Foi muito espiritual, eu não sou religioso, mas tenho um interesse muito grande em descobrir a questão da evolução como ser humano. Qual o nosso propósito aqui e como a gente pode ser melhor para o mundo? E principalmente tentando me entender como uma peça em meio a uma sociedade. Nós somos como pequenos pedaços do todo”, reflete.

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Contudo, é sempre muito difícil para um artista definir a música favorita dentro de um projeto. Cada canção é como um filho, gerado a partir de histórias e vivências diferentes, uma qual tão especial quanto à outra. No caso do Felipe, não poderia ser diferente. Se em outras bandas ele sempre havia uma música predileta, dentro de Safra Sativa a escolha é muito difícil, tamanha a paixão no momento de compor.

Contextos diferentes

Cada faixa é um enredo e contexto diferente, mas ainda assim, após refletir por longos segundos, o artista conclui que a primeira das dez canções, é a que escolheria se precisasse, e o motivo é ainda mais romântico do que poderíamos imaginar.

“Cada uma das músicas me toca de uma maneira diferente. É difícil definir só uma, mas se tivesse seria 7 de julho. Não porque ela seja especial, mas me abriu portas. Eu escrevi como presente de aniversário de namoro para minha esposa. Queria dar uma coisa diferente, no fim, era uma inspiração para mim e um presente maravilhoso, como uma lembrança para nós dois”.

Alter ego

E o F.Snipes pode até ter se mostrado agora, mas o Felipe está na estrada há muito tempo. Músico desde os anos 90, ele sempre participou de criações e composições das bandas que integrava, mas nunca como vocalista. Aliás, tocando guitarra ou contrabaixo, o F.Snipes surgiu como o apaixonado por punk rock, indo contrário ao Felipe empresário ou designer.

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Mesmo já sendo conhecido assim pelos amigos e conhecidos, desde a época em tocava em bandas de hardcor, está sendo a maneira completa de se entregar como músico e escritor ao mesmo tempo.

“Eu considero um alter ego. Ele surge no meio dos meus devaneios, quando a criatividade está muito mais aguçada e eu consigo ter percepções totalmente diferentes do que em outros momentos. Eu sempre encarei dessa forma. O Snipes é meu lado punk rock”, diz.

O artista acabou de fechar um ciclo inicial de gravações com este lançamento, mas já começou a trabalhar em um segundo disco com novos singles, que deve ser lançado no início de 2022.

“A minha ideia é lançar uma música por mês com várias parcerias de artistas diferentes. Quero manter o ritmo e no início de cada ano juntar tudo e lançar um disco com algumas inéditas”.

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Já dá para notar a empolgação do músico quanto aos novos projetos, mas a ansiedade é ainda maior quando se trata de colocar tudo isso em um palco e tocar para o público de perto. A emoção de um show punk rock.

“A música tem sido um escape, principalmente nesse momento que tem me provocado muito como pessoa e artista. Estou adorando voltar a compor e a pensar em obras diferentes. Espero que essa pandemia acabe logo para eu tocar as músicas ao vivo”, conclui.

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