O rock respira e vibra na Inglaterra com a Madre Sun, sob a batuta de três brasileiros e um britânico. Formada pelos irmãos Eduardo e Matt Cavina, junto com o baterista paulistano Flip Stipp e o guitarrista Tyson Schenker, a banda lançou o EP The Speed Of Light, regado do mais puro, explosivo e pulsante hard rock.
Transição Cavina para Madre Sun
Foi durante a audição na BBC Studios para o aniversário de 50 anos do White Album, dos Beatles, que Eduardo e Matt tomaram uma decisão.
Após uma pergunta de um jornalista à Giles Martin, filho do lendário George Martin, os irmãos resolveram tomar um novo rumo.
“Os Beatles não têm um som rotulado. Só queriam fazer música”, respondeu Giles. A resposta foi o embrião de uma ideia e nova fase para os músicos que, até o momento, se apresentavam com o Cavina, que tinha uma sonoridade mais pesada, voltada ao thrash metal.
Imediatamente, foi tomada a decisão de fazer música. Logo na mesma semana que o grupo fazia o último show, “o melhor do Cavina”, como relembra o guitarrista Matt Cavina, Tyson entrou para o que se tornaria o Madre Sun.
Assim, o grupo começou a crescer e fluir naturalmente nas composições. A química é tão forte que é possível notar desde a primeira faixa do EP, Black River e na faixa-título.
Diferenças culturais
O rock tem um alto consumo na Inglaterra, país berço de bandas como Rolling Stones, The Who, Led Zeppelin e Black Sabbath. Segundo Matt, “com o Cavina, as pessoas sabiam que somos brasileiros. Logo, o lugar lotava e tínhamos um respeito. Assim, acabamos trazendo para a Inglaterra um influência de música americana, de bandas sulistas, que é o que as pessoas consomem no Brasil. Trouxemos até viola caipira! Houve um intercâmbio cultural muito grande. Do mesmo modo que eles nos afetam, nós os afetamos também”.
A influência foi sentida até em Tyson: “brasileiro tem aquele jeito aberto, abraça, tá do lado. O Tyson é britânico, todo durão. Mas, ele já mudou bastante”.
The Speed Of Light
O grupo nasceu em dezembro de 2018, já seguindo para ensaios e shows no ano seguinte. Logo, o processo de experimentação de músicas era visto na cara da platéia, como um modo de teste. Assim, cinco foram escolhidas para fazer parte do trabalho.
“Foram shows legais e grandes, para Londres. Assim, fomos para um estúdio em Cambridge e decidimos fazer ao vivo”. Em cinco dias The Speed Of Light estava feito. “Inicialmente, gravamos o baixo, guitarra e bateria. O momento mais marcante foi na sala técnica. O produtor colocou eu e meu irmão um na frente do outro. A energia que rolou, pegou. Matamos a maioria das músicas em um take só. Contudo, o mais interessante foi Tyson criando os solos e arranjos ali na hora”.
Pandemia
Em tempos de caos, o grupo encontrou um modo de tirar proveito para a divulgação de lançamento de The Speed Of Light.
“Estávamos recebendo propostas de gravadora e do Sesc para fazer uma turnê. Fui para o Brasil para uma entrevista com o Gastão. Tudo corria bem. Mas veio a pandemia”, explica Matt.
Assim, tirando o lado positivo do lockdown londrino, o grupo ficou em suas respectivas casas, compondo.
“Logo que terminamos as gravações, iniciou o lockdown. Em seguida, começou o easy-lockdown. Eu ia a pé até a casa do meu irmão e começamos a gravar um novo material”, conta Matt.
“As situações casaram. Todo mundo estava em casa vento TV e na internet. E logo lançamos o primeiro single, Trick Up The Sleeve, assim apresentando a banda nesse período tétrico”.Matt Cavina, guitarrista e backing vocal do Madre Sun
Vida em Pandemia
A Inglaterra dá o suporte necessário para que as pessoas possam sobreviver em tempos de pandemia. Alguns locais já estão reabrindo. Contudo, para a banda, “definitivamente, não sabemos se vamos fazer shows agora que há locais abrindo. Prezamos pela segurança de todos, apesar de percebemos que há pessoas na rua não se importando”.
Matt ainda comenta o estilo de vida na Inglaterra, “temos que dar nossos pulos, porque a vida aqui é cara. Há a ajuda de auxílios, mas zero perspectivas para shows”.
Apesar de tudo, “está fluindo bem com as vendas dos discos e EPs. Estamos conseguindo construir uma coisa que sempre queríamos: levar a música para os outros neste momento difícil. E estamos tendo um feedback grande”.
Planos futuros
Em três meses de lockdown, a produtividade fluía, e o grupo já estava com material para três álbuns. “Está vindo muita coisa boa. Então, para nós, foi bom para poder compôr, gravar demos e planejar o futuro da banda”, comenta o guitarrista.
Sobre o próximo passo, Matt explica, “O EP está aí para apresentar o que vai vir. Já temos parceiros e pessoas interessadas. Se a situação permitir, nosso plano é gravar um álbum completo. Vamos fazer no mesmo molde: orgânico e natural”.
Além disso, o grupo está para lançar um novo clipe. Entregando motivação, positividade e música boa, contará com imagens de fãs do Brasil, Japão, Austrália, Itália, Bélgica, México e outros países. Além disso, a banda também aparece no mesmo estilo que os fãs”. “É muito legal. No vídeo tem um menino pequeno com o EP nas mãos. Sinceridade de criança é pesada. Se o garotinho curtiu, é porque estamos no caminho certo”.
Para acompanhar a banda no Youtube, clique aqui.