Canto do Historiador #06 – De rock e louco todo mundo tem um pouco…

ALDO FAZIOLI

Através dos tempos nossa civilização sempre esteve diante de fatos e acontecimentos que, provocados ou não pelo homem, alteraram seu cotidiano e o próprio futuro. Até mesmo uma palavra desconhecida popularmente pode sair de um nicho qualquer e se transformar num fenômeno, que de acordo com sua evolução pode se alastrar por todo mundo.

Foi o caso da psicodelia, nomenclatura grega formada pela junção das palavras “psique” (alma) e “delos” (manifestação).

O escritor inglês Aldous Huxley narrou suas experiências com a mescalina (1) no seu livro narrou As Portas da Percepção, e entre muitas afirmações ele disse: “a experiência psicodélica é um pano que limpa as lentes da percepção. É a bússola que aponta o norte verdadeiro ao chamado de nossas vidas. É a lanterna nas catacumbas do nosso subconsciente.

Embora o escritor deixa claro que a psicodelia possa se manifestar sem o uso de drogas, o fato é que com elas os efeitos sobre o estado de consciência e psicose evoluem com mais agilidade sobre a percepção da realidade.

A psicodelia começa a se expandir inicialmente nos Estados Unidos e na Inglaterra. Viveu seu apogeu durante a segunda metade dos anos 1960 e sua ascendência se deu principalmente sobre a classe artística e de certa maneira foi associada a cultura hippie.

Assim como outros movimentos, a psicodelia também se propagou mundo à fora alterando os costumes e atitudes comportamentais de toda aquela geração.

Entre as artes, a música por ser mais popular teve maior facilidade em se relacionar com o cinema, a moda, artes plásticas e inclusive com a arte de vanguarda.

Artistas de várias vertentes musicais, mesmo aqueles já famosos e consagrados, no sentido de estimular a criatividade e se desprenderem da estrutura musical existente investem em novas tecnologias com efeitos sonoros e vocais e se utilizando de instrumentos exóticos.

Sem se prender a formas e refrões, as composições abordam temas fantasiosos, surrealistas com obsessões, alucinações e outras loucuras.

Embora houvessem muitos artistas virtuosos e criativos, a participação especial ficava por conta do LSD, droga alucinógena de livre acesso que dava passagem para “viajar” sem sair do lugar.

Nesse cenário surge Art Rock, posteriormente chamado de rock psicodélico que praticamente aparece ao mesmo tempo nos dois lados do Atlântico.

Entre as bandas mais expressivas do rock psicodélico destacamos as americanas The Grateful Dead e Jefferson Airplane, pioneiros do gênero e mais tarde surge a banda Big Brother & Holding Company com Janis Joplin nos vocais, todas de São Francisco.

De Los Angeles, The Doors, The Byrds, foram os principais acompanhados pelos Beach Boys, que deram uma pausa com os temas surfistas e também aderiram à psicodelia. O eclético rei da guitarra Jimi Hendrix, embora oriundo de Seattle, vivia mais na Inglaterra e seguiu o estilo com maestria.

De Nova Iorque, o mais cultuado foi o Velvet Underground liderado por Lou Reed. Bandas como Love, Iron Butterfly e Mothers of Invention do Frank Zappa, entre outras, são sempre mencionadas quando o tema é rock psicodélico.

https://www.youtube.com/watch?v=Q3tzbS8za2k

Na Inglaterra quem abriu o caminho foram o The Yardbirds e Pink Floyd que tinha no seu líder Syd Barret, seu maior entusiasta do gênero. Depois vieram os Beatles com álbuns como Revolver, Yellow Submarine e o mais emblemático trabalho do rock psicodélico, o Sgt. Peppers Lonely Heart Club Band. As bandas Cream, The Who, Moddy Blues e Rolling Stones também participaram desse movimento.

https://www.youtube.com/watch?v=pn6cxaKRwtk

(1) Mescalina – É um alucinógeno extraído do cacto peiote

Um Rock Abraço Psicodélico,

Aldo Fazioli