ALDO FAZIOLI
A história do rock não ficará completa sem dedicar um capítulo exclusivo para os festivais. Sempre na vanguarda das novidades e acontecimentos importantes, a década de 1960 também protagonizou o início da era dos grandes festivais e mais uma vez, o estado da Califórnia, na costa oeste dos Estados Unidos, foi o precursor desse tipo de evento. Aqui estamos nos referindo aos festivais que ocorrem em espaços livres e abertos, normalmente para receber grandes plateias.
Em pleno verão californiano de 1967, precisamente nos dias 16, 17 e 18 de agosto, acontecia o primeiro grande festival de música. O cantor e compositor John Phillips (Mamas & Papas) se juntou aos produtores Alan Pariser e Loud Adler e escolheram a cidade de Monterey, junto ao oceano pacífico, 180km de San Francisco, para organizarem um evento musical beneficente que contaria com atrações nacionais e internacionais e com artistas desconhecidos do grande público.
Eles tiveram apoio de Paul McCartney, de Mike Jagger, Brian Wilson (Beach Boys) e integrantes da banda The Byrds. O evento recebeu o nome de Monterey Internacional Pop Music Festival. Pela primeira vez, inúmeros artistas se apresentaram durante três dias para mais de 50 mil pessoas. Desta vez, sem gritos e histerias que ocorriam nos shows de Elvis e Beatles.
As bandas também puderam contar com equipamentos de som e iluminação de última geração, que proporcionaram shows mais produzidos e organizados que os habituais. A cena musical da época era bem favorável. Haviam muitos artistas de qualidade no início de carreira procurando seu espaço.
A era psicodélica estava em curso. A cultura hippie, que surgia robusta e intensa nas calçadas das ruas Haight e Ashbury, em São Francisco, já contestava ativamente contra as guerras, o consumismo, a discriminação social e outras questões vigentes que originaram o movimento de contracultura. O lema era “faça amor, não faça guerra”.
Foi nesse contexto que o festival deu início ao chamado “verão do amor”. A música San Francisco, sucesso mundial retratou com muita felicidade todo aquele espírito. Composta por John Phillips e gravada naquele ano por Scott Mckenzie que, entre versos e harmonias, cantava “ao chegar em São Francisco, não esqueça de colocar flores no cabelo”.
No meio da plateia haviam representantes de várias gravadores atrás de novos talentos, isso surtiu efeito, pois muitas bandas foram contratadas após o festival. Várias apresentações deixaram marcas inesquecíveis.
Com sua voz inconfundível, o cantor Otis Redding considerado pela revista Rolling Stone o oitavo maior de todos os tempos, fez uma das suas últimas apresentações, pois morreria meses depois num acidente aéreo.
https://www.youtube.com/watch?v=UBllG7TTLgw
A banda inglesa The Who deixou sua “pegada” e marcou presença enlouquecendo o público com o peso do som britânico na terra do Tio Sam. Mas foram Janis Joplin e Jimi Hendrix que mais se destacaram. Acompanhada pela banda The Big Brother & The Holding Company, Janis com sua voz rouca e talento, foi a grata surpresa, roubou a cena e virou estrela do festival.
Jimi Hendrix não deixou por menos. Com a The Jimi Hendrix Experience, pela primeira vez em seu país de origem, deu um show de virtuosismo e sexualidade com a guitarra, e depois a fez arder em chamas, numa apresentação memorável marcada por imagens que ficaram para sempre na história do rock.
Entre as 32 atracões que se apresentaram naqueles três dias destacamos ainda: The Mamas & The Papas, The Association, John Rivers, Eric Burdon & The Animals, The Byrds, Jefferson Airplane, The Grateful Dead, Simon & Garfunkel, Cannet Heat, Ravi Shankar e Scott Mckenzie.
O festival de Monterey não tinha a pretensão de ser tão importante como ficou evidente posteriormente. Além de revelar inúmeros artistas que se consagraram no cenário pop rock mundial, foi o precursor dos festivais deixando um legado inestimável para a música mundial.
Faça amor, não faça guerra e…
Um rock abraço,
Aldo Fazioli