ALDO FAZIOLI
Foto: The Kingsmen / Divulgação
Durante o transcorrer dos anos 1960, muitos jovens americanos no sonho de montar suas bandas de rock, começaram a dividir a garagem com o Cadilac do papai. Entre caixas, ferramentas, rastelos e quase sempre sem grana eles usavam as garagens como um laboratório musical para compor e ensaiar suas músicas.
A maioria desses garotos eram amadores, no entanto, a vontade e determinação supriam a falta de técnica e conhecimento musical. Esse expediente surgiu originalmente no final da década de 1950, mas sua importância ficou restrita “a poucos” lugares. Neste novo momento, ele já foi bem mais expressivo e se alastrou por todos os cantos do território americano.
Influenciados pelo legado deixado por seus ídolos, essa nova geração de garotos começou a desenvolver os próprios estilos musicais. É importante salientar que esse movimento também, em boa medida, foi uma reação saudável ao impacto causado pela invasão britânica.
Foi inegável os reflexos causados na renovação da música pop norte americana com as músicas dos Beatles, dos Rolling Stones e muitos outros grupos ingleses. Em 1965 até o já famoso cantor Bob Dylan, fiel ao folk tradicional, depois de ouvir Beatles e The Animals, num ato improvável, contrariou sua legião de fãs, largou seu violão e aderiu a guitarra elétrica, uma heresia para a época.
As mudanças não ficaram só no meio musical. Da abolição do topete do Elvis à conquista do espaço, a terra do Tio Sam experimentou transformações de toda ordem que interferiu significadamente no comportamento e costumes de sua sociedade. Cabe ressaltar que, entre outros fatos, começou a circular uma nova droga alucinógena chamada LSD, que é facilmente disseminada entre os jovens.
Tudo isso acontecendo quase que ao mesmo tempo, forma, musicalmente falando, um ambiente propicio para o surgimento de uma infinidade de bandas de garagem, produzindo as mais variadas temáticas musicais.
O preto e o branco saem de cena e um caleidoscópio de cores, formas e atitudes revolucionam a sociedade e abre as “portas da percepção” (1) para uma nova era, a era psicodélica (2).
Muitas bandas ficaram pelo caminho, outras trocaram de nome, integrantes e deram origem a novos grupos que fazem parte da historia do rock.
Esse fenômeno foi posteriormente chamado de garage rock e vem sendo cultuado até os dias de hoje.
Podemos dizer que onde houver um jovem inquieto querendo fazer música “barulhenta”, vai ter um carro na rua.
Uma das primeiras bandas desse gênero foi The Kingsmen, que chegou ao segundo lugar das paradas com a clássica e polêmica Louie Louie. A banda The Golliwogs manteve os mesmos integrantes e ganhou inúmeros discos de ouro como Creedence Clearwater Revival.
Oriundo de Seattle o The Electric Prunes é sempre lembrado por ter sua música no disco da trilha sonora do filme Easy Rider (Sem Destino).
Bandas como The Trashmen, McCoys e Sam The Sham & The Pharaohs também são conhecidos pelos sucessos Surfing Bird, Hang On Sloopy e Wolly Billy respectivamente. Terry & The Park surgiu em Detroit e com algumas alterações alcançou o sucesso nacional como Grand Funk Railroad.
Outras bandas como The Seeds, Question Mark & The Misterians, Paul Revere & The Riders, Count Five, The Music Machine além de Lou Reed, Iggy Pop, Billy Gibons (ZZ Top), Bob Seeger, Ted Nugent e Tommy James também começaram incomodando os vizinhos.
(1) Nome do livro de Aldous Huxley – The Doors of Perception, que deu origem ao nome da banda The Doors.
(2) Vem do grego: Psique (Alma) e Delos (Manifestação mental)
Rock Abraço,
Aldo Fazioli