ALDO FAZIOLI
A história nos mostra que no universo das artes sempre houve a preocupação em identificar e determinar a natureza da obra. Principalmente, no sentindo de classificá-la. No entanto, essa é uma tarefa extremamente difícil, visto que são inúmeros os fatores que precisam ser analisados.
Na música essa dificuldade é muito maior, uma vez que ela se manifesta desde uma simples marcação rítmica feita com as palmas, até a um sofisticado concerto sinfônico.
O musicólogo inglês David Horne, diretor do Institute of Popular Music de Liverpool, ao se referir à música disse: “essa é uma arte que pode tudo”.
Do mesmo modo, completou: “as fronteiras entre os estilos musicais estão cada vez mais indefinidos. Essa flexibilidade é uma característica da própria música enquanto forma de arte”.
As indefinições e flexibilidades que Horne se refere acima estiveram sempre presentes na evolução do rock.
Sub-gêneros
Durante toda essa trajetória, um sem-número de subgêneros foram surgindo, no entanto, muitos são desconhecidos do grande público, apesar dos sucessos representados pelas suas músicas.
Afinal, tudo é rock!!! E ao nos referirmos a ele, logo nos remetemos aos jovens rebeldes com jaquetas de couro, ou aos hippies com flores no cabelo pregando paz e amor ou ainda os vocalistas sensuais fazendo dueto com a guitarra. Entretanto, o rock também teve sua vertente mais leve, mais lírica.
Depois das revoltas e protestos, a década de 1970 começa a seguir um caminho alternativo. Foi produzindo uma infinidade de canções com temáticas sentimentais e intimistas inspiradas nas baladas dos anos 1950 e 1960, agora com arranjos melódicos e produções refinadas.
Essa tendência foi chamada pelos críticos de bitter sweet (1), mas é mais conhecida como soft rock.
Confrontos
O soft rock, de certa maneira, provocou o primeiro grande confronto de gerações no seio do próprio rock.
Por um lado os jovens estavam curtindo o som pesado do heavy metal. Por outro o soft rock era cada vez mais assimilado pelos que cresceram ouvindo Elvis, Beatles, Beach Boys e Bob Dylan.
Muitos consideram James Taylor, o precursor do soft rock. Mas nomes como Carole King, Harry Nilson, Carly Simon, Judy Collins, Jackson Browne estavam alinhados com Taylor naquele momento.
A banda América e Simon & Garfunkel vindas do folk rock seguiram com sucesso no novo estilo. Foram acompanhadas pelos Carpenters, Seals & Crofts e Daryl Hall & John Oates. No entanto, esta última afinada com o soul music.
Grupos com influências do jazz como Chicago e Steely Dan alcançaram as paradas ao adotar o soft rock nos seus repertórios.
Além desses nomes acima mencionados, não podemos esquecer do Bread, Fleetwood Mac, Bee Gees e até Elton John, que de alguma forma, passaram pelo soft rock.
Os anos 1970 chegaram ao fim, mas o soft rock está aí, vivo, pois os sentimentos são eternos.
(1) Bitter Sweet – em tradução livre: amargo doce ou agridoce. Além de ser conhecido por soft rock, também é chamado de light rock ou smooth rock. Nos anos 1980, o estilo ficou mais direcionado para um público adulto e nesse caso, recebeu o nome de Adult Contemporary.
Citação:
O crítico norte-americano Tom Wolfe propôs a teoria da “década do Eu” referindo-se à década de 1970”. – Rock: A música do século XX.
Rock Abraço,
Aldo Fazioli