CARLOS DA HORA
Você provavelmente ainda não escutou nada sobre os ingleses da banda Idles e quando ouvir você não vai conseguir achar ninguém fazendo punk rock tão bem quanto eles atualmente.
Direto e pesado como um soco na cara, a banda lançou em agosto seu segundo disco de estúdio, Joy as an Act of Resistance. O primeiro álbum da banda, intitulado de Brutalism (2017), é bom, mas serviu mais como um preparo para o que ainda estava por vir.
Antes de falar sobre o disco, queria só dizer que o berço do Idles é nada mais nada menos que Bristol, na Inglaterra. A cidade já tem uma cultura bem forte no universo do punk rock, com diversas ótimas bandas nascidas lá, como Disorder, The Pigs e até o Turbowolf (outra banda que atualmente vem fazendo um som bem legal). Só de respirar o ar que exala instrumentos presentes e um vocal grave já dá para entender o porque do rumo que a banda tomou na música, mas o melhor de tudo é que eles foram além disso.
O Joy as an Act of Resistance é mais do que um “simples” álbum de punk, ele é um manifesto, um grito de guerra. São quarenta e poucos minutos que te fazem ir das lágrimas ao riso muito facilmente. A banda consegue trazer para os apreciadores dessa obra uma humanidade absurda através da própria vulnerabilidade que o disco traz nas suas letras. E nesse ponto que eu quero chegar, mesmo com melodias cativantes, são as letras de Joseph Talbot que fazem do álbum algo tão especial.
Seja falando de amor próprio em Television ou sobre imigrantes em Danny Nedelko, o Idles não se envergonha e expões não só problemas cotidianos que nosso mundo vive, como também faz o ouvinte se sentir abraçado pelo som, como se fosse um “eu te entendo, estou aqui”, o que é muito legal, porque mesmo sendo durões os integrantes conseguem expor fraquezas para que consigamos lidar com outras pessoas.
A revista britânica NME rasgou elogios para o álbum e para o grupo, dizendo que o Idles é “a banda mais necessária da Inglaterra” justamente por conseguir fazer todos se sentirem escutados e passar que até a letra de um disco de punk pode trazer sensibilidade.
No mais, o disco tem ótimas músicas como I’m Scum e Great, mas não recomendo escutar as músicas em ordem aleatória, dê play na primeira faixa e deixe o som fazer o resto.
Alegria também é um ato de resistência.